Comissão de Trabalhadores fala de "grande choque"
Estaleiros de Viana do Castelo vão dispensar metade dos trabalhadores até final do ano21.06.2011 - 07:30 Por Andrea Cruz
Até final do ano, a Administração dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) espera ter concluído o processo de redução do número de trabalhadores dos actuais 720 para apenas 340.
A empresa garantiu que irá tentar uma "solução negociada" com 380 funcionários, mas admitiu, em último recurso, avançar para o despedimento colectivo.
A reorganização estrutural está incluída do Plano de Reestruturação e Viabilização, apresentado ontem à comunicação social, que prevê uma injecção de capital do Estado da ordem dos 13 milhões de euros. O documento foi aprovado, parcialmente, pelo accionista Estado, através da Empordef, no passado dia 14 de Junho.
O dia "D" para os ENVC, como referiu o administrador dos Recursos Humanos, Jorge Pinho, começa a partir de hoje com a negociação das saídas voluntárias, quer através do incentivo a reformas antecipadas, quer de rescisões por mútuo acordo.
Jorge Pinho adiantou que a "pesada" estrutura dos estaleiros "colocava em perigo o futuro da empresa", por representar "custos avassaladores". O responsável explicou que, para manter a actual estrutura, os ENVC tinham que produzir seis navios por ano, mas não têm capacidade para produzir "mais do que dois". A administração garantiu que irá desenvolver todos os esforços para que os trabalhadores "deixem a empresa de forma digna e protegida" e que alguns possam mesmo "constituir empresas de especialidade que possam vir a trabalhar para os ENVC".
O passivo da empresa é superior a 200 milhões de euros. Em 2010, as contas fecharam com um prejuízo de 40 milhões de euros e com capitais próprios negativos de 70 milhões.
Para o administrador da área Financeira, José Luís Serra, "são números suficientemente claros", que justificam medidas "bem pensadas e estruturadas para salvar a empresa".
O coordenador da Comissão de Trabalhadores recebeu a notícia com "um choque grande". António Barbosa garantiu que os trabalhadores "não vão dar tréguas" e "irão desenvolver todas as suas influências" para tentar contrariar os planos da administração.
O coordenador da União de Sindicatos de Viana afirmou que se trata "de despedimentos encapotados" que "irão abrir caminho à privatização". O sindicalista espera que o novo Governo se pronuncie, caso contrário, antevê dias de "grande agitação social", porque os "trabalhadores não irão ficar de braços cruzados a assistir à destruição de uma empresa-âncora no distrito e no país".
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