Hans Blix e a Mentira do Iraque

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Hans Blix e a Mentira do Iraque
« em: Março 13, 2007, 10:17:42 am »
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Como um '!' em vez de um '?' mudou a História



Cadi Fernandes    
 
O sueco Hans Blix, que chefiou a diplomacia de Estocolmo em 1978 -79, não tem dúvidas: a invasão do Iraque foi "claramente ilegal". Tivesse sido dado mais tempo - "alguns meses" bastavam - à equipa de inspectores da ONU que chefiava e o mais provável é que a "tragédia" iraquiana a que assistimos desde 2003 não teria acontecido. Blix dixit, ontem, em entrevista à Sky News.

É a segunda "bomba" que o ex-inspector-chefe de armas das Nações Unidas lança sobre a aliança entre Washington e Londres - melhor, entre o Presidente George W. Bush e o primeiro-ministro Tony Blair. A primeira foi a 9 de Março de 2004, a poucos dias do primeiro aniversário da invasão, com o livro Disarming Iraq (Desarmando o Iraque). A segunda é lançada agora, também a poucos dias de mais um aniversário, o quarto, quando Blair, agastado por vários escândalos políticos, está de saída. "Eles puseram pontos de exclamação em vez de interrogação. Onde estavam perguntas, eles mudaram para afirmações."

Mas, quatro anos e milhares de mortos depois (mais de 30 mil civis iraquianos, mais de 3100 soldados americanos e 130 britânicos), "penso que estão a receber o castigo político por isso. Perderam muitos apoios, Bush e Blair".

"Não havia armas de destruição maciça." "Nenhuma." Nada dos arsenais químicos ou biológicos que os serviços de informações americanos e britânicos garantiam estar ao dispor de Saddam Hussein, se necessário, em apenas 45 minutos. Tudo hiperbolizado para justificar a guerra.

"Eles queriam a invasão." "Eles", além de Bush e de Blair - respaldados nos respectivos serviços de informações - foram também alguns iraquianos influentes da diáspora. O principal, Ahmed Chalabi, que vivia exilado nos Estados Unidos, era apresentado pelos neoconservadores do American Entrerprise Institute como o "George Washington do Iraque". Chalabi, líder do Congresso Nacional Iraquiano (CNI), era particularmente próximo de Richard Perle, antigo conselheiro do Pentágono. Entre 1999 e 2003, o CNI recebeu milhões de dólares dos EUA a troco do que se pensava ser informação privilegiada. Só em 2004 se começou a desconfiar de que algo não batia certo, de que o xiita Chalabi seria um agente duplo, pago pela América e pelo Irão. "Sem Chalabi, esta guerra nunca teria existido", admitiria a posteriori Francis Brooke, o relações públicas americano do CNI.

Blix disse ontem: "Se eles nos tivessem deixado realizar as inspecções durante mais alguns meses, como defendia a União Europeia, teríamos sido capazes de ir a todos os sítios referenciados pelos serviços de informações - britânico, americano ou outro." E, "como não havia armas nenhumas, teríamos dado como resposta: 'não há armas em todos os locais que vocês nos indicaram".

Contas feitas, a única coisa positiva foi o "desaparecimento de Saddam". Até porque um perigo espreita: o Irão pode ser um Iraque II, apesar de os americanos estarem "fartos de aventuras militares". "Vemos a mesma pressão a aumentar, queixas ao Conselho de Segurança, algumas sanções económicas...", diz Blix, apologista do diálogo sem "condições prévias" impostas a Teerão.

Como disse ao DN Medeiros Ferreira, antigo MNE português: "Já quando o livro de Blix foi lançado, só não percebeu o que lá estava escrito quem não quis perceber".  
 

 
 
 http://dn.sapo.pt/2007/03/13/internacio ... toria.html
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas