Esse maravilhoso exemplo para todo o mundo, com leis eleitorais caricatas (eleições à 3ª feira), um sistema eleitoral que elimina completamente quaisquer forças fora dos 2 grande partidos, em que os congressistas e os senadores têm todos as mãos atadas às empresas que pagaram as suas campanhas, em que os partidos redesenham constantemente os círculos eleitorais para roubar votos ao outro, um sistema político mais próprio do século XVIII, etc... etc...
Spectral, eu não disse que o sistema americano era maravilhoso. Aliás, não me lembro de ter lido ninguém neste fórum a dizer que América é maravilhosa. A única coisa que digo (e não sou só eu) é que deveríamos ter um pouco mais de respeito pela maneira de ser dos americanos e que deveríamos tentar entende-la em vez de aplicarmos estereótipos.
Veja o sistema eleitoral:
O nosso sistema eleitoral não é o americano, no entanto também produziu dois partidos que não passam de associações de interesses, que recolhem dinheiro para as campanhas eleitorais, através de sistemas ilegais, que muitas vezes parecem ligados ao crime organizado. Portanto, esse problema não terá a ver com o sistema eleitoral, é influenciado.
De outra forma, nos Estados Unidos você pode concorrer a qualquer coisa, cá, normalmente tem que ir através do partido. O problema também é o dinheiro, não apenas o sistema eleitoral.
A verdade é que o sistema eleitoral americano tem mais de 200 anos e nunca foi mudado. O nosso tem apenas 30 anos e está de tal forma gasto e desacreditado, que é um dos factores que faz com que muitos portugueses pura e simplesmente tenham deixado de acreditar num regime que foi vergonhosamente corrompido pelo próprio sistema de partidos, com o auxilio de um sistema eleitoral, feito para permitir ás famílias politicas de Lisboa, continuar a receber o salariozito que metem ao bolso.
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O Dantas de Eça de Queiroz, continua por aí, seboso, cheio de brilhantina. Veste fatos Armani, perfuma-se com perfumes caros e não toma banho. Vai à sede do partido cumprimentar o líder com as suas mãos gordurosas, e com sorrisos porcinos, garantir mais quatro anos de subsidio de deputado, garantidos com um lugar discreto, numa lista nalgum distrito da província, onde nunca sequer se dignou por os pés.
O Dantas consegue o lugarzinho na lista do PS ou do PSD e exclama: Credo! Vila Real, Chaves, Viseu, Beja, Braga. Pobre gente!
Agarra apressado no mapa de Portugal e procura para ver se encontra o distrito pelo qual concorre. Olha espantado e verifica AAAi. Não há auto-estrada.
Imediatamente pega no telefone e pede auxilio aos outros Dantas sebosos. Arranjem-me um avião pede em desespero, qual José Castelo Branco que tem que carregar uma lata de agua para a sanita. Um helicóptero já!!!. Não estão à espera que eu vá pela estrada normal pois não?
E logo os outros deputados adiposos e porcinos, que também já pediram favores para as suas ninhadas se apressam a por um ar sério e a fazer telefonemas justificando a necessidade para a nação de arranjar helicóptero ou avião para que o Senhor Candidato, visite o SEU círculo eleitoral e esteja em contacto com as populações.
Este grande povo que vai ter a possibilidade de olhar de relance para os tão distintos deputados de Lisboa, pessoas brilhantes e viajadas, que até já foram ao Paris da França e a Bruxelas, lá muito longe, onde o povo é inteligente, muito diferente desta raça de bestas analfabetas que há cá em Portugal e á qual é preciso pedir votos. Que nojo, exclama o Dantas!
- Valha-nos o sistema eleitoral. Se estas bestas algum dia pudessem escolher, havia de ser bonito. Lá tinha eu que imigrar.
Precisamos em Portugal de um novo George Orwell, para re-escrever o Triunfo dos Porcos. que em Portugal, se chamará, O Triunfo dos Dantas.
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O sistema eleitoral americano (com todas as suas falhas) aguentou uma democracia por mais de 200 anos. O nosso, se durar mais dez, afastará os portugueses dos políticos de tal maneira, que sufocará a democracia e a destruirá sem apelo nem agravo.
O sistema eleitoral americano elege pessoas. O sistema eleitoral português, finge que o povo elege alguém (excepção para o presidente).
Quanto ás distorções que permitem que um candidato seja eleito com menos votos que outro, é uma situação decorrente das distorções provocadas por diferentes taxas de participação, em diferentes círculos eleitorais. Mesmo em Portugal, em 1979 a AD Aliança Democrática, com 42.2% dos votos, obteve maioria absoluta no parlamento.
Depois, não nos esqueçamos que o sistema americano, que se baseia no inglês, é um sistema de vencedor simples. Eles dizem “Running for president”. A eleição é uma corrida e ganha quem chegar em primeiro. A questão da maioria absoluta, é vista como uma questão secundária..
Resta dizer que também sou contrário ao sistema de círculos uninominais, exactamente pelo problema das alterações demográficas que implicam a necessidade de redesenhar o mapa dos círculos eleitorais a cada eleição. O sistema que defendo, é o actual (método de Hondt). A única coisa que digo é que deveríamos poder escolher os deputados dentro da lista, porque se não, o nosso voto pode acabar indo (contra a nossa vontade) para bandidos, ladrões, pedófilos, e toda a sorte de gente, que encontra na vida de deputado uma forma simples de subir na vida, não para defender o povo, mas para se defender a si próprio.
Nem todos os políticos são bandidos. Há muita gente honesta. A maioria das pessoas são honestas. Essa é a grande verdade. Eu por mim quero ter o direito de decidir em qual das pessoas honestas votar, impedindo que aqueles que acho que são incompetentes sejam eleitos contra a vontade do povo.
Só um desabafo.