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Geopolítica-Geoestratégia-Política de Defesa => Países Lusófonos => Tópico iniciado por: comanche em Março 13, 2007, 01:40:26 am

Título: CPLP acordo ortográfico da língua portuguesa
Enviado por: comanche em Março 13, 2007, 01:40:26 am
CPLP pretende acelerar ratificação de acordo ortográfico da Língua Portuguesa

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Lisboa - O secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), embaixador Luís Fonseca, afirmou no Brasil que planeia acelerar as acções necessárias para a ratificação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, adianta a agência Lusa.
 
Num encontro com a direcção da Academia Brasileira de Letras (ABL), sexta-feira, no Rio de Janeiro, Luís Fonseca disse que formalizará um pedido para que a instituição realize gestões junto das autoridades brasileiras.

O objectivo será acelerar a ratificação do Acordo, entre todos os membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), formada pelo Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

O presidente da ABL, Marcos Vilaça, defendeu a aprovação de uma ortografia única, com um prazo de dois anos para as adaptações necessárias e início do pleno vigor do Acordo em todos os membros da CPLP.

Marcos Vilaça defendeu ainda «a necessidade de uma mobilização efectiva» para a promoção da língua portuguesa nos países da CPLP e também nas universidades europeias e norte-americanas.

Assinado a 16 de Dezembro de 1990, em Lisboa, o acordo ortográfico constitui um tratado internacional, resultado de um trabalho desenvolvido pela Academia de Ciências de Lisboa e pela Academia Brasileira de Letras (ABL) desde 1980, muito antes da criação da CPLP, em 1996.

O acordo cria um padrão ortográfico único para a língua portuguesa a ser adoptado por todos os países que constituem a CPLP, mas apenas Cabo Verde, Brasil e São Tomé e Príncipe ratificaram já o acordo. Portugal já assinou, mas ainda não ratificou. O acordo termina com a actual existência de duas normas ortográficas divergentes e ambas oficiais, uma no Brasil e outra nos restantes países de língua portuguesa.

Em visita oficial ao Brasil, o secretário da CPLP viaja a Brasília, onde mantem esta segunda-feira encontros com os ministros da Saúde, Educação e das Relações Exteriores brasileiros, além do reitor da Universidade de Brasília (UNB). Está também previsto um encontro com o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, mas a data ainda não foi divulgada.

Na quarta-feira, já em São Paulo, o secretário-executivo da CPLP visitará o Museu da Língua Portuguesa, a Universidade de São Paulo e a Federação das Indústrias do Estado (FIESP). A agenda inclui ainda uma visita a Salvador, capital do Estado da Bahia, na região Nordeste do país, com regresso a Lisboa no sábado, dia 17 de Março


http://www.jornaldigital.com/noticias.php?noticia=13918
Título:
Enviado por: comanche em Agosto 28, 2007, 04:24:01 pm
Brasil se prepara para reforma ortográfica

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O fim do trema está decretado desde dezembro do ano passado. Os dois pontos que ficam em cima da letra u sobrevivem no corredor da morte à espera de seus algozes. Enquanto isso, continuam fazendo dos desatentos suas vítimas, que se esquecem de colocá-los em palavras como freqüente e lingüiça e, assim, perdem pontos em provas e concursos.

O Brasil começa a se preparar para a mudança ortográfica que, além do trema, acaba com os acentos de vôo, lêem, heróico e muitos outros. A nova ortografia também altera as regras do hífen e incorpora ao alfabeto as letras k, w e y. As alterações foram discutidas entre os oito países que usam a língua portuguesa --uma população estimada hoje em 230 milhões-- e têm como objetivo aproximar essas culturas.

Não há um dia marcado para que as mudanças ocorram --especialistas estimam que seja necessário um período de dois anos para a sociedade se acostumar. Mas a previsão é que a modificação comece em 2008.

O Ministério da Educação prepara a próxima licitação dos livros didáticos, que deve ocorrer em dezembro, pedindo a nova ortografia. "Esse edital, para os livros que serão usados em 2009, deve ser fechado com as novas regras", afirma o assessor especial do MEC, Carlos Alberto Xavier.

É pela sala de aula que a mudança deve mesmo começar, afirma o embaixador Lauro Moreira, representante brasileiro na CPLP (Comissão de Países de Língua Portuguesa). "Não tenho dúvida de que, quando a nova ortografia chegar às escolas, toda a sociedade se adequará. Levará um tempo para que as pessoas se acostumem com a nova grafia, como ocorreu com a reforma ortográfica de 1971, mas ela entrará em vigor aos poucos."

Tecnicamente, diz Moreira, a nova ortografia já poderia estar em vigor desde o início do ano. Isso porque a CPLP definiu que, quando três países ratificassem o acordo, ele já poderia ser vigorar. O Brasil ratificou em 2004. Cabo Verde, em fevereiro de 2006, e São Tomé e Príncipe, em dezembro.

António Ilharco, assessor da CPLP, lembra que é preciso um processo de convergência para que a grafia atual se unifique com a nova. "Não se pode esperar resultados imediatos."

A nova ortografia deveria começar, também, nos outros cinco países que falam português (Portugal, Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor Leste). Mas eles ainda não ratificaram o acordo.

"O problema é Portugal, que está hesitante. Do jeito que está, o Brasil fica um pouco sozinho nessa história. A ortografia se torna mais simples, mas não cumpre o objetivo inicial de padronizar a língua", diz Moreira.

"Hoje, é preciso redigir dois documentos nas entidades internacionais: com a grafia de Portugal e do Brasil. Não faz sentido", afirma o presidente da Academia Brasileira de Letras, Marcos Vilaça.

Para ele, Portugal não tem motivos para a resistência. "Fala-se de uma pressão das editoras, que não querem mudar seus arquivos, e de um conservadorismo lingüístico. Isso não é desculpa", afirma.
Título:
Enviado por: Cabecinhas em Agosto 29, 2007, 12:54:14 am
Código: [Seleccione]
O Brasil começa a se preparar para a mudança ortográfica que, além do trema, acaba com os acentos de vôo, lêem, heróico e muitos outros. A nova ortografia também altera as regras do hífen e incorpora ao alfabeto as letras k, w e y. As alterações foram discutidas entre os oito países que usam a língua portuguesa --uma população estimada hoje em 230 milhões-- e têm como objetivo aproximar essas culturas.

Não sei bem o que pensar, sempre crítiquei os meus colegas e amigos por escrever com estas letras as SMS, crítico também alguns anúncios que por aí se vê com elas, nomeadamente do Millenium BCP, entre outros...

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"Hoje, é preciso redigir dois documentos nas entidades internacionais: com a grafia de Portugal e do Brasil. Não faz sentido", afirma o presidente da Academia Brasileira de Letras, Marcos Vilaça.

Para ele, Portugal não tem motivos para a resistência. "Fala-se de uma pressão das editoras, que não querem mudar seus arquivos, e de um conservadorismo lingüístico. Isso não é desculpa", afirma.


Será antes um esforço por preservar o nosso alfabeto, que eu saiba o português é a língua mãe e que tem 23 letras e respectivos acentos, grave, agudo, til e circunflexo. Agora se o povo brasileiro não consegue ganhar concurso só porque os esquece isso é problema deles.
Só porque
Título:
Enviado por: Get_It em Agosto 29, 2007, 01:14:17 am
Citação de: "Cabecinhas"
Será antes um esforço por preservar o nosso alfabeto, que eu saiba o português é a língua mãe e que tem 23 letras e respectivos acentos, grave, agudo, til e circunflexo. Agora se o povo brasileiro não consegue ganhar concurso só porque os esquece isso é problema deles.
Só porque

 :G-Ok:

Cumprimentos,
Título:
Enviado por: Migas em Agosto 29, 2007, 05:00:36 pm
Mais “desacordo” do que acordo

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O efeito do Acordo Ortográfico, até agora ratificado por apenas três dos oito países que falam português, só talvez “na próxima década” possa ser avaliado “com mais clareza”, defendeu o professor universitário brasileiro Paulo Motta Oliveira.


Em declarações à Agência Lusa, Motta Oliveira, da Universidade de São Paulo, responsável pela organização do XXI Encontro de Professores Brasileiros de Literatura Portuguesa, a decorrer entre 3 e 6 de Setembro, considerou estar-se em presença de “um desacordo”, mais do que de um acordo.
“Acho cedo para falar do acordo, ainda mais que se trata de um desacordo. Creio que toda a mudança ortográfica é difícil”, disse.
A exemplificar essa dificuldade, apontou os casos de Teixeira de Pascoaes e da revista A Águia, por ele analisados nas suas teses de mestrado e doutoramento. Pascoaes, que “já era um escritor afamado aquando da reforma republicana”, e A Águia, “publicada logo após o 5 de Outubro”, são, na óptica do professor brasileiro, “bons exemplos dessa dificuldade e de como se leva tempo a implementar, na prática, uma mudança em hábitos de escrita arraigados”. “Possuo, por exemplo – referiu – um dicionário do fim da década de 20 que insistia em grafar as palavras como se a reforma republicana não tivesse ocorrido”. “Assim – disse a concluir – creio que só poderemos avaliar com mais clareza o efeito deste possível acordo no futuro, talvez na próxima década”.
Assinado em Dezembro de 1990, o Acordo Ortográfico deveria ter entrado em vigor a 1 de Janeiro de 1994 depois de depositados os instrumentos de ratificação de todos os estados, o que não chegou a acontecer. Em Julho de 1998, na Cidade da Praia, Cabo Verde, foi aprovado um primeiro protocolo modificativo que previa a entrada em vigor do acordo depois da apresentação dos instrumentos de ratificação por todos os estados signatários.
Seis anos mais tarde, em Julho de 2004, por um segundo protocolo modificativo, prescindiu-se da aplicação unânime do acordo e fixou-se que bastaria a ratificação por apenas três países signatários para entrar em vigor.
Até agora, apenas três países – Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe – ratificaram o acordo e os seus dois protocolos, estando, por esse facto, formalmente, em condições para fazer entrar em vigor as novas regras ortográficas.
Há dias, o jornal Folha de São Paulo noticiou que o Ministério da Educação brasileiro está a preparar “a próxima licitação dos livros didácticos, que deve ocorrer em Dezembro, pedindo a nova ortografia”.
Carlos Alberto Xavier, o assessor especial do Ministério citado no artigo, referia que a directiva ministerial se reportará aos “livros que serão usados em 2009”.
Em Julho último, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, disse à Lusa que “seria muito importante, do ponto de vista editorial, que Brasil e Portugal estivessem juntos quando arrancar o acordo ortográfico”.
Na altura, o chefe da diplomacia brasileira escusou-se a dizer se o Brasil adoptaria as novas regras ortográficas sem Portugal.
Também entrevistado pelo jornal, Lauro Moreira, o representante brasileiro na CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – defendeu que a mudança deve começar “na sala de aula” e assegurou não ter dúvidas de que, “quando a nova ortografia chegar às escolas, toda a sociedade se adequará”.
Na sua previsão, as pessoas levarão algum tempo a acostumar-se à nova ortografia, “como ocorreu com a reforma ortográfica de 1971, mas ela entrará em vigor aos poucos.”
Tecnicamente, lembrou Moreira, a nova ortografia já poderia estar em vigor desde o início do ano. Isso porque a CPLP definiu que, quando três países ratificassem o acordo, ele já poderia vigorar.
O Brasil ratificou o acordo em 2004, Cabo Verde em Fevereiro de 2006, e São Tomé e Príncipe em Dezembro.
“O problema é Portugal, que está hesitante. Do jeito que está, o Brasil fica um pouco sozinho nessa história. A ortografia torna-se mais simples, mas não cumpre o objectivo inicial de padronizar a língua”, referiu Moreira.

Principais mudanças
Segundo especialistas, as modificações propostas no acordo devem alterar 1,6 por cento do vocabulário de Portugal.
Os portugueses deixarão, por exemplo, de escrever “húmido” para usar a nova ortografia – “úmido” – e desaparecem também da actual grafia em Portugal o “c” e o “p” nas palavras em que estas letras não são pronunciadas, como em “acção”, “acto”, “baptismo” e “óptimo”.
No Brasil, a mudança será menor, porquanto apenas 0,45 por cento das palavras terão a escrita alterada.
O trema utilizado pelos brasileiros desaparece completamente e o hífen terá a mesma sorte quando o segundo elemento da palavra comece com “s” ou “r”, casos em que estas consoantes devem ser dobradas, como em “antirreligioso” e “contrarregra”. Apenas quando os prefixos terminam em “r” se mantém o hífen. Exemplos: hiper-realista, super-resistente.
O acento circunflexo sai também de cena nas paroxítonas terminadas em “o” duplo (“vôo” e “enjôo”), usado na ortografia do Brasil, mas não na de Portugal, e da terceira pessoa do presente do indicativo ou do conjuntivo dos “crer”, “ler”, “dar”, “ver” e os seus derivados. Passará a escrever-se: creem, leem, deem e veem.
No Brasil, o acento agudo deixará de usar-se nos ditongos abertos “ei” e “oi” de palavras paroxítonas como “assembleia” e “ideia”.
O alfabeto deixará de ter 23 letras para ter 26, com a incorporação do “k”, “w” e “y”.

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Cláusula
de reserva
Portugal já ratificou o acordo, mas tem ainda de ratificar o segundo protocolo modificativo. Segundo fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros, ontem, à Lusa, Portugal pretende introduzir uma cláusula de reserva diferindo por dez anos a entrada em vigor do acordo.
Um outro interlocutor do Folha de S. Paulo, o presidente da Academia Brasileira de Letras, Marcos Vilaça, considerou que “não faz sentido” que, actualmente, nos eventos internacionais, seja “preciso redigir dois documentos (...): com a grafia de Portugal e a do Brasil”.
Na sua avaliação, Portugal não tem motivos para resistir à ratificação. “Fala-se – indicou – de uma pressão das editoras, que não querem mudar os seus arquivos, e de um conservadorismo linguístico. Isso não é desculpa”.


http://www.oprimeirodejaneiro.pt/?op=ar ... 00bddaf17e (http://www.oprimeirodejaneiro.pt/?op=artigo&sec=c20ad4d76fe97759aa27a0c99bff6710&subsec=&id=0980d40064da43d5a1916000bddaf17e)
Título: ????
Enviado por: zocuni em Agosto 29, 2007, 05:14:45 pm
Citação de: "Get_It"
Citação de: "Cabecinhas"
Será antes um esforço por preservar o nosso alfabeto, que eu saiba o português é a língua mãe e que tem 23 letras e respectivos acentos, grave, agudo, til e circunflexo. Agora se o povo brasileiro não consegue ganhar concurso só porque os esquece isso é problema deles.
Só porque
:G-Ok:

Cumprimentos,


x3.

Abraços,
Título:
Enviado por: pmdavila em Agosto 29, 2007, 06:19:46 pm
Não é por nada, mas para mim "húmido" tem e sempre terá "h"... e quanto ao "vêem", no meu tempo de primária tinha acento circunflexo...já não tem?  :lol:
Título:
Enviado por: Get_It em Agosto 29, 2007, 08:36:04 pm
Citação de: "pmdavila"
Não é por nada, mas para mim "húmido" tem e sempre terá "h"... e quanto ao "vêem", no meu tempo de primária tinha acento circunflexo...já não tem?  :lol:

Os meus tempos de escola deverão ser mais recentes que os seus, e no meu caso aprendi que "vêem" tem acento circunflexo, mas ao mesmo tempo também aprendi que voo não tem acento. :roll:

Cumprimentos,
Título:
Enviado por: papatango em Setembro 11, 2007, 06:59:48 pm
O nosso alfabeto tem só 23 letras ?  :shock:

No passado, já se utilizava o Y, que eu saiba. E tanto quanto sei foi a reforma  posterior à implantação da República que decidiu que W, K e Y não eram letras portuguesas.

Outra nota:
Eu acho que há alguma confusão, porque tanto quanto sei, o acordo ortográfico não exige que os portugueses escrevam úmido sem H ou ação em vez de acção.

O que acontece é que se prevê a dupla grafia.
Tanto é válido dizer acção como ação, secção ou sessão e tanto se poderá escrever húmido como umido.

Isto pelo menos é o que me disse uma professora de português. Esteou a vender o peixe que me venderam a mim.

Aliás, já temos palavras que têm dupla grafia e ninguém se queixa. Lembro-me por exemplo da mais conhecida: Ouro e Oiro (dourado e doirado).

Cumprimentos
Título: Acordo
Enviado por: zocuni em Setembro 11, 2007, 07:31:45 pm
Tudo bem,Papatango

Não estou certo mas acho que esse acordo é para unificar a língua portuguesa,entre todos seus membros.Na verdade em minha opinião isso é mais por pressões das editoras,do que uma necessidade de facto,(agora será fato).Também me parece um acordo muito abrasileirado de nossa língua.Acontece que Portugal e vários países africanos ainda não ratificaram,e penso que ainda irá rolar muita tinta.Nota-se uma certa pressão do Brasil,neste processo todo,aliás o Brasil terá muito gasto em implementar tal medida em todo território,estas coisas são complexas e não é de um dia para outro.Existem questões pendentes,veremos o desenrolar dos acontecimentos.Pelo que sei,além do Brasil,só Cabo Verde,Galiza e salve o erro São Tomé e Príncipe é que assinaram tal documento.

Abraços,
Título: Re: Acordo
Enviado por: JLRC em Setembro 11, 2007, 08:32:13 pm
Citação de: "zocuni"
Tudo bem,Papatango

Pelo que sei,além do Brasil,só Cabo Verde, Galiza e salve o erro São Tomé e Príncipe é que assinaram tal documento.

Abraços,
 

Galiza?  :shock:  :shock:
Título: Sim
Enviado por: zocuni em Setembro 11, 2007, 09:16:21 pm
Tudo bem,

É JLRC,a Galiza tem uma comissão de observadores neste assunto,e pelo que sei certos organismos estão de acordo.
De recordar que em 2009,a Galiza irá participar nos jogos lusófonos em Lisboa.

ACORDOS ORTOGRÁFICOS DA LÍNGUA PORTUGUESA


DIÁRIO DA REPÚBLICA

Decreto de ratificação do Acordo Ortográfico de 1990

Decreto 43/1991 de 23 de agosto, do Presidente da República que ratifica o Acordo Ortográfico da língua Portuguesa, assinado em Lisboa em 16 de dezembro de 1990
PRESIDENCIA DA REPÚBLICA

O Presidente da República decreta, nos termos do artigo 138.º, alínea b), da Constitução, o siguiente:

É ratificado o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa em 16 Dezembro de 1990, aprovado, para ratificação, pela Resolução da Assemblea da República nº. 26/91, em 4 Junho de 1991.

Assinado em 4 de Agosto de 1991.

Publique-se.

O Presidente da República, MÁRIO SOARES.

ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA

Resolução da Assembleia da República n.º 26/91.

Aprova, para ratificação, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa

A Assembleia da República resolve, nos termos dos artigos 164º, alínea j), e 169.º, n.º 5, da Constitução, aprovar, para ratificação, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa a 16 Dezembro de 1990, que segue em anexo.

Aprovada em 4 Junho de 1991.

O Presidente da Assembleia da República, Vitor Pereira Crespo.

ANEXO

ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA

Considerando que o projecto de texto de ortografia unificada de língua portuguesa aprovado em Lisboa, em 12 de Outubro de 1990, pela Academia das Ciências de Lisboa, Academia Brasileira de Letras e delegações de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, com a adesão da delegação de observadores da Galiza, constitui um passo importante para a defesa da unidade essencial da língua portuguesa e para o seu prestígio internacional;

Considerando que o texto do Acordo que ora se aprova resulta de um aprofundado debate nos países signatários:

A República Popular de Angola, a República Federativa do Brasil, a República de Cabo Verde, a República da Guiné-Bissau, a República de Moçambique, a República Portuguesa e a República Democrática de São Tomé e Príncipe acordam no seguinte:

Artigo 1
É aprovado o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que consta como anexo I ao presente instrumento de aprovação, sob a designação de Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990), e vai acompanhado da respectiva nota explicativa, que consta como anexo II au mesmo instrumento de aprovação, sob a designação de Nota Explicativa do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990).

Artigo 2
Os Estados signatários tomarão, através das instituções e órgãos competentes, as providências necessárias com vista à elaboração, até 1 de Janeiro de 1993, de um vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa, tão completo quanto desejável e tão normalizador quanto possível, no que se refere às terminologias científicas e técnicas.

Artigo 3
O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa entrará em vigor em 1 de Janeiro 1994, após depositados os instrumentos de ratificação de todos os Estados junto do Governo da República Portuguesa.

Artigo 4
Os Estados signatários adoptarão as medidas que entenderem adequadas ao efectivo respeito da data da entrada em vigor estabelecida no artigo 3.

Em fé do que os abaixo assinados, devidamente credenciados para o efeito, aprovam o presente Acordo, redigido em língua portuguesa, em sete exemplares, todos igualmente autênticos.

Assinado em Lisboa, em 16 de Dezembro de 1990.

Outro texto de organismo galego.


 

COMISSÃO GALEGA DO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA

 Rua B. Corbal, 27, 8º C-D - Apartado, 12 – 36080 PONTE VEDRA (GALIZA)
Telefones: 34 986 851124 Telefax: 34 986 851632


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Edifício Miguel Dantas, 6º B - Av. Miguel Dantas, s/n

Apartado, 88 – 4930-999 VALENÇA DO MINHO (PORTUGAL)

correio electrónico: lusofonia@infonegocio.com
 

ACORDOS ORTOGRÁFICOS DA LÍNGUA PORTUGUESA
 
 

A COMISSÃO ENVIA CARTA AO PRESIDENTE DA JUNTA DA GALIZA SOLICITANDO UMA REFORMA NO ESTATUTO DE AUTONOMIA, EM 17 DE AGOSTO DE 2004:
 
EX.MO SR. PRESIDENTE DA JUNTA DA GALIZA

PALÁCIO DE RAJOI

SANTIAGO DE COMPOSTELA

      A “COMISSÃO GALEGA DO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA”, que existe nos dois estados ibéricos, com sede na Galiza, na Rua Bento Corval, 27-8º C-D, Ponte Vedra Capital, representada pelo seu Presidente, Dr. José Luís Fontenla, EXPÕE:

      Que tendo solicitado publicamente V. Exª. ajudas e sugestões ou achegas para a reforma do Estatuto da Autonomia da Galiza, a nossa Comissão acordou fazer-lhe chegar as seguintes sugestões relativas à nossa língua.

      Propõem-se alterações nos seguintes artigos:  

Art. 5.

O português é a língua nacional e oficial da Galiza, onde funciona como língua própria.
O castelhano é também co-oficial na Galiza, onde funciona como língua instrumental.
Todos os cidadãos têm o direito de conhecer e usar as duas línguas, a própria da Galiza, o português, e a castelhana, oficial do Estado espanhol.
Os poderes públicos promoverão a difusão externa da língua portuguesa da Galiza, nas comunidades linguísticas dos territórios lindantes e nas comunidades de emigrantes...
Art. 25.

 Onde põe língua da Galiza pôr língua portuguesa da Galiza.

Art. 26.

Idem, onde põe língua da Galiza pôr-se-á língua portuguesa da Galiza.

Art. 27.

20. A promoção e ensino da língua portuguesa da Galiza.

Art. 34.

4.  Em vez de língua da Galiza pôr-se-á língua portuguesa da Galiza.

Também parece de senso comum que o Conselho da Cultura Galega passe a chamar-se Conselho da Cultura Galega Lusófona da Galiza, para abrir a nossa nação à CPLP, AULP, etc., pois a Galiza e a Espanha, País Basco e Países Catalães devem poder, através das instituições galegas, relacionar-se com todos os países e povos da lusofonia, sendo que a Galiza foi reconhecida como nação pela Sociedade das Nações em 1933 e foi declarada como nação com o diploma do Dia Nacional da Galiza, do 25 de Julho, pelo governo galego, na altura.

Entende a Comissão Galega do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa que o texto reformado do Estatuto de Autonomia da Galiza deve ser aprovado pelo Parlamento e Governo da Galiza, e endereçado para a Comissão de Assuntos Exteriores do Parlamento Espanhol, aquando a Galiza promova a adesão ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa que ajudámos a elaborar os galegos com os restantes lusófonos em 1986 no Rio de Janeiro, na Academia Brasileira de Letras, e em 1990 em Lisboa, na Academia das Ciências, por estabelecer uma norma comum que garante a unidade estrutural da nossa portuguesa língua, quer seja em sentido sincrónico quer diacrónico, uniformizando as variedades galega, portuguesa e brasileira numa padrónica norma comum, que abrange as falas da Galiza, Portugal, Brasil, PALOP, Timor, etc., em plano de igualdade e eleva a língua da lusofonia ao nível que merece por ser uma língua que, nascida na antiga Gallaecia e Lusitânia, foi espalhada por dois terços do mundo pelos portugueses, que construiram a primeira nação-estado europeia em 1249, com cerca de 250 anos de antecedência da Espanha.

A Galiza com a língua portuguesa como própria, nacional e oficial nada tem a perder, pois a língua da lusofonia é hoje falada por mais de 240 milhões de utentes segundo a UNESCO, e a segunda língua instrumental co-oficial, o castelhano por mais de 300 milhões de utentes, segundo a RAE (Real Academia Espanhola).

Agradecendo a antenção de V. Exª., aproveitamos o ensejo para apresentar os melhores cumprimentos e em nome da Comissão,

SOLICITAR: Se tenham em conta as presentes achegas.

Ponte Vedra, 17 de Agosto de 2004

      Assdo.,

 

      O Presidente da Comissão,  


      Dr. José Luís Fontenla
 

 

A COMISSÃO INFORMA O PARLAMENTO DA GALIZA (JUNTA DE PORTA-VOZES),

 EM 29 DE NOVEMBRO DE 2001:
 
 

   A COMISSÃO GALEGA DO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA, que negociou os dois Acordos Ortográficos de 1986 (Ortografia Simplificada) e de 1990 (Ortografia Unificada), da que fizeram parte os falecidos Valentim Paz Andrade, Ernesto Guerra da Cal, Jenaro Marinhas del Valhe, entre outras personalidades que ainda fazem parte da Comissão, ouvido o Conselho Científico, integrado por professores, estudiosos, escritores e poetas lusófonos, e como O.N.G. legalizada nos dois Estados Ibéricos, dedicada à divulgação da Língua Portuguesa da Galiza, Portugal, Brasil, PALOP, Timor, etc. no Mundo acordou, cumprindo o compromisso adquirido na negociação dos Acordos, na Academia Brasileira de Letras do Rio de Janeiro, em 1986, e na Academia das Ciências de Lisboa, em 1990, endereçar ao Parlamento da Galiza – Junta de Porta-Vozes dos partidos políticos, uma vez constituído o mesmo, o seguinte:

    1.- PARECER SOBRE A REFORMA ORTOGRÁFICA DA LÍNGUA PORTUGUESA DA GALIZA, elaborado pelo Conselho Científico das IRMANDADES DA FALA DA GALIZA E PORTUGAL, que é aceite por esta Comissão, relativamente aos aspetos jurídicos e linguísticos.

    2.- PRONTUÁRIO PARA A APLICAÇÃO DO ACORDO ORTOGRÁFICO, com 10 regras muito simples, que permitem incorporar a Língua da Galiza a par das outras realizações do diassistema, numa norma comum padrão de cultura, e de uso fácil no ensino e na administração, podendo implementar-se de imediato em bem da língua lusófona da Galiza, porquanto a Galiza é lusófona ou não é.

     A Galiza tem direito a pertender à CPLP -Comunidade dos Países de Língua Portuguesa- uma vez assumida a norma padrão comum, que dá corpo à 2ª língua românica do Mundo e 3ª europeia de cultura, a seguir do inglês e o espanhol. Ainda a aplicação do Acordo Ortográfico facilitará o ensino da Língua Castelhana e de outras línguas europeias de cultura, fazendo dos galegos cidadãos multilingues, com base na sua língua materna, a língua portuguesa da Galiza, já normalizada.

     3.- Entende ainda a COMISSÃO GALEGA DO ACORDO ORTOGRÁFICO que a Gramática do Português Contemporâneo, de Lindley Cintra e Celso Cunha acolhe as formas dialectais do português da Galiza (dialectos galegos) e de Portugal, do Brasil dendo que os PALOP, Timor, etc. seguem o português europeu.

    Também deve ter-se em conta a fonologia fixada pelo Dicionário da Academia das Ciências de Lisboa, perfeitamente válida para a língua da Galiza, ao estabelecer uma ortofonia comum, em que a norma padrão acolhe os diferentes dialectos, linguajares, sotaques, etc. da realização oral da língua na Comunidade Lusófona da Galiza-Portugal, podendo dizer que não há fenómeno linguístico algum em Portugal que não exista também na Galiza, embora a penetração maciça do espanhol, de modo semelhante a como acontece com Olivença, etc. e face ao que há que reagir já com aulas, ortografia e ortofonia comum portuguesas e nunca espanholas, estabelecimento de terminologia, léxico e dicionarística comum, etc.

    4.- A COMISSÃO GALEGA DO ACORDO ORTOGRÁFICO acredita no futuro da Língua da Lusofonia da Galiza, Portugal, Brasil, PALOP, Timor, etc. quer em cada país e em cada povo lusófono, quer nos organismos internacionais em que é língua oficial ou de trabalho: UE, OEA, OUA, ONU, UNESCO, OMS, OIT, AIJ, etc.

    Por isso pede ao Parlamento Galego, e em seu dia solicitará do Governo da Galiza, que sejam estudados os trámites para a aplicação do Acordo Ortográfico da nossa língua, em bem da Pátria Galega e do Povo Lusófono Galego.

    Em Ponte Vedra, para Santiago, a 29 de Novembro de 2001

    Junta-se o PARECER SOBRE A REFORMA ORTOGRÁFICA DA LÍNGUA PORTUGUESA DA GALIZA elaborado pelo Conselho Científico das IRMANDADES DA FALA DA GALIZA E PORTUGAL, e o

PRONTUÁRIO ORTOGRÁFICO PARA A APLICAÇÃO NA GALIZA DO ACORDO DA ORTOGRAFIA UNIFICADA DE 1990.

Assdo.,

O PRESIDENTE DA COMISSÃO,

JOSÉ LUIS FONTENLA

Apartado 12

36080 PONTE VEDRA
 

Irei confirmar se já foi ratificado pela Galiza,pois não tenho certeza absoluta.

Abraços,
Título: Texto
Enviado por: zocuni em Setembro 11, 2007, 09:29:48 pm
Tudo bem,

Um texto bem elucidativo sobre o acordo:

organizado por com apoio

 6º Colóquio Anual da Lusofonia e Atribuição do I Prémio Literário da Lusofonia - BRAGANÇA DE 3 A 6 DE OUTUBRO DE 2007

CONVIDADOS DE HONRA:

Professor Doutor Evanildo Bechara, Academia Brasileira de Letras e

Professor Doutor João Malaca Casteleiro da Academia das Ciências de Lisboa

************************************************************************************* onde se fala do acordo ortográfico....

1. Curiosidades da Língua Portuguesa
Você sabia?
A língua portuguesa, com mais de 210 milhões de falantes nativos, é a quinta língua mais falada no mundo.
A terceira mais falada no mundo ocidental.
Idioma oficial único do Brasil, e idioma oficial, conjunto com outros idiomas, de Portugal (cuja segunda língua oficial é o Mirandês), Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, é falada na antiga Índia Portuguesa (Goa, Damão, Diu e Dadrá e Nagar-Aveli), além de ter também estatuto oficial na União Européia, no Mercosul e na União Africana.
A situação da Galiza e do galego em relação ao português é controversa. De um ponto de vista político e, portanto, oficial, o Galego é uma língua porque assim o determinam os organismos de estado Espanhol e da Região Autônoma da Galiza, com legitimidade democrática. De um ponto de vista científico, a idéia de que o galego é uma variante dialetal da língua portuguesa reúne hoje um vasto consenso, sendo estudado a par com as restantes variantes do português nas universidades e centros de investigação lingüística.
A língua portuguesa é uma língua românica (do grupo ibero-românico), tal como o castelhano, catalão, italiano, francês, romeno e outros.
Assim como os outros idiomas, o português sofreu uma evolução histórica, sendo influenciado por vários idiomas e dialetos, até chegar ao estágio conhecido atualmente. Deve-se considerar, porém, que o português de hoje compreende vários dialetos e subdialetos, falares e subfalares, muitas vezes bastante distintos, além de dois padrões reconhecidos internacionalmente (português brasileiro e português europeu). No momento atual, o português é a única língua do mundo ocidental falada por mais de cem milhões de pessoas com duas ortografias oficiais (note-se que línguas como o inglês têm diferenças de ortografia pontuais, mas não ortografias oficiais divergentes), situação a que o Acordo Ortográfico de 1990 pretende pôr cobro.
Segundo um levantamento feito pela Academia Brasileira de Letras, a língua portuguesa tem, atualmente, cerca de 356 mil unidades lexicais. Essas unidades estão dicionarizadas no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa.
O português é conhecido como A língua de Camões (por causa de Luís de Camões, autor de Os Lusíadas), A última flor do Lácio, expressão usada no soneto Língua Portuguesa de Olavo Bilac ou ainda A doce língua por Miguel de Cervantes.
Nos séculos XV e XVI, à medida que Portugal criava o primeiro império colonial e comercial europeu, a língua portuguesa se espalhou pelo mundo, estendendo-se desde a costa Africana até Macau, na China, ao Japão e ao Brasil, nas Américas. Como resultado dessa expansão, o português é agora língua oficial de oito países independentes, e é largamente falado ou estudado como segunda língua noutros.
Há, ainda, cerca de vinte línguas crioulas de base portuguesa.
É uma importante língua minoritária em Andorra, Luxemburgo (25% da população total), Namíbia, Suíça e África do Sul. Encontram-se, também, numerosas comunidades de emigrantes, em várias cidades em todo o mundo, onde se fala o português como Paris na França; Toronto, Hamilton, Montreal e Gatineau no Canadá; Boston, New Jersey e Miami nos EUA; Nagoya e Hamamatsu no Japão, Sydney na Austrália. Leia mais em: http://pt.wikipedia (http://pt.wikipedia) .org/wiki/ L%C3%ADngua_ portuguesa
2. ACORDO ORTOGRÁFICO
2.0.Falta só 'decisão política' para acordo ortográfico no Brasil ..http://www.agencialusa.com.br/index.php?iden=9483 (http://www.agencialusa.com.br/index.php?iden=9483)  25-07-2007

Brasília, 25 Jul (Lusa) - O Brasil aguarda apenas uma decisão política interna para a aplicação do acordo ortográfico, disse nesta quarta-feira à Agência Lusa o presidente da Comissão de Língua Portuguesa do Ministério da Educação, Godofredo de Oliveira Neto.

"Falta uma decisão política para darmos início à fase de transição, principalmente no que diz respeito às editoras brasileiras", afirmou Oliveira Neto, que também é diretor do Conselho Científico do Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP) e subsecretário de Planejamento da Educação do Estado do Rio de Janeiro.

Logo que as novas regras comecem a vigorar, inicia-se um período de transição para que os Ministérios da Educação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), associações e academias de letras, editores e produtores de materiais didáticos possam, gradualmente, reimprimir livros, dicionários, cartilhas e outros materiais. Oito países fazem parte da CPLP: Brasil, Portugal, Timor Leste e cinco nações africanas (Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe).

Segundo Oliveira Neto, a Comissão para Definição de Ensino-Aprendizagem, Pesquisa e Promoção da Língua Portuguesa (Colip) "está de prontidão para ser acionada a qualquer momento" para aplicar o acordo. A medida incentivará a utilização do idioma pelas organizações internacionais, já que existência de duas ortografias prejudica a divulgação da língua portuguesa e a sua prática em eventos internacionais.

Recentemente, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse à Lusa que "seria muito importante, do ponto de vista editorial, que Brasil e Portugal estivessem juntos quando tiver início o acordo ortográfico. Amorim recusou-se a responder, entretanto, se o Brasil adotaria as novas regras ortográficas sem Portugal.

Em princípio, a ortografia comum da língua portuguesa já pode entrar em vigor, porque três dos países lusófonos - Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe - já ratificaram o acordo e também o protocolo modificativo ao acordo, aprovado em julho de 2004, em São Tomé, durante cúpula da CPLP. O protocolo modificativo permite que o acordo vigore com a ratificação de apenas três países da CPLP, sem a necessidade de aguardar que todos os outros membros da organização adotem o mesmo procedimento.

Portugal já ratificou o acordo, mas ainda falta ratificar o protocolo modificativo.

2.1. Alfabeto passa a ter 26 letras    Fonte: www.comunique-se.com.br (http://www.comunique-se.com.br)


2.1.1. Está para entrar em vigor a unificação da Língua Portuguesa que prevê, entre outras coisas, um alfabeto de 26 letras.

"A frequência com que eles leem no voo é heroica!". Ao que tudo indica, a frase inicial desse texto possui pelo menos quatro erros de ortografia no Brasil. Mas até o final do ano, quando deve entrar em vigor o "Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa", ela estará corretíssima. Os países-irmãos Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste terão, enfim, uma única forma de escrever.

As mudanças só vão acontecer porque três dos oito membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) ratificaram as regras gramaticais do documento proposto em 1990. Brasil e Cabo Verde já haviam assinado o acordo e esperavam a terceira adesão, que veio no final do ano passado, em novembro, por São Tomé e Príncipe.

Tão logo as regras sejam incorporadas ao idioma, inicia-se o período de transição no qual ministérios da educação, associações e academias de letras, editores e produtores de materiais didáticos recebam as novas regras ortográficas e possam, gradativamente, reimprimir livros, dicionários, etc.

O português é a terceira língua ocidental mais falada, após o inglês e o espanhol. A ocorrência de ter duas ortografias atrapalha a divulgação do idioma e a sua prática em eventos internacionais. Sua unificação, no entanto, facilitará a definição de critérios para exames e certificados para estrangeiros.

Com as modificações propostas no acordo, calcula-se que 1,6% do vocabulário de Portugal seja modificado.
No Brasil, a mudança será bem menor: 0,45% das palavras terão a escrita alterada. Mas apesar das mudanças ortográficas, serão conservadas as pronúncias típicas de cada país.

2.1.2. O que muda.

As novas normas ortográficas farão com que os portugueses, por exemplo, deixem de escrever  "húmido" para escrever "úmido". Também desaparecem da língua escrita, em Portugal, o "c" e o "p" nas palavras onde ele não é pronunciado, como nas palavras "acção", "acto", "adopção", "baptismo", "óptimo" e "Egipto".

Mas também os brasileiros terão que se acostumar com algumas mudanças que, a priori, parecem estranhas. As paroxítonas terminadas em "o" duplo, por exemplo, não terão mais acento circunflexo. Ao invés de "abençôo", "enjôo" ou "vôo", os brasileiros terão que escrever "abençoo", "enjoo" e "voo".

Também não se usará mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos "crer", "dar", "ler", "ver" e seus decorrentes, ficando correta a grafia "creem", "deem", "leem" e "veem".

O trema desaparece completamente. Estará correto escrever "linguiça", "sequência", "frequência" e "quinquênio" ao invés de lingüiça, seqüência, freqüência e qüinqüênio.

O alfabeto deixa de ter 23 letras para ter 26, com a incorporação do "k", do "w" e do "y" e o acento deixará de ser usado para diferenciar "pára" (verbo) de "para" (preposição).

Outras duas mudanças: criação de alguns casos de dupla grafia para fazer diferenciação, como o uso do acento agudo na primeira pessoa do plural do pretérito perfeito dos verbos da primeira conjugação, tais como "louvámos" em oposição a "louvamos" e "amámos" em oposição a "amamos", além da eliminação do acento agudo nos ditongos abertos "ei" e "oi" de palavras paroxítonas, como "assembléia", "idéia", "heróica" e "jibóia".

2.1.3. Antônio Houaiss

A escrita padronizada para todos os usuários do português foi um estandarte de Antônio Houaiss, um dos grandes homens de letras do Brasil contemporâneo, falecido em março de 1999. O filólogo considerava importante que todos os países lusófonos tivessem uma mesma ortografia. No seu livro "Sugestões para uma política da língua", Antônio Houaiss defendia a essência de embasamentos comuns na variedade do português falado no Brasil e em Portugal.

2.1.4.. Fontes para comentar o assunto:

William Roberto Cereja – Mestre em Teoria Literária pela USP,   Doutor em Lingüística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Professor graduado em Português e Lingüística e licenciado em Português pela Universidade de São Paulo (USP), Professor da rede particular de ensino em São Paulo e Autor de obras didáticas.

Marcia Paganini Cavéquia – Professora graduada em Português e Literaturas de Língua Portuguesa; Inglês e Literaturas de Língua Inglesa pela Universidade Estadual de Londrina (UEL),   Pós-graduada em Metodologia da Ação Docente pela UEL, Palestrante e consultora de escolas particulares e secretarias de educação de diversos municípios e Autora de livros didáticos.

Cassia Garcia de Souza – Professora graduada em Português e Literaturas de Língua Portuguesa pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), Pós-graduada em Língua Portuguesa pela UEL,   Palestrante e organizadora de cursos para professores da rede de ensino, Assessora pedagógica e Autora de livros didáticos.
  Fonte: www.comunique-se.com.br (http://www.comunique-se.com.br)
2.2. Mudança no português pode acontecer a partir de 2008, diz MEC
http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao ... 89914.html (http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2007/05/16/mudanca_no_portugues_pode_acontecer_a_partir_de_2008_diz_mec_789914.html)

2.2.1. Mudança no português pode acontecer a partir de 2008, diz MEC, 16/05 - 16:08, atualizada às 18:01 16/05 - Nara Alves, repórter iG no Rio

RIO DE JANEIRO (16 maio 2007) - O acordo ortográfico discutido pelos países que falam o português pode entrar em vigor já em 2008. Com isso, os brasileiros terão de se acostumar com algumas mudanças que podem parecer estranhas. As paroxítonas terminadas em "o" duplo, por exemplo, não terão mais acento circunflexo. Em vez de "abençôo", "enjôo" ou "vôo", os brasileiros terão que escrever "abençoo", "enjoo" e "voo". Saiba mais sobre as mudanças e vote na enquete abaixo!

De acordo com o assessor especial do Ministério da Educação sobre o acordo, Alberto Xavier, a mudança não pode acontecer antes por causa dos livros didáticos. Para valer como lei, o acordo ainda precisaria passar na Câmara e no Senado para sansão de um decreto legislativo por parte do presidente dos países.

"Como a escolha do material que será comprado para a rede pública de ensino acontece com um ano de antecedência, na melhor das hipóteses o acordo passa a valer em 2008 por causa dos livros didáticos", afirmou Xavier. Segundo o assessor, a adesão de Portugal ao acordo é automática uma vez que o tratado já foi assinado por Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, além do Brasil. "Em dezembro, o terceiro país assinou e, com isso, os demais acompanham", explicou.

Mesmo com a adesão automática de Portugal, o governo brasileiro e a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) negociam em Lisboa para que o país aceite o acordo e coloque em prática as medidas necessárias para o início das mudanças ortográficas. "O embaixador brasileiro da CPLP em Lisboa, Lauro Moreira, está tentando reunir todo mundo para "convencer" Portugal e definir uma data para entrar em vigor", disse Xavier.

O conselheiro cultural da embaixada de Portugal em Brasília, Adriano Jordão, disse que seu país ainda não ratificou o tratado por "questões jurídicas". "Portugal contesta que o acordo possa entrar em vigor com a assinatura de três países em oito", explicou. Guiné-Bissau, Moçambique e Angola também não aderiram ao tratado. Timor Leste integrou-se ao grupo quando se tornou independente.

2.2.2. Posição da ABL

O presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Marcos Vinicios Vilaça, pediu ao governo português que promova ações concretas, e com brevidade, no sentido de  ratificar definitivamente o Acordo Ortográfico da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Vilaça lamenta que os portugueses mantenham a atual resistência depois de 16 anos de formatação do Acordo, em 1991. Segundo ele, a recusa contribui para um possível isolamento de Portugal.

Vilaça lembrou que o português de Moçambique já vem se aproximando crescentemente do inglês, por força de interesses de ordem econômica. O presidente da ABL ressaltou que os países de língua espanhola utilizam apenas um dicionário, resultado do trabalho da Real Academia da Espanha e de outras 17 academias de países hispânicos. "Nada nos deve separar de Portugal. Acho mesmo que o governo do Brasil deveria ser mais categórico nesse tema", sugeriu.

Para ajudar na adaptação dos brasileiros, a ABL disponibiliza pela internet um serviço de tira-dúvidas do português. As perguntas são respondidas pelo professor Sérgio Pachá em até quatro dias ao usuário.

2.2.3. Mudança na ortografia

A língua portuguesa é a quinta mais falada do mundo. Mais de 210 milhões de pessoas terão de fazer pequenas adaptações. As novas normas farão com que os portugueses, por exemplo, deixem de escrever "húmido" para escrever "úmido". Também desaparecem da língua escrita, em Portugal, o "c" e o "p"nas palavras onde ele não é pronunciado, como nas palavras "acção", "acto", "adopção", "baptismo", "óptimo" e "Egipto".

Mas também os brasileiros terão que se acostumar com algumas mudanças. Além da eliminação do acento nas paroxítonas terminadas em "o" duplo, também não se usará mais o acento circunflexo nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos "crer", "dar", "ler", "ver" e seus decorrentes, ficando correta a grafia "creem", "deem", "leem" e "veem".

O trema desaparece completamente. Estará correto escrever "linguiça", "sequência", "frequência" e "quinquênio" ao invés de lingüiça, seqüência, freqüência e qüinqüênio.

O alfabeto deixa de ter 23 letras para ter 26, com a incorporação do "k", do "w" e do "y" e o acento deixará de ser usado para diferenciar "pára" (verbo) de "para" (preposição).

Outras duas mudanças: criação de alguns casos de dupla grafia para fazer diferenciação, como o uso do acento agudo na primeira pessoa do plural do pretérito perfeito dos verbos da primeira conjugação, tais como "louvámos" em oposição a "louvamos" e "amámos" em oposição a "amamos", além da eliminação do acento agudo nos ditongos abertos "ei" e "oi" de palavras paroxítonas, como "assembléia", "idéia", "heróica" e "jibóia".
2.3.  A língua das ortografias.  Os pontos negativos e os positivos do novo acordo entre países lusófonos

            Aldo Bizzocchi  http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=11357 (http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=11357)

               
 2.3.1.           Ortografia é assunto que sempre causa frisson. Provavelmente porque muitos vêem na grafia das palavras um patrimônio nacional, comparável ao hino e à bandeira.

            Mudanças constantes de moeda, constituição, regime de governo, denominação do país, e também de ortografia, produzem na população um sentimento de instabilidade e baixa auto-estima. O português já passou por várias reformas ortográficas (ver Língua 11), e mais uma se anuncia em 2009. A reforma ocorrerá porque três países - Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe - ratificaram o acordo ortográfico firmado em 1990.

            O argumento em favor da unificação é o de que o português é a 3ª língua européia mais falada no mundo, depois do inglês e do espanhol, e a existência de duas ortografias atrapalha sua difusão internacional. O filólogo Antônio Houaiss afirmava que o português é a única do Ocidente com mais de 50 milhões de falantes a ter duas grafias oficiais.

            O argumento é falso. Difícil acreditar que o acadêmico, exímio tradutor de Joyce, ignorasse que o inglês tem duas ortografias, a britânica e a americana, e mesmo assim é a mais difundida. A difusão de um idioma depende do prestígio e do poder político, econômico e cultural dos países que o falam, e não da grafia. Senão, o chinês, com escrita complicadíssima, não estaria cada vez mais conhecido no mundo.

 2.3.2.            Prós e contras

            O novo sistema ortográfico tem pontos positivos. Em Portugal desaparecem o c e o p mudos, como em "acção", "acto", "adopção", "baptismo", "óptimo" e "Egipto" (mas mantém-se em "facto", por ser pronunciado). Também os encontros vocálicos ee e oo de "vêem" e "enjôo" perderão o circunflexo.

            Entretanto, há muitos pontos negativos. Como a supressão total do trema. Sem ele, como diferenciar "eqüino" (cavalo) de "equino" (ouriço-do-mar)? E como saber a pronúncia de palavras pouco usuais, como "qüididade"? É de se imaginar a confusão quando os livros escolares disserem que os equinos são invertebrados, e as crianças pensarem em pangarés desossados!

            A nova norma fará com que os portugueses escrevam "húmido" como "úmido". Só que "húmido" ("úmido") é da mesma etimologia de "humor", o latim humus, com h. Se em Portugal ainda havia coerência ortográfica na palavra, agora desaparecerá. Melhor mesmo seria eliminar de vez o h mudo e pronto.

            Também se simplifica o uso do hífen, o que é bom. Só que, ao mesmo tempo em que se elimina o hífen de "anti-semita" (antissemita), ele é introduzido em "microondas" (micro-ondas).

            O mais absurdo da reforma é que deixará de ser usado o acento para diferenciar "pára" (verbo) de "para" (preposição), bem como o de "pêlo" (substantivo) e "pelo" (preposição + artigo). O título Uma pistola para Jeca, do filme de Mazzaroppi, poderá ser interpretado como "uma pistola cabe (ou é oferecida) a Jeca" (sentido real do título) ou "uma pistola detém Jeca". E quem vai entender o trocadilho no título do livro Pelos pêlos, de Ana Cristina César?

 2.3.3.           O que faltou

            O projeto não toca em incoerências ortográficas: o já mencionado h mudo; s, ss, c, ç, sc, sç, x, xc e z com som de /ss/; s, z e x com som de /z/; x e ch com som de /ch/; g e j com som de /j/; "estender" x "extensão", "destro" x "dextrose", "texto" (do latim textus) x "misto" (do latim mixtus), "em cima" x "embaixo", etc.

            Uma reforma simplificadora é necessária, mas a que está em curso é um frankenstein lingüístico, produto de negociações políticas entre os países. O resultado, como na política, foi um projeto desfigurado, em que se eliminaram coisas boas e se manteve muito do que havia de ruim.

            Em vez de uma reforma radical e definitiva, como fizeram outras línguas, as doses homeopáticas no português obrigam a que a cada 50 anos seja feita nova reforma. Por sinal, avanços já previstos na proposta de 1907 ainda não foram postos em prática, como a solução das grafias duplas x/ch, g/j, etc. É notável que línguas como italiano, galego e catalão já tenham encontrado soluções para tais casos. O português poderia inspirar-se neles. O italiano e o romeno, por sinal, são as línguas românicas com sistemas ortográficos mais simples e coerentes. E a grafia do italiano não sofre alterações significativas desde o século 16, o que não deixa de ser invejável.

   2.3.4.          O exemplo inglês

            O inglês possui duas ortografias, mas bem poderia ter uma só. Afinal, organise e organize, humour e humor, e assim por diante, não representam pronúncias diferentes. Já "António" e "Antônio", "facto" e "fato" indicam diferenças fonológicas inconciliáveis, tanto que ambos são mantidos na reforma.

            As diferenças entre o inglês britânico e americano afetam ligeiramente a ortografia e o léxico: a diferença marcante está na pronúncia. Mas o inglês possui uma só gramática. Em qualquer país de língua inglesa, a sintaxe é uma só. Ao contrário, o português não tem só duas pronúncias e duas ortografias; tem dois léxicos e duas gramáticas bem diferentes.

            Comparem "Sentei-me cá com ela e ficámos a conversar" (Portugal) com "Me sentei aqui com ela e ficamos conversando" (Brasil). Isso sem falar nos esquisitos "golo" (gol), "cancro" (câncer), "guarda-fatos" (guarda-roupa), e nos humorísticos "bicha" (fila), "cacete" (filão de pão) e "bica" (bebedouro). Unificar o quê?

            Aliás, até nomes geográficos são distintos aquém e além-mar: "Irão", "Moscovo", "Bagdade", "Copenhaga", "Nuremberga", "Checoslováquia", "Jugoslávia". Nada semelhante ocorre em inglês.

 2.3.5.           Custo da mudança

            Com a oficialização da nova grafia, inicia-se a transição na qual os ministérios da Educação deverão reciclar os professores e realfabetizar os estudantes, e editoras vão reimprimir livros, dicionários e outros materiais. Tudo a custo social e financeiro elevadíssimo.

            O argumento de que não será mais preciso reimprimir livros brasileiros em Portugal e vice-versa, é outra inverdade: basta comparar a tradução portuguesa e a brasileira de qualquer best-seller para ver que falamos línguas diferentes, ainda que com uma só grafia.

            Embora a realização de uma reforma seja custosa, é preciso ter em mente que qualquer reforma, mínima que seja, implica tais custos. Por isso, deveríamos aproveitar a oportunidade para promover uma reforma radical e definitiva na ortografia, eliminando as incoerências e instituindo um sistema simples e prático - ainda mais que a maioria dos falantes do português no mundo tem baixa ou nenhuma escolaridade, e a maior parte dos países lusófonos é pobre e presta serviços educacionais fracos.

            Com a nova reforma, estima-se que 1,5% do vocabulário lusitano e de 0,5% do brasileiro sofrerão modificações gráficas. Apesar disso, serão conservadas as pronúncias típicas de cada país. Ou seja, na prática, a "unificação" pouco unifica.

 2.3.6.           Mudanças que saltam à vista

            Trema -  Cai na maioria das palavras, como "tranqüilo", mas permanecem termos derivados de outras, de língua estrangeira, que tenham o sinal.

            Hífen -   Cai em palavras que designam um ser ou objeto único, como anti-semita (que vira "antissemita"), mancha-chuva (vira "mandachuva") e pára-quedas ("paraquedas").

            Ditongos ei e oi - Deixam de ser acentuados, como "idéia".

            Encontros vocálicos oo e ee - Deixa de ser acentuado em terminações como "enjôo".

            Alfabeto - Ganha três letras: k, y, w.

            Consoantes mudas - Deixam de existir em Portugal e outros países, como "acção".

            Acento diferencial - Desaparece, como em "pára" (verbo) e "para" (preposição).

            Dupla grafia - Admitida em diferenças fonológicas inconciliáveis, como "fato" e "facto", "cômodo" e "cómodo".

            Aldo Bizzocchi é doutor em Lingüística pela USP e autor do livro Léxico e Ideologia na Europa Ocidental (Annablume). www.aldobizzocchi.com.br (http://www.aldobizzocchi.com.br)    
2.4.Ainda sobre a unificação da Língua Portuguesa
A partir de 2009, o português deverá ter a mesma ortografia em todo o mundo, se o acordo entre os oito países não for torpedeado
Por JOSUÉ MACHADO, da Revista Língua Portuguesa
 
2.4.1. Contagem regressiva para a unificação
 
Uma reforma simplificadora é necessária, mas essa que está em curso é um frankenstein lingüístico, produto de negociações políticas entre os países. O acordo que uniformiza a ortografia dos oito países de língua portuguesa deve entrar em vigor no Brasil em 2009. Por que deve entrar e por que no Brasil, entre os oito países lusófonos?
As respostas são do secretário-executivo da Comunidade dos Povos de Língua Portuguesa, embaixador Luís Fonseca:
- O acordo já entrou tecnicamente em vigor em 1º de janeiro de 2006 no Brasil, em Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, mas na prática ainda não entrou em funcionamento.
Apesar da contradição - entrou, mas não entrou -, o embaixador cabo-verdiano se apega aos termos do contrato. A uniformização deveria vigorar um mês depois que o terceiro dos países interessados aprovasse o protocolo modificativo do acordo. Foi o que se definiu em reunião de chefes de Estado de que o presidente Lula participou em São Tomé e Príncipe em 2004.
Em dezembro, o governo de São Tomé entregou a carta de ratificação em Portugal, como já o tinham feito Brasil e Cabo Verde. Em janeiro, portanto, a uniformização passou a vigorar. Pelo menos teoricamente, como diz Fonseca.
O governo de São Tomé acabava de obedecer ao protocolo. Nele, por cortesia a Portugal, os países lusófonos se comprometeram a entregar a tal carta de adesão ao Ministério dos Negócios Estrangeiros português. Estava cumprido em Lisboa o rito, que deve ser seguido por Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor-Leste e, claro, Portugal.
Se já foi cumprida a última exigência legal por Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, por que o acordo gira em falso desde 1990? Provavelmente porque em Portugal vários setores se insurgem contra o “brasilificação” (neologismo luso = “abrasileiramento”) do idioma, espécie de afronta contra a mãe-pátria. E porque ninguém se preparou para a novidade, que exige cuidados em muitas áreas, a começar pela documentação oficial, estendendo-se aos livros didáticos, aos de consulta e à literatura clássica. Foram tantos adiamentos que a maioria estava incrédula.
Há quem ainda esteja. Nem todos estão convencidos da necessidade da reforma. As resistências se concentram em Portugal. E há dificuldades políticas em países africanos paupérrimos; para eles, um acordo ortográfico está longe de ser assunto importante, lembra Carlos Alberto Xavier, assessor do ministro da Educação, Fernando Haddad.
 
2.4.2. Importância relativa
Importante será para as editoras, dizem críticos da reforma, embora parte da oposição em Portugal seja delas.
Estariam os editores portugueses com a consciência pesada porque vão ganhar mais, muito mais, ao reimprimir os livros didáticos e de referência? Ou estariam preocupados com a concorrência brasileira, aparentemente preparada para publicar tiragens maiores?
Claro que os maiores editores brasileiros estão de olho no mercado português e no africano. Não que haja muitos leitores lá, ou aqui. Os falantes de português são uns 235 milhões: perto de 190 milhões no Brasil; 10,5 milhões em Portugal; os demais, nos países africanos, muitos deles usuários de linguagem tribal, e em agrupamentos na Ásia e na América do Norte. Não há tantos leitores a disputar, embora governos costumem comprar muitos livros didáticos.
Para Luciana Villas Boas, diretora editorial da Record, empresa que não trabalha com didáticos, o universo de leitores é o menor aspecto a ser considerado.
- É ridículo pensar que a mudança afetará os mercados de livros de língua portuguesa. O que determina o fechamento dos países lusófonos tem a ver com os custos de importação e com hábitos culturais. Ainda mais considerando que lingüisticamente o que difere mais são a sintaxe e o vocabulário, não a ortografia.
Se não houver mais obstáculos, e o governo português não pedir mais prazo, é possível que o acordo entre em vigor no Brasil em 2009, como diz o gramático Evanildo Bechara, que duvidou fosse possível adotá-lo já no ano que vem, como os jornais anunciaram.
Foi dúvida também manifestada pelo secretário da Divisão de Promoção da Língua Portuguesa do Ministério das Relações Exteriores, Leonardo Lott Rodrigues. Em todo caso, Portugal merece respeito por ser a matriz do idioma, concordam todos. O fato é que a ministra da Cultura portuguesa, Isabel Pires de Lima, em visita recente ao Brasil, disse não estar pensando em reforma ortográfica e, sim, em outros problemas. Talvez por isso certa hesitação geral.
 
2.4.3. O fator livro didático
Se ignorar tais problemas, o Brasil terá condições de adotar o acordo só em 2009, por causa da enorme operação de fornecimento de livros didáticos para as escolas, explica Xavier. Ele lembra que os didáticos para o ano que vem já estão preparados ou em preparação:
- Depois disso, haverá um período de transição em que conviverão a atual e a futura ortografia. Haverá ao menos uns dois anos de adaptação e convivência.
Assim que as regras forem incorporadas - se forem -, começará a transição em que ministérios de educação e cultura, academias de letras, associações literárias e editores serão instruídos sobre como proceder para adequar-se. Sem contar o inevitável “período de pacificação”, como diz Bechara, até que as resistências se apazigúem (palavra que perderá o acento com a aplicação do acordo).
 
2.4.4. Mais contras do que prós
As resistências são maiores em Portugal, mas a maioria dos especialistas também critica o acordo no Brasil.
Várias entidades e pessoas se opõem à uniformização. Principalmente em Portugal, pois o acordo modificará 1,6% do vocabulário luso e só 0,5% do brasileiro. Segundo o MEC, em dicionários brasileiros com 200 mil palavras, isso representaria 10 mil delas. Em Portugal, chegou a constituir-se um “Movimento Contra o Acordo Ortográfico”, que classificou o projeto de “Desacordo Ortográfico”. O jornal Público divulgou: “Uma das mudanças mais radicais previstas no projecto era a eliminação das consoantes mudas, ‘brasilificando’ assim o vocabulário português”.
Como “mudança radical”, o jornal citou “óptimo” e “factura”, que continuam escritas assim pelos lusos. Pelo menos até que chegue a reforma, se chegar. Para Ivo Castro, da Faculdade de Letras de Lisboa, “ou há unanimidade” na aplicação do acordo ou ele deve ser ignorado, já que existe concordância ortográfica entre Portugal, os africanos e Timor, “que apenas é quebrada pelo Brasil”.
O gramático Evanildo Bechara é contra, por considerá-lo imperfeito e parcial.
- É uma espécie de retomada do acordo de 1945, que o Brasil já rejeitou, embora o tivesse assinado. Deixa de resolver uma série de problemas, como o uso do hífen e o das maiúsculas, entre outros.
Bechara lançará nova edição de sua gramática (Moderna Gramática Portuguesa) com a ortografia vigente.
Contrário também é o doutor em letras Cláudio Moreno, do Rio Grande do Sul.
- Assisti às mudanças em 1971, quando foi retirado o acento circunflexo diferencial de “gelo” e “coco”. Os dicionários e os livros de literatura infantil tiveram de ir para o lixo. É uma tolice. Só países ridículos fazem reformas ortográficas.
Francisco Platão Savioli, professor aposentado da USP e coordenador de gramática, texto e redação do Curso Anglo Vestibulares, diz que a reforma vai oficializar as diferenças lusófonas.
- Além disso, é reforminha tímida, muito tímida, que não mexe adequadamente no essencial, como o problema insolúvel do hífen. Nem no do h inicial de certas palavras ou na indecisão no uso de maiúsculas iniciais, entre outras coisas. Mas vai provocar a queima de milhões de livros. Não creio que valha a pena.
Mauro de Salles Villar, diretor do Instituto Houaiss de Lexicografia, ao contrário, é taxativo no apoio.
- É uma necessidade e uma vergonha que ainda não tenha sido concretizado. Todas as grandes línguas já fizeram isso. O árabe, idioma de mais de 15 países, é falado de forma diferente, mas escrito da mesma maneira.
 
Fontes: Blog Thiago Rodrigo & Revista Língua Portuguesa   http://a-embaixada.blogspot.com/ (http://a-embaixada.blogspot.com/)

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Abraços,
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Enviado por: comanche em Setembro 11, 2007, 11:53:00 pm
Excelente texto Zocuni, eu sou a favor de uma uniformização da língua portuguesa, para ser uma língua mais forte, quanto mais cedo se actuar melhor.
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Enviado por: comanche em Setembro 16, 2007, 07:05:45 pm
CPLP
Para Comissão, unificação ortográfica pode não sair


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A unificação ortográfica dos países de língua portuguesa, que vem sendo protelada desde a assinatura do acordo, em 1991, "pode nunca entrar em vigor". É o que admitiu hoje o presidente da Comissão de Definição da Política de Ensino, Aprendizagem, Pesquisa e Promoção da Língua Portuguesa (Colip), Godofredo de Oliveira Neto. "Não faz sentido começar um acordo de unificação já desunidos", disse ele, sobre o fato de que apenas três dos oito países da Comissão de Países de Língua Portuguesa (CPLP) ratificaram o documento.

Oliveira Neto reuniu-se hoje com representantes dos ministérios da Educação (MEC), Relações Exteriores, lingüistas e gramáticos das principais universidades do País, no Palácio Gustavo Capanema, no Rio. Para o secretário de Educação Superior do MEC, Ronaldo Motta, que participou da reunião, a adesão de Portugal e Angola, que ainda não ocorreu, é estratégica para a unificação ortográfica. "Favoreceria o intercâmbio cultural, educacional, didático e até econômico do Brasil com os países de língua portuguesa", afirmou.

De acordo com Motta, o MEC retomou as discussões para implementação do acordo como parte da política externa do governo Lula, de aumentar a área de atuação do Brasil no continente africano. "Não pode mais acontecer de doarmos livros didáticos para Angola e eles serem queimados porque a ortografia é diferente", disse ele.

A reforma ortográfica, que, entre outros itens abole o trema e os acentos diferenciais, já poderia ter entrado em vigor desde dezembro de 2006, quando São Tomé e Príncipe ratificou o documento. O acordo previa que, se fosse assinado por três países, já poderia ser implementado nesses lugares. O Brasil foi o primeiro a ratificá-lo, em abril de 2004, seguido de Cabo Verde. Além de Portugal e Angola, faltam ratificar o documento Moçambique, Guiné Bissau e Timor Leste.

Fonte: Agência Estado

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Enviado por: comanche em Setembro 18, 2007, 05:01:51 pm
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A produção de biocombustíveis cria uma "janela de oportunidades" para uma actuação conjunta entre Portugal e o Brasil no mercado internacional, disse segunda-feira o embaixador português em Brasília.
 


Francisco Seixas da Costa salientou, no programa "Roda Viva", um dos mais importantes da televisão brasileira, que a produção de bicombustíveis "é uma das áreas mais promissoras" para o futuro do relacionamento dos dois países.

"Já existe uma parceria entre a Galp e a Petrobrás e que julgo trará importantes resultados no futuro", disse o diplomata, referindo-se às empresas estatais de energia dos dois países.

Durante uma hora e meia, o embaixador respondeu a perguntas sobre reforma ortográfica da língua portuguesa, negociações comerciais entre Brasil e União Europeia e as comemorações dos 200 anos da vinda de D. João VI, assinalados em 2008.

Segundo o diplomata, Brasil e Portugal fazem um "jogo de soma positiva" e o governo português vê com bons olhos o aumento da influência brasileira nos fóruns internacionais.

"Todos nós gostaríamos de ver o Brasil a ocupar uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU, afinal o país tem o direito de formalizar o seu empenhamento em missões de paz ou na discussão sobre mudanças climáticas", disse.

Seixas da Costa salientou que o Brasil "deve ter o seu lugar reconhecido" e que não há estratégia internacional brasileira que seja conflituosa com Portugal.

Em relação à reforma ortográfica, Seixas da Costa negou que Portugal tenha uma visão "patrimonialista" sobre a língua portuguesa e que o governo português está de acordo com a necessidade de se caminhar num processo de harmonização da ortografia.

Seixas da Costa salientou que, pela parte portuguesa, o acordo assinado em 1990, e ratificado por Portugal um ano depois, poderia ter entrado em vigor em 1994.

Dois protocolos modificativos foram, entretanto, assinados, sendo que o primeiro, em 1998, eliminou a data de 1994 como limite para a entrada em vigor do acordo.

Um segundo protocolo consagrou a entrada de Timor-Leste e determinou que o texto do acordo pudesse entrar em vigor com a ratificação por parte de apenas três países, vigor.

No fim de 2006, Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe haviam ratificado o segundo protocolo, o que tecnicamente já possibilita que o acordo seja aplicado.

Seixas da Costa afirmou que o governo português não pode deixar de ser sensível a este debate, nomeadamente porque as alterações atingiriam a norma de Portugal de forma mais significativa que no Brasil.

Pela aplicação das novas normas ortográficas, 1,6 por cento do total do vocabulário usado em Portugal (e nos restantes países que seguem a norma portuguesa) deverá sofrer adaptações.

No Brasil, por seu turno, essas mudanças abrangem apenas 0,5 por cento do total das palavras.


Seixas da Costa salientou que as negociações comerciais no âmbito da Ronda de Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC), poderão sofrer alguma influência diante do novo cenário da economia mundial, com uma possível recessão nos Estados Unidos.

O diplomata disse que poderá haver uma influência, na medida que cenários económicos negativos favorecem o fortalecimento "da praga do proteccionismo", em detrimento de negociações para a liberalização do comércio.

O "Roda Viva" é transmitido há 21 anos em directo para todo o Brasil pela TV Cultura de São Paulo e tem como convidado, todas as segundas-feiras, uma personalidade de destaque em diferentes sectores.

 
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Enviado por: André em Setembro 25, 2007, 04:01:54 pm
CPLP urge unificação Português Portugal e Português do Brasil

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A Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) defendeu hoje a existência de uma única forma de escrever o Português, deixando implicitamente críticas às dificuldades de implementação do acordo ortográfico, assinado pelos Estados-membros em 1990.
Numa entrevista à Agência Lusa, o português José Tadeu Soares, secretário-executivo adjunto da CPLP, escusou-se a comentar a «parte política» da questão em Portugal, país que ainda não ratificou o acordo.

Nesse sentido, alegou que todas as perguntas nesse sentido devem ser feitas ao poder político, defendendo que, do ponto de vista da CPLP, há o desejo de que haja «uma única forma de escrever Português» e lembrando que apenas três países - Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe - ratificaram o documento.

«Só assim se facilita a promoção, de uma forma sistemática, da Língua Portuguesa no exterior, que é um dos nossos três pilares. Desejamos que, o mais rapidamente possível, os sete Estados da CPLP, mais Timor-Leste, que não estava presente na altura em que se chegou a um consenso, ratifiquem o acordo», afirmou.

Embaixador de carreira, Tadeu Soares sublinhou que o «único conhecimento oficial» que tem das autoridades portuguesas em relação à não ratificação do acordo tem a ver com os «elevados custos» da sua implementação no país.

«O Brasil, ao ratificar o documento, permitiu a entrada em vigor do acordo. O único conhecimento que eu tenho, e essa pergunta deve ser feita às autoridades portuguesas, é que a entrada em vigor do acordo tem custos elevados, como a elaboração de manuais, etc, e que isso vai demorar no tempo», afirmou.

Insistindo frequentemente na «separação das águas», designadamente entre o conteúdo e a parte política do acordo, Tadeu Soares defendeu que existe, sobretudo em Portugal, «uma grande mistura entre os dois».

«As pessoas escrevem muito para a CPLP e para os jornais sobre dois aspectos do acordo ortográfico que estão muito misturados. Um é o conteúdo do acordo, as regras de como se deve escrever Português. Se «cor-de-rosa» deve ou não levar hífenes, se se usa o trema no Brasil, se a palavra facto vai escrever-se sem «c». Isso é o conteúdo».

«Não sou gramático e duvido que a maioria das pessoas tenha conhecimentos suficientes para dar uma opinião abalizada. Nesse aspecto não posso dar opinião. Mas foram professores de gramática e professores de Língua Portuguesa dos sete países que se reuniram para chegar a este acordo, assinado por todos», enfatizou.

«Se acharem que está mal, reúnam-se outra vez e mudem. Não tenho uma opinião abalizada para dizer se está bem ou mal feito. Mas muita gente baralha as coisas com a parte política, que é completamente diferente», acentuou.

No seu entender, o que existe é que um dos principais idiomas do mundo, o Português, tem «duas versões legais e válidas de forma escrita».

«Temos, assim, o Português de Portugal, com uma grafia, e o Português do Brasil, que é igualmente válido e tem o mesmo valor internacional. Na perspectiva da CPLP, e de quem se preocupa com a unidade da língua e com a projecção da língua no mundo, isso é um erro que causa problemas», justificou.

Tal situação, sustentou, só poderá ser ultrapassada com um acordo ortográfico - assinado por sete Estados e ratificado por três - e se se criar uma regra em que o Português comece a ter legalmente uma única forma de se escrever no mundo inteiro.

«O que tem sido difícil é a entrada em vigor do acordo. Porque isso implica, num país mais ou menos sério, alterações da gramática, na forma de escrever nos jornais», disse.

Até 1911, lembrou, o Português escrevia-se da mesma forma no mundo inteiro. E foi nesse ano que o parlamento da altura aprovou numa reforma da ortografia portuguesa.

«Mas esqueceram-se de um pequeno detalhe: é que já havia um país, maior que Portugal, que também falava Português. Fizeram uma reforma ortográfica em Portugal e esqueceram-se de avisar o Brasil», gracejou.

«Desde aí, houve diversas tentativas para se chegar a um consenso. Chegava-se a um consenso sobre os termos e sobre o conteúdo, mas não se chegava a um político. Em 1990, ultrapassou-se essa fase», insistiu.

Agora, defendeu, cada país tem de aplicar internamente as normas do acordo e, para as aplicar, implica introduzi-las nas escolas, o que quer dizer que só daqui a 20, 30 ou 40 anos as crianças estarão todas a escrever da mesma maneira.

Diário Digital / Lusa
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Enviado por: comanche em Outubro 03, 2007, 03:56:32 pm
Lusofonia/Português: Linguista acusa Portugal de travar acordo ortográfico por "medo estúpido" do Brasil


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Corrige segundo parágrafo: Substitui "sisma" por "cisma".

Versão corrigida do segundo parágrafo:

O linguista, que tem participado nas tentativas de acordo da unificação ortográfica nos países de língua oficial portuguesa, fala mesmo num "cisma" entre Portugal e Brasil que "se arrasta há mais de um século e que prejudica a difusão da língua portuguesa".

Versão integral da notícia:

Bragança, 03 Out (Lusa) - Um dos mais conceituados linguistas portugueses, Malaca Casteleiro, acusou hoje Portugal de estar a entravar o acordo ortográfico com os países lusófonos por um "medo estúpido" do domínio do Brasil.

O linguista, que tem participado nas tentativas de acordo da unificação ortográfica nos países de língua oficial portuguesa, fala mesmo num "sisma" entre Portugal e Brasil que "se arrasta há mais de um século e que prejudica a difusão da língua portuguesa".

"É maior do que a guerra dos cem anos", ironizou, à margem do VI Congresso da Lusofonia, que começou hoje em Bragança, e que tem como tema central o acordo ortográfico e a variante brasileira da língua portuguesa.

Segundo o linguista português, o Brasil - o maior falante da língua portuguesa - "tem muita vontade de implementar o acordo e Portugal não diz nada"

"Eu creio que há aqui um medo estúpido de que o Brasil, através da ortografia, reconquiste os países africanos de língua portuguesa e os leve para o seu lado, o que é completamente descabido e mau para a língua portuguesa", afirmou.

Malaca Casteleiro entende que Portugal está a desperdiçar um potencial de quase duzentos milhões de falantes para a difusão da língua portuguesa no mundo, através de um país que, além do elevado número de habitantes, "tem uma literatura potentíssima, é um potentado económico e tem uma capacidade de difusão cultural magnífica".

Em vez do " receio deste domínio", o linguista entende que Portugal devia aproveitar esta potencialidade e implementar, de uma vez por todas, um projecto de que há muito se fala no seio da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa).

O projecto, de acordo com Malaca Casteleiro, consiste no intercâmbio de alunos e professores, conferências e outras iniciativas culturais, um programa algo semelhante ao europeu Erasmus, mas que ainda não foi avante por "falta de recursos financeiros".

Malaca Casteleiro lembrou que Portugal ainda não ratificou a mais recente decisão sobre a escrita comum da língua, que permitiria a entrada em vigor do acordo ortográfico com apenas a ratificação de três países.

Apenas o Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe ratificaram essa norma.

O impasse mantém-se e arrastou-se por todo o século XX, conforme recordou o linguista, lembrando que desde a reforma ortográfica da implantação da República, em 1911 que Portugal e Brasil tentam um acordo.

Depois de várias tentativas em 1931, 1943, 1945, 1973 e 1986 para a convenção ortográfica Luso-Brasileira, em 1990 foi negociado e aprovado por todos os países de língua portuguesa, a nível político, um acordo que só foi ratificado pelos respectivos parlamentos de Portugal, Brasil e Cabo Verde.

Em 2004, foi proposta uma norma que permitia que a entrada em vigor, desde que ratificado por apenas três países, mas a referida norma ainda não foi aprovada por Portugal, tendo apenas o aval do Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.

"Falta de vontade política" é também o que entende o linguista brasileiro Evanildo Bechara, outro dos convidados do Congresso da Lusofonia em Bragança.

Apesar de tudo, Bechara não acredita que "haja uma desvinculação da variante brasileira do português, que a futurologia prevê para o século XXI".

Esta possibilidade foi levantada no congresso e surpreendeu o especialista porque - diz "não é essa a visão do brasileiro".

Acredita e defende uma unificação ortográfica da língua, em que cada país falante mantenha as suas variantes.

Chegou o momento, disse, de Portugal e o Brasil se sentarem numa mesa e discutirem um futuro comum da língua portuguesa".

Sustentou ainda que o português "só não corre riscos perante a globalização se os países se consciencializarem da sua importância".

"Cada país continuará com os seus particularismos linguísticos, mas na hora de escrever, escreverão de uma só maneira, como acontece com o francês, o espanhol ou o árabe", frisou.

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Enviado por: André em Outubro 31, 2007, 04:01:39 pm
Fórum das Letras reúne em Ouro Preto escritores da língua portuguesa para discutir hibridismo

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O Fórum das Letras 2007 vai reunir em Ouro Preto, de quinta-feira a domingo, cerca de 100 autores de língua portuguesa, sendo quatro portugueses, dois angolanos e um luso-sueco, informaram hoje à Lusa os organizadores.

Além de autores brasileiros consagrados, como Luís Fernando Veríssimo, Afonso Romano de Sant' Anna e Marina Colasanti, participam os portugueses Rui Tavares, Francisco José Viegas, Inês Pedrosa, Patrícia Reis, os angolanos José Eduardo Agualusa e Ondjaki e o luso-escandinavo Miguel Gullander.

Esta terceira edição do evento, organizado pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), terá como tema "Escritas Híbridas".

"Nós percebemos que esta é uma tónica dos escritores contemporâneos. Na literatura portuguesa, os autores têm explorado muito especialmente esta tendência", disse à Lusa a coordenadora do evento, Guiomar de Grammont.

A escritora e professora da UFOP citou como exemplo a obra de Guimarães Rosa, o maior escritor brasileiro de ficção da segunda metade do século XX, que trabalhou com o hibridismo entre formas cultas da língua e populares ou arcaicas, além de mesclar palavras de diferentes línguas.

Outra forma que pode ser entendida como escrita híbrida é a junção de literatura e artes plásticas, música, cinema.

O hibridismo vai nortear também as actividades da programação paralela ao Fórum das Letras, com oficinas de arte, cortejos, shows e saraus literários.

Segundo Guiomar de Grammont, a polémica sobre o acordo ortográfico, apesar de não estar na agenda do evento, certamente fará parte das discussões.

Em princípio, a ortografia comum da língua portuguesa já pode entrar em vigor, porque três dos oito países lusófonos - Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe - já ratificaram o acordo e também o protocolo modificativo ao acordo, aprovado em Julho de 2004, em São Tomé, durante a cimeira dos chefes de Estado e de governo da CPLP.

O protocolo modificativo permite que o acordo vigore com a ratificação de apenas três membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, sem a necessidade de aguardar que todos os outros membros da organização adoptem o mesmo procedimento.

Portugal já ratificou o acordo, mas não o protocolo modificativo.

Na avaliação do governo brasileiro, o acordo só ganhará sentido se Portugal também adoptar a ortografia comum.

As autoridades brasileiras consideram importante, entretanto, que o acordo seja colocado em vigor num prazo razoável e não em dez anos, como tem defendido o Ministério da Cultura de Portugal.

Lusa
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Enviado por: André em Novembro 02, 2007, 04:44:11 pm
Portugal vai ratificar protocolo modificativo do acordo ortográfico até ao fim do ano, garante MNE

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Portugal vai aprovar o protocolo modificativo do Acordo Ortográfico de Língua Portuguesa até ao final deste ano, garantiu hoje o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros português.

Luís Amado, que falava aos jornalistas no intervalo da XII Reunião do Conselho de Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que decorre hoje em Lisboa, adiantou que os restantes países que também ainda não o fizeram se comprometeram a ratificá-lo "rapidamente".

Apenas três dos oito Estados membros da CPLP - Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe - aprovaram quer o Acordo Ortográfico quer o Protocolo Modificativo ao Acordo, enquanto Portugal só havia ratificado o primeiro.

Segundo Luís Amado, nas discussões efectuadas de manhã no Conselho de Ministros da organização lusófona, os representantes de Angola, Guiné-Bissau e Moçambique - Timor-Leste ainda não solicitou formalmente a adesão ao acordo - também garantiram que os dois documentos serão ratificados em breve.

Tecnicamente, segundo o secretário-executivo da CPLP, Luís Fonseca, o Acordo Ortográfico já está em vigor, uma vez que bastava, para tal, a ratificação de apenas três países.

Luís Fonseca e Luís Amado, ladeados pela presidente do Conselho de Ministros da organização, a chefe da diplomacia guineense, Maria Filomena Nobre Cabral, afirmaram também que o reforço da expansão do uso da Língua Portuguesa é uma das prioridades da CPLP ao longo do próximo ano.

Nesse sentido, e reconhecendo as críticas feitas pela presidente do Instituto Internacional de Língua portuguesa (IILP), Amélia Mingas, também presente na reunião, os três responsáveis salientaram ser necessário dotar aquela entidade de mais meios financeiros e humanos, mas dentro de uma estratégia comum aos "oito".

Os chefes da diplomacia da CPLP vão hoje aprovar e votar sete projectos de resolução, duas declarações e ainda um voto de homenagem póstuma ao "pai" da organização lusófona, José Aparecido de Oliveira, recentemente falecido.

Segundo a agenda aprovada, no encontro será também assinado o acordo de concessão de visto para estudantes nacionais dos oito Estados-membros.

Na reunião, organizada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros português, foram apresentados e aprovados dois relatórios sobre o biénio 2006/07, apresentados pelo secretário-executivo da CPLP e pela presidente do IILP.

Dois outros documentos, igualmente aprovados, foram apresentados pelo coordenador do Comité de Concertação Permanente (CCP), o diplomata guineense Apolinário Mendes de Carvalho, e pela presidente do Conselho de Ministros da CPLP.

Entre os projectos de resolução que estarão em discussão destacam-se os sobre o Estabelecimento da Assembleia Parlamentar da CPLP, sobre a Acreditação de Embaixadores na organização e sobre as Novas Instalações do Secretariado Executivo.

Os restantes dizem respeito à Concessão do Estatuto de Observador Consultivo dos "oito", ao Desenvolvimento de uma Política de Oceanos no organização, no Programa Indicativo de Cooperação da CPLP a Médio Prazo e Energias Renováveis e Protecção do Meio Ambiente.

Entre os projectos de declaração figuram os relativos ao Tratado sobre Comércio de Armas das Nações Unidas e sobre o apoio do Conselho de Ministros da organização à realização da II Cimeira União Europeia/África e à aprovação de uma estratégia conjunta EU/África.

Na reunião será também prestada homenagem a José Aparecido de Oliveira, o antigo embaixador do Brasil em Lisboa, ex-ministro da Cultura e ex-governador, que idealizou a comunidade lusófona e que faleceu a 20 de Outubro último, aos 78 anos, em Belo Horizonte, devido a uma insuficiência respiratória.

Os projectos de resolução e as respectivas declarações serão aprovadas da parte da tarde, bem como o acordo e o comunicado final da reunião, que será apresentado aos jornalistas após a sessão de encerramento dos trabalhos.

De todas as delegações, que incluem também as dos membros associados da CPLP - Guiné Equatorial e as ilhas Maurício - Moçambique faz-se representar pelo vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Eduardo Koloma, e São Tomé e Príncipe pela embaixadora do país em Lisboa, Alda Espírito Santo.

João Miranda (Angola), Celso Amorim (Brasil), Vítor Borges (Cabo Verde) e Zacarias Albano da Costa (Timor-Leste), além do secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros português, João Gomes Cravinho, compõem as restantes delegações.

Lusa
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Enviado por: André em Novembro 11, 2007, 05:47:03 pm
O que vai mudar quando estiver em vigor

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Os efeitos não serão imediatos - mas a disposição recentemente anunciada pelo governo português de aprovar até ao final do ano o Protocolo Modificativo do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa poderá ter desfeito algumas dúvidas, atenuado reticências, dissipado mesmo suspeições de «bloqueio».

O processo, de um momento para o outro, parece ter ganho um novo ímpeto. Segundo o chefe da diplomacia portuguesa, Luís Amado, disposição idêntica à de Portugal foi entretanto manifestada por Angola, Moçambique e Guiné-Bissau: os três comprometeram-se a ratificar «rapidamente» o Acordo e o Protocolo Modificativo. Falta agora converter «rapidamente» em medida de tempo...

A pergunta tem sido e continuará a ser feita: quando todo o processo - legal e diplomático - estiver concluído, quantos mais anos serão necessários para que todos os países falantes de Português o escrevam da mesma maneira?

Malaca Casteleiro, um linguista na primeira linha da defesa do Acordo, disse à Lusa que, entrando o documento em vigor, será necessário um período de adaptação «que não deve ser inferior a quatro anos, para permitir as alterações em dicionários, manuais escolares e para a aprendizagem das alterações ortográficas».

Quatro anos em Portugal, o Brasil não deverá levar mais tempo a consegui-lo, mas quantos anos em Angola, Moçambique, Guiné-Bissau,São Tomé e Príncipe ou em Timor-Leste, que não solicitou ainda a adesão ao Acordo?

O futuro - o que é dizer também a real vontade política dos intervenientes - o dirá.

Pretende-se com o Acordo «a unidade da Língua» - na escrita e só na escrita, naturalmente. Acreditam os especialistas, e não apenas eles, que, unificada, a Língua portuguesa terá outra força, ganhará em «poder de afirmação» nas instâncias internacionais.

Para que a unidade se efective há cedências a fazer de um lado e do outro do Atlântico. Quem cede mais?

Os especialistas deitaram-se ao estudo e fizeram balanços: as modificações propostas no Acordo devem alterar 1,6% do vocabulário de Portugal.

Os portugueses deixarão, por exemplo, de escrever «húmido» para usar a nova ortografia - «úmido».

Desaparecem também da actual grafia em Portugal o «c» e o «p» nas palavras em que estas letras não são pronunciadas, como em «acção», «acto», «baptismo» e «óptimo».

Diz Malaca Casteleiro que as alterações a introduzir, «importantes para unificar e dar força» à língua portuguesa, «não são dramáticas, não vão assustar as pessoas».

No Brasil, a mudança será menor, porquanto apenas 0,45% das palavras terão a escrita alterada.

O trema utilizado pelos brasileiros desaparece completamente e ao hífen acontece o mesmo quando o segundo elemento da palavra comece com «s» ou «r», casos em que estas consoantes devem ser dobradas, como em «antirreligioso» e «contrarregra».

Apenas quando os prefixos terminam em «r» se mantém o hífen. Exemplos: hiper-realista, super-resistente.

O acento circunflexo sai também de cena nas paroxítonas (palavras com acento tónico na penúltima sílaba) terminadas em «o» duplo («vôo» e «enjôo»), usado na ortografia do Brasil, mas não na de Portugal, e da terceira pessoa do presente do indicativo ou do conjuntivo de «crer», «ler», «dar», «ver» e os seus derivados. Passará a escrever-se: creem, leem, deem e veem.

No Brasil, o acento agudo deixará de usar-se nos ditongos abertos «ei» e «oi» de palavras paroxítonas como «assembleia» e «ideia».

Com a incorporação do «k», «w» e «y», o alfabeto deixará de ter 23 letras para ter 26.

Diário Digital / Lusa
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Enviado por: André em Novembro 13, 2007, 07:41:15 pm
Portugal vai pedir moratória de 10 anos

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Portugal vai pedir um prazo de dez anos para a entrada em vigor do novo Acordo Ortográfico, que unifica a escrita da Língua Portuguesa, anunciou hoje a ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima.

Questionada no Parlamento pelo CDS-PP, na apresentação do orçamento da Cultura para 2008, Isabel Pires de Lima disse que os ministérios da Cultura e da Educação vão pedir uma moratória de dez anos para que Portugal tenha tempo de se adaptar ao novo Acordo Ortográfico.

É que o novo acordo, que unifica a escrita em língua portuguesa no países da CPLP, obriga a muitas adaptações e alterações, incluindo nos manuais escolares.

Portugal já ratificou o Acordo Ortográfico, mas tem ainda de ratificar o segundo protocolo modificativo do documento, o que, segundo Isabel Pires de Lima, deverá acontecer até ao final do ano.

O Acordo Ortográfico foi assinado em Dezembro de 1990, há quase 17 anos, com o objectivo de unificar a escrita da língua portuguesa.

Deveria entrar em vigor a 1 de Janeiro de 1994, mas isso não aconteceu porque só Portugal, Brasil e Cabo Verde o ratificaram.

Desde então foram aprovados dois protocolos modificativos, o primeiro dos quais, em Julho de 1998, previa a entrada em vigor do acordo depois do depósito de ratificação por parte de todos os Estados signatários, sem apontar qualquer data.

Em Julho de 2004 foi assinado um novo protocolo modificativo numa cimeira da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) realizada em São Tomé.

Este segundo protocolo prescindiu da aplicação unânime do acordo, prevendo a sua entrada em vigor desde que fosse ratificado (o protocolo) por três países, mas a sua aplicação vigoraria apenas nestes.

Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe já o ratificaram.

Portugal também deverá aprovar esse segundo protocolo modificativo até ao final do ano, embora Isabel Pires de Lima não tenha adiantado hoje qualquer data específica.

Diário Digital / Lusa
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Enviado por: comanche em Novembro 15, 2007, 11:40:26 am
Acordo Ortográfico: Editores e Livreiros contestam ratificação de Protocolo Modificativo sem "debate sério"


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Lisboa, 15 Nov (Lusa) - A Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, APEL, manifestou hoje "profunda preocupação" pelo recente anúncio oficial de que até ao final do ano será ratificado o Protocolo Modificativo do Acordo Ortográfico e exigiu que se realize "um debate sério" sobre a matéria.

Num comunicado à imprensa, a associação considera "precipitada e estranha a forma como este processo tem sido conduzido".

Lembrando os mais de 15 anos de "quase silêncio" decorridos desde a aprovação do Acordo Ortográfico, a APEL observa que a decisão de ratificar o Protocolo, anunciada recentemente pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, ocorre por "pressão" do Brasil e "sem qualquer discussão pública nem intervenção dos ministérios da Cultura e da Educação e da própria Assembleia da República".

O Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe assinaram este ano o Protocolo Modificativo, tendo sido os três primeiros países da CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - a fazê-lo.

"É fundamental - declara a APEL - que todos os sectores da sociedade portuguesa, sem excepção, tenham consciência das implicações da eventual assinatura do Protocolo Modificativo do Acordo Ortográfico, quer a nível interno, quer a nível externo".

Na óptica da associação, não há, por um lado, "uma avaliação rigorosa do impacto que tal medida terá na Educação(...)" e, por outro, "numa altura em que Portugal beneficia do sucesso alcançado pelas editoras portuguesas em Angola e Moçambique, essa posição poderá ser posta em causa com a ratificação do Protocolo Modificativo do Acordo Ortográfico".

No caso concreto do impacto da medida na Educação, a APEL precisa que não é "apenas" o ensino da Língua Portuguesa que está em causa, na medida em que "toda a edição escolar e para-escolar, incluindo livros auxiliares de várias disciplinas, gramáticas e dicionários, terá de ser rapidamente actualizada".

Também a edição generalista e os catálogos das bibliotecas serão abrangidos, assim se "destruindo grande parte do esforço desenvolvido pela iniciativa do Plano Nacional de Leitura", adverte o comunicado.

Posição semelhante à da APEL foi tornada pública pela Sociedade Portuguesa de Autores, SPA, que contesta a ratificação do Protocolo sem o "indispensável debate público e institucional sobre a matéria".

Título:
Enviado por: André em Novembro 16, 2007, 04:45:00 pm
Governo vai alterar ensino de português no estrangeiro

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O governo está a preparar alterações no ensino de português no estrangeiro para adaptar a língua portuguesa às novas realidades e afirmar-se como uma das mais faladas no mundo, disse hoje o secretário de Estado da Educação.
«Está a ser preparada uma resolução do Conselho de Ministros para a criação de um grupo de trabalho técnico para repensar a estratégia do ensino de português no estrangeiro», disse Jorge Pedreira à agência Lusa.

À margem de uma reunião com o vice-ministro da Educação de Timor-Leste, o secretário de Estado defendeu que essa mudança de estratégia é necessária para «promover o ensino do português como instrumento de afirmação de Portugal no mundo».

«É preciso fazer sair o ensino de português dos meios onde tem estado integrado - universidades e em algumas comunidades -, apostar na consolidação da certificação da aprendizagem do português e fazer valer o português como uma das línguas mãos faladas no mundo. É a terceira língua ocidental mais falada no mundo», afirmou.

Lembrando que o ensino de português resume-se a «leiturados, colocação de professores na Europa e algum apoio fora da Europa», o secretário de Estado sublinhou que «já não estamos nos anos 70».

«As coisas estão diferentes. Temos de pensar na livre circulação de pessoas e na mobilidade. Hoje é possível que de um ano para o outro apareça uma comunidade de 30 mil portugueses» em qualquer país da Europa.

Jorge Pedreira defendeu ainda uma «estratégia comum no âmbito da CPLP» como mais uma via para dar visibilidade à língua portuguesa.

Diário Digital / Lusa
Título:
Enviado por: zocuni em Novembro 18, 2007, 01:37:21 pm
Achei curiosa a opinião de um brasileiro sobre tal acordo.Trata-se de um ponto de vista diferente e por isso considero que enriquece o tema.

Agência FAPESP Divulgando a cultura científica
 18/11/2007
 
 
 
Para Luiz Carlos Cagliari, da Unesp, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que deverá padronizar o idioma em oito países a partir de 2008, não tem base científica e trará mais transtornos do que benefícios (foto: arq.pessoal)
Entrevistas  

Ruídos lingüísticos (com trema, por enquanto)

29/08/2007

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi assinado em 1990 para uniformizar o registro escrito nos oito países que falam o idioma: Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, Timor Leste e São Tomé e Príncipe.

A implementação do acordo, adiada diversas vezes desde 1994, poderá ocorrer a partir de janeiro de 2008 nos três países da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP) que já ratificaram o protocolo: Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.

Facilitar o processo de intercâmbio cultural e científico entre os países e garantir a divulgação mais ampla do idioma são os principais objetivos da unificação ortográfica que, entre outras decisões, elimina o acento circunflexo em palavras paroxítonas terminadas em “o” duplo (como “vôo” e “enjôo”), extingue o trema e inclui as letras K, Y e W no alfabeto.

Para o Ministério da Educação brasileiro, a divergência de ortografias do português prejudicaria sua divulgação e prática em eventos internacionais. As mudanças necessárias em livros escolares e arquivos de editoras seriam compensadas pela atenuação do alto custo da produção de diferentes versões de dicionários e livros.

Mas a resistência é grande em alguns meios, principalmente em Portugal, onde haveria o maior impacto na língua – com o acordo, desaparecem o “c” e o “p” não pronunciados, como em “acção” e “baptismo”. Os portugueses precisarão também trocar a grafia de “húmido” por “úmido”.

Para alguns especialistas, a reforma traria benefícios desproporcionalmente pequenos em relação às dificuldades que representaria. “Em uma reforma, ninguém ganha e muitos perdem”, afirmou Luiz Carlos Cagliari, professor do departamento de Lingüística da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araraquara.

Para o professor, a reforma é desnecessária e se fundamenta em um grande desconhecimento da natureza, das funções e dos usos da ortografia. Especialista em fonética e fonologia, Cagliari publicou 11 livros e atua na pesquisa em sistemas de escrita, prosódia, ortografia e na história da ortografia da língua portuguesa.


Agência FAPESP – Há base científica para as modificações contempladas pelo acordo?
Luiz Carlos Cagliari – As reformas ortográficas têm sido feitas sem o conhecimento científico do que vem a ser a ortografia. Desse erro original deriva uma série de equívocos. Mas a questão fundamental não é se as mudanças serão feitas em determinadas regras. O fundamental é saber se há necessidade de mudança. Os argumentos dados para justificar uma reforma como essa são, em geral, falhos.

Agência FAPESP – Poderia dar exemplo desses argumentos?
Cagliari – Um deles é “facilitar o uso da língua”. Mudar a ortografia não facilita a vida de ninguém, porque a ortografia não representa a fala de ninguém. É simplesmente uma representação gráfica que permite a leitura. Não vou ler Camões na pronúncia dele, mas na minha. Como todos fazem isso, a ortografia não representa a pronúncia de ninguém.

Agência FAPESP – A unificação não facilitaria a comunicação diplomática entre os países?
Cagliari – Unificar a ortografia é um equívoco. Apesar de seguir regras de uso, tiradas de uma tradição, a ortografia, como a linguagem em geral, sofre transformações no tempo e no espaço. A história da ortografia mostra que a escrita se transforma continuamente. Veja, por exemplo, os corretores ortográficos dos computadores, que apresentam variação de opções de ortografias regionais para línguas como o inglês e o francês, ambas tradicionais. O inglês tem uma ortografia britânica e outra americana, ambas tradicionais. Então, por que precisamos ter apenas um modelo? O problema diplomático atinge somente a língua portuguesa? Ou é um falso problema?

Agência FAPESP – Alguns críticos dizem que a reforma forçará uma mudança em todos os livros didáticos, dicionários e arquivos de editoras, mas que seria uma reforma superficial, que não chegaria a cumprir o objetivo de padronizar a língua.
Cagliari – A idéia de simplificar a ortografia é uma ilusão desse tipo de reforma ortográfica. Talvez a única simplificação seja a abolição do trema – que ainda terá exceção. Isso não representa grande coisa. Na realidade, não precisaríamos de sinal algum além das letras. Nem acento, nem trema. O inglês não tem sinais diacríticos e não cria problemas aos usuários.

Agência FAPESP – A reforma só faria sentido, então, se fosse mais profunda?
Cagliari – Há grandes confusões nas bases ou regras da língua, com relação ao hífen, por exemplo. Poderia haver apenas uma regra que dissesse que as palavras compostas por composição levam hífen e as compostas por derivação não levam. O uso de acento gráfico em português também gera confusão. Há um número enorme de regras, todas desnecessárias, porque o falante sabe onde cai o acento nas palavras e quais vogais são abertas ou fechadas. Tirar uma regra ou outra não muda muito.

Agência FAPESP – As dificuldades de implantação da reforma são grandes demais comparadas aos benefícios?
Cagliari – Venho dizendo há décadas: o melhor é não mexer na ortografia, não fazer leis, deixar a tradição – recomendada pelos dicionários, gramáticas, vocabulários ortográficos – fazer sua história. Hoje, temos que lidar com e ler muitos documentos antigos, escritos em outras ortografias, e nada disso perturba, nem mesmo os juristas, que precisam desses documentos para se pronunciar em processos.

Agência FAPESP – A ortografia deveria se basear na tradição e não em leis?
Cagliari – Seria melhor. Os usuários agem da seguinte forma: ou sabem escrever – e o fazem com certeza – ou têm dúvidas. Nesse caso, não adianta pensar, a solução é olhar no dicionário e não ficar procurando regras nas gramáticas. As regras, estudadas apenas em alguns momentos da escola, ajudam. Mas, na hora da dúvida ortográfica, o que salva os usuários comuns não são as regras, mas o conhecimento de outros fatores, como a etimologia e a comparação.

Agência FAPESP – Entre as mudanças propostas, quais o senhor considera mais impactantes? Nenhuma delas é imprescindível?
Cagliari – Em uma reforma, ninguém ganha e muitos perdem. No caso desse acordo, nenhuma mudança sugerida é necessária. Poderíamos ficar com o que tínhamos e nada mudaria. A grande confusão veio quando resolveram transformar a ortografia em lei, um absurdo tão grande quanto o fato de terem tornado oficial uma nomenclatura gramatical brasileira. Uma aberração sem tamanho.

Agência FAPESP – A maior resistência à reforma vem de Portugal. Por que isso ocorre? O senhor vê, como alguns, uma “brasilificação” da língua com essa reforma?
Cagliari – Estive em reuniões em Portugal com acadêmicos e escritores que discutiam a unificação. Eles acham a reforma totalmente desnecessária. De fato, esta reforma, ao contrário da feita na década de 1910, representa um gesto brasileiro contra a tradição da língua. Para uma pessoa culta, a escrita traz as marcas da pátria, da história, e isso fica prejudicado por leis que pretendem que todos sejam iguais.

Agência FAPESP – A padronização tornará os livros atuais obsoletos?
Cagliari – Isso é um problema que decorre, como todos os outros, de transformar a ortografia em lei e não da reforma ortográfica em si mesma. Alguém poderia propor alterações na grafia das palavras e, se os usuários passassem a aderir, com o tempo viraria tradição, como sempre ocorreu. Se não for oficial, a ortografia pode aparecer de modos diferentes e os livreiros não precisam jogar nada no lixo. Nem precisaríamos jogar fora os livros escolares de nossas bibliotecas escolares porque estão com a ortografia errada.

Agência FAPESP – Quem sofrerá maior impacto com a reforma?
Cagliari – Os literatos sofrerão mais, porque a ortografia também pode ter valor estilístico, como vemos em autores como Saramago. Por outro lado, em um país em que grande parte da população não lê, uma reforma ortográfica vem perturbar apenas os letrados.

Agência FAPESP – Tivemos reformas em 1919, 1943 e 1971. O português muda demais?
Cagliari – Poderíamos ter seguido o exemplo das línguas francesa e inglesa que, apesar da longa tradição de brigas por reformas ortográficas, se mantêm há séculos sem grandes mudanças. Mas entramos em um caminho errado. Isso ocorre porque, para entender a ortografia, precisamos saber que a leitura não é transcrição fonética nem semântica, portanto basta reconhecer na escrita o que o usuário fala. A ortografia foi criada para neutralizar a variação lingüística: não interessa se você fala “tia” ou “tchia”. A escrita é uma só: tia. A letra “A” representa o som de todos os “As” falados em todos os dialetos em todas as palavras da língua. Assim, na palavra “acharam”, que se pronuncia “acharu”, o “A” tem o som de “U”.

Agência FAPESP – Quanto tempo uma reforma dessas deve levar para ser assimilada pelas populações?
Cagliari – Em relação à reforma de 1919, constatamos que somente na segunda metade do século 20 as pessoas aderiram de fato. E nem todas. As publicações só adotaram a reforma 50 anos depois. Nas reformas posteriores, a intervenção do Ministério da Educação nas escolas, nos livros e nas editoras foi ameaçadora, como é hoje: ou tudo ou nada. Com relação às pessoas cultas, a reforma começa logo, por força social. Na escola, é um grande problema para os professores e menor para os alunos, que não precisam modificar o que sabiam antes. Para o povo, pouco interessa. Muitos continuarão escrevendo fora de qualquer padrão tradicional ou imposto por lei, mas de acordo com hipóteses que fazem de como podem escrever para alguém ler e entender o que eles querem dizer.


Abraços,
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Enviado por: comanche em Novembro 18, 2007, 04:33:01 pm
Por que unificar a escrita?


LÍNGUA PORTUGUESA

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Em menos de dois meses, deveríamos estar iniciando a reforma ortográfica na língua portuguesa. Isso mesmo, “deveríamos”. Postergada mais uma vez, já que não entrará mais em vigor em janeiro de 2008, o acordo ortográfico agora não tem mais data prevista. Esse fato, diga-se de passagem, é para o alívio de alguns e o incômodo de outros.

Que o tema é polêmico não é novidade. Tanto é que, desde 1990, ano de sua última assinatura, o acordo está engavetado. Na tentativa de acelerar o processo de implantação, a Academia Brasileira de Letras e a Academia de Ciências de Lisboa, por exemplo, concordaram, no último dia 30, na cidade do Rio de Janeiro, sobre a urgência de unificar a ortografia da língua portuguesa.

Na opinião das professoras de Lingüística da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Letícia Pires e Claudiana Nogueira de Alencar, as discussões acerca do tema não devem se restringir às categorias de “a favor” ou “contra”. Para elas, o que precisa ser discutido é se as mudanças não continuarão a servir como pretexto para excluir os que não dominam a norma culta do idioma.

Segundo a mestre em Lingüística e coordenadora do Centro de Estudos em Linguagem (CEL) da Uece, Letícia Pires, a reforma apresenta-se como “um mal necessário”. Como afirma, a língua é predominantemente oral e, por isso mesmo, passível de modificações ao longo dos anos. Porém, mesmo assim, os desvios do padrão adotados pela grande maioria da população não devem ser considerados errados.

De acordo com Claudiana Nogueira, doutora em Lingüística, “a língua é dinâmica, ela varia no espaço e muda no tempo. É também um conjunto de variações, um conjunto de diferenças”. Por conter variações, comenta Claudiana, ela não pode ser “cristalizada” ou, até mesmo, “congelada”.

O problema, como destacam, é que em geral as modificações no padrão da “língua culta” realizadas pelas classes mais populares são consideradas erros. Quando, na verdade, para tornarem-se aceitas socialmente basta começarem a ser utilizadas pelas classes dominantes. “As mudanças vão acontecendo primeiro nas variedades menos cultas, aquelas que não sofrem pressão da norma padrão, por serem faladas por pessoas que não têm acesso à escolarização formal”.

Inclusive, para ela, o próprio termo “culta” é questionável. Afinal, “quando se diz que existe um língua culta é porque há uma inculta”. Dessa forma, como estabelece a doutora em Lingüística, as mudanças, que ocorrem primeiro nas formas não-padrão, vão subindo na escala social e lentamente vão sendo assimiladas pelos falantes mais “cultos”.

Assim, como comenta a professora de Lingüística Claudiana Nogueira, as diversificações sofridas pelo Português vão deixando de ser estigmatizadas, até que, plenamente aceita pelos falantes tidos como “mais cultos”, deixam de ser encaradas como erros.

ENTRE PAÍSES - A língua como bandeira política

Segundo Claudiana Nogueira, doutora em Lingüística, a não aplicação da reforma ortográfica ocorre por a língua ser “uma bandeira política”, como estabelece o titular de Lingüística da Unicamp, Kanavillil Rajagopalan. Como comenta, por ser uma construção, a língua sofre pressões externas relacionadas aos processos históricos, sociais e políticos da sociedade. A exemplo, a lingüista cita a França, logo após a Revolução Francesa de 1789.

“Com a Revolução, a burguesia chegou ao poder e a língua deles, tida como marginalizada, passou a ser a língua da elite”, pontua. Com base no conceito de Rajagopalan, a professora reforça que “a reforma da língua também é uma bandeira política”. Para se ter uma idéia, Claudiana Nogueira remete à colonização.

“A língua sempre foi um palco de relações de poder. Desde o colonialismo, quando um povo chegava para dominar outro. Eles impunham primeiro a língua. A linguagem é a grande cerca que separa as pessoas do poder”, afirma.

Para a mestre em Lingüística Letícia Pires, de fato, a reforma ortográfica apresenta-se como uma forma de “promover o Português”. Afinal, como defende, por se tratar um jogo de poder, a língua unificada seria uma forma de resistência ao “imperialismo” de outras línguas.

“A reforma facilita o uso coletivo de pessoas de Portugal e Brasil, por exemplo, mas o que não se pode é ter preconceito”, pondera Letícia.

Como ressalta Claudiana Nogueira, a predominância das línguas maioritárias sobre as menoritárias é questão de política. “A tentativa de uniformizar a língua sempre existiu, na intenção de sobrepor uma sobre outra e de usá-la para interesses econômicos”. Para ela, o acordo apresenta-se como uma forma de resistência da língua ao processo de globalização.

OPINIÃO DO ESPECIALISTA - MYRSON LIMA
Membro da Academia Cearense da Língua Portuguesa, autor do livro ´O essencial do português´, prof. inativo da Uece e do Cefet, Prof. de Redação e instrutor de empresa.

Acordo ortográfico

O novo Acordo Ortográfico, aprovado pelos integrantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em 1990, pretende criar uma ortografia unificada entre Brasil, Portugal e as antigas ex-colônias Cabo Verde, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.

Para entrar em vigor, precisa da ratificação de, pelo menos, três dos oito países acima. O Brasil já fez a sua parte em 2005 e, no ano passado, também confirmaram sua adesão a República de Cabo Verde e a de São Tomé e Príncipe.

A fim de disciplinar sua execução, ficou acertada a publicação de um Vocabulário Ortográfico Comum, que se constituiria o documento normalizador, que precederia a vigência do novo sistema. Em Portugal, existem muitas resistências. Há, por causa disso, um evidente desinteresse dos países da CPLP para implantar as novas regras sem a adesão dos portugueses. Seria um desgaste muito grande para tão poucos resultados, especialmente no campo editorial.

É preciso superar essas dificuldades, pois urge promover a unificação ortográfica, como já o fizeram o espanhol, o inglês, o francês, o italiano e o alemão.

Entre as mudanças anunciadas, destacam-se a eliminação do trema, a oficialização das letras K, Y e W, com o conseqüente aumento ao alfabeto para 26 letras, a eliminação das consoantes não pronunciadas, freqüentes em Portugal, a eliminação do acento agudo nos ditongos abertos éi, ói, nas palavras paroxítonas, a supressão do acento em palavras terminadas em dois oo e dois ee, e o reconhecimento da dupla grafia em algumas palavras, como fenómeno/fenômeno, bónus/bônus.

Para nós, brasileiros, que constituímos quase oitenta por cento dos falantes lusofônicos, as mudanças não atingirão tanto a nossa ortografia quanto a portuguesa.

Na linguagem usada pelos jovens e adolescentes na internet, vem o novo sistema oficializar a eliminação do trema e consagrar o emprego das letras K, Y e W, mas não afetará o uso livre e criativo de muitos vocábulos, que sempre ficarão à margem do sistema oficial, seja ele qual for, pois a velocidade da comunicação leva o usuário da internet a simplificar a grafia, como em axo, pq, xau, hj, kd tu, brigado vei, ja ta add, poxa, fds, karamba, bixo, ktraca, cê, bju, bjim, bjs, bjaum, vixe, sds de tu, blz xapa, naum, ksa, kerer, ow,w,w,w,w, intééé, viw, kkkk, xêro pra vc !!!

ENTREVISTA - EVANILDO BECHARA
*Filólogo e gramático da Academia Brasileira de Letras (ABL)

Ortografia uniforme significa uniformidade da língua?

Não. Os que falam a mesma língua podem ter usos e pronúncias diferentes. A ortografia é apenas uma convenção para a escrita, não altera a pronúncia tradicional de cada região. A unificação não significa que os brasileiros vão ter que falar como os portugueses, nem os portugueses como os brasileiros. Unificar a ortografia não significa a unificação da língua. Cada continente continuará a usar o idioma como sempre usou.

Se não haverá grandes interferências, por que há tanta relutância?

O Brasil tem 180 milhões de falantes. Ao somar Portugal e as nações de língua oficial portuguesa terá uns 30 milhões. Portanto, acontecerá que o livro brasileiro terá uma circulação maior e muitos livreiros acham que prejudicará a divulgação dos seus livros. O Brasil exercerá, sem querer, uma concorrência com as editoras portuguesas. E, naturalmente, elas ficam preocupadas com essa ação avassaladora. A relutância é do ponto de vista econômico, não do ponto de vista lingüístico.

A ABL se posiciona a favor da reforma?

Sim, mas isso não significa que a ABL esteja totalmente de acordo com a reforma apresentada. Fizemos concessões porque vimos, em primeiro lugar, a utilidade da unificação. Traz vantagens na difusão da língua portuguesa e para o ensino. Embora a reforma tenha exigido dos hábitos de grafia brasileiros uma cedência maior, vimos o futuro mais do que “casos” que poderemos resolver com o tempo. O acordo não é o “melhor dos mundos”, mas é o que se pode fazer agora.

Como fica a reforma diante da internet, não criará confusão para os jovens?

Não, porque a linguagem da internet se circunscreve à internet. Ninguém, no uso de uma carta, um romance, usará as abreviaturas que a internet usa. É o caso da taquigrafia. Muito mais revolucionária do que a língua da internet, a taquigrafia não usa letras, são sinais. Nem por isso a taquigrafia mexeu no Português. Ela tem seu espaço, assim como a internet.

Há previsão para o início?

Não. O ideal é que cheguemos a um acordo. Há 100 anos estamos tentando. O francês, o espanhol, o italiano, o russo, o árabe já têm um sistema unificado. O empecilho agora é Portugal, mas ele está interessado em uma unificação. O país só acha que em 2008 /2009 é um prazo pequeno para que as editoras se preparem.

Então, por que é preciso unificar a ortografia?

Não podemos perder o trem da história. Fica a língua portuguesa com duas ortografias e isso é um prejuízo cultural. Mandamos para um país africano 500 livros que não chegaram aos alunos porque estavam na ortografia brasileira e eles usam a portuguesa. Se estiver numa só ortografia, os livros circularão livremente entre a América, a África, a Ásia e a Europa.

ALGUMAS MUDANÇAS

 O trema deixa de existir. Isto é, não há mais o acento em palavras como lingüiça, tranqüilidade, conseqüência
Os ditongos ´ei´ e ´oi´ em sílaba tônica da palavra paroxítona não serão mais acentuados.
Tira-se o circunflexo presente na sílaba tônica fechada de certas formas verbais paroxítonas, nas quais há duas letras. Exemplos: lêem, crêem
Desaparece, ainda, o circunflexo de paroxítonas como ´oo´ no final, como vôos e enjôos
As paroxítonas com ´u´ e ´i´ tônicos precedidos de ditongo deixam de ser acentuadas, tais como feiúra
O acento deixará de ser usado para diferenciar ´pára´ (verbo) de ´para´ (preposição)
O alfabeto português deixa de ser composto de 23 letras para contar com 26, com a incorporação das letras ´k´, ´w´ e ´y´
FIQUE POR DENTRO - Uma breve história da ortografia portuguesa

Ao longo dos anos, a ortografia portuguesa dividiu-se em três períodos: o fonético, o pseudo-etimológico e o simplificado. O fonético, inicia-se com os primeiros documentos em Português e termina no século XVI. As palavras eram escritas como eram pronunciadas.

O seguinte, o pseudo-etimológico, dura até o ano de 1904. Aqui, as palavras eram escritas conforme a gramática de origem, reproduzindo todas as letras, embora não pronunciadas. O simplificado inicia com a publicação da Ortografia Nacional. Por ela, havia a proscrição absoluta de todos os símbolos da etimologia grega; a redução das consoantes dobradas a singelas (rr,ss); eliminação das consoantes nulas e regularização da acentuação gráfica.

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=488393
Título:
Enviado por: FinkenHeinle em Novembro 23, 2007, 12:13:29 pm
Não sei o que pensam os amigos, mas tentar homogeneizar o que é de fato heterogêneo é um exercício de ilusão...

O fato é que a língua portuguesa ganhou no Brasil contornos próprios, que agora estão sendo, à base da força, retirados, em nome de comunalidade não só com Portugal, mas com outros países pequenos.

Não é parece inteligente, realmente. Estamos retirando a grande riqueza que a língua portuguesa ganhou no Brasil, e o fez de forma totalmente automática, pela dinâmica social que é da natureza das sociedades.

Para mim, é uma pena as mudanças que foram aventadas.

Novamente as "múmias" da ABL se arrogam no direito de mudar à seu bel prazer a língua Portuguesa.

Uma lástima.
Título:
Enviado por: Paisano em Novembro 23, 2007, 01:45:43 pm
Citação de: "FinkenHeinle"
Novamente as "múmias" da ABL se arrogam no direito de mudar à seu bel prazer a língua Portuguesa.


Mas essa é uma das funções da ABL. :?
Título:
Enviado por: GinTonic em Novembro 23, 2007, 02:58:46 pm
Se alguém estiver interessado:

Citar
Exmo. Sr. Ministro Luís Amado, tivemos conhecimento que é suposto ser aprovado, até ao final do ano de 2007, o Protocolo Modificativo do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, nesse acordo será, alegadamente, alterado 1,6% do nosso vocabulário. Os signatários desta petição não concordam com a aprovação desse Protocolo, não querem que a Língua Portuguesa, tal como os portugueses a conhecem, seja alterada, exigimos que seja preservada a nossa Língua. Não faz qualquer sentido que este protocolo seja aprovado.
Nós não queremos escrever palavras como 'Hoje', 'Húmido', 'Hilariante' sem 'h', não queremos escrever palavras como 'Acção' sem 'c' mudo nem palavras como 'Baptismo' sem 'p' mudo. Queremos continuar a escrever em Português tal como o conhecemos agora.
E, tendo em conta o supra exposto, esperamos que o Exmo. Sr. Ministro faça com que este Protocolo não seja aprovado.


http://www.petitiononline.com/naoacord/petition.html (http://www.petitiononline.com/naoacord/petition.html)

Visto que é obrigatório inserir o numero de BI, apenas Portugueses podem assinar.
Título:
Enviado por: André em Novembro 23, 2007, 06:51:34 pm
Já assinei.  :G-Ok:
Título:
Enviado por: André em Novembro 27, 2007, 07:40:32 pm
Brasil diz que CPLP está a falhar na promoção da língua portuguesa

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O embaixador brasileiro junto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) afirmou hoje que a promoção da língua portuguesa está a ser o aspecto mais débil do trabalho da organização lusófona.

Lauro Moreira falava em Lisboa na abertura da II Conferência da Lusofonia, organizada pelo Círculo de Reflexão Lusófono.

Acabado de chegar de Cabo Verde, Moreira afirmou que o Instituto da Língua Portuguesa (ILP), cujo trabalho acompanhou, tem de apresentar-se menos como "guardião da língua", em que esta é "um fim", e vê-la mais como "um instrumento de trabalho".

O ILP, adiantou, "ainda está a procurar a sua vocação" e a promoção da língua portuguesa "não vai tão bem", "tem muito que melhorar", afirmou Moreira.

Já a concertação política e diplomática entre os oito países membros "está a ir muito bem", defendeu, enquanto na cooperação há sinais de melhoria, com aumento de projectos.

Para Moreira, "é preciso sensibilizar os Estados-membros para terem [para com a CPLP] a atenção que exige e merece, mas nem sempre recebe".

Além disso, afirmou, deve ser reforçado o papel da sociedade civil dos países lusófonos no processo.

"É fundamental que haja uma crescente participação das sociedades, com uma rede de contactos e intercâmbios em todas as áreas", afirmou.

Moreira lembrou o trajecto da economia brasileira, desde as difíceis décadas de 80 e 90 até à estabilidade actual, pós-Plano Real, e a vontade de "actuar entusiasticamente" no espaço da Lusofonia, de que é exemplo a nomeação de um primeiro embaixador brasileiro junto da organização, por iniciativa pessoal do Presidente Lula da Silva.

Ernâni Lopes, o anfitrião da Conferência, lembrou que o Brasil está a posicionar-se para ser uma das principais potências internacionais - tal como Rússia, China e Índia.

Destas, salientou, é o único que, através da lusofonia, "pode contar com a inserção numa plataforma multi-continental e multi-oceânica com potencial de projecção global de poder", disse o presidente do Círculo de Reflexão Lusófona.

Lusa
Título:
Enviado por: Migas em Novembro 27, 2007, 08:08:48 pm
Acordo Ortográfico aprovado até final do ano só vigorará em 2017

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Agora é que é. Dezassete anos depois, o Estado português já não tem como fugir do compromisso. Adiou até onde pôde, mas as pressões, sobretudo por parte do Brasil (o principal interessado num acordo que vai alterar 1,6% do vocabulário luso e apenas 0,45% do ‘brasileiro’), levaram o ministro dos Negócios Estrangeiros a comprometer-se: o protocolo que modifica as regras da língua portuguesa será assinado até ao final do ano. Ainda assim, é só para valer daqui a 10 anos, graças a uma ‘reserva de aplicação’ a que cada parceiro do acordo (os oito Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) pode recorrer e que Portugal decidiu invocar.

O anúncio de Luís Amado ressuscitou a controvérsia em torno de um acordo que nunca foi consensual. O PCP fez um requerimento para que o assunto seja levado à Assembleia da República. Luís Marques Guedes, presidente da Comissão parlamentar de Cultura, disse ao “Expresso” que o assunto deverá ser abordado já na próxima reunião da Comissão, na 4.ª feira. «O parlamento não pode ficar à margem de uma questão tão relevante», argumenta o deputado social-democrata, considerando «estranha» a súbita pressa do Governo em resolver uma questão que já se arrasta há quase duas décadas e admitindo solicitar a presença de Isabel Pires de Lima («e, se necessário, do ministro dos Negócios Estrangeiros») no hemiciclo.

Também a Sociedade Portuguesa de Autores e a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros emitiram comunicados, esta semana, onde dão conta da sua preocupação com o que consideram ser um acto «precipitado e estranho» e apelam ao Governo «para que desencadeie um debate público» antes de proceder a qualquer ratificação.

Contactado pelo "Expresso", o Ministério da Cultura remeteu para os Negócios Estrangeiros. O gabinete do ministro Luís Amado assegurou que a ratificação do protocolo modificativo vai a Conselho de Ministros (e, consequentemente, à Assembleia da República) até ao final de 2007

Notícia do semanário “Expresso” de 24 de Novembro de 2007 — 26/11/2007.


http://ciberduvidas.sapo.pt/noticias.php?rid=1508 (http://ciberduvidas.sapo.pt/noticias.php?rid=1508)
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Enviado por: André em Fevereiro 10, 2008, 06:22:32 pm
José Eduardo Agualusa defende ortografia brasileira se Acordo Ortográfico não avançar em Portugal

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O escritor angolano, José Eduardo Agualusa, defende, em crónica hoje divulgada pelo semanário A Capital, de Luanda, que Angola "deve optar pela ortografia brasileira", caso o Acordo Ortográfico não venha a ser aplicado por "resistência" de Portugal.

Para esta tomada de posição de um dos mais respeitados escritores angolanos e lusófonos, José Eduardo Agualusa avança como justificação o facto de Angola ser um pais independente, nada dever a Portugal e o Brasil ter 180 milhões de habitantes e produzir muito mais títulos e a preços mais baratos do que Portugal.

Agualusa diz ainda, na crónica que publica regularmente n´A Capital, que Angola "tem mais a ganhar com a existência de uma ortografia única do que Portugal ou o Brasil", porque o país não produz livros mas precisa "desesperadamente deles".

O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi alcançado em 1991 e assinado por todos os países da CPLP, sendo imediatamente ratificado pelo Brasil, Cabo Verde e Portugal.

Em 2004, em S. Tomé e Príncipe, foi acordado um Protocolo Modificativo, segundo o qual bastava este ser ratificado por três Estados para entrar imediatamente em vigor.

Este Protocolo Modificativo foi assinado por todos os países lusófonos, mas apenas ratificado inicialmente pelo Brasil e Cabo Verde.

Em Agosto do ano passado foi ratificado também por S. Tomé, "passando juridicamente a entrar em vigor".

Sobre a situação em Angola, a análise do documento para ratificação está entregue aos ministérios das Relações Exteriores e da Educação e, segundo fonte próxima do processo contactada pela Lusa em finais de 2007, o governo angolano está a "desencadear mecanismos internos" para a sua conclusão.

O último passo será dado quando o processo passar pela aprovação do Conselho de Ministros e da Assembleia Nacional.

"Os Estados foram notificados para se pronunciarem sobre o assunto e nós estamos a desencadear mecanismos internos para saber como estão as coisas", acrescentou a fonte.

De acordo com a fonte contactada pela Lusa, existe uma "preocupação" de todos os estados lusófonos para resolver a questão, na medida em que há actualmente "uma fala e duas escritas".

Para o governo angolano, o Acordo Ortográfico ainda não foi assinado porque "caiu no esquecimento", considerando a fonte que "agora é importante voltar a analisá-lo para lhe dar seguimento".

Entretanto, em Portugal está em preparação a ratificação do Protocolo Modificativo ao acordo, embora sujeito a uma reserva de 10 anos, conforme anunciou recentemente a ex-ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima.

A posição do governo português, anunciada pela então ministra, é que "juridicamente o Acordo Ortográfico, assinado e ratificado por Portugal em 1991, está em vigor".

Todavia, invocou razões de ordem científica e empresarial para pedir 10 anos de reserva para "avaliar com a sociedade civil" a sua implementação.

Ainda no referido texto do escritor José Eduardo Agualusa, este defende que a educação das populações angolanas e o desenvolvimento do país depende da importação, nos próximos anos, de milhões de livros.

E defende que as autoridades angolanas devem criar "rapidamente legislação" que permita e facilite a entrada de produtos culturais e, "em particular", de livros, no país.

Agualusa aponta ainda como razões para a demora na activação do acordo a "confusão" entre ortografia, as regras de escrita e linguagem, resumindo que o acordo tem por objectivo a existência de "uma única ortografia" no espaço de língua portuguesa, sendo "absurdo" pensar-se em unificar as diferentes variantes da "nossa" língua.

O autor aponta ainda o dedo a um "enraizado sentimento imperial" de Portugal em relação à língua para o protelamento de uma decisão.

E, contrariando esta possibilidade, diz que a História nega este sentimento porque "a língua portuguesa formou-se fora do espaço geográfico onde se situa Portugal - na Galiza".

"Por outro lado, a língua portuguesa tem sido sempre, ao longo dos séculos, uma criação colectiva de portugueses, africanos, brasileiros e povos asiáticos", aponta.

Lusa
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Enviado por: André em Fevereiro 11, 2008, 07:30:39 pm
Acordo Ortográfico não é necessário diz Mia Couto

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O escritor moçambicano Mia Couto afirmou hoje à Agência Lusa não haver necessidade de Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

Na opinião do autor de "O outro pé da sereia", "o acordo ortográfico tem tanta excepção, omissão e casos especiais que não traz qualquer mudança efectiva".

O escritor moçambicano rebateu deste modo o angolano José Eduardo Agualusa que, na sua crónica habitual no semanário de Luanda a Capital, defendeu a escolha, por Angola, da ortografia brasileira, caso não venha a ser aplicado o Acordo Ortográfico por "resistência" de Portugal.

"Sou grande amigo do Agualusa, mas nesse ponto tenho uma grande divergência", afirmou o escritor, em Lisboa, numa sessão de autógrafos.

O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa estabelecido em 1991 foi assinado por todos os países da CPLP.

Em Angola aguarda-se a ratificação do documento, que o governo de Luanda considerou ter "caído no esquecimento".

Lusa
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Enviado por: André em Fevereiro 13, 2008, 07:13:50 pm
Parlamento vai ouvir especialistas

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A Assembleia da República vai ouvir vários especialistas acerca do Acordo Ortográfico da Língua portuguesa, decidiu hoje a Comissão Parlamentar de Ética, Sociedade e Cultura.

A decisão, destinada a «esclarecer» os deputados sobre aquele polémico tratado internacional, foi tomada por unanimidade e «apadrinhada» pelo próprio presidente da Assembleia, Jaime Gama, adiantou à agência Lusa o deputado socialista João Serrano.

Segundo a mesma fonte, a realização da referida audição parlamentar ainda não tem data fixada, mas deverá ocorrer na Primavera.

O Protocolo Modificativo do Acordo Ortográfico deveria ter sido aprovado pela Assembleia da República até ao final de 2007 mas a decisão foi adiada para 2008.

Em 27 de Novembro último, a então ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, anunciou que Portugal iria pedir uma moratória de dez anos para a entrada em vigor do novo Acordo Ortográfico, que unifica a escrita da Língua Portuguesa.

O Acordo foi rubricado em 1991 e deveria ter entrado em vigor em 1994, mas apenas três dos Estados membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe - aprovaram quer o acordo quer os dois protocolos modificativos entretanto estabelecidos ao mais alto nível entre os oito países.

O segundo desses protocolos, de 2004, prevê que é suficiente a ratificação do texto por três países para que o mesmo entre imediatamente em vigor.

O Protocolo Modificativo foi assinado por todos os países lusófonos, mas apenas ratificado inicialmente pelo Brasil e Cabo Verde, tendo em Agosto de 2006 sido ratificado igualmente por São Tomé e Príncipe, passando juridicamente a estar em vigor.

Diário Digital / Lusa
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Enviado por: André em Fevereiro 16, 2008, 02:18:41 pm
Catedrática brasileira Maria Lúcia Lepecki considera acordo desperdício de recursos

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A ensaísta e professora universitária de literatura portuguesa Maria Lúcia Lepecki defendeu hoje que o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, cuja ratificação está pendente há 14 anos, é desnecessário e um desperdício de recursos.

"Eu sempre achei que o acordo ortográfico não é preciso: um brasileiro lê perfeitamente a ortografia portuguesa e um português lê perfeitamente a ortografia brasileira. Olha a ortografia, sabe que palavra é que é, pronuncia correctamente", disse à Lusa a brasileira de nascimento e portuguesa por casamento, que vive e lecciona em Portugal desde 1970.

Portanto, "acho que é um desperdício de energias, um desperdício de dinheiro, e penso que se devia gastar o pensamento e as forças em outra coisa qualquer", sustentou Maria Lúcia Lepecki, falando à margem da 9ª edição do encontro de escritores de expressão ibérica Correntes d'Escritas, que hoje termina na Póvoa de Varzim.

"Quando houve aqui uma grande polémica sobre esse assunto, há cerca de 20 anos, eu nunca me pronunciei. Na altura, era presidente da Associação de Professores de Português e havia quem se pronunciasse por mim, veiculando a posição da associação", explicou.

Além disso, "achei que essa questão do acordo levantou uns pruridos patrióticos inexplicáveis de um lado e do outro do Atlântico", prosseguiu.

"E não existe esse problema de compreensão em cima da escrita. A escrita é uma convenção. Cada um convenciona como quer e o outro, simplesmente, aprende aquela convenção e a sua", comentou.

Mas se o acordo for ratificado e entrar em vigor, a ensaísta diz que vai cumprir.

"Se for uma lei, é evidente: eu tenho de cumprir. Todo o cidadão tem de cumprir", acrescentou.

Em 1990, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe assinaram um acordo para unificar a língua portuguesa e estabeleceram um prazo de quatro anos para a sua ratificação, que seria em 1994.

Uma década depois, em 2004, foi aprovado um protocolo de alteração prevendo que bastaria que três países o ratificassem para que o acordo entrasse em vigor.

O Brasil ratificou-o logo a seguir e dois anos depois foi a vez de Cabo Verde, São Tomé e Portugal que, contudo, não procedeu ao depósito dos instrumentos de ratificação que a lei exige.

Lusa
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Enviado por: André em Fevereiro 16, 2008, 02:20:21 pm
Podia-se dispensar este acordo diz Eduardo Lourenço

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O ensaísta, professor universitário e filósofo Eduardo Lourenço considera dispensável o Acordo Ortográfico da língua portuguesa cuja ratificação está pendente desde 1994 e vai continuar a escrever como aprendeu, mesmo que este entre em vigor.

"Eu acho que se podia dispensar este acordo. Escrevo em português e penso que os portugueses vão continuar a escrever - sobretudo os da minha geração - no código em que foram ensinados. Na minha idade (84 anos), não vou agora mudar para uma ortografia - digamos - comum", disse Eduardo Lourenço à Lusa, à margem da 9ª edição do encontro de escritores de expressão ibérica Correntes d'Escritas, que hoje termina na Póvoa de Varzim.

Do ponto de vista literário, "propriamente dito, é-me absolutamente indiferente que seja a versão brasileira ou a versão portuguesa", frisou

No entanto - concluiu - "a regra para nós, portugueses, é um pouco estranha, porque é a norma brasileira. Ficarei na norma portuguesa".

Foi em 1990 que Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe assinaram um acordo para unificar a língua portuguesa e estabeleceram um prazo de quatro anos para a sua ratificação, que seria em 1994.

Uma década depois, em 2004, foi aprovado um protocolo de alteração prevendo que bastaria que três países o ratificassem para que o acordo entrasse em vigor.

O Brasil ratificou-o logo a seguir e dois anos depois foi a vez de Cabo Verde, São Tomé e Portugal que, contudo, não procedeu ao depósito dos instrumentos de ratificação que a lei exige.

Lusa
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Enviado por: comanche em Fevereiro 29, 2008, 05:37:41 pm
Acordo Ortográfico: Falta vontade política para ratificação - Malaca Casteleiro

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Lisboa, 29 Fev (Lusa) - O professor João Malaca Casteleiro, linguista que participou no processo de elaboração do Acordo Ortográfico, lamentou hoje a falta de vontade política que está a entravar a sua ratificação.

"Eu tenho muita pena de que não haja vontade política para ratificar o acordo nos oito países do espaço da Lusofonia", declarou o linguista numa mesa-redonda sobre o tema, realizada no âmbito da Expolíngua, que hoje termina no Centro de Congressos de Lisboa.

"É que isto não é uma questão linguística, é uma questão política, uma questão muito importante do ponto de vista da política de Língua no âmbito da Lusofonia", sublinhou Malaca Casteleiro, membro da classe de Letras da Academia de Ciências de Lisboa.

"Esquece-se muitas vezes que, para haver Lusofonia, tem de haver medidas concretas e alcance prático e esta é uma delas", frisou.

O professor jubilado da Faculdade de Letras de Lisboa defendeu que se assiste "desde 1911 - data do primeiro acordo ortográfico - a uma espécie de guerra ortográfica dos cem anos".

Na sua opinião, apesar de o novo acordo "remontar a 1990, ele continua totalmente actual e pertinente", espelhando "as razões que desde sempre nortearam a procura de uma unificação da ortografia da Língua Portuguesa".

"Sendo a Língua Portuguesa um instrumento de comunicação de oito países de língua oficial com 200 milhões de falantes, convém que haja uma só ortografia e não duas", sustentou.

O professor explicou que este acordo ortográfico "privilegia o critério fonético a desfavor do critério etimológico", o que implica "a supressão das consoantes mudas, há muito decidida no Brasil".

"São estas consoantes - apontou - que têm atrapalhado todo o processo. E não se percebe porquê", porque, garantiu, tudo foi estudado e analisado com muito prudência.

"Este acordo prevê a unificação possível que, mesmo assim, abrangerá 98 por cento do léxico", precisou.

Em 1990, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe assinaram um acordo para unificar a Língua Portuguesa e estabeleceram um prazo de quatro anos para a sua ratificação, que seria em 1994.

Uma década depois, em 2004, foi aprovado um protocolo de alteração prevendo que bastaria que três países o ratificassem para que o acordo entrasse em vigor.

O Brasil ratificou-o logo a seguir e dois anos depois foi a vez de Cabo Verde, São Tomé e Portugal, que, contudo, não procedeu ao depósito dos instrumentos de ratificação que a lei exige.

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Enviado por: André em Março 06, 2008, 04:31:28 pm
Governo ratifica acordo ortográfico da língua portuguesa

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O Governo aprovou hoje a proposta do segundo protocolo modificativo ao Acordo ortográfico da língua portuguesa, de 1991, comprometendo-se a adoptar as medidas adequadas para «garantir o necessário processo de transição, no prazo de seis anos».

A decisão, que ainda terá de ser sujeita à apreciação do Parlamento e do Presidente da República, Cavaco Silva, foi anunciada pelo ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, no final do Conselho de Ministros.

«O Estado Português adoptará as medidas adequadas para garantir o necessário processo de transição, no prazo de seis anos, nomeadamente ao nível da validação da ortografia constante dos actos, normas, orientações ou documentos provenientes de entidades públicas, bem como de bens culturais, incluindo manuais escolares, com valor oficial ou legalmente sujeitos a reconhecimento, validação ou certificação», lê-se no comunicado do Conselho de Ministros.

Diário Digital / Lusa
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Enviado por: André em Março 06, 2008, 10:41:48 pm
6 anos para nova grafia entrar em vigor

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O governo comprometeu-se hoje a adoptar as medidas adequadas a garantir o necessário processo de transição, no prazo de seis anos, para a aplicação plena das alterações contempladas no Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

A decisão consta da proposta de resolução que aprovou, em conselho de ministros, o Acordo do Aegundo Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfico.

No final do ano passado, a então ministra da Cultura Isabel Pires de Lima sugerira um prazo mais amplo para a transição: 10 anos.

Em declarações à Lusa, Malaca Casteleiro rejeitara então como excessivo o prazo proposto, asseverando ser suficiente, para as necessárias alterações, metade do que pedira a ministra.

Hoje, também à Lusa, o professor e académico considerou «razoável» o prazo avançado pelo governo e congratulou-se por, finalmente, uma decisão ter sido tomada pelo governo.

A proposta de resolução foi tornada pública pouco tempo depois de escritores de nomeada, portugueses e africanos - Mia Couto, Pepetela, Eduardo Lourenço, entre outros -, terem minimizado a importância de aprovação do Acordo e de instituições como a Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) e a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) apelarem à realização de um debate público prévio.

Na Assembleia da República, órgão a que competirá aprovar a resolução do governo, prepara-se entretanto uma conferência internacional e uma audição pública organizadas pela Comissão Parlamentar de Ética, Sociedade e Cultura.

Segundo o presidente daquela Comissão, Luís Marques Guedes, trata-se de «uma iniciativa concertada» com o presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, e «em princípio» decorrerá a 7 de Abril, «durante todo o dia».

Além de representantes da Academia de Ciências de Lisboa e da Academia Brasileira de Letras, as instituições que negociaram as bases científicas do acordo, serão ouvidos responsáveis da SPA e da APEL, entre outras entidades.

O programa inclui também um frente-a-frente entre o escritor e eurodeputado social-democrata Vasco Graça Moura, um dos mais conhecidos adversários do acordo, e o professor Carlos Reis, antigo director da Biblioteca Nacional, que tem a posição contrária.

O Acordo Ortográfico foi rubricado em 1991 e deveria ter entrado em vigor em 1994, mas apenas três dos Estados membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe - aprovaram quer o acordo quer os dois protocolos modificativos entretanto estabelecidos ao mais alto nível entre os oito países.

O segundo desses protocolos, de 2004, prevê que é suficiente a ratificação do texto por três países para que o mesmo entre imediatamente em vigor nesses países.

O Protocolo Modificativo foi assinado por todos os países lusófonos, mas apenas ratificado inicialmente pelo Brasil e Cabo Verde, tendo em Agosto de 2006 sido ratificado igualmente por São Tomé e Príncipe, passando juridicamente a estar em vigor.

Como qualquer acordo internacional, o referido protocolo tem de ser ratificado pela Assembleia da República, mediante proposta do governo.

Segundo especialistas, as modificações propostas no Acordo devem alterar 1,6 por cento do vocabulário de Portugal.

Os portugueses deixarão, por exemplo, de escrever «húmido» para usar a nova ortografia - «úmido».

Desaparecem também da actual grafia em Portugal o «c» e o «p» nas palavras em que estas letras não são pronunciadas, como em «acção», «acto», «baptismo» e «óptimo».

No Brasil, a mudança será menor, porquanto apenas 0,45 por cento das palavras terão a escrita alterada.

O trema utilizado pelos brasileiros desaparece completamente e ao hífen acontece o mesmo quando o segundo elemento da palavra comece com «s» ou «r», casos em que estas consoantes devem ser dobradas, como em «antirreligioso» e «contrarregra».

Apenas quando os prefixos terminam em «r» se mantém o hífen. Exemplos: hiper-realista, super-resistente.

O acento circunflexo sai também de cena nas paroxítonas (palavras com acento tónico na penúltima sílaba) terminadas em «o» duplo («vôo» e «enjôo»), usado na ortografia do Brasil, mas não na de Portugal, e da terceira pessoa do presente do indicativo ou do conjuntivo de «crer», «ler», «dar», «ver» e os seus derivados. Passará a escrever-se: creem, leem, deem e veem.

No Brasil, o acento agudo deixará de usar-se nos ditongos abertos «ei» e «oi» de palavras paroxítonas como «assembleia» e «ideia».

Com a incorporação do «k», «w» e «y», o alfabeto deixará de ter 23 letras para ter 26.

Diário Digital / Lusa
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Enviado por: André em Março 19, 2008, 04:43:27 pm
Acordo Ortográfico é necessário para a expansão da língua portuguesa

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O ministro da Cultura defendeu hoje o Acordo Ortográfico como uma «necessidade para a expansão da língua portuguesa», sustentando no Parlamento que as reformas anteriores «não destruíram a criatividade e a liberdade de escrita»
 
José António Pinto Ribeiro respondia a diversas perguntas dos deputados da Comissão de Ética, Sociedade e Cultura sobre o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa alcançado em 1991 e ratificado pelo Brasil, Cabo Verde e São Tomé.

Recentemente, o governo aprovou uma resolução sobre o Segundo Protocolo modificativo do Acordo, comprometendo-se a adoptar «as medidas adequadas a garantir o necessário processo de transição, no prazo de seis anos», para a sua aplicação, «nomeadamente ao nível da validade da ortografia constante dos actos, normas, orientações ou documentos provenientes de entidades públicas, bem como de bens culturais, incluindo manuais escolares, com valor oficial ou legalmente sujeitos a reconhecimento, validação ou certificação».

Pinto Ribeiro recordou que a Academia das Ciências «limitou-se» a fazer a recolha da letra A ao longo de 200 anos, «o que nunca permitiu a fixação da língua portuguesa num dicionário», ao contrário do que aconteceu noutros países, como a Espanha e a França.

«Não tendo Portugal criado um estudo normativo, vemo-nos forçados a criar leis», justificou.

O governante lembrou que as sucessivas reformas realizadas em Portugal, nomeadamente em 1911, 1931 e 1945, nas quais desapareceram, por exemplo, o ph e o y, «não destruíram a criatividade e a liberdade de escrita»

«Há um conjunto de necessidades políticas e económicas com vista à internacionalização do português como identidade e marca económica», disse, sublinhando que, recentemente, quando se deslocou ao Brasil por iniciativa do seu homólogo brasileiro, Gilberto Gil, ficou decidido realizar um estudo para avaliar o valor económico da língua portuguesa.

O ministro observou que o Acordo Ortográfico da língua portuguesa «não avançou mais cedo porque não houve vontade política»

Zita Seabra, deputada social-democrata, que é também editora, disse estar «completamente contra» o Acordo Ortográfico, «tal como a anterior ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, poque a questao não é ortográfica, mas da própria construção da frase e da escrita».

Na opinião de Pinto Ribeiro, as alterações do Acordo Ortográfico não constituirão obstáculo.

«A grafia facilita», vincou, acrescentando que não será necessário «traduzir» livros de autores brasileiros para português, tal como, por exemplo, António Lobo Antunes não «traduz» os seus livros para «brasileiro».

Lusa/SOL
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Enviado por: sierra002 em Março 21, 2008, 04:40:49 pm
Aquí alguién ha hecho algo por la lengua portuguesa.

La Tugapedia, la enciclopedia online en portugues PT

http://www.tugapedia.com/wiki/P%C3%A1gina_principal (http://www.tugapedia.com/wiki/P%C3%A1gina_principal)
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Enviado por: André em Março 24, 2008, 06:40:45 pm
Guebuza diz que Moçambique está a analisar Acordo Ortográfico

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O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, afirmou hoje que Moçambique «está a analisar o Acordo Ortográfico» e «um dia vai assiná-lo», mas não se comprometeu com qualquer data.

«Moçambique está a analisar o acordo ortográfico e, como é óbvio, um dia vai assiná-lo», disse Armando Guebuza durante uma conferência de imprensa conjunta com Cavaco Silva, no primeiro dia da visita do presidente português a Moçambique.

O Acordo Ortográfico, que visa unificar a escrita do português, foi alcançado em finais de 1990 e deveria ter entrado em vigor em 1994, mas apenas três dos Estados membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe - aprovaram quer o acordo quer os dois protocolos modificativos entretanto estabelecidos entre os países da CPLP.

O segundo desses protocolos, de 2004, prevê que é suficiente a ratificação do texto por três países para que o mesmo entre em vigor.

Este Protocolo Modificativo foi assinado por todos os países lusófonos, mas apenas ratificado inicialmente pelo Brasil e Cabo Verde, tendo em Agosto de 2006 sido ratificado igualmente por São Tomé e Príncipe.

No início deste mês, o Governo português aprovou uma resolução propondo à Assembleia da República a ratificação deste segundo Protocolo Modificativo, que abre caminho à aplicação do Acordo Ortográfico, mas estabeleceu um período de transição de seis anos.

Diário Digital / Lusa
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Enviado por: André em Março 25, 2008, 06:06:00 pm
Acordo Ortográfico na agenda da próxima reunião da CPLP

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O ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, assegurou hoje que não existe «nenhum obstáculo nem nenhuma razão política» que impeçam a ratificação do Acordo Ortográfico pelos membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).

«Não há nenhum obstáculo nem nenhuma razão política que leve à não ratificação. Há apenas razões administrativas (...). O que haverá que fazer é um processo de ratificação do acordo. É um processo constitucional que demorará o tempo que demorar», disse, em Maputo, à margem do colóquio «Português, língua global», no âmbito da visita oficial a Moçambique do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.

José António Pinto Ribeiro adiantou ainda que a ratificação do Acordo Ortográfico fará parte da agenda da próxima reunião da CPLP, prevista para Junho, em Lisboa.

O Acordo Ortográfico, que visa unificar a escrita do português, foi alcançado em finais de 1990 e deveria ter entrado em vigor em 1994, mas apenas três dos Estados membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe - aprovaram quer o acordo quer os dois protocolos modificativos entretanto estabelecidos entre os países da CPLP.

O segundo desses protocolos, de 2004, prevê que é suficiente a ratificação do texto por três países para que o mesmo entre em vigor.

Este Protocolo Modificativo foi assinado por todos os países lusófonos, mas apenas ratificado inicialmente pelo Brasil e Cabo Verde, tendo em Agosto de 2006 sido ratificado igualmente por São Tomé e Príncipe.

No início deste mês, o Governo português aprovou uma resolução propondo à Assembleia da República a ratificação deste segundo Protocolo Modificativo, que abre caminho à aplicação do Acordo Ortográfico, mas estabeleceu um período de transição de seis anos.

No primeiro dia da visita oficial de Cavaco Silva a Moçambique, o seu homólogo moçambicano, Armando Guebuza, adiantou que o seu país «está a analisar o Acordo Ortográfico» e «um dia vai assiná-lo», mas não se comprometeu com qualquer data.

Diário Digital / Lusa
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Enviado por: comanche em Abril 09, 2008, 07:20:45 pm
Novos dicionários adaptados ao Acordo Ortográfico de 1990

http://www.youtube.com/watch?v=A7n1DRv4x4o&feature=related
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Enviado por: zocuni em Abril 19, 2008, 02:10:59 pm
Um pouco de humor ao tema.

http://www.youtube.com/watch?v=MJbqzugYEGM


Abraços,
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Enviado por: Cabecinhas em Maio 07, 2008, 04:09:48 pm
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Acordo Ortográfico: Manifestação/Petição «contra» reúne já 15.000 assinaturas e é entregue quinta-feira na AR
07 de Maio de 2008, 15:34

Lisboa, 07 Mai (Lusa) - Mais de 15.000 assinaturas constam j�� do Manifesto/Petição Contra o Acordo Ortográfico, documento que quinta-feira será entregue ao presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, por uma delegação dos signatários do documento.

A delegação, composta por Maria Alzira Seixo, António Emiliano, José Nunes e Vasco Graça Moura, fará a entrega das primeiras 15.000 assinaturas recolhidas e pedirá que a matéria seja tida em consideração no debate parlamentar agendado para 15 de Maio.

Segundo os promotores do Manifesto, a recolha de assinaturas, iniciada no passado dia 02, continuará em linha na Internet, aberta a subscrições, até data a anunciar. O endereço do sítio de internet é http://www.ipetitions.com/petition/mani ... portuguesa (http://www.ipetitions.com/petition/manifestolinguaportuguesa)

Os 19 primeiros signatários do documento foram Ana Isabel Buescu, António Emiliano, António Lobo Xavier, Eduardo Lourenço, Helena Buescu, Jorge Morais Barbosa, José Pacheco Pereira, José da Silva Peneda, Laura Bulger, Luís Fagundes Duarte, Maria Alzira Seixo, Mário Cláudio, Miguel Veiga, Paulo Teixeira Pinto, Raul Miguel Rosado Fernandes, Vasco Graça Moura, Vítor Manuel Aguiar e Silva, Vitorino Barbosa de Magalhães Godinho e Zita Seabra. A este grupo juntou-se entretanto o poeta e deputado Manuel Alegre.

O Manifesto denuncia "inúmeras imprecisões, erros e ambiguidades" na projectada reforma ortográfica, que consideram ser "mal concebida", "desconchavada", "sem critério de rigor", "desnecessária" e "perniciosa", além de ter "custos financeiros não calculados".

"Recusamos - lê-se no Manifesto - deixar-nos enredar em jogos de interesses, que nada leva a crer de proveito para a língua portuguesa. Para o desenvolvimento civilizacional por que os nossos povos anseiam é imperativa a formação de ampla base cultural (e não apenas a erradicação do analfabetismo), solidamente assente na herança que nos coube e construída segundo as linhas mestras do pensamento científico e dos valores da cidadania"

O Acordo Ortográfico foi alcançado em finais de 1990 e deveria ter entrado em vigor em 1994 mas apenas três dos Estados membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa - Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe - aprovaram quer o acordo quer os dois protocolos modificativos entretanto estabelecidos entre os países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa.

O segundo desses protocolos, de 2004, prevê que é suficiente a ratificação do texto por três países para que o mesmo entre em vigor.

RMM.

Lusa/fim
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Enviado por: André em Dezembro 28, 2008, 07:32:13 pm
Acordo Ortográfico, fim de um difícil processo

Ratificado pelo Parlamento em 16 de Maio e promulgado pelo Presidente da República a 21 de Julho, o Acordo Ortográfico ultrapassou o ponto de «não-retorno»: as alterações de grafia que consagra serão «lei».

É assim, pelo menos, que pensam - e têm fundamentos para tanto - os seus defensores, com o governo na primeira linha.

Em rigor, a partir de quando isso acontecerá, ninguém sabe ao certo. Mas já vários prazos foram referidos, a título mais ou menos oficial: dentro de seis anos, de quatro, de dois...

Quando quer que seja - e é até possível que se não fixe oficialmente qualquer data - um dia virá em que tudo quanto se escreva em documento oficial, em obra impressa com difusão pública (jornal, revista, livro, etc.) - passará a estar conforme com as novas normas da escrita em português.

Até aqui chegar 18 anos se passaram. Ou 97, se se contabilizar o processo a partir da primeira reforma ortográfica adoptada por Portugal em 1911, a solo, sem o «sim» do Brasil - um voluntarismo que hoje seria impensável.

Houve novas mexidas na Língua em 1931, em 1945, em 1973, operadas por Portugal, de um lado, e o Brasil do outro, e de novo, mas num quadro mais amplo, já com os PALOP, em 1986 e 1990.

Neste primeiro ano da última década do século XX, um novo acordo elaborado pela Academia das Ciências de Lisboa, a Academia Brasileira das Letras e representantes dos cinco países africanos de língua oficial portuguesa foi assinado, no âmbito de uma cimeira da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, CPLP.

Portugal ratificou o Acordo a 04 de Junho de 1991 e a seguir fizeram o mesmo o Brasil e Cabo Verde. Apenas três em sete «partes contratantes».

Não se cumprira, portanto, o que o Acordo mandava: que todos os interessados o ratificassem, condição «sine qua non» para entrar, três anos após, em vigor.

Para que o processo não emperrasse, elaborou-se em Julho de 1998, na Cidade da Praia, Cabo verde, um «Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa», por efeito do qual a data de entrada em vigor deixava de ter «validade». Aprovaram-no três parlamentos: os de Portugal, Brasil e Cabo Verde.

Mais seis anos se passaram sem que as restantes partes contratantes se pronunciassem. Reunidos então em cimeira em São Tomé e Príncipe, os chefes de Estado e de Governo da CPLP aprovaram um «Segundo Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfico».

Abriram-se com ele as portas à adesão de Timor-Leste, independente desde 2002, e pôs-se de lado a obrigatoriedade de ratificação por todos os estados membros da CPLP - passava a bastar que três o fizessem para que o acordo entrasse em vigor.

Não tardou a concretizar-se, essa ratificação pelo número bastante de três: Brasil em Outubro de 2004, Cabo Verde em Abril de 2005, São Tomé e Príncipe em 2006. Dois anos depois dos são-tomenses, Portugal - garante do Acordo, parte essencial no desbloqueamento do processo - juntou ao lote a sua assinatura ratificativa.

Os dados estão lançados. Mas não foi pacífico o processo. A aceitação do Acordo esteve longe da unanimidade - e ainda hoje a oposição a que ele se efective permanece acesa.

Nomes maiores da literatura, do ensaio, da línguistica - de Óscar Lopes a Eduardo Lourenço, passando por Manuel Alegre, Vasco Graça Moura, Maria Alzira Seixo e outros - , professores, educadores, estudiosos denunciaram a ausência de um debate aprofundado sobre a matéria, apontaram erros e omissões no texto do Acordo, faltas (a da aprovação de um Vocabulário Ortográfico, por exemplo) alertaram para riscos vários.

Do lado dos defensores do Acordo - Malaca Casteleiro, Fernando Cristóvão, entre outros - , valoriza-se a nova grafia como «essencial» para a internacionalização da Língua portuguesa, minimizam-se os riscos, nomeadamente os económicos e os financeiros, pondera-se que, pesados prós e contras, serão maiores os benefícios do que os danos. Para Portugal e para os restantes países que disseram «sim» ao Acordo.

Toda a questão está agora em saber quanto tempo mediará entre esse «sim» e a sua concreta realização - nos documentos de circulação nacional e internacional, nos jornais, nas revistas, nos livros, etc.

Lusa
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Enviado por: André em Dezembro 30, 2008, 04:42:04 pm
Acordo Ortográfico em risco devido a divergências entre linguistas

O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em 1990, pode falhar na prática caso não seja elaborado um vocabulário ortográfico comum entre o Brasil e Portugal, afirmou o presidente do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP).

O Brasil será o primeiro país a adoptar oficialmente as novas regras ortográficas que entram em vigor a 01 de Janeiro de 2009, com um prazo para adequação e reedição dos livros didácticos e dicionários até Dezembro de 2012.

No entanto, divergências quanto a uma interpretação comum do acordo por linguistas de Portugal e do Brasil podem retardar a implementação das novas regras comuns aos países lusófonos.

Godofredo de Oliveira Neto, que preside ao IILP, ligado à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), afirmou que se a convenção internacional não for adoptada igualmente por todos os países, "o acordo fica desacordado".

"A construção de um vocabulário ortográfico comum é um dos artigos mais importantes exposto no acordo. Se não tiver regras não tem acordo", disse à Lusa o escritor, ao frisar que os linguistas portugueses e brasileiros têm que chegar a um "acordo sobre a interpretação deste acordo ortográfico".

Segundo Oliveira Neto, "o que falta é uma união dos especialistas e não dos políticos, e isso pode prejudicar a implantação do acordo na sua plenitude".

Oliveira Neto disse ser indispensável o entendimento entre a Academia Brasileira de Letras (ABL) e a Academia das Ciências de Lisboa, as duas instituições responsáveis pela elaboração do vocabulário ortográfico para servir como referência para os dicionários.

"O acordo deixou algumas coisas em branco como, por exemplo, o uso de hífen que dá margem a interpretações diversas", exemplificou o presidente do IILP, referindo que a ABL defende que o hífen seja abolido e a Academia das Ciências de Lisboa discorda.

Para a diplomacia lusófona, segundo Oliveira Neto, a união ortográfica faz parte do projecto de consolidação do português como língua internacional e a falta de consenso entre os linguistas dificulta esta integração.

Para Oliveira Neto, o acordo vai abrir o mercado editorial e favorecer a expansão do idioma português no mundo.

"A união da ortografia contribuirá para facilitar a circulação de obras nos países lusófonos, além do uso comum da língua na Internet e no audiovisual, que também saem fortalecidos", sublinhou.

No âmbito da CPLP, o presidente do IILP adiantou que no primeiro semestre de 2009, será organizada uma reunião internacional com especialistas da ABL e da Academia das Ciências de Lisboa, juntamente com os representantes dos Ministérios da Educação dos países da CPLP.

O objectivo é "unir esforços através de diálogos políticos", referiu, frisando, porém, que "faltam mais esforços académicos".

O acordo que unifica a ortografia, aprovado há 18 anos, não podia entrar em vigor sem ser ratificado por pelo menos três parlamentos de países de língua portuguesa.

Portugal, Brasil, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde já ratificaram o texto, faltando ainda Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Timor-Leste.

Na última reunião de ministros da Cultura e da Educação da CPLP, em Novembro, o ministro da Cultura português, José António Pinto Ribeiro, disse estar "firmemente convencido" de que a entrada em vigor do Acordo Ortográfico vai ocorrer ainda durante a presidência portuguesa da organização lusófona, que termina em meados de 2010.

Em Portugal, as mudanças deverão modificar 1,42 por cento do dicionário português. Os brasileiros, por seu turno, terão que alterar apenas 0,43 por cento.

Lusa
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Enviado por: André em Janeiro 07, 2009, 06:20:48 pm
Ministro diz que Portugal está a negociar com Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe «uma data» para aplicar acordo ortográfico

O ministro da Cultura disse terça-feira que Portugal está «em negociações com Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe» para determinar uma data para fazer entrar em vigor o acordo ortográfico nestes três países.

«Nos próximos dias, semanas, meses faremos tudo para, conjuntamente com os outros países da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) que já ratificaram o acordo» para a sua entrada em vigor, especificou Pinto Ribeiro.

O ministro da Cultura falou no Teatro Nacional S. João no Porto, onde assistiu à reposição da peça O Mercador de Veneza, do dramaturgo inglês William Shakespeare, com encenação de Ricardo Pais.

O Governo português aprovou em Março de 2008 a proposta do segundo protocolo modificativo ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, de 1991, e comprometeu-se então a adoptar as medidas adequadas para «garantir o necessário processo de transição, no prazo de seis anos».

Portugal, Brasil, Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe são os únicos países da CPLP que já aprovaram este acordo, mas o Brasil foi o primeiro país a adoptar oficialmente as novas regras ortográficas, a 1 de Janeiro de 2009.

Pinto Ribeiro anunciou, entretanto, em declarações à Agência Lusa, que «no fim deste mês estará disponível o corrector informático que permite a adaptação dos textos que nós escrevamos ao acordo ortográfico».

O governante acrescentou que «sem isso não era muito possível nós introduzirmos um mecanismo que implicava uma revisão caso a caso, através de um revisor tipográfico, o que era muito complicado».

«Esse sistema informático já está feito, já foi testado e está neste momento a ser produzido na Áustria por uma empresa que faz o corrector ortográfico que está neste momento no "Office" da Microsoft», referiu Pinto Ribeiro.

«Os primeiros programas do futuro corrector deverão vir no fim deste mês», acrescentou o ministro da Cultura.

Lusa
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Enviado por: André em Janeiro 09, 2009, 04:56:34 pm
Jornal O Despertar já adoptou novo acordo ortográfico

O mais antigo jornal de Coimbra, O Despertar, adoptou no início do ano a grafia do novo acordo ortográfico que, no dia 01 de Janeiro entrou em vigor no Brasil, destaca o semanário na primeira página da última edição.

Em declarações à agência Lusa, o director daquele semanário, Linho Vinhal, explicou que, «estando em perspectiva a entrada em vigor do acordo a curto prazo, seria útil e dentro do papel da comunicação social, ir habituando os leitores a uma grafia que boa parte das pessoas vai estranhar».

«É uma forma de nos irmos adaptando e de efectuarmos uma transição de forma lenta, que prevejo ter outra aceitação junto do público», acrescentou o responsável, adiantando que a alteração «resulta também do aproveitamento de uma equipa de profissionais do jornal que gosta de inovar».

Fundado a 02 de Março de 1917, O Despertar assume-se como um jornal republicano na «defesa intransigente dos interesses legítimos de Coimbra — cidade, concelho, distrito e região».

Segundo o Lino Vinhal, a nova grafia será usada apenas em termos de redacção, tanto por parte dos jornalistas como pelos colaboradores, devendo, em breve, os textos publicitários acompanhar a mudança.

«Vamos esperar pela reacção do público e quando a nova grafia estiver interiorizada pelas pessoas os anúncios vão também ser redigidos de acordo com o novo acordo ortográfico», adiantou à agência Lusa.

Lusa
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Enviado por: André em Janeiro 12, 2009, 06:27:36 pm
Jornal desportivo Record já aplica novo acordo ortográfico

O jornal desportivo Record adoptou no início do ano o novo acordo ortográfico, que entrou em vigor no Brasil no primeiro dia de 2009.

"Decidimos que a partir de 01 de Janeiro iríamos adoptar o novo acordo, para nos habituarmos às novas regras e habituarmos também o leitor", disse à Lusa o director-adjunto da publicação.

De acordo com António Magalhães, a adaptação tem sido feita de "forma gradual".

"Distribuímos aos jornalistas e colunistas um livro com as novas regras e pedimos-lhes um esforço no sentido de as aplicarem", explicou António Magalhães, acrescentando que a aplicação do novo acordo em pleno é uma "questão de pouco tempo".

"Agora é mais fácil completar o puzzle", referiu.

No dia 01 de Janeiro, a mudança foi referida no editorial do jornal. Desde então, todos os dias é publicado numa das últimas páginas um pequeno texto destinado "a quem estranha".

"Record atualiza-se - Estamos já a aplicar o Novo Acordo Ortográfico. Dada a complexidade da mudança, durante alguns meses utilizaremos nas nossas colunas a ortografia nova e a antiga, para o que pedimos a compreensão dos leitores", pode ler-se no jornal.

Na edição desta segunda-feira, é possível ler títulos como, "Com um adversário direto [em vez de directo] foi diferente", "Audácia e espírito coletivo [em vez de colectivo]" e "Quatro milhões de espetadores[em vez de espectadores]" [todos publicados na página 18].

Também o mais antigo jornal de Coimbra, "O Despertar", adoptou no início do ano o novo acordo ortográfico, assim como o site em português da Wikipedia.

"As páginas oficiais da wikipedia" já obedecem às novas normas do acordo ortográfico desde 01 de Janeiro, disse hoje à Lusa Manuel de Sousa da wikipedia lusófona.

No entanto, a introdução de novos artigos na wikipedia pode ser feita segundo as normas do Brasil, de Portugal actual ou respeitando o novo acordo ortográfico.

De acordo com o responsável, entre Agosto e Setembro a comunidade wikipedia irá fazer uma consulta para avaliar como decorreu a introdução do novo acordo.

Em Portugal o segundo protocolo do Acordo Ortográfico, cuja ratificação era essencial para a entrada em vigor do acordo, foi aprovado no Parlamento em Maio e promulgado pelo Presidente da República em Julho.

O Acordo Ortográfico foi aprovado em Dezembro de 1990 por representantes de Portugal, Brasil, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Angola e Moçambique, porque Timor-Leste só aderiu em 2004, após a independência da Indonésia.

Para vigorar, tem de estar ratificado por um mínimo de três dos oito países, o que foi alcançado em 2006 com São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Brasil, seguidos de Portugal, em Maio.

Lusa
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Enviado por: TOMSK em Janeiro 12, 2009, 06:45:12 pm
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Na edição desta segunda-feira, é possível ler títulos como, "Com um adversário direto [em vez de directo] foi diferente", "Audácia e espírito coletivo [em vez de colectivo]" e "Quatro milhões de espetadores[em vez de espectadores]" [todos publicados na página 18].


 :conf:  :no:
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Enviado por: Cabecinhas em Janeiro 12, 2009, 07:03:29 pm
espetadores = pessoas que espetam  :Ups:
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Enviado por: Paisano em Janeiro 17, 2009, 02:07:25 am
Citação de: "TOMSK"
Citar
Na edição desta segunda-feira, é possível ler títulos como, "Com um adversário direto [em vez de directo] foi diferente", "Audácia e espírito coletivo [em vez de colectivo]" e "Quatro milhões de espetadores[em vez de espectadores]" [todos publicados na página 18].

 :conf:  :no:


Aqui no Brasil se escreve ESPECTADORES e não ESPETADORES. :shock:
Título:
Enviado por: papatango em Janeiro 17, 2009, 03:56:29 pm
Citação de: "paisano"
Aqui no Brasil se escreve ESPECTADORES e não ESPETADORES


Esse é um dos problemas apontados ao acordo. Ele deixa cair as consoantes mudas quando elas desapareceram no Brasil, mas não acaba com elas todas.

É o caso de espectadores e compacto.

A queda dessas consoantes que em muitos casos não se lêem acaba produzindo confusão, porque os portugueses não entendem quais as consoantes mudas que os brasileiros não utilizam.

Para o português, dizer FATO em vez de FACTO é tão disparatado como dizer COMPATO em vez de COMPACTO.
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Enviado por: André em Janeiro 28, 2009, 03:48:12 pm
Inês Pedrosa lança romance em Brasília e critica acordo ortográfico da língua portuguesa

A escritora portuguesa Inês Pedrosa, que lançou terça-feira, em Brasília, o livro "A eternidade e o desejo", criticou o acordo ortográfico da língua portuguesa durante um colóquio e foi apoiada por brasileiros que participavam no evento.

Segundo a escritora, a adopção de uma grafia para unificar documentos não é importante, até porque muitos acordos acabam por não ser cumpridos.

"Os acordos poderiam ser escritos ora em português do Brasil, ora em português de Portugal, ou até só no português do Brasil, que tem mais gente", afirmou, destacando que a unificação que interessa é a dos países da CPLP em prol da sua cultura.

Segundo Inês Pedrosa, ao contrário do mundo da cultura hispânica, a língua portuguesa não sabe organizar-se de forma sistemática.

A jornalista e escritora brasileira Dad Squarisi também manifestou a sua insatisfação com o acordo ortográfico.

"Não houve o acerto que deveria ter havido. O acordo ortográfico fracassou. A reforma adoptou o critério da flexibilidade e, portanto, o que Portugal faz diferente do Brasil continuará a fazer se quiser e vice-versa", assinalou Dad.

Desta forma, Portugal continuará a escrever económico, cómodo e António, enquanto a grafia no Brasil será econômico, cômodo e Antônio, por causa da diferença das duas pronúncias.


Outro exemplo é a palavra recepção, que no Brasil continuará a ter a mesma grafia, porque os brasileiros pronunciam o 'p', o que não ocorre em Portugal, onde a palavra passará a ser grafada sem o 'p'.

"Não houve unificação. A reforma não atingiu o seu objectivo", concluiu Dad, lembrando que sairá caro aos brasileiros comprarem dicionários, gramáticas e livros didácticos novos.

Após o colóquio, promovido pela projecto PalcoBrasília, que dedica esta semana a Portugal, Inês Pedrosa autografou o seu romance publicado pela Alfaguara, selo da Editora Objetiva.

A semana inclui várias iniciativas como a exposição comemorativa dos 120 anos de Fernando Pessoa e uma apresentação do grupo Madredeus & Banda Cósmica.

Lusa
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Enviado por: André em Janeiro 30, 2009, 12:23:11 pm
Acordo Ortográfico será aplicado até 1 de Janeiro de 2010

O ministro da Cultura, que hoje cumpre um ano de mandato, quer que o Acordo Ortográfico, «o mais tardar em 1 de Janeiro de 2010», seja aplicado «a nível oficial e em todos os meios de comunicação social».

Em entrevista à Lusa, Pinto Ribeiro reafirmou a importância do Acordo Ortográfico para a estratégia que o seu ministério pretende implementar. Para o ministro, «quanto mais cedo melhor», mas elege a referida data como limite para a aplicação do acordo.

Contudo, entende que «há que evitar que a língua seja um processo de fragmentação e, pelo contrário, seja um processo de uniformização/expansão. Isto faz-se através de um trabalho conjunto, solidários com todos os utilizadores».

Reconhecendo a importância da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), o ministro quer «assegurar que, concertadamente com os outros países, se avance no processo de ratificação do último adicional do Acordo Ortográfico, para conseguirmos ter uma escrita unitária do português».

Ainda segundo o ministro, «há muitos sítios onde as autoridades se recusam a ensinar português porque não sabem se o hão-de fazer na versão escrita brasileira ou europeia. Ora, tudo isso fica resolvido através do acordo ortográfico», acredita.

Assim, uma arma fundamental é a produção de um corrector de texto, aplicável a várias plataformas informáticas, que integra as novas regras da escrita em português e que, segundo Pinto Ribeiro, deverá estar disponível até ao final deste mês.

O ministro pretende ver o português como «língua de trabalho em todas as organizações internacionais». Neste sentido, «estamos, com o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), a reformular o Instituto Camões para que seja desenvolvido este trabalho de expansão da língua» e que passará pela digitalização de conteúdos.

Porque a considera como «valor essencial, é fundamental para a defesa da língua que tudo esteja na Internet: a ciência que existe em português, as técnicas, a literatura, os acervos, etc.», também porque «se não estiver na Internet não terá possibilidade de se afirmar».

Neste sentido, o ministro considera que «existe a necessidade de traduzirmos tudo o que existe noutras línguas para português. Com o apoio da Comissão Europeia, estamos a trabalhar nesse sentido, como também estamos a traduzir autores portugueses para outras línguas».

A palavra de ordem é «colaboração. Não faz sentido estarmos a digitalizar obras que já estão digitalizadas em sites brasileiros, porque temos de evitar redundâncias», afirma Pinto Ribeiro.

Ainda no mesmo âmbito, o ministro acredita que o Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), que até 31 de Janeiro é suposto apresentar o projecto da sua reformulação, tem de ser «dotado de meios». O ministro reconhece que o IILP tem «funcionado deficientemente, muito mal e muito pouco».

Mas as culpas terão de ser assacadas «também aos países que não nomeiam as comissões linguísticas. São precisas comissões científicas, de escritores e pessoas associadas à língua, que possam trabalhar em conjunto com o IILP». Não estando estas comissões sequer nomeadas, «há um grande esforço para que isso aconteça», afirma.

Para o ministro, só a colaboração com os outros países da CPLP, nomeadamente o Brasil, poderá dar frutos significativos. «Somos dez milhões neste rectângulo; seremos mais cinco milhões dispersos pelo mundo. Em 1960, havia 70 milhões de brasileiros e em 2008 há 190 milhões, isto é, o Brasil gerou mais falantes de português nos últimos 48 anos, do que nós gerámos em 900».

Quanto aos críticos do Acordo Ortográfico, o ministro entende que «todas as pessoas são livres de escrever como quiserem». Mas pretende que «integrem a nova forma» e, por ele, «quanto mais cedo melhor».

Não deixa, no entanto, de deixar uma palavra aos que «trabalham com a língua quotidianamente - os grandes escritores, os poetas». Estes poderão escrever português como entenderem. O ministro garante que não levará a mal.

Lusa
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Enviado por: TOMSK em Janeiro 31, 2009, 01:09:23 am
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fi380.photobucket.com%2Falbums%2Foo246%2Fpanzer18%2Fcamoesssssss.jpg&hash=86c8adb2a65e58607e87248966fa3c81)

 :P
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Enviado por: André em Fevereiro 17, 2009, 08:51:53 pm
Acordo Ortográfico deve entrar em vigor ainda este semestre

O ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, afirmou hoje que o novo acordo ortográfico deverá entrar em vigor no primeiro semestre de 2009, mas tudo depende de negociações com os outros países da CPLP.
«Estamos em conversações com os outros países da CPLP [como Cabo Verde e São Tomé e Príncipe]para ver se encontramos uma data para o adaptar nos documentos oficiais, nas imprensas nacionais e que os diários oficiais [Diário da República] dos vários países passem a adoptar a ortografia do novo acordo ortográfico», disse Pinto Ribeiro à agência Lusa.

O ministro falava em Lisboa no final do lançamento do FLIP 7, uma ferramenta informática criada pela empresa Priberam que permite uma conversão automática do português de Portugal e do Brasil de acordo com as novas normas ortográficas dos dois países.

Esta ferramenta está já a ser testada na Imprensa Nacional Casa da Moeda, entidade responsável pela edição do Diário da República (DR).

Assim que o acordo ortográfico entrar em vigor em Portugal, todos os documentos oficiais, como o DR, terão de obedecer às novas regras da escrita em língua portuguesa.

Com a ferramenta informática FLIP 7, quem escrever em português terá a opção de converter automaticamente o texto segundo o novo acordo ortográfico, sejam as normas do Brasil sejam as de Portugal.

Através do FLIP 7, um software para o Microsoft Windows que inclui ainda dicionários, auxiliar de tradução e corrector, um texto em língua portuguesa com cerca de duzentas páginas poderá ser convertido em menos de um minuto nas regras do novo acordo ortográfico.

Pinto Ribeiro sublinhou que, depois da entrada em vigor do novo acordo ortográfico, será mais fácil fazer novas edições de um livro, incluindo manuais escolares.

«Sempre que, depois da entrada em vigor, se fizer um novo manual escolar, ele será adaptado ao novo acordo ortográfico. E as pessoas vão-se habituando assim», disse.

A Priberam, que colocou o FLIP 7 à venda em Portugal e no Brasil, ofereceu ainda esta ferramenta informática às empresas homónimas da Imprensa Nacional-Casa da Moeda dos países da CPLP para que possam já testar as novas regras do acordo ortográfico.

Sem adiantar números sobre vendas de cópias do FLIP, o administrador da Priberam, Carlos Amaral, referiu à agência Lusa que em 2008 um milhão de pessoas utilizou o corrector informático na Internet.

Lusa
Título:
Enviado por: Heraklion em Fevereiro 22, 2009, 09:26:18 pm
Com todo o respeito aos nossos amigos brasileiros, mas penso que esse acordo ortográfico é uma patetice e uma idiotice.
Estão a destruir o português, e nós deixamos... :(  :(
Viva Portugal!!
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Enviado por: André em Março 06, 2009, 06:09:09 pm
Acordo Ortográfico "é uma ilusão" diz Sara de Almeida Leite


A linguista Sara de Almeida Leite afirmou hoje que o Acordo Ortográfico "é uma ilusão" que não tem em conta "as variações e distanciamento culturais" que sempre existirão.

Esta opinião é corroborada por outra linguista, Sandra Duarte Tavares, com quem publicou o livro "SOS Língua Portuguesa: Dúvidas e erros frequentes" que hoje as duas apresentaram na Expolíngua.

Falando à Lusa, no final da sessão, as duas linguistas sublinharam que "é uma ilusão a ideia de unificar a língua pela grafia, não tendo nunca em conta as variações e o distanciamento culturais".

"Subsistirão diferenças no vocabulário", referiram, exemplificando com termos como "terno" ("fato"), "aluguel" ("aluguer") ou "bonde" ("eléctrico").

Sara de Almeida Leite tinha ido mais longe na sessão pública ao afirmar: "Não concordo que tudo se chame português. Há variações e distanciamento que levam a que se possa dizer que há o brasileiro e há o português".

"Eu sei que não é politicamente correcto, mas existe uma divergência linguística e é normal", disse ainda a professora do Instituto Superior de Educação e Ciências.

Numa sessão muito participada, com cerca de 60 pessoas na sala, as duas professoras deixaram clara a mensagem de que "a língua está em constante mutação" e "as regras vão mudando conforme as tendências dos falantes".

Referindo-se a essas tendências citaram, entre outros casos, a conjugação habitual "tem morto", quando o correcto é "tem matado", já que a regra gramatical exige que se use o particípio mais comprido.

As duas especialistas apontaram ainda questões lexicais, de pronúncia e de morfologia na origem das alterações da língua, considerando que o costume falante acabará por prevalecer sobre as regras do português vernáculo.

Uma "confusão frequente" é "solarengo", referindo-se a dia de sol, quando correctamente identifica uma casa tipo solar, enquanto um dia de sol é "soalheiro", explicaram.

Na opinião das duas professoras, "os estudantes universitários demonstram grandes lacunas relativamente ao conhecimento da língua, designadamente do ponto de vista da sintaxe".

"Têm dificuldades em estruturar as ideias porque desconhecem a língua", considerou Sandra Duarte Tavares.

A Expolíngua encerra hoje no Centro de Congressos de Lisboa, à Junqueira, tendo recebido cerca de 10.000 visitantes durante os três dias, segundo dados da organização, o que ultrapassa em 2.000 os visitantes do ano passado.

Durante os três dias realizaram-se vários debates em torno das línguas, tendo "os convidados especiais" sido o Português e a Lusofonia.

Neste 19.º Salão Português de Línguas e Culturas estiveram representadas 34 entidades nacionais e estrangeiras, entre as quais a Extremadura Turismo (Espanha), o Governo do Principado das Astúrias e a embaixada da Finlândia.

Lusa
Título:
Enviado por: André em Abril 15, 2009, 06:45:50 pm
Portugal adia entrada em vigor do Acordo Ortográfico


A implementação do Acordo Ortográfico em Portugal e Cabo Verde, inicialmente indicada para 05 de Maio, foi adiada para o segundo semestre deste ano, garantiu hoje à Agência Lusa o ministro da Cultura cabo-verdiano.

Manuel Veiga justificou a decisão com o argumento de que alguns Estados membros acreditam que há necessidade de reunir «mais consensos e discussões» à volta do projecto.

A data para a entrada em vigor em Cabo Verde, segundo Manuel Veiga, deverá ser definida após a reunião dos ministros da Cultura da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), marcada para Junho, em Lisboa.

«Já tínhamos avançado que o acordo entraria em vigor em Maio, mas ainda há necessidade de discutir mais e conseguir maior consenso, não só em Cabo Verde mas também noutros países, como Portugal, Angola e Moçambique», explicou.

«Possivelmente o acordo deverá entrar em vigor no segundo semestre deste ano», acrescentou, sem apontar datas, e lembrando que três países da CPLP - Angola, Moçambique e Guiné-Bissau - ainda não ratificaram o acordo.

Manuel Veiga afirmou à Lusa que a reunião dos ministros da CPLP pode ser uma oportunidade para a definição de uma data conjunta para que o acordo entre em vigor ao mesmo tempo em todos esses países.

«Se há países que acham que devemos aprofundar a questão no próxima reunião dos ministros da Cultura, entendemos que Cabo Verde deve ter esse compasso de espera para aprofundar o debate e, só depois, definir uma calendarização para a entrada em vigor e, se possível, na maioria dos países», sustentou.

«Se conseguirmos, juntamente com outros países, marcar uma data para que o acordo entre em vigor ao mesmo tempo, o acordo terá muito mais força do que se entrar em vigor neste momento apenas em Cabo Verde», disse.

Manuel Veiga disse que o acordo ortográfico também não vai entrar em vigor naquela data em Portugal, uma vez que as autoridades portuguesas «entendem que precisam aprofundar o debate».

A data de 05 de Maio, Dia da Cultura da CPLP, foi adiantada à Lusa na Cidade da Praia pelos ministros da Cultura de Cabo Verde e de Portugal, durante a visita oficial que o primeiro-ministro português, José Sócrates, efectuou ao arquipélago, entre 12 e 14 de Março.

Manuel Veiga vai aproveitar o adiamento para promover um estudo sobre o peso da Cultura na economia cabo-verdiana.

O objectivo, explicou, é obter indicadores económicos para apresentar a empresários, produtores, agentes culturais e sociedade civil, em geral, conseguir uma noção mais clara da importância da cultura como geradora de emprego e de rendimentos e determinar que peso tem no Produto Interno Bruto (PIB).

«Basta verificar a existência de tanta gente que anda à volta da música, que anda a promover a nossa cultura, tanto lá fora como cá dentro. Tudo isso gera rendimentos», acrescentou.

Em Maio, sublinhou, virá a Cabo Verde uma delegação da União Europeia (UE) com o objectivo de discutir com o Ministério da Cultura os termos de referência e o financiamento do estudo.

Lusa
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Enviado por: André em Abril 24, 2009, 01:33:14 pm
Portugal «está atrasado na aplicação do Acordo Ortográfico» diz Malaca Casteleiro


Portugal «está atrasado na aplicação do Acordo Ortográfico» e a «bola está do lado do Governo», declarou o linguista e académico João Malaca Casteleiro, que participou na sua elaboração.

O professor e membro da Academia de Ciências de Lisboa, que coordenou o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea editado em 2001, falava quinta-feira à noite numa tertúlia promovida pela Biblioteca Municipal da Covilhã.

«A bola está do lado do Governo», respondeu quando questionado sobre quando é que o Acordo vai passar a vigorar.

«Neste momento - frisou - trata-se de uma decisão política, de estabelecer uma data de quando é que o acordo entra em vigor, nomeadamente nos diferentes graus de ensino, nos manuais escolares, nos jornais e nos organismos do Governo».

«Estamos atrasados, porque, nestas coisas, candeia que vai à frente alumia duas vezes», observou.

«O Brasil com 200 milhões de falantes - argumentou - já decidiu e Portugal, que é o berço da língua, não decide. Esta situação a nível internacional é muito mal recebida. Quando Portugal se decidir, os outros países também entrarão nesta onda de adoptar a nova ortografia».

Segundo Malaca Casteleiro, o Acordo carece ainda da publicação de vocabulário mais amplo, mas as obras que já estão no mercado «do ponto de vista pedagógico e didáctico são suficientes».

Perante cerca de uma centena de pessoas, Malaca Casteleiro destacou os benefícios de o Português «adoptar do ponto de vista internacional a mesma roupagem, a mesma maneira de escrever, que é o que está em questão: é a grafia das palavras».

«Não vejo contras. Esta é uma questão que se arrasta há praticamente 100 anos e precisava de ter uma solução. Este acordo ortográfico é essa solução. Não foi possível encontrar melhor. Mesmo os opositores ao acordo não apresentaram alternativas. Só criticam e contestam», acrescentou.

Lusa
Título:
Enviado por: André em Abril 26, 2009, 05:58:32 pm
Acordo Ortográfico entrará em vigor «seguramente este ano


O ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, disse hoje que o Acordo Ortográfico entrará em vigor «seguramente este ano». O governante considera que o atraso de Portugal na matéria é «muito mal recebido» a nível internacional.

O governante falava em Belmonte na inauguração do centro interpretativo e museu "À Descoberta do Novo Mundo", centrado no Brasil e na viagem de descobrimento de Pedro Álvares Cabral, navegador natural daquela vila.

Perante uma comitiva brasileira, José António Pinto Ribeiro considerou que «a língua foi o que de mais extraordinário deixaram os navegadores».

A língua, afirmou, «é mais forte que o sangue».

Questionado pela Agência Lusa sobre quando entrará em vigor o Acordo Ortográfico, o ministro referiu que será «seguramente este ano», sem contudo apontar uma data concreto.

«Estamos a identificar todas as tarefas, dado que, uma vez em vigor, haverá um prazo de aplicação e adaptação de vários anos para que tudo aquilo seja assimilado por todos nós», explicou José António Pinto Ribeiro.

«Estamos a fazer um programa para tudo o que há a fazer até lá, ao nível do ensino, dos meios de comunicação social, dos livros, para que tudo seja feito sem rupturas, com grande tranquilidade e com grande liberdade e integração de toda a gente», referiu.

O linguista e académico João Malaca Casteleiro, que participou na elaboração do Acordo, considerou na última quinta-feira que Portugal «está atrasado na sua aplicação» e que a «bola está do lado do Governo».

«O Brasil com 200 milhões de falantes» - argumentou - «já decidiu e Portugal, que é o berço da língua, não decide. Esta situação a nível internacional é muito mal recebida. Quando Portugal se decidir, os outros países também entrarão nesta onda de adoptar a nova ortografia», referiu.

Em Portugal, o segundo protocolo do Acordo Ortográfico, cuja ratificação era essencial para a sua entrada em vigor, foi aprovado no Parlamento em Maio e promulgado pelo Presidente da República em Julho.

Para vigorar, o acordo tem de estar ratificado por um mínimo de três dos oito países, o que foi alcançado em 2006 com São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Brasil, seguidos de Portugal.

Lusa
Título:
Enviado por: André em Junho 10, 2009, 01:45:41 pm
Brasil também critica o Acordo Ortográfico


Jornalistas, escritores, filósofos e mesmo comediantes brasileiros começam a atacar publicamente um acordo que pode não prevalecer.

São cada vez mais as vozes que se levantam contra o acordo ortográfico. Não só em Portugal, como também noutros países que falam a língua de Camões. No Brasil, por exemplo, os principais opositores do acordo citam o Manifesto em Defesa da Língua Portuguesa, Contra o Acordo Ortográfico, promovido por Vasco Graça Moura, que já conta com mais de 115 mil assinaturas. Há dias, a petição esteve na base de um artigo publicado no jornal O Globo, com o título Portugal Reage.

Quem também ataca o acordo é o jornalista e escritor Carlos Heitor Cony, membro da Academia Brasileira de Letras. "No tempo do Getúlio (Brasil) e de Salazar (Portugal) foram feitos acordos que não prevaleceram, porque, na realidade, quem faz a língua não são as academias, nem os governos. Quem faz a língua é o povo," afirma. "Os portugueses jamais vão deixar de chamar o trem de "comboio", não adianta. Em Portugal, "facto" é "fato", e "fato" é "roupa". Também temos nossas particularidades e jamais vamos chegar a um acordo".

Por outro lado, humoristas como José Simão inspiram-se agora no acordo. "Vão mudar a língua logo agora que o Lula estava aprendendo a falar pelo sistema antigo", referia há dias Simão.

Para Desidério Murcho, da Universidade Federal de Ouro Preto, "as pretensas vantagens do acordo são como as vantagens de ter gnomos de barro no jardim: são decorativos, mas não fazem a poda por nós". Até porque, refere, "não há qualquer impedimento ortográfico à presença dos livros portugueses no Brasil, por exemplo. Na verdade, na biblioteca de filosofia da minha universidade encontram-se imensos livros portugueses e nem os meus colegas nem os meus estudantes se queixam da ortografia. Mas todos se queixam de ser muito difícil comprar livros portugueses".

Por fim, o jornalista José Carlos Tedesco lembra que, "entre os quase 200 milhões de brasileiros, muitos não conseguem sequer cumprir as regras antigas e, portanto, terão grande dificuldade - ou irão mesmo ignorar - as novidades".

DN
Título: Re: CPLP acordo ortográfico da língua portuguesa
Enviado por: Get_It em Abril 12, 2015, 07:22:24 pm
Evento na FLUL em 14 de Abril de 2015 às 18 horas

(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Filcao.cedilha.net%2Fwp-content%2Fuploads%2F2015%2F04%2FeventoFLUL0415.jpg&hash=31b7b140c62a71248d59562d55858113) (http://http)

AO90 obrigatório nos exames nacionais (http://http)

Não usar acordo ortográfico nos exames pode baixar nota em 5 valores
Citação de: "Rita Carvalho, SOL"
A partir deste ano, os alunos terão de usar o novo acordo ortográfico nos exames nacionais. Se não o fizerem, serão penalizados nas provas de Português.

A novidade desta época de exames está a indignar alguns professores de Português que continuam a defender a ortografia anterior e que já puseram a circular nas redes sociais uma carta dirigida ao Ministro da Educação a pedir a suspensão desta decisão.

Até agora, os alunos podiam usar as duas grafias ou, pelo menos, não tinham qualquer penalização se escrevessem palavras com a grafia anterior. Contudo, este ano poderão perder até cinco valores (numa prova com nota máxima de 20) se escreverem palavras sem acordo ortográfico, que passam a ser consideradas erros ortográficos.

O novo acordo ortográfico foi assinado em 1990. A sua aplicação nas provas nacionais foi gradual: no ano passado já foi obrigatório escrever com acordo nos exames do 6º ano de escolaridade. Este ano, a obrigação alarga-se ao 9º e ao 12º ano.
Fonte: http://www.sol.pt/noticia/126786

Entretanto:
Citação de: "José António Pinto Ribeiro"
Há resistências de algumas pessoas, e não são muitas, que têm uma relação emocional, clássica, física e sensorial com a Língua. Mas ninguém será abatido, preso ou punido se não aderir às novas normas. O Acordo é uma simplificação da Língua.
Fonte: http://expresso.sapo.pt/ninguem-sera-abatido-preso-ou-punido-se-nao-aderir=f391681

Afinal o AO90 não é obrigatório nos exames… no Brasil
Citar
O novo acordo ortográfico passou a vigorar no Brasil no dia 1/1/ 2009. Porém, o período de transição para as novas regras da escrita só termina no primeiro dia de 2016. Isso quer dizer que até lá as novas e antigas regras ortográficas coexistem e devem ser aceitas sem distinção. De acordo com o manual do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) a correção das redações é feita conforme a lei, ainda aceitando as normas anteriores ao acordo.
Fonte: http://ilcao.cedilha.net/?p=17544

O totalitarismo ortográfico
Citação de: "Luís Menezes Leitão"
O maior crime contra o nosso património foi o pseudo-acordo ortográfico que afinal nada unifica e só serve para tornar o português de Portugal uma espécie de escrita de laboratório, com grafias absurdas, e que o distanciam completamente das outras línguas europeias, e até da escrita dos outros países lusófonos. Felizmente a sociedade civil tem dado a adequada resposta a este disparate, já que grande parte dos livros que se publicam e os jornais de referência continuam a usar a ortografia tradicional. Infelizmente isso já não sucede com o Estado, que a todo o custo quer impor uma ortografia que a sociedade claramente rejeita. É assim que o Diário da República se tornou um jornal de leitura cada vez mais penosa, tantos são os disparates ortográficos que linha sim linha não aparecem nos diplomas legais.

O governo, no entanto, não desiste de impor este absurdo contra tudo e contra todos e, depois de querer penalizar os professores que escrevem com a ortografia tradicional, agora quer obrigar os alunos a escrever com a nova ortografia, sem o que os seus exames serão avaliados negativamente. O procedimento é típico de um Estado totalitário. Efectivamente, neste tipo de estados as lavagens ao cérebro começam sempre pelas crianças, as mais incapazes de se defender. Mas assim como os povos souberam libertar-se dos totalitarismos, estamos seguros que também o povo português dará a adequada resposta a esta imposição totalitária de uma ortografia absurda.
Fonte: http://www.ionline.pt/iopiniao/totalitarismo-ortografico

Deve ser bem fixe estar a criar os miúdos nesta democracia. (Um bom motivo para uma pessoa se mudar para os Açores.) Ainda bem que não somos como alguns estados nos EUA, aonde até chega a ser proibida a aprendizagem de alguns conteúdos nas aulas de ciências naturais e biologia pelos governos locais.

Cumprimentos,
Título: Re: CPLP acordo ortográfico da língua portuguesa
Enviado por: Get_It em Abril 15, 2015, 07:11:40 pm
«Tomar partido, sim!»
Citação de: "Rui Valente/ILCAO"
A Constituição da República portuguesa atribui a “Iniciativa da Lei” aos deputados, ao Governo e — conquista importante da democracia — a grupos de cidadãos devidamente recenseados. Infelizmente, a Lei que regulamenta a Iniciativa Legislativa de Cidadãos fixa um limite mínimo de 35.000 assinaturas para a submissão de um Projecto de Lei a discussão e votação no Parlamento. É um número absurdamente alto, que na prática inviabiliza o exercício deste direito por parte dos portugueses.

Trinta e cinco mil subscrições em papel são uma tarefa quase impossível para um grupo de cidadãos que, sem outros meios além da vontade individual dos seus promotores, activistas e voluntários, tenta levar um Projecto de Lei ao Parlamento. O número é de tal forma elevado que se presta a esta confusão: muitas pessoas julgam que basta reunir 35.000 assinaturas para que a Lei seja automaticamente aprovada. Na verdade, o Projecto de Lei contido numa ILC terá ainda de ser votado em plenário — isto, claro, se não tropeçar antes num qualquer tecnicismo de secretaria e não chegar sequer a ser admitido. Ou seja: a vontade expressa de 35.000 cidadãos eleitores poderá não servir para nada.

A Lei 17/2003, que rege as ILC, é, de facto, uma lei “para cidadão ver”.

A ILC-AO, visando a revogação da RAR 35/2008, reuniu até agora cerca de 15.000 assinaturas. Em papel. Um número extraordinário para uma Iniciativa sem meios, mas insuficiente para o fim em vista. Muitas vezes olhámos para este número e pensámos: “Quinze mil assinaturas… bem, isso daria para promover duas candidaturas à Presidência da República! Ou para inscrever dois partidos políticos no Tribunal Constitucional…”

De facto, a ideia sempre andou por aí. Rondou-nos, insinuou-se, às vezes quase se metia pelos nossos olhos dentro. “Apenas” teríamos de voltar ao princípio, ou seja, lançar uma nova campanha de recolha de  assinaturas, mas desta vez tendo por objectivo “só” 7.500 e já não 35.000, essa absurda enormidade.

É verdade que o problema do AO tem sido maltratado pela generalidade dos partidos políticos portugueses. Alguns optam pela omissão simples, enterrando a cabeça na areia. Outros assobiam para o lado, esperando que os críticos desistam por cansaço — porque acreditam em segredo que o AO é o Santo Graal da modernidade. Há ainda quem diga que o ideal é que cada um possa escrever como bem entender (cito de memória Francisco Louçã no blogue “Tudo Menos Economia”, por exemplo) — como se o problema fosse uma questão de Liberdade de Expressão. Outros ainda colocam a tónica num ponto de vista nacionalista e xenófobo que, de todo, não faz sentido.

Perante este cenário, não admira que uma das mais activas militantes da ILC tenha recentemente dito que nas actuais circunstâncias apenas nos resta o voto NULO: “com AO90 não há voto para ninguém”!

Foi, naturalmente, uma posição individual. O apelo ao voto nulo, como se imagina, nunca poderia ser endossado pela ILC — desde logo porque o voto nulo é, antes de mais, um voto contra o próprio direito de voto, duramente conquistado. Mas também porque essa forma de luta seria totalmente invisível, não-mensurável e, consequentemente, inútil.

Não será melhor criar, no boletim de voto, o nosso próprio espaço para riscar uma cruzinha?

Muitos dirão: criar um partido político por causa do AO é, também, uma distorção das regras do jogo democrático. Mas não está já o jogo democrático distorcido à partida, ao permitir que a vontade da maioria da população portuguesa no que ao AO diz respeito não tenha qualquer eco na Assembleia da República?

A criação de um partido com um fim específico nem sequer é inédita. Há quatro anos, um outro grupo de cidadãos concluiu que não havia um único partido em Portugal que consagrasse nos seus objectivos a salvaguarda dos direitos dos animais. Foi assim que surgiu o PAN, reconhecido pelo Tribunal Constitucional em 2011 e que, em quatro anos, se tornou na sétima força política nacional — sexta, em distritos como Setúbal, Faro e Lisboa.

Criar um partido político é mais uma arma que está ao nosso alcance. Nesta luta desigual pela preservação da nossa Língua, temos o direito e o dever de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance. Não podemos dar-nos ao luxo de não aproveitar esta oportunidade.
Fonte: http://ilcao.cedilha.net/?p=17851

Cumprimentos,
Título: Re: CPLP acordo ortográfico da língua portuguesa
Enviado por: Get_It em Abril 16, 2015, 07:10:35 pm
«Sob o signo da idiotice»
Citação de: "Maria do Carmo Vieira"
Vivemos sob o signo da idiotice, etimologicamente da «ignorância». Uma ignorância cultivada sobremaneira entre pessoas adeptas do imediato, ocupando visíveis cargos de poder, e que orgulhosamente se extasiam perante o seu vazio cultural e a sua insensibilidade face à justiça social, considerando seus inimigos todos os que ousam pensar por si próprios porque põem em causa, quantas vezes, os seus interesses. Nós, os professores, somos testemunhas dessa gritante falta de sensibilidade e de cultura, porque é disso que se trata, ostensivamente hasteadas com a reforma de 2003 no ensino, nomeadamente no ensino da Língua Portuguesa. Com efeito, em nome da facilidade, de uma apregoada alegria na sala de aula, do funcional e do utilitário, estes últimos com forte apego às exigências de mercado, a Literatura foi menosprezada, com destaque substancial para a poesia; também em nome da uniformização da nomenclatura gramatical, que havia sido posta em causa pelo Generativismo, impôs-se, em 2004, a massacrante TLEBS que, estéril, aspirou, no entanto a substituir a Gramática, mantendo-se do 1º ciclo ao secundário, com o disparate das suas designações e a confusão das suas descrições; no mesmo esquema de arrogância e de ouvidos surdos ao coro de críticas e à forte polémica suscitada, decretou-se em 2008 o dito Acordo Ortográfico de 90, paciente e hipocritamente engendrado nos bastidores, cuja barbaridade de argumentos veio sublinhar, de novo, a ignorância e a falta de cultura reinantes, o que é inegável pela leitura da Nota Explicativa do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990).

Porque somos professores e não perdemos ainda, apesar de tantas imposições, de tantas ameaças e de tanta estupidez, o sentido de ensinar, o que significa que não abdicamos da responsabilidade de responder criticamente a tudo o que ponha em causa a qualidade do ensino da língua portuguesa aos nossos alunos, apenas nos resta desobedecer colectivamente. Sabemos, com efeito, que só dominando bem a língua materna, os nossos alunos poderão pensar e exercer o seu espírito crítico; não o permitindo, somos responsáveis pelas nefastas consequências daí advenientes. Em suma, dizemos aos mentores deste Absurdo Acordo Ortográfico e aos políticos que na sua ignorância o implementaram, contrariando a vontade da esmagadora maioria dos portugueses, que, em nome da dignidade que nos assiste e que por isso mesmo não tem preço, não queremos «que nos libertem do pesado encargo de pensar».
Fonte: http://ilcao.cedilha.net/?p=17877

«Os acordistas já não acordam»
Citar
A julgar pelos ares displicentes (quando há sequer ares) dos que se dizem felizes com o «Acordo Ortográfico de 1990», eis-nos acabados de aterrar no melhor dos mundos. Chatices, só estes piolhos importunos e tagarelas dos anti-acordistas.

Não se lhes ouve um pio, a esses portugueses ditosos. O Ministério, a Academia, os Centros de Linguística, o ILTEC, eles dormem a sono solto, mas silencioso. «Está tudo a correr com normalidade», reza o mantra dos gabinetes. «Até que enfim, sossego!», ronronam os gatos nos tapetes das Receções.

Entretanto, no mundo acordado, passam-se fenómenos insólitos. Um vírus, uma programação maligna, veio-se instalando em mentes portuguesas, comandando-lhes: «Se achares duas consoantes seguidas, corta uma». Até ao momento, os encontros com líquidas («tr», «pl» etc.) são poupados. A fonologia tem as suas resistências. Mas fora daí, o vírus é eficaz.

Já publiquei aqui listas sempre actualizadas dessas curiosas novidades. Essas listas (em que aproveitei sempre o denodado e inteligente esforço alheio) distinguem-se de outras do género por isto: são sempre confrontadas com o «Vocabulário da Mudança» do oficialíssimo ILTEC. Isto é, TODOS os vocábulos nelas contidos contrariam o AO90. E também todos figuraram pelo menos uma vez (e vários deles bastantes vezes) em textos públicos, assinados, e não raro provenientes de entidades oficiais.

Aqui vai nova lista com o estado de coisas presente. Tenha-se em conta que outras inovações haverá, que escapam à nossa atenção. Tenha-se em conta (e isto é decisivo!) que antes da entrada em vigor do AO90 fenómenos deste tipo eram residuais. Isto foi já inequivocamente demonstrado. Além disso, o carácter científico e ‘culto’ da larga maioria destas grafias mostra que elas nasceram duma busca de correcção e rigor.

*

GRAFIAS CONTRÁRIAS AO ACORDO ORTOGRÁFICO 1990,
PÚBLICAS E RECENTEMENTE DOCUMENTADAS EM PORTUGAL

abrutamente por abruptamente
abruto por abrupto
adatação por adaptação
adeto por adepto
ajunto por adjunto
alótone por alóctone
amidalite por amigdalite
aministração por administração
antissético por antisséptico
artefato por artefacto
atidão por aptidão
autótone por autóctone
avertência por advertência
batéria por bactéria
bateriano por bacteriano
batericida por bactericida
catação por captação
compatar por compactar
compato por compacto
conetar por conectar
conetor por conector
contatar por contactar
contato por contacto
conveção por convecção
convição por convicção
convito por convicto
cootação por cooptação
cootar por cooptar
corrução por corrupção
corruto por corrupto
cócix por cóccix
critografia por criptografia
descompatar por descompactar
dianóstico por diagnóstico
dição por dicção
dítico por díptico
dútil por dúctil
egício por egípcio
egitologia por egiptologia
eletrotenia por ele(c)trotecnia
elipsar-se por eclipsar-se
elítico por elíptico
encritação por encriptação
erução por erupção
esfínter por esfíncter
espetante por expectante
espetável por espectável
estupefato por estupefacto
eucalito por eucalipto
ezema por eczema
facioso por faccioso
fato por facto
fatual por factual
fatualmente por factualmente
fição por ficção
fitício por fictício
fratal por fractal
fricionar por friccionar
ginodesportivo por gimnodesportivo
helicótero por helicóptero
impatante por impactante
impato por impacto
inadatação por inadaptação
incónita por incógnita
indenização por indemnização
ineto por inepto
ininterruto por ininterrupto
intato por intacto
inteletual por intelectual
interrução por interrupção
interrutor por interruptor
Invita por Invicta
latente por lactente (cp. «mulher latente»)
láteo por lácteo
manífico por magnífico
manitude por magnitude
mição por micção
nétar por néctar
netarina por nectarina
Netuno por Neptuno
núcias por núpcias
oção por opção
ocional por opcional
ostáculo por obstáculo
ostipação por obstipação
otativo por optativo
otogenário por octogenário
otogonal por octogonal
otometria por optometria
otómetro por optómetro
óvio por óbvio
pato por pacto
piroténico por pirotécnico
pitórico por pictórico
plânton por plâncton
politénico por politécnico
proveto por provecto (cp. «em proveta idade»)
rato por rapto
rétil por réptil
reto por repto
seção por secção
secionamento por seccionamento
seticemia por septicemia
setuagenário por septuagenário
subretício por sub-reptício
sução por sucção
sujacente por subjacente
ténica por técnica
ténico por técnico
tenologia por tecnologia
tenológico por tecnológico
tetónico por tectónico
trítico por tríptico
tumefato por tumefacto
vasetomia por vasectomia

*

A situação é, portanto, preocupante. Mas uma intervenção adequada por parte de alguém responsável parece, de momento, de descartar. Incompetência? Preguiça? Acobardamento? Má-fé? Tudo começa a ser tremendamente concebível.
Fonte: http://ilcao.cedilha.net/?p=17872

Cumprimentos,
Título: Re: CPLP acordo ortográfico da língua portuguesa
Enviado por: Get_It em Abril 21, 2015, 06:10:03 pm
Adversários do Acordo Ortográfico reclamam referendo
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Um fórum realizado na Universidade de Lisboa aprovou uma moção a defender que o Acordo Ortográfico de 1990 deve ser referendado. Os defensores do tratado acham que o esforço de unificação da língua compensa as eventuais imperfeições do AO.

A obrigatoriedade do uso do Acordo Ortográfico de 1990 (AO) no ensino e na administração pública deve ser imediatamente suspensa, e a sua eventual aplicação em Portugal deve ser depois submetida a referendo. É o que defende uma moção aprovada no fórum Pela Língua Portuguesa, diga NÃO ao ‘Acordo Ortográfico’ de 1990, que decorreu na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL) no dia 14 de Abril.

Os subscritores da moção acham que o AO falhou o seu objectivo de “unificação das variantes do Português” e que a “alegada simplificação” que trouxe “corresponde a uma total insegurança ortográfica”. Do outro lado, os que defendem o AO – incluindo o seu principal negociador pelo lado português, Malaca Casteleiro, que o PÚBLICO ouviu –, não negam imperfeições ou incongruências, mas acham que é um pequeno preço a pagar por uma ortografia unificada.

E, se o jurista Ivo Miguel Barroso tiver razão, ainda haverá algum tempo para discutir o assunto antes de se esgotar o prazo de transição estabelecido para a aplicação do AO. Na sua intervenção na FLUL, Barroso procurou demonstrar, contrariando a interpretação oficial, que esse prazo não termina em Maio próximo, mas sim em Setembro de 2016, já que os seis anos previstos não devem ser contados, defende, a partir da data em que se procedeu ao depósito da ratificação do 2.º Protocolo Modificativo do AO, mas da data da publicação no Diário da República (DR) do aviso dessa ratificação, o que só veio a acontecer em Setembro de 2010.

O jurista é também um dos dinamizadores de uma acção popular judicial levada ao Supremo Tribunal Administrativo, que requer a não-aplicação do AO no ensino público do 1.º ao 12.º ano, argumentando com a inconstitucionalidade da Resolução do Conselho de Ministros n.º8/2011, de 25 de Janeiro, que impôs o AO na administração do Estado a partir de Janeiro de 2012, e determinou que o acordo era aplicável ao sistema educativo logo no ano lectivo de 2011/12. “Espero que o tribunal tome uma decisão antes de começarem os primeiros exames, até porque se trata apenas de matéria de Direito”, disse Ivo Miguel Barroso ao PÚBLICO.

Tomada poucos meses antes de o Governo de Sócrates cair na sequência do chumbo do PEC IV, a resolução em causa antecipou em vários anos a aplicação do AO em sectores fundamentais da sociedade portuguesa e foi instrumental na criação de um facto consumado, levando, por exemplo, os editores de manuais escolares a adoptar um acordo ao qual muitos deles se tinham sempre oposto, como foi o caso de Vasco Teixeira, da Porto Editora.

Na reunião da FLUL, onde intervieram figuras como António Feijó, vice-reitor da Universidade de Lisboa, a ensaísta Maria Filomena Molder, o poeta Gastão Cruz, o escritor e colunista Pedro Mexia ou o humorista Ricardo Araújo Pereira, o intérprete na União Europeia Francisco Miguel Valada levou uma série de exemplos que parecem demonstrar que o AO veio criar instabilidade ortográfica onde esta não existia.

377 “fatos”
A par de inúmeros exemplos de erros de português que poucos dariam antes de surgir o AO, como “fato” ou “contato”, e que agora são frequentes em jornais e televisões, mas também em universidades ou no Parlamento – até o próprio texto do AO regista alguns –, Valada apresentou uma tabela em que conta o número de vezes que algumas destas grafias erradas ocorrem no Diário da República (DR). Em 2009 não aparece nenhum “fato” ou “fatos”, mas em 2012, o ano em que o DR começa a ser redigido segundo o AO, Valada detectou 377 ocorrências.

A tabela foi entregue na Comissão Parlamentar de Educação, Ciência e Cultura da Assembleia da República, mas sem nenhum resultado prático, explicou Valada. Um silêncio que simboliza a dificuldade com que se defrontam os que ainda não desistiram de tentar travar o acordo: do outro lado raramente encontram interlocutores para uma discussão séria sobre o conteúdo do AO.

“As vias políticas estão bloqueadas”, reconhece Ivo Miguel Barroso, lembrando que o tratado e os posteriores protocolos modificativos foram sempre aprovados “por largas maiorias” no Parlamento, que três Presidentes da República – Mário Soares, Jorge Sampaio e Cavaco Silva – o ratificaram, e que o actual líder da oposição, o socialista António Costa, é um assumido defensor do AO.

Garantido o apoio dos grupos parlamentares do PSD e do PS – apesar da oposição de alguns raros deputados, como Manuel Alegre –, e com o AO a ser aplicado há quatro anos lectivos no ensino e a generalizar-se cada vez mais na edição e nos media, é compreensível que os seus defensores não tenham interesse em promover agora uma grande discussão pública.

Entre as iniciativas promovidas nos últimos anos contra o AO, Valada recordou o Manifesto em Defesa da Língua Portuguesa, uma petição lançada em Maio de 2008, e que um ano depois, quando foi apreciada no Parlamento, já tinha recolhido mais de 115 mil assinaturas válidas, entre as quais se contavam as de Eduardo Lourenço, Vitorino Magalhães Godinho, Vítor Manuel Aguiar e Silva, Vasco Graça Moura ou José Pacheco Pereira.

E antes disso, em 2005, quando o Governo de José Sócrates se preparava para ratificar o 2.º Protocolo Modificativo – destinado a permitir que o AO pudesse entrar em vigor sem a ratificação de todos os países signatários do tratado original (Angola e Moçambique ainda hoje não o fizeram) –, foi pedido, através do Instituto Camões, um conjunto de pareceres a várias instituições e especialistas. Descontado o da Academia das Ciências, da autoria do próprio Malaca Casteleiro, todos os outros oscilavam entre as críticas severas e a sugestão de que o processo deveria ser imediatamente suspenso, como o fez a Associação Portuguesa de Linguística. O próprio Instituto de Linguística Teórica e Computacional (ILTEC), hoje o principal instrumento de aplicação do acordo, afirmava que o AO “terá sempre consequências bem mais graves que a existência actual de duas normas, sobretudo na língua escrita no âmbito da Internet”.

Fingir que não ouvem
Para os adversários do AO, este não unifica a língua, como se propunha, e ao admitir um grande número de facultatividades – “Electrónica e Electrotecnia” poderá ser escrito de 32 formas diferentes sem violar o AO – contraria o próprio conceito de ortografia. E lembram que as grandes diferenças que separam as variantes portuguesa e brasileira da língua não são ortográficas, são lexicais, semânticas e morfossintácticas.

Com diferenças regionais e índices de iliteracia pouco comparáveis com os de Portugal, o Brasil tem problemas próprios no domínio da língua que poderemos estar a importar com este acordo. É o que defende Ivo Miguel Barroso, que acha que “o AO é desnecessário” e que “mais vale haver duas variantes: entendíamo-nos perfeitamente, e agora um brasileiro lê ‘receção’ e não sabe o que é”.

Do outro lado da barricada, os defensores acham que a “deriva ortográfica” entre Portugal e o Brasil ameaçava o futuro do português como língua mundial e crêem que uma ortografia mais próxima da fonética facilita a aprendizagem. Uma convicção partilhada pelos três apoiantes do AO que o PÚBLICO ouviu.

O argumento clássico contra esta convicção é o das crianças inglesas, que aprendem com aparente sucesso uma ortografia cuja relação com a pronúncia é bastante remota. E Vasco Graça Moura, numa entrevista ao autor deste artigo originalmente publicada na revista Cão Celeste, lembra que “as desgraçadas criancinhas” alemãs aprendem a escrever palavras como “Rheinunddonauschiffsfahrtsgesellschaftskapitän” [“capitão da companhia de navegação do Reno e do Danúbio”]. E os alunos de gronelandês ocidental não têm melhor sorte. Francisco Miguel Valada trouxe ao fórum da FLUL, para a endereçar aos promotores do AO, uma palavra deste idioma, “Tusaanngitsuusaartuaannarsiinnaanngivipputit”, que em português significa, explicou, “não podem estar permanentemente a fingir que não estão a ouvir”.

O linguista João Malaca Casteleiro, negociador do AO e redactor da sua Nota Explicativa, admite que este “não é perfeito, não unifica completamente a ortografia, porque não foi possível”, e “tem algumas incongruências”. Mas defende que o acordo veio pôr fim a uma “deriva ortográfica que durava há um século”.

Salientando que se trata de um acordo, e não de uma reforma, diz que “se houve cedências etimológicas, o Brasil também cedeu na acentuação, suprimindo o trema, bem como os acentos agudos em palavras como ‘ideia’ e ‘assembleia’”.

De resto, a supressão das consoantes mudas parece-lhe positiva, uma vez que “não existem na pronúncia e não faz sentido mantê-las na escrita”. Mas também reconhece que, “se não houvesse esta necessidade de um acordo com o Brasil, não era necessário estar a mexer na ortografia: os ingleses não mexem há muito tempo na deles, porque não tem sido preciso”. Se Portugal tivesse envolvido o Brasil na reforma de 1911, diz, “o problema tinha ficado resolvido”.

O conselho de Verney
Já o linguista Fernando Cristóvão acha que a oposição ao AO é “uma coisa doentia” e lembra que o acordo foi aprovado pela AR e ratificado por Mário Soares em 1991. E aos que o encaram como uma concessão ao Brasil, lembra que “as mudanças que se fizeram com este acordo já tinham sido reclamadas em 1746 pelo português Luís António Verney”, que na obra O Verdadeiro Método de Estudar defende que os portugueses “devem escrever a sua língua da mesma sorte que a pronunciam”.

Se Cristóvão é um defensor de que a ortografia se aproxime tanto quanto possível da pronúncia, já D’Silvas Filho, pseudónimo literário de um consultor do site Ciberdúvidas e autor do livro Prontuário - Erros Corrigidos de Português (Texto, 2012), embora tenha apoiado o AO “desde a primeira hora”, acha que este pode ter propiciado interpretações que "levaram longe de mais a prioridade ao critério fonético”. Uma crítica em que está sintonizado com os adversários do AO.

Já não subscreve, no entanto, outra crítica recorrente: a que censura a este acordo a proliferação de duplas grafias facultativas. Dada a impossibilidade de as evitar, o que parece crucial a D’Silvas Filho é que tanto Portugal como o Brasil incorporem nos seus vocabulários ortográficos nacionais ambas as variantes. E a sua posição é a de que qualquer grafia registada no Vocabulário Ortográfico Português é de uso legítimo em Portugal.

O linguista lamenta que os que se opõem ao AO “não vejam a vantagem extraordinária que há em unir a língua”, elogia os progressos do recém-apresentado Vocabulário Ortográfico Comum, que está a ser desenvolvido pelo Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), da CPLP, e que congrega já os vocabulários nacionais de alguns dos países que ratificaram o acordo, e congratula-se por “estarmos a caminho de poder organizar um dicionário para esta língua planetária”.

Mas o seu entusiamo não o impede de criticar o que lhe parece menos conseguido. Preferia, por exemplo, que “pára” mantivesse o acento, ou que “braço-de-ferro” não tivesse perdido os hífenes.

“Devem fazer-se aperfeiçoamentos”, diz, e espera que se possa aproveitar o actual trabalho no âmbito do IILP para melhorar o AO, mas acha que, “depois de todo o trabalho feito, não faria sentido suspender o acordo” para o corrigir.
Fonte: http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/adversarios-do-acordo-ortografico-reclamam-referendo-1692912?page=-1

Cumprimentos,
Título: Re: CPLP acordo ortográfico da língua portuguesa
Enviado por: Get_It em Abril 24, 2015, 06:29:01 pm
Henrique Neto fala sobre o Acordo Ortográfico (http://https)


A opinião de Henrique Neto sobre o AO90
Citar
Nesta gravação, Henrique Neto diz aquilo que pensa sobre o AO90. Se bem que refira também a tese da “revisão” do acordo como sendo algo de plausível, estamos sem qualquer dúvida perante um depoimento de inegável relevância política, visto tratar-se de um candidato à mais alta magistratura da Nação, a Presidência da República Portuguesa.

(...)

[transcrição]
A minha opinião relativamente ao acordo ortográfico nunca foi muito favorável. Porque a Língua, que deve unir as pessoas e os povos, no caso do acordo ortográfico contribuiu para alguma desunião que tem prevalecido e que tem sobrevivido na sociedade portuguesa e presumo também que noutros países de língua oficial portuguesa. Pela importância do tema, eu resolvi aproveitar este Dia Mundial do Livro para ler uma declaração que é a forma mais rigorosa de expressar a minha opinião sobre o acordo ortográfico. E portanto passaria a ler.

‘Neste Dia Mundial do Livro, quero chamar a atenção do país para a importância política, social, cultural e geo-estratégica da Língua Portuguesa. Trata-se de um património insubstituível, que não pode correr riscos experimentalistas ou facultativos como os que estão previstos no chamado “Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990″. Acordo que continua a merecer críticas generalizadas da comunidade científica e dos mais qualificados utentes do nosso idioma, incluindo poetas, escritores, professores, jornalistas e tradutores. E não apenas em Portugal; as reservas ao acordo multiplicam-se também nos diversos países e territórios onde o Português funciona como língua oficial e veicular.

Na realidade, o Português só pode impor-se no mundo através de elevados critérios de exigência que o promovam como elemento essencial nos mais diversificados sectores de realização da cidadania. As fundamentadas críticas que têm sido dirigidas ao acordo ortográfico não podem, por isso, ser ignoradas pelo Presidente da República, garante supremo da Constituição, na qual se estabelece o Português como língua oficial. Tais críticas reclamam, pelo contrário, uma ponderação séria, que, sem prejuízo dos trabalhos até agora efectuados, da legislação aprovada e dos caminhos percorridos pelas indústrias culturais mais directamente ligadas ao livro, designadamente o escolar, incluam a possibilidade de uma efectiva revisão do acordo.

Há poucas semanas, tive a ocasião de me insurgir contras as leis escritas em mau Português. Desde então, diversos acontecimentos evidenciaram, mais uma vez, as grandes disfunções que o chamado “acordo ortográfico de 1990″ continuam a causar, desde logo no meio educativo. Outros acontecimentos alertaram-me para a indiferença com que o poder político nacional tem aceite a perda de influência da Língua Portuguesa no plano internacional, que a recente votação da Assembleia da República, legitimando o directório da Alemanha, França e Inglaterra, na União Europeia, com a retirada do Português no caso do Tribunal Unificado de Patentes é o exemplo menos edificante.

Ao fim de 20 anos, não se podem ignorar as críticas generalizadas e persistentes da comunidade académica, científica e artística, e dos cultores mais qualificados do nosso idioma.

Longe de ser um factor de união, o chamado “acordo ortográfico” tem semeado a discórdia. Longe de utilizar a escrita, promoveu variantes e usos facultativos absurdos, de que todos os dias se oferecem exemplos abundantes.

Defendo, assim, a continuação do debate nacional numa matéria tão nuclear, com base em três propostas muito precisas: em primeiro lugar, a oportuna nomeação de uma “comissão de peritos”, com carácter interdisciplinar e multinacional, mandatada para uma revisão profunda do acordo, devendo as respectivas conclusões ser de carácter vinculativo; em segundo lugar, a aprovação de uma moratória de cinco anos, correspondentes à duração do próximo mandato presidencial, até à entrada em vigor do acordo, devidamente revisto e melhorado, na ortografia oficial da República Portuguesa; em terceiro lugar, fazer depender a entrada em vigor da nova ortografia da prévia ratificação do acordo por todos os Estados integrantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, algo que nunca chegou a ocorrer, e da sua simultânea entrada em vigor.

Estou certo da relevância deste tema para o interesse nacional e por isso o convoco expressamente neste Dia Mundial do Livro. Nos termos actuais, o acordo ortográfico não garante, como pretendia, a unidade essencial da Língua; revê-lo com bom senso contribuirá para a desejável expansão e afirmação do Português no mundo.’
[/transcrição]
Fonte: http://ilcao.cedilha.net/?p=18016

(Agora fala assim, mas quando chegar ao poleiro faz o mesmo que o Soares, Sampaio e Cavaco.)

Cumprimentos,
Título: Re: CPLP acordo ortográfico da língua portuguesa
Enviado por: Get_It em Maio 03, 2015, 08:32:26 pm
Movimento ou Partido?
Citação de: "Rui Valente"
No passado dia 10 de Abril, seguindo uma sugestão de um subscritor, a ILC propôs que se desse início à recolha de 7.500 assinaturas para a criação de um Partido Político. Este partido teria, como ponto único do seu programa, a revogação da entrada em vigor do AO90.

Desde essa data, temos vindo a debater esta ideia com várias pessoas.

A proposta, de um modo geral, tem sido bem aceite. Há mesmo que diga, dando como exemplo o seu caso pessoal, que um Partido assim poderá reconciliar "pelo menos um" eleitor com as urnas de voto. Mas, como é natural, há também quem refira dúvidas e inquietações.

Uma questão levantada por várias pessoas prende-se com o próprio conceito de "Partido Político", por oposição à criação de um "Movimento". Um "Movimento", dizem, tende a ser mais abrangente, na medida em que pode recolher o contributo de um sector alargado da população, independentemente de credos políticos, religiosos ou outros.

No caso da Língua Portuguesa, um "Movimento" poderia integrar pessoas da extrema esquerda à extrema direita, passando, evidentemente e por esmagadora maioria de razões, pelo chamado "centrão". Isto significa, de forma absolutamente abrangente e transversal, que pessoas cujas opiniões sobre outros assuntos podem divergir quase por completo encontrariam no "Movimento" um denominador comum que lhes permitiria actuar em conjunto.

Em contraponto, um Partido Político tende geralmente a rotular-se (ou a ser rotulado) — desde logo entre esquerda e direita, levando ao afastamento de quem quer que não se reveja nesses rótulos.

O argumento tem alguma lógica, mas não se aplica a este caso em concreto.

Em primeiro lugar, aquilo que propomos não é um partido político comum. Não se pode aplicar rótulos a um partido que não se pronuncia sobre política externa, sobre produto interno bruto ou sobre taxas de desemprego, por exemplo. Na verdade, aquilo que propomos é um "movimento". Inclusivamente, o nome proposto — M-nAO: Movimento não ao Acordo Ortográfico — contém a palavra "movimento".

Porquê, então, a criação de um Partido?

Como sabemos, não seria o primeiro partido a recorrer à palavra "movimento". Os exemplos abundam e, aqui sim, é possível dizer, da esquerda à direita. Em rigor, enquanto movimento, o M-nAO será sempre infinitamente mais genuíno do que muitos partidos que ostentam a palavra "movimento" nas suas siglas.

Neste contexto, as razões para a criação de um partido são muito simples: desde logo, manteremos todas as vantagens associadas a um movimento — agilidade e mobilização em torno de objectivos simples e claros. Mas teremos também as vantagens de um partido político: forçando as restantes forças políticas a pronunciar-se sobre o assunto (em vez de fugirem dele como o diabo da cruz) e mostrando a determinação de todos quantos lutam contra o acordo — seria a primeira vez que uma Causa de interesse nacional mobilizaria os cidadãos ao ponto de estes se constituírem em partido. Seria, sem dúvida, uma mensagem poderosa, capaz de se fazer ouvir até noutros países de expressão oficial portuguesa.

E já este pequeno texto ia lançado quando li, hoje, aquele que será talvez o melhor argumento a favor da criação de um partido: Diz João Roque Dias, algures no Facebook:

«Os partidos, desgraçadamente, ainda não perceberam que o aborto ortográfico é uma ferida aberta na sociedade portuguesa, mais funda do que possam imaginar. Estupidamente [...] querem acreditar que a rejeição do aborto não passa de uma teimosia de um bando de loucos que quer escrever "pharmacia". Senhores dos partidos: estes "loucos" votam. E há "loucos" que acham este assunto tão ou mais importante do que umas promessas de mais ou de menos cortes nas pensões ou na Educação. E, por isso, não votam.»

«Não votam», diz João Roque Dias. Neste último ponto tenho de discordar. Havendo essa possibilidade, havendo uma alternativa coerente, não deveremos nós, "loucos" confessos, votar?
Fonte: http://ilcao.cedilha.net/?p=18111

Cumprimentos,
Título: Re: CPLP acordo ortográfico da língua portuguesa
Enviado por: Get_It em Maio 09, 2015, 07:45:07 pm
Que grande surpresa. [/sarcasmo]

Porto Editora: Acordo Ortográfico "não teve impacto" nas exportações livreiras
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O Grupo Porto Editora afirmou à Lusa que a aplicação do novo Acordo Ortográfico "não teve qualquer impacto" nas exportações livreiras para os países lusófonos.

"Aliás, é pertinente sublinhar que Angola e Moçambique ainda não adoptaram as normas do novo acordo ortográfico, o que pode vir a causar dificuldades nas exportações para esses países", realçou fonte do grupo editorial.

O grupo editorial LeYa, questionado também pela Lusa sobre a mesma matéria, afirmou que mantém a posição assumida há seis anos quando o novo Acordo entrou em vigor: "Todos os [seus] livros são publicados com a nova grafia, excepto nos casos em que os autores desejem manter a grafia anterior ao acordo [de 1990]".

Questionados os dois grupos livreiros sobre um apoio do Estado para a reconversão tecnológica, por causa da aplicação do Acordo Ortográfico de 1990, como chegou a ser referido por responsáveis governamentais, a Porto Editora afirmou que "não teve qualquer tipo de apoio".

"Todo o esforço de adaptação foi feito com investimento próprio, incluindo o desenvolvimento de ferramentas tecnológicas para esse efeito - lembro, por exemplo, que tomávamos a iniciativa de desenvolver um conversor que colocámos 'online', para uso gratuito de todos os que queiram converter para a nova grafia palavras ou mesmo textos, pondo assim a nossa competência técnica ao serviço das comunidades de língua portuguesa", realçou fonte do grupo que congrega cerca de 30 editoras e chancelas, incluindo uma editora em Moçambique e outra em Angola.

Sobre esta questão o Grupo LeYa, que congrega cerca de 20 editoras e chancelas, e tem editoras em Angola, Moçambique e Brasil, não se pronunciou.

O Grupo Porto Editora usa a nova ortografia desde o primeiro trimestre de 2011, "na sequência de o Ministério da Educação da altura ter definido a obrigatoriedade de aplicar o Acordo Ortográfico na edição escolar", área em que este grupo é líder, assim como na área dos dicionários.

Todavia, "em relação à literatura, temos respeitado as opções dos autores, ou seja, publicamos com a ortografia anterior se tal for indicado pelos autores", esclareceu fonte do grupo Porto Editora, fundado há 70 anos.
Fonte: http://www.noticiasaominuto.com/economia/387683/acordo-ortografico-nao-teve-impacto-nas-exportacoes-livreiras

Mas estes pategos acharam mesmo que iam conseguir competir com a indústria brasileira após abrirem as portas para o AO90? Mais um bom negócio feito por empresas portuguesas no Brasil... Aliás, se forem a ver, muitas empresas e institutos em Portugal já nem a variante portuguesa/europeia do AO90 utilizam. Utilizam é a variante brasileira da língua portuguesa.

Entretanto, Angola já anda/andou a estudar a possibilidade de criar a sua própria variante oficial da língua portuguesa.

Cumprimentos,
Título: Re: CPLP acordo ortográfico da língua portuguesa
Enviado por: Get_It em Maio 11, 2015, 10:10:02 pm
O (Des)Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa: uma agenda oculta (I) (uma abordagem na perspectiva da Ideologia Linguística e Análise Crítica do Discurso)
Citação de: "António Filipe Augusto"
No meu artigo publicado em 21 de Novembro de 2014, pelo Semanário O País, começo por sublinhar que “ a decisão acerca de adopção e/ou adaptação de um sistema ortográfico com fins de grafização de uma determinada língua ou conjunto de línguas é, e foi sempre, um processo de uma profunda investigação e aturados debates académicos, políticos e sociais e constiui um elemento preponderante entre os três pilares que sustentam o processo de Planificação Linguística, sendo por sinal, o elemento sine qua non para a implementação da Política Linguística de um Estado”. No mesmo texto deixei claro que a “Política Linguística de um Estado sério e responsável”, e aqui acrescento, que se diz ser independente, “é concebida por uma equipa criada de forma transdisciplinar e inclusiva”, e aqui acrescento, e é de inteira responsabilidade desse Estado. A Planificação Ortográfica, por sua vez, constitui um elemento crucial, pois, ela é um dos três pilares do processo da Planificação Linguística.

Porém, nos primórdios da última década do século passado, Portugal e Brasil entenderam conceber e liderar um processo de planificação linguística, e mais precisamente uma reforma ortográfica da língua portuguesa a que denominaram por Acordo Ortográfico Unificado da Língua Portuguesa, cujo “objectivo explicito”, alegam, “é de pôr fim à existência de duas normas ortográficas oficiais divergentes”. Com esta planificação linguística, os protagonistas da referida reforma ortográfica advogam que o pretérito “Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 pretende instituir uma ortografia oficial unificada da língua portuguesa” e “actualizar o sistema ortográfico que data desde o Acordo do ano de1945”.

Os proponentes da política impõem esta ortografia, de uma forma implícita, à todos os países falantes do português como língua oficial, mesmo não fazendo parte do processo inicialmente, ipso facto, sentiram-se na obrigação de “persuadir” as lideranças políticas dos países africanos que têm o português como língua oficial para aderir ao acordo, o que parcialmente acabaram “cegamente” fazendo. Este facto, leva os analistas de políticas linguísticas a uma perturbação, não somente académico, como político-social. Esta perturbação pode traduzir-se em várias inquietações, tais como: com que legitimidade podem Portugal e Brasil conceber a política linguística para os países africanos que se dizem independentes? Que tipo de independência clamam estes países ter se ainda são linguisticamente dependentes da sua potência colonizadora? Aqui, é preciso salientar que segundo a Ideologia Linguística, a independência de um Estado começa pela independência linguística, pois, a língua é um potente instrumento de controlo, de poder e de manipulação.

O objectivo deste estudo é revelar a agenda oculta por detrás do “Acordo Ortográfico Unificado da Língua Portuguesa” em plena era pós-estrutural (pós-moderna), onde o clamor para a coexistência de diferentes variedades linguísticas sem discriminação e/ ou exclusão sociais ecoa persistentemente e alertar os fazedores das políticas linguísticas dos PALOP, e os de Angola em particular, para reflectir sobre a excessiva dependência da ex-potência colonizadora. Entende-se que é fruto da herança da ideologia linguística e política linguística coloniais, entretanto, a aclamação de apropriação da língua do ex-colonizador pela elite pós-colonial poderia levá-las a uma certa autonomia linguística, como podemos, por exemplo, observar com o inglês.

Cada país que tem o inglês tanto como sua língua única ou como língua oficial goza de sua autonomia. Provam isto nossos computadores: ao processar um texto em inglês, vem de imediato a referência (US English – inglês americano, UK English – inglês britânico, Indian English – inglês indiano, South African English – inglês sul-africano). Entretanto, escoadas que estão duas décadas e meia, depois de tantos investimentos realizados, ouve-se e nota-se por parte da elite política de Angola uma tendência regressiva. Senão vejamos: “PAÍS DEFENDE ALTERAÇÃO DAS BASES: Acordo Ortográfico está em discussão” – Jornal de Angola (Sábado, 11 de Abril de 2015, pág. 2). Lê-se logo no princípio do texto “O Ministério das Relações Exteriores apresentou quinta-feira, em Luanda, o estado do projecto governamental sobre a alteração das bases do Acordo Ortográfico da língua portuguesa de 1990, tendo em vista a sua próxima ratificação”.

Na qualidade de estudioso de Políticas Linguísticas e patriota angolano, acima de tudo, preocupa-me a constante indefinição do Estado Angolano e as ambiguidades discursivas provenientes dos diversos intervenientes políticos governamentais a volta do assunto, pois, não passa muito tempo que se ouviu, se a memória não me atraiçoa, da locução do Senhor Ministro da Educação, numa cerimônia de lançamento de um trabalho sobre o pretérito Acordo, que Angola não iria ratificar o Acordo Ortográfico de língua portuguesa, e agora, no texto em referência lê-se: “Angola não está parada nem fora do processo e cumpre todos os preceitos”. Autêntica inconsistência política!

[continua]
Fonte: http://opais.co.ao/o-desacordo-ortografico-da-lingua-portuguesa-uma-agenda-oculta-i-uma-abordagem-na-perspectiva-da-ideologia-linguistica-e-analise-critica-do-discurso/ (via ILC AO (http://http))

Adriano Moreira: «eu próprio fui vítima disso, tinha que obedecer»
Citar
«A Língua transita. Sem precisar dessas ajudas. E é portanto isso que me leva a ter esta atitude em relação à Língua. Eu acho que ela muda, absolutamente, de acordo com a cultura local, em qualquer país onde ela se venha a implantar, recebe valores que os outros recebem, é inevitável isso, e portanto é melhor não pensar que há a capacidade de impor à Língua a evolução. E por isso é que eu achei que foi inoportuna a intervenção; simplesmente, eu próprio fui vítima disso. Porque eu era nessa altura Presidente da Academia das Ciências, que é responsável pela língua, tive um trabalho enorme para recolher o dinheiro necessário para fazer o novo dicionário etc., e afinal o Brasil adiou a entrada em vigor. Mas eu, como era Presidente da Academia, achei que tinha que obedecer à lei.»

(...)

AM: Como se fez agora. Porque a iniciativa foi do Brasil, desta vez. O Brasil já adiou a entrada em vigor, Angola recusou-se a assinar, outras antigas colónias também se recusaram a assinar. Primeiro, porque a nossa Língua é ali um enxerto na cultura local, implantação, e portanto eles são muito conscientes da maneira como a Língua foi assimilada e é oficialmente a Língua do país. Isso é a primeira coisa. A segunda coisa é que, do ponto de vista financeiro, essas mudanças, sobretudo para economias fracas, têm consequências muito sérias.  Suponha… os livros escolares, em que os editores, como sabe, guardam os instrumentos de impressão que depois reutilizam; se mudar a grafia, eles têm de fazer a revisão completa.

RDP: Mas hoje há ferramentas que ajudam nisso…

AM: Pois ajudam. Mas a palavra “ajuda” não é gratuita. Suponha uma enciclopédia, livros científicos: tudo isso tem encargos, sobretudo em momentos de crise, que os editores têm motivos para ter cautela porque a relação com a clientela provavelmente diminui e os encargos com a impressão aumentaram.  Há várias razões, portanto, para isso.

RDP: Mas também tiveram um período de transição, para se prepararem…

AM: Sim, mas ela transita. A Língua transita. Sem precisar dessas ajudas. E é portanto isso que me leva a ter esta atitude em relação à Língua. Eu acho que ela muda, absolutamente, de acordo com a cultura local, em qualquer país onde ela se venha a implantar, recebe valores que os outros recebem, é inevitável isso, e portanto é melhor não pensar que há a capacidade de impor à Língua a evolução. E por isso é que eu achei que foi inoportuna a intervenção; simplesmente, eu próprio fui vítima disso.  Porque eu era nessa altura Presidente da Academia das Ciências, que é responsável pela língua, tive um trabalho enorme para recolher o dinheiro necessário para fazer o novo dicionário etc.,  e afinal o Brasil adiou a entrada em vigor. Mas eu, como era Presidente da Academia, achei que tinha que obedecer à lei.  É claro que não me acontecia nada de mal se não obedecesse. Mas não se trata disso. Trata-se de, se se está à frente da instituição responsável, é melhor salvaguardar a intervenção da instituição. E é isto. Com simplicidade, é só isto.

[continua]
Fonte: http://ilcao.cedilha.net/?p=18242

Cumprimentos,
Título: Re: CPLP acordo ortográfico da língua portuguesa
Enviado por: Get_It em Maio 17, 2015, 09:56:21 pm
O capitão Windows e o general Klinger
Citação de: "Nuno Pacheco"
Anacleto estava radiante. Já lhe tinham dito lá na repartição mas ele não acreditava. No dia 13, o das aparições lá de Fátima, já podia escrever com menos letras, que alívio. Agora era lei, já não podiam gozar com ele quando escrevia “coação” e lhe perguntavam onde é que tinha comprado o coador. Só podia ser mesmo bênção dos pastorinhos. Ele tinha-se informado, sabia tudo. Até ao dia 13, havia na escrita portuguesa duas ortografias. Uma para Portugal e outra para o Brasil. Um excesso! Agora, a partir de dia 13, passa haver só duas ortografias. Reparem bem na subtileza: duas e “só duas”. Completamente diferente. As duas antigas tinham muitas palavras diferentes, e além disso eram duas. As novas também têm palavras diferentes (não exactamente as mesmas, porque é preciso variar, a escrita tem de vencer o tédio) e são “só duas”. Ora é com este “só duas” que o português vai finalmente ser aceite lá na ONU, na UE, na CEDEAO e nessas coisas todas importantes. Mesmo na colectividade lá do bairro, onde os comunicados já estavam a ser escritos em mandarim, ia passar a imperar o “só duas”. Que é uma escrita comum, como está bom de ver.

Ele, Anacleto, até já se precavera. Comprara um dossier daqueles de argolas, bem bonito, de capa colorida, para começar a coleccionar os preciosos documentos escritos em “só duas”. Claro que nem toda a gente ia aceitar aquilo, havia muitos conspiradores, sediciosos, sempre prontos a pôr em causa os altos interesses da Pátria. Para isso, ele tinha um remédio: o capitão Windows. Era como o capitão Falcão do filme, o que dava pancada a torto e a direito nos que desafiavam o poder do senhor doutor, mas este era mais hábil e eficaz. Mesmo sem capa, voava; e, mesmo sem ser o velhinho de barbas brancas assessorado por renas a cada Natal, conseguia entrar em todas as casas ao mesmo tempo. Fosse onde fosse, aqui ou noutros continentes. Bem podiam queixar-se de que isto estava a “desarrumar o português”, como ouvira a um jornalista africano descontente com a nova lei. O capitão Windows ri-se do matraquear no teclado e corrige as más vontades. Só dedos muito atentos e hábeis conseguem despistá-lo. Mas até esses hão-de cansar-se, vão ver!

Feliz com o 13 de Maio, Anacleto sabia que a coisa não ia ficar por ali. Que havia já, no Brasil, quem anunciasse mais simplificações. Escrever como se fala, claro, como é que ninguém tinha pensado nisso. Ou tinha?

[continua]
Fonte: http://www.publico.pt/sociedade/noticia/o-capitao-windows-e-o-general-klinger-1695654

Cumprimentos,
Título: Re: CPLP acordo ortográfico da língua portuguesa
Enviado por: Get_It em Maio 20, 2015, 02:07:04 am
O império ortográfico
Citação de: "Rui Ramos, Observador"
O chamado “Acordo Ortográfico” tornou-se obrigatório esta semana – ou talvez não, pois que tudo nesta matéria é confuso. O Brasil ou Angola são, geralmente, as razões dadas para passarmos do acto ao ato. Mas o Brasil nunca mostrou demasiado entusiasmo ou pressa em partilhar uma mesma ortografia com Portugal – a nova grafia ainda nem sequer é obrigatória por lá. Quanto a Angola, continua a pensar. A parte portuguesa andou aqui à frente. Porquê?

Para perceber o Acordo Ortográfico, não basta recuar a 1990. É preciso, pelo menos, voltar a 1961. Nesse ano, o ditador Salazar, sem consultar o país, decidiu que Portugal desenvolvera com os povos extra-europeus sujeitos à administração portuguesa uma relação tão especial, que se justificava defender essa administração contra tudo e contra todos. Em 1974, a direcção revolucionária das forças armadas, também sem consultar o país, decidiu abdicar dessa administração e abandonar territórios e populações à ditadura e à guerra civil dos chamados “movimentos de libertação”. Não renunciou, porém, ao mito da relação especial. Essa relação teve uma novo avatar enquanto “solidariedade anti-imperialista”, quando uma parte do MFA também quis ser “movimento de libertação”, para depois, em democracia, se redefinir como “comunidade de língua”.

Foi assim que, para além das independências, as oligarquias democráticas mantiveram o império numa versão linguística, a que era consentida por uma das “línguas mais faladas do mundo”. Alguém então se terá lembrado que Fernando Pessoa escreveu algures que “a minha pátria é a língua portuguesa”. Nunca importou a ninguém o que Pessoa quis dizer com a frase, logo entendida como o direito de qualquer português continuar a sonhar com mapas onde Portugal, sendo talvez pequeno, tem uma língua muito grande (“a sexta mais falada do mundo”, etc.). Acontecia, porém, que, entre Portugal e o Brasil, havia diferenças. Era preciso apagar esses vestígios de fronteiras, pelo menos no papel. Só assim (argumentava-se), a língua poderia emergir como única e grandiosa, reunindo o que se separara e impondo-se ao que resistia. No fundo, este acordo ortográfico é apenas o sintoma de uma descolonização mal resolvida.

Dir-me-ão: mas não temos ou não deveremos cultivar as tais relações especiais com os Estados onde o português é língua oficial? Sim, claro. Mas é importante, a esse propósito, não esquecer duas coisas. A primeira é que relações especiais não significam necessariamente ausência de diferenças e de distâncias. Estas diferenças e distâncias são aliás, no que diz respeito ao Brasil, muito mais profundas e irreversíveis do que convém admitir ao imperialismo linguístico. O português escrito no Brasil não se distingue apenas pela ortografia, mas pelo vocabulário e sobretudo pela sintaxe. A existirem, as relações especiais não deviam depender de quaisquer homogeneizações, irrelevantes ou impossíveis, mas de uma maior intensidade de comunicação, que habituasse portugueses e brasileiros às características de escrever e de falar uns dos outros. Ao reconhecer isso, há porém que reconhecer isto: não há assim tanto interesse de um lado e do outro num intercâmbio demasiado enérgico. As culturas que tradicionalmente mais fascinam portugueses e brasileiros não são as dos outros países de língua portuguesa, mas, por muitas razões, a das grandes potências do Ocidente, como os EUA. Este Acordo Ortográfico é, portanto, uma ilusão.

Mas há uma segunda coisa: a língua portuguesa não nos une apenas ao Brasil ou a Angola ou a Moçambique, mas também à Espanha, à Itália, à França, mesmo à Inglaterra e a outros países europeus ou de formação europeia. E a esse respeito, o Acordo Ortográfico tem um efeito perverso: afasta o português escrito dessas outras línguas europeias, com as quais tem raízes comuns, por via da rejeição, como em reformas anteriores, da grafia etimológica. A palavra acto assim escrita ainda sugere a palavra act para um inglês que não fale português. Ato, não. Num momento de integração europeia, optamos por uma grafia tropical, destinada a complicar a decifração do português pelos nossos vizinhos e parceiros mais próximos (como se já não bastasse a nossa pronúncia impenetrável). Não vou reclamar o regresso da philosophia. Mas é pena que tivéssemos deixado de ter uma palavra que evocasse imediatamente a philosophie francesa ou a philosophy inglesa. Era aliás assim que Pessoa gostava da sua pátria: “Philosopho deve escrever-se com 2 vezes PH porque tal é a norma da maioria das nações da Europa, cuja ortografia assenta nas bases clássicas ou pseudo-clássicas”.

O Acordo Ortográfico é, entre nós, a última manifestação de um paroquialismo colonial que se voltou contra si próprio: não podendo aportuguesar o Brasil, vamos abrasileirar Portugal, a ver se salvamos o mapa onde não somos pequenos. Mas é precisamente assim que parecemos e somos pequenos. A grandeza, hoje em dia, deveria consistir em tratar os países que têm o português como língua oficial sem fraternidades falsas, paternalismos deslocados, ou sujeições ridículas. E passa também por perceber que há muito mais populações, para além das que falam português, com quem temos uma história e um destino em comum.

O resultado de todos estes devaneios de imperialismo linguístico é que deixámos de ter uma ortografia consensual. O regime tenta agora compensar isso através do terrorismo escolar exercido sobre crianças e jovens. O que começou como um disparate acaba numa indignidade.
Fonte: http://observador.pt/opiniao/o-imperio-ortografico/

Cumprimentos,
Título: Re: CPLP acordo ortográfico da língua portuguesa
Enviado por: Get_It em Maio 20, 2015, 06:28:17 pm
Paulo Rangel, deputado do Parlamento Europeu, no programa Conselho Superior (RDP – Antena 1) emitido em 18 de Maio de 15: http://www.rtp.pt/play/p296/e195315/conselho-superior.

AO90 «É língua política, não política da Língua»
Citar
[transcrição]
Aquilo que realmente aqui importa ter em atenção é que o “acordo ortográfico” já vem dos anos 90, agora foi imposto definitivamente nas escolas (os alunos que não escreverem segunda a nova regra, no fundo, passarão a estar a errar e portanto serão penalizados nos seus exames e nos seus testes por essa circunstância), mas este “acordo ortográfico”, que pretendia unir todos os países de falantes de Português, na verdade só está em vigor em Portugal; quer dizer, não está no Brasil, onde não foi levado avante, não está em Angola e não está em Moçambique, para falar, no fundo, daqueles três países que aqui poderiam “contar”, do ponto de vista da população e da sua importância futura. E portanto, no fundo, isto não é um “acordo ortográfico, isto é uma “norma ortográfica” puramente para o continente europeu.

Qual é o problema, aqui? É que isto, basicamente, é uma língua política e é muito mau misturar política e Língua. Portanto, não compreendo como é que o Governo continua a insistir neste erro, que aliás já vem de vários governos anteriores, não sei o que é que se passa na "5 de Outubro", de cada vez que chega lá um Ministro acaba por se deixar deslumbrar pelo "acordo ortográfico",  mas o que eu acho que isto revela é que em vez de nós termos uma política da Língua temos uma Língua politizada e uma língua política.

Repare: não tem sentido nenhum, o “acordo ortográfico”; ele retira-nos das nossas raízes, que são as raízes do Latim, em particular; afasta a Língua, hoje, de um conjunto de… para estrangeiros que estudam Português torna-se muito mais difícil porque nós estamos cada vez mais um pouco com a norma italiana, que é uma norma puramente ortográfica e que não tem a ver com as raízes das palavras, que nos permitiam identificá-las, no Inglês, no Francês, no Espanhol, ainda Rui Ramos recentemente chamou a atenção para isso, e portanto temos esse problema.

Há um outro aspecto que me parece que é lamentável também, aqui, que é o aspecto de, no fundo, nós sairmos cada vez mais da busca dos Clássicos, do Grego, do Latim, que seriam fundamentais para a aprendizagem das nossas crianças e que eu lamento imenso que estão completamente abandonados, nomeadamente o Latim – em Portugal – está numa situação que não tem paralelo nos outros países da Europa, como Língua estrangeira (embora uma Língua morta mas fundamental para a compreensão do Português), e na verdade isto representa muitas outras coisas; eu lembro que, no início, este Governo, enfim, de que eu sou apoiante, como é sabido, chegou a pensar eliminar a segunda Língua, nomeadamente o Francês; quer dizer, o que é uma coisa que não tinha sentido absolutamente nenhum, portanto, a segunda Língua estrangeira, digo eu; portanto, eu acho que, sinceramente, nós temos neste momento, depois do exemplo que foi dado na semana passada, língua política a mais e política da Língua a menos.

E portanto eu pedia que, agora, que vamos entrar em período eleitoral, os Partidos pensassem bem numa política da Língua, que acabassem com este disparate que foi o "acordo ortográfico" e que pensassem [inaudível]  na política para segundas Línguas estrangeiras, para além do Inglês.  Acho que era fundamental que num país como Portugal, que é um país europeu, periférico, os nossos alunos têm capacidade multi-linguística; isso fará uma diferença enorme no futuro a favor deles. E portanto seria oportuno pensar no Português, pensar no Inglês e pensar nas restantes Línguas que nós temos de falar. Eu prefiro política da Língua a Línguas politizadas, a línguas políticas.
[/transcrição]
Fonte: http://ilcao.cedilha.net/?p=18503

Cumprimentos,
Título: Re: CPLP acordo ortográfico da língua portuguesa
Enviado por: Get_It em Maio 23, 2015, 06:18:27 pm
Na barafunda ortográfica
Citação de: "Arsenio Mota"
Consumou-se o facto: sozinho, Portugal nada em seco nas águas estagnadas do Acordo Ortográfico assinado no Rio de Janeiro em 1990. Sozinho porque nenhum outro dos países lusófonos o ratificou até hoje ou parece interessado na sua aplicação. Mas cá no rectângulo ibérico, “orgulhosamente a sós” como se sabe, o AO90 passou a ser artigo de lei.

A situação consumou a barafunda. Nenhum país lusófono segue a ortografia acordada ou uma mesma ortografia com poucas e pequenas variantes. Vinte e cinco anos depois, o Acordo descambou em desacordo, o tratado (que realmente a ninguém servia), foi destratado.

O governo, que desgoverna Portugal, pode ter muito jeito para lidar com as estratégias do neoliberalismo e os negócios escuros das privatizações dos bens nacionais lucrativos cobiçados por especuladores internacionais. Pode até pretender-se convincente a evangelizar o povo para o empobrecimento. Mas é completa a sua falta de jeito para avaliar simplesmente o valor patrimonial principalíssimo da nossa língua materna.

Assim chegámos à situação actual, tão incomodativa, desagradável e acabrunhante, que põe na boca expressões de repúdio e desconforto, contundentes e feias que a pessoa cordata tem de evitar. É deprimente, canhestra e mesmo algo idiota. Deixou o país encurralado na caricata figura em que se vê.

Não se entende à primeira, nem talvez à segunda, que uma instituição idónea como a Academia das Ciências continue a assistir aos acontecimentos sem esboçar intervenção correctiva rápida e eficaz. A “nova ortografia” das consoantes mudas não unificou nada, serviu apenas para criar divisões no ambiente nacional e agravar a confusão de quem escreve. Urge resolver a situação, encontrar uma saída, de modo a libertar as escolas, as editoras de jornais e livros, enfim, toda a comunicação social da sujeição à ortografia que a lei estabeleceu definitivamente como a única legal.

O lado dos críticos que se opunham ao AO90 de facto não tem parado de crescer. Ganham força as evidências do que se passa no terreno, a barafunda ortográfica que se estabeleceu. É preciso que esta questão, de relevo verdadeiramente nacional, ganhe sem delongas espaço no parlamento e, também ali, as posições e decisões que a emergência da situação aconselhe.
Fonte: http://arseniomota.blogspot.pt/2015/05/na-barafunda-ortografica.html

Politico sem qualidades
Citação de: "Artur Coimbra"
1) Há declarações que chocam, pelo menos quem ainda tem um pingo de consciência, pela desvergonha com que são proferidas. Como há limites para os desaforos de um primeiro-ministro, seja ele quem for. Neste caso, verdadeiramente, um “Politico sem Qualidades”, parafraseando um título retirado ao célebre romance de Musil…

No início da semana passada, e em ambiente de pura demagogia, ante um auditório de jotinhas do seu partido, Passos Coelho não se coibiu de afirmar que os fins que prossegue justificam os meios. Nem mais. A mesmíssima metodologia usada nas ditaduras, nos totalitarismos. Os portugueses foram meros joguetes nas mãos de um autocrata que apenas se preocupou em reduzir o défice, “custasse o que custasse”, sem o mínimo respeito pelas pessoas concretas, pelas famílias.

O homem teve a lata de afirmar que, perante a situação que encontrou em 2011, e depois de eleições que venceu com base na mentira e na aldrabice (isso não disse, porque toda a gente sabe…), tinha um remédio para “ministrar” aos portugueses, ou seja, uma agenda política, quer gostassem, quer não gostassem.

Num registo patético, referiu, não antevendo qualquer contestação: «O objectivo que temos é o de vencer a doença, não é o de perguntar se as pessoas durante esse processo têm febre ou têm dor, se gostam do sabor do xarope ou se o medicamento que tomam lhes faz um bocado mal ao estômago ou qualquer outra coisa. Quer dizer, se os efeitos secundários de todo o processo por que se passa valem ou não valem a cura».

O primeiro-ministro esteve-se marimbando, ao longo destes anos, ele o reafirmou, para os alegados “efeitos secundários”, segundo a sua pobre literatura, ou seja, para os problemas concretos dos portugueses, para os centenas de milhares que foram para o desemprego, para os centenas de milhares que foram obrigados a emigrar (chegou, entretanto, ao ridículo de criar uma brincadeira de crianças a tentar com que regresse quem ele forçou a abandonar o país…), para os milhares de portugueses que ficaram sem casa e sem carro, que passaram para a situação de insolvência, que foram obrigados a tirar os filhos dos infantários ou das universidades e os pais dos lares; para as centenas de milhares de funcionários públicos a quem cortou salários e férias, além de feriados que tinha obrigação de respeitar, se tivesse alguma cultura histórica. O mesmo se aplica aos reformados de diferentes sectores.

O homem de memória curta que se “esqueceu” de pagar os impostos que todos pagam, e que não se lembra hoje, porque não convém, o que era a Tecnoforma, quando toda a gente sabe a aldrabice que foi; o homem que não olha a meios para atingir os fins; o homem que obrigou os portugueses a pagar as vigarices do BPN e que se prepara para fazer o mesmo relativamente ao BES/Novo Banco; o homem que vendeu em saldo tudo o que havia para vender no país, e que quer à fina força alienar a TAP, nem que seja a custo zero, criminosamente, enfim, o homem que deixa o país sem anéis nem dedos e que se gabou desde o início de ir “muito além da troika”, é um político sem qualidades, sem carácter, naturalmente bem coligado com espécie idêntica e irrevogável de um partido menor.

Um homem cuja “doença incurável” é o primarismo, o arrivismo, a sede de poder, a arrogância. Um político vaidoso hoje já insuportável!...
Um homem que merece em Outubro ser recambiado definitivament e para Massamá, porque já ontem era tarde…

2) A partir de 13 de Maio, entrou em vigor outra monstruosidade, chamada “Acordo Ortográfico”, que vem dos tempos moribundos do primeiro-ministro Cavaco Silva (1990).
Mais nenhum país de expressão oficial portuguesa tem o acordo em vigor; há países que ainda nem sequer o aprovaram.

Mas, como sempre, impera a mania bem portuguesa de querer ir à frente… nem que seja para o abismo, ou a imbecilidade, como é o caso. O português é secularmente provinciano e empenha-se em fazer gala de aplicar um acordo de que mais ninguém quer saber…

Somos um país de idiotas, sem qualquer dúvida.

Como há muito se defende, e eu subscrevo, não há qualquer razão válida para este acordo que não uniformiza coisa nenhuma, pelo simples facto de que mantém a dupla grafia em diversas palavras, torna ouras ilegíveis, instaura a confusão onde deveria continuar a haver clareza.

O Acordo de 1990 que entrou em vigor 25 anos depois, representa tão só uma inqualificável capitulação do lado português perante o Brasil, alegadamente para facilitar as relações comerciais e económicas, o que nem sequer acontece por causa da língua, mas por outros factores, como a distância geográfica e a política proteccionista do lado de lá em relação aos produtos portugueses. Além de que, leu-se na comunicação social, deu-se o caso anedótico de Portugal exportar livros escritos segundo o alegado AO para o Brasil que foram mandados para a lixeira, porque não seriam legíveis para os brasileiros. Estamos a brincar ou quê? Ou a quê?

E a culpa não é dos brasileiros, obviamente, é dos políticos sem coluna vertebral, nem a mínima dignidade, que nos têm governado ao longo deste quarto de século, numa manifestação de parolismo que envergonha.

É evidente que, depois do Acordo e apesar do Acordo, Portugal e o Brasil continuam a não se entender em matéria de ortografia. Porque, sendo a língua a mesma, a grafia não o é, nem o significado das coisas.

O rato em Portugal, é mouse no Brasil; o adepto é torcedor, o guarda-redes é goleiro, o comboio é trem, o autocarro é ônibus, o fato terno, o golo gol, o ramo de flores é o buquê e o calção é short.

A casa de banho portuguesa é banheiro no Brasil, como o pequeno-almoço é o café da manhã, o telemóvel é o celular, e conduzir é dirigir.

E já nem falamos em palavras que em Portugal não se utilizam, como desgrudar, curtir, fofocar, gatona, chope, vipões, garçonete. E tantas outras…

Que acordo é que é possível num universo em absoluto desacordo?

Só se explica por uma estratégia de rendição por parte de políticos portugueses sem qualquer craveira, que querem à força obrigar todo um povo a usar a língua de um modo uniformizado, padronizado, obsessivo, irrespirável.

Chama-se a essa abjecção totalitarismo, absurdo, ainda que estejamos em democracia formal, desde há quatro décadas. São os cadáveres nos armários do cavaquismo!...

Obviamente, não me sinto obrigado, nem o farei, a escrever os meus textos, a minha liberdade livre, de acordo com aquilo de que discordo geneticamente.

Estarei em absoluto desacordo ortográfico com a idiotice dos nossos governantes e da Academia das Ciências, que deveria defender a Língua Portuguesa, a Pátria simbólica de todos nós!

Não o faz. Tem de ser cada um de nós a fazê-lo individualmente! É o que continuarei a fazer, neste e em outros areópagos!...
Fonte: http://www.correiodominho.com/cronicas.php?id=6788

Ler com um bocado de sal:

O Acordo Ortográfico e o Ataque à Identidade da Nação Portuguesa
Citação de: "João José Horta Nobre"
O passado dia 13 de Maio de 2015, ficará nos anais da história de Portugal como o dia em que se deu mais uma facada na identidade portuguesa com a alegada obrigatoriedade de se passar a escrever conforme o Acordo Ortográfico de 1990. Consumado assim o vil crime, é preciso dizer-se que esta alegada "obrigatoriedade" não tem qualquer base legal e constitui mesmo uma ofensa dirigida contra todos aqueles que ainda se orgulham de ser portugueses e que resistem corajosamente, como e onde podem, aos permanentes ataques que contra si são dirigidos pela imprensa anti-patriótica e o actual regime dito "democrático", que desde 1974 parece tirar um prazer especial em atentar contra tudo aquilo que seja elemento constituinte da identidade portuguesa.

O porquê do Acordo Ortográfico é fácil de entender e explica-se em poucas linhas. Trata-se acima de tudo de mais uma "peça" no grande plano que desde 1974 está a ser aplicado contra Portugal e que tem como fim último a destruição e aniquilação definitiva da Nação Portuguesa. As ideologias malsãs e internacionalistas, tais como o Liberalismo e o Marxismo, não vão descansar enquanto não reduzirem a pó as nações e as suas respectivas identidades. A destruição da língua (elemento fulcral de qualquer identidade nacional) é um passo essencial no caminho para a destruição da Nação.

O actual regime que se alega como sendo "democrático", mas que nem sequer fez um referendo a perguntar aos portugueses se queriam o maldito Acordo Ortográfico, (tal como não fez nenhum referendo aos milhões de portugueses que abandonou no Ultramar durante a "descolonização exemplar"), é o exemplo perfeito de um regime criminoso, dirigido por criminosos e que nos pretende arrastar a todos para o abismo da desonra eterna se não lhe colocarem rapidamente travões.

O Acordo Ortográfico constitui uma traição à identidade dos portugueses e à sua cultura. É no mínimo escandaloso que hajam "intelectuais" que se arroguem assim o direito de tentar moldar a nossa cultura ao sabor das suas preferências ideológico-políticas. Acaso julgam que somos o quê? Uma Nação artificial como muitas das que foram inventadas no Terceiro Mundo, nas décadas de 1960 e 1970 para servir os interesses soviéticos e americanos?

Não! Não! Não! Mil vezes NÃO!!!

Quando os "intelectuais" adeptos do totalitarismo políticamento correcto pretendem falar de Portugal, é bom que dobrem a língua antes de o fazer, pois estão a falar de uma das nações mais antigas da Europa e do Mundo. Aliás, fica-lhes até mal falar em língua portuguesa, pois têm a língua demasiado suja para tal devido a tanta asneira que proferiram ao longo das últimas décadas...

Para os internacionalistas que desde 1974 estão aos comandos dos destinos da Nação portuguesa, destruir Portugal é não apenas um dever, como uma obrigação. É imperativo para esta gentalha destruir a nossa língua, a nossa memória colectiva, a nossa história e as nossas raízes identitárias. Desprovida destes elementos, qualquer Nação irá necessariamente transformar-se numa presa fácil do internacionalismo apátrida que pretende provocar a dissolução das nações.

Mas é preciso que se diga o nome da canalha que promoveu e permitiu a concretização deste autêntico atentado à nossa identidade. Desde logo e em primeiro lugar, o Presidente da República Cavaco Silva que nunca devia sequer de ter saído do covil em Boliqueime onde em má hora foi parido. Em segundo lugar, o ex-Primeiro-Ministro Pedro Santana Lopes, o tal playboy dos "violinos de Chopin". Em terceiro lugar, o ex-Primeiro-Ministro José Sócrates, um "artista" que dispensa apresentações e que eu apenas espero que continue hospedado na prisão de Évora por muitos e bons anos. Em quarto lugar, o Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho, que decidiu ir em frente com a loucura e tornar obrigatório o Acordo Ortográfico, em lugar de simplesmente o ter revogado. Em quinto lugar, todos os ministros da educação desde 1990 que não tiveram a coragem de denunciar o Acordo Ortográfico. Em sexto lugar, todos os primeiros-ministros desde 1990 que não foram aqui nomeados, mas que também partilham da responsabilidade na traição à identidade portuguesa.

A escumalha que acima foi nomeada constitui inegavelmente o núcleo duro dos arquitectos da tragédia nacional que se está a começar a revelar em pleno nos dias actuais e cujas consequências ainda estão longe, muito longe, de se fazerem ver e sentir no seu pleno. Os portugueses a seu tempo logo irão abrir os olhos e perceber a "massa" de que esta gente é ou foi feita...

Estou certo de que o Acordo Ortográfico irá acabar por ser cobrado politicamente mais tarde, ou mais cedo. Da mesma forma de que estou certo de que o povo português irá acabar por ter um ajuste de contas com a história e fazer justiça contra aqueles que hoje o pretendem destruir, furtando-lhe a Pátria e tudo o que esta tem de mais belo e Sagrado.
Fonte: http://historiamaximus.blogspot.com/2015/05/o-acordo-ortografico-e-o-ataque.html

Cumprimentos,
Título: Re: CPLP acordo ortográfico da língua portuguesa
Enviado por: Get_It em Maio 25, 2015, 08:00:45 pm
Como o AO90 é visto lá fora: «A vitória das telenovelas brasileiras.»

Il portoghese si fa ‘più brasiliano’ con l’accordo ortografico
Citação de: "EuroNews Italiano"
Nel 1968 il poeta brasiliano Vinicius de Moraes incontra a Lisbona Amália Rodrigues. Da quell’incontro nasce un album Amália/Vinicius.

Portogallo è entrato in vigore il nuovo accordo ortografico della lingua portoghese. Un evento importante perché a dicembre toccherà anche al Brasile.

La CPLP – Comunità dei Paesi di Lingua Portoghese – ha stabilito la creazione di vocabolari ortografici nazionali e, ulteriormente, un vocabolario ortografico comune che consoliderà tanto il lessico quanto le specificità di ogni Paese di lingua portoghese.

La vittoria delle telenovele brasiliane
In molti parlano della vittoria della telenovela brasiliana. Infatti, già da decenni i portoghesi si sono abituati all’accento dell’ex colonia, sui teleschermi per diverse ore al giorno.

La Comunità dei Paesi di Lingua Portoghese
La CPLP – Comunità dei Paesi di Lingua Portoghese – ha stabilito la creazione di vocabolari ortografici nazionali e, ulteriormente, un vocabolario ortografico comune che consoliderà tanto il lessico quanto le specificità di ogni Paese di lingua portoghese. Oggi sono 8 le nazioni che fanno parte della CPLC: Brasile, Portogallo, Angola, Capo Verde, Guinea Bissau, Mozambico, San Tomè e Principe e Timor Est.

I termini dell’accordo
L’accordo è frutto di un lungo lavoro dell’Accademia Brasiliana di Lettere e dell’Accademia di Scienze di Lisbona. È stato firmato nel 1990 ed è entrato in vigore, non in maniera definitiva, nel 2009 sia in Brasile che in Portogallo.

Entrambi i paesi hanno stabilito insieme un periodo di transizione in cui sarebbero valide le normative anteriore e quelle nuove. Questo periodo avrebbe dovuto essere di 3 anni in Brasile (per il Brasile scaduto nel 2012) e di 6 in Portogallo.

Cosa cambia
I fautori della riforma sostengono che i benefici saranno notevoli: dall’uniformità nelle ricerche via Internet al linguaggio giuridico internazionale. Il progetto è un importante tentativo di dare al portoghese un’identità internazionale. Ma cosa cambia? Fondamentalmente, la maniera di scrivere di alcuni vocaboli. Su internet ci sono, già, dei siti con un istrumento di correzione ortografica che mostra com‘è adesso e come diventerà ogni vocabolo che subirà un cambiamento.

Le modifiche ortografiche
Un esempio su tutti è la parola ‘selezione’, che si scriverà ovunque ‘seleção’, come i brasiliani chiamano tra l’altro le proprie squadre nazionali. Chi cambia di più è il Portogallo, con l’1,4 per cento delle parole contro appena lo 0,4 del Brasile. Su alcuni vocaboli, in mancanza di accordo, le differenze sui due lati dell’Atlantico verranno mantenute. Così come, ovviamente, sulla lingua di tutti i giorni, che differisce assai di più che quella ortografica. Probabile che traduzioni e doppiaggi di film restino separati, come già avviene adesso.

Libri scolastici
Nelle scuole portoghesi, per esempio, il processo è stato rimandato di qualche anno e i libri di testo sono stampati ancora con la vecchia ortografia. Se alcuni giornali si stanno preparando ad adeguarsi alla nuova norma, altri dichiarano che tale adeguamento non fa parte delle loro priorità.

Il ‘bivio’ linguistico degli autori e le parole di José Saramago
Le case editrici hanno deciso di lasciare agli autori la scelta della norma da utilizzare per i loro testi. La società civile continua a presentare le sue proteste soprattutto attraverso internet. Riteniamo anche che l’applicazione di una riforma di questo tipo riguardi non soltanto quello che viene pubblicato ma anche il modo di scrivere degli individui, interferendo con i processi cognitivi legati alla scrittura e imparati nell’infanzia.

“Io continuerò a scrivere come sempre – disse prima di morire José Saramago, commentando l’accordo – Poi sarà un problema dei correttori di bozze”.

Portoghese quarta lingua più parlata al mondo
La riforma trova ispirazione nella potenzialità del portoghese, di fatto la quarta lingua più parlata al mondo dopo mandarino, inglese e spagnolo. I madrelingua portoghesi nel mondo sono 290 milioni. Se si calcola il numero di coloro che parlano portoghese sul pnostor pianeta, la cifra raggiunge quota 400 milioni.

Un processo lungo e complesso
In Brasile, il processo è più avanzato dato che l’Academia Brasileira das Letras ha pubblicato in fretta il suo VOLP (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa), che però riguarda soltanto la norma brasiliana.

Per contro, l’Angola e il Mozambico, i due più importanti paesi africani di lingua portoghese, non hanno ancora firmato il trattato. Capo Verde e a S. Tomé e Príncipe, seguono quello che avviene in Portogallo.

Il precedente
In Cina, nella metà dello scorso secolo, sono stati semplificati i caratteri tradizionali e oggi, quell’alfabeto rappresenta uno dei due modi standard della scrittura cinese contemporanea. La semplificazione fu decisa dal governo della Repubblica Popolare Cinese per promuovere l’alfabetizzazione.

I protagonisti della rivoluzione ortografica
Portal da Língua Portuguesa (Fundação para a Ciência e Tecnologia) – Vocabulário Ortográfico Português (VOP) – http://www.portaldalinguaportuguesa.org (http://www.portaldalinguaportuguesa.org)

Porto Editora – Infopédia – http://www.infopedia.pt (http://www.infopedia.pt)

Academia Brasileira das Letras – Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) – http://www.academia.org.br (http://www.academia.org.br) /a nossa língua / busca no vocabulário

Livraria Melhoramentos – http://www.livrariamelhoramentos.com.br (http://www.livrariamelhoramentos.com.br) /Guia Reforma Ortográfica
Fonte: http://ilcao.cedilha.net/?p=18606

Cumprimentos,
Título: Re: CPLP acordo ortográfico da língua portuguesa
Enviado por: Get_It em Maio 27, 2015, 01:41:46 am
Língua estufada
Citação de: "Alberto Gonçalves"
O AO permitiu que o idioma que já se praticava maravilhosa mas obscuramente nos romances, na academia, no jornalismo, na retórica política, nos programas televisivos e nas "redes sociais" indígenas alcançasse projecção, desculpem, projeção internacional.

Quase nem valeria a pena lembrar o que aconteceu à língua inglesa. Durante séculos, foi falada e escrita de maneiras diferentes na Inglaterra e na Irlanda, na América e na Austrália, na Libéria e no Gana. Não era uma simples questão de cor local, mas uma tragédia que levava um sujeito de Norwich, em Norfolk, a rabiscar colour e um sujeito de Norwich, Connecticut, a preferir color. E nunca os governos dos referidos países, inspirados por académicos e cidadãos responsáveis, impuseram um padrão comum, que unisse a grafia de Monróvia, Uganda, à de Monrovia, Califórnia. Se houve gente sensata a propor a união, ninguém a ouviu. O resultado é o que se sabe: o inglês definhou e hoje apenas subsiste, para consolo de nostálgicos e excêntricos, no cinema, na televisão, na música popular, na Internet, nos jogos de vídeo, na diplomacia, em muita literatura contemporânea, em boa parte dos ensaios científicos e no jargão das ruas do Ocidente. O desleixo paga-se caro.

Felizmente que em Portugal não se brinca com coisas solenes. Por cá, a prevenção manda e mandou consagrar aquilo que, na alma navegante de cada lusófono, constituía uma necessidade gritante: um acordo ortográfico (AO) para o português. A ideia, inicialmente mastigada por duas dúzias de génios nos seus imensos tempos livres, tornou-se oficiosa em 1991, mereceu a aprovação do prof. Cavaco em 2008, subiu a regra nos documentos do Estado em 2012 e fez-se obrigatória (http://http) há dias.

Não imagino que sanções se aplicarão aos prevaricadores daqui em diante (sugiro açoites na praça ou a digestão dos discursos da dra. Edite Estrela). Sei que o AO se mostrou fundamental na afirmação do português no mundo. À semelhança de um grupo coral de afónicos, uma língua repleta de "cês" mudos, por exemplo, não convenceria ninguém. Falo (e escrevo) por experiência própria: sempre que narrava um "facto" trivial a um estrangeiro, o fulano olhava-me com desprezo ou troça. Desde que passei a contar-lhe "fatos" é vê-lo encolher-se perante a pujança da expressão. E quem respeitava os acentos agudos nas paroxítonas? Sem acentos, o português -língua fica igual ao português -povo da gesta marítima: heróico, perdão, heroico.

Por enquanto, o AO permitiu que o idioma que já se praticava maravilhosa mas obscuramente nos romances, na academia, no jornalismo, na retórica política, nos programas televisivos e nas "redes sociais" indígenas alcançasse projecção, desculpem, projeção internacional. Em breve, graças às desenfreadas exportações livreiras (crescimento de cerca de 0% em seis anos, segundo a Porto Editora) e ao contágio do tipo ébola, a projecção, chiça, projeção vai transformar-se em domínio: os anglófonos, francófonos e etc. irão abdicar dos seus dialectos, mau Maria, dialetos e, enfim, ceder ao verbo de Natália Correia e Marco António Costa.  

Não tarda, a Terra toda escreverá e falará como nós. Excepto, agora a sério, alguns países lusófonos que ignoram o AO, para irritação dos que, na língua, se afligem mais com a forma do que com o conteúdo. São os mesmos que, em matéria de livros, gostam de os cheirar, tocar e dormir com eles – e depois não lêem, irra, leem nada que preste. É tara de semi -analfabetos, raios me partam, semianalfabetos.
Fonte: http://www.sabado.pt/print/opiniao/104/lingua_estufada.html (via ILC AO (http://http))

Cumprimentos,
Título: Re: CPLP acordo ortográfico da língua portuguesa
Enviado por: Get_It em Maio 30, 2015, 05:50:27 pm
Discussão sobre o novo Acordo Ortográfico ignorou países africanos diz linguista
Citação de: "Lusa"
O linguista moçambicano Feliciano Chimbutane defendeu que a discussão sobre o novo Acordo Ortográfico nos países lusófonos foi bipolarizada, considerando que o debate foi dominado por Portugal e Brasil, ignorando os outros países falantes de língua portuguesa.

"O grande problema sobre o Acordo Ortográfico reside no facto de que, inicialmente, disse respeito a Portugal e Brasil apenas e as outras nações foram simplesmente levadas na trela. Não houve atenção de integrar as preocupações das outras nações", disse à agência de notícias Lusa o professor de linguística da Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane, a maior de Moçambique.

Para o investigador moçambicano, as intenções do novo Acordo Ortográfico “são boas”, na medida em que é importante que se aglutinem as várias formas existentes, procurando uma uniformização da escrita na língua portuguesa.

"A escrita é resultado de uma convenção, as pessoas sentam-se e decidem como deve ser a escrita", afirmou Feliciano Chimbutane.

Por seu turno, a especialista em línguas Fátima Ribeiro considera que a questão do novo Acordo Ortográfico não possui nenhuma relevância para Moçambique, na medida em que o país ainda tem muitos problemas que deviam constituir prioridades.

"Nós não temos capacidade financeira para aplicar tudo aquilo que a adesão ao Acordo Ortográfico implica, por exemplo, a questão da revisão dos livros escolares, a formação dos professores e dos próprios jornalistas", afirmou Fátima Ribeiro.

Para a especialista, o Acordo Ortográfico não atingiu o seu principal objectivo, que era o de uniformizar a escrita entre Portugal, Brasil e os outros países falantes de língua portuguesa.

"Nós continuamos a ter grafias duplas para muitas palavras", afirmou, acrescentado que "não é relevante que a escrita seja universalidade".

Fátima Ribeiro entende ainda que o novo Acordo Ortográfico não contempla todos os aspectos que devia, ilustrando, a título de exemplo, a questão das influências que o português está a ter das línguas bantu.

"O acordo ortográfico devia ter sido uma oportunidade para discutir, por exemplo, como representar alguns sons das línguas bantu. Isso seria útil para países como Angola e Moçambique", declarou.

Fátima Ribeiro disse também que o ensino bilingue, que está a ser introduzido no ensino primário em Moçambique, vai diminuir o contacto que as crianças têm com a língua portuguesa, principalmente nas zonas rurais.

"A língua portuguesa, com o ensino bilingue, vai entrar apenas como uma disciplina. Sendo a escola um importante meio de difusão da língua, tenho uma certa reserva sobre o que será da língua portuguesa", adiantou a especialista.
Fonte: http://noticias.sapo.mz/info/artigo/1442901.html

Cumprimentos,
Título: Re: CPLP acordo ortográfico da língua portuguesa
Enviado por: Get_It em Junho 15, 2015, 08:30:49 pm
“O português brasileiro precisa ser reconhecido como uma nova língua. E isso é uma decisão política”
Citar
Um dos mais importantes linguistas do País, professor da UnB diz que na academia se faz política o tempo todo e se assume militante da causa do idioma nacional.
http://www.jornalopcao.com.br/entrevistas/o-portugues-brasileiro-precisa-ser-reconhecido-como-uma-nova-lingua-e-isso-e-uma-decisao-politica-37991/ (via ILC AO (http://http))

Cumprimentos,
Título: Re: CPLP acordo ortográfico da língua portuguesa
Enviado por: Get_It em Junho 20, 2015, 04:55:09 pm
Referendo ao "acordo ortográfico" de 1990
Citar
O “Acordo Ortográfico” de 1990 (AO90) não é, em rigor, um “Acordo”, uma vez que, internamente, não tem consistência ao nível da “unificação” da ortografia; e, externamente, não foi ratificado por todos os Países de Língua oficial portuguesa; nem é “Ortográfico”, pois o seu texto prevê a existência de facultatividades.

1. Não foram produzidos quaisquer estudos prévios para justificar as relações de custo-benefício advenientes da adopção do AO90. Não houve qualquer discussão pública sobre o AO90, nos seus vários momentos. Por exemplo, entre 2005 e 2008, durante o processo de aprovação do 2.º Protocolo Modificativo ao AO90, foram emitidos 27 Pareceres, dos quais 25 foram negativos em relação à ratificação. Tais Pareceres negativos de Especialistas e das entidades consultadas não foram minimamente tidos em conta pelos governantes, que aprovaram e ratificaram o 2.º Protocolo Modificativo ao AO90, ao mesmo tempo que corria uma Petição-manifesto contra o mesmo, subscrita por 113.000 cidadãos. Ou seja, quer a opinião negativa da maioria das entidades consultadas, quer a movimentação da contra a sociedade civil foram totalmente escamoteadas, por parte dos decisores políticos.

2. Não há nenhum argumento de carácter linguístico, pedagógico ou cultural que justifique a adopção de mais uma reforma ortográfica em Portugal. Bem pelo contrário.

Os resultados da imposição forçada do AO90, por via da Resolução do Conselho de Ministros n.º 8/2011, estão à vista: o “AO”90 falhou os seus objectivos, nomeadamente o objectivo quimérico da unificação das variantes do Português (objectivo impossível, dado que o AO90 regula apenas certos aspectos da ortografia, não incidindo sobre nenhum dos restantes aspectos da linguagem escrita: o léxico, a sintaxe, a morfossintaxe e a semântica), bem como uma alegada “simplificação” da “língua”, a que corresponde a uma total insegurança ortográfica.

O caos ortográfico grassa nos vários dicionários, correctores e conversores, gerando, amiúde, erros ortográficos anteriormente inexistentes.

Os efeitos do AO90 reflectem-se também na linguagem falada, adulterando a forma como os Portugueses pronunciam as palavras alteradas pelo “Acordo”.

Nos últimos 4 anos, foi criada uma língua artificial “orwelliana”, com centenas de palavras novas, até aí inexistentes em qualquer das ortografias (“conceção”, por “concepção”; “receção”, por “recepção”; “perceção”, por “percepção”).

Além disso, existem na ortografia brasileira casos de duplas grafias, nas quais, porém, a variante do uso das consoantes etimológicas “c” e “p” é mais frequente: “perspectiva”, “respectivo”, “aspecto”.

De qualquer dos modos, a eliminação arbitrária das consoantes “c” e “p”, ditas “mudas”, em boa verdade afasta as ortografias do Português europeu e do Brasil.

E, mais grave do que isso, as “aplicações” do AO90, com as entorses referidas, afastam a ortografia do Português-padrão da ortografia das principais Línguas europeias, de matriz ou influência greco-latina. Quereremos nós afastar-nos da civilização global e da identidade de matriz europeia, protegida constitucionalmente (artigo 7.º, n.º 5)?

A situação actual, de anarquia gráfica, é insustentável e lesa inapelavelmente a Língua Portuguesa, o nosso Património Cultural imaterial, bem como a estabilidade ortográfica.

A riqueza de uma Língua está na sua diversidade. O AO90 não corresponde a uma “evolução natural” da língua, mas a uma alteração forçada, em sentido negativo e empobrecedor.

3. Há muito que a maioria dos Portugueses vê como indispensável um Referendo Nacional, de modo a dar a voz ao Povo nesta matéria.

Ora, a Constituição da República Portuguesa (CRP) permite justamente a submissão a Referendo das questões de relevante interesse nacional que sejam objecto de Tratado internacional (artigo 115.º, n.º 3, da CRP); o que é o caso do Tratado do AO90 e das alterações que sofreu (através dos seus Protocolos Modificativos).

A Iniciativa poderá provir dos cidadãos (artigo 115.º, n.º 2, da Constituição), como é o caso da presente.

4. Antes da realização de eleições (ou, se for o caso, após estas), os agentes políticos deverão dizer qual o seu sentido de voto, na Assembleia da República, em relação à presente Iniciativa de Referendo: se votarão a favor; ou se, no mínimo, viabilizarão esta Iniciativa, através da abstenção na AR.

5. Convocado o Referendo Nacional, faremos campanha.

Os resultados reflectirão o modo como todos os utentes da Língua pensam acerca da ortografia que melhor corresponde a um uso sustentado da mesma, no quadro das línguas europeias da mesma família.

6. Apelamos a cada Português para que assine esta Iniciativa de Referendo; e, na medida do possível, pedimos que angarie assinaturas(dentro do seu meio, da sua família, do seu círculo social; ou até, mais latamente, de forma pública).

(...)

7. A Lei Orgânica do Referendo exige um mínimo de 75.000 assinaturas; o que torna ingente este trabalho logístico.

Esta Iniciativa apenas poderá chegar a bom porto com o seu contributo.

Cada impresso pode conter 30 assinaturas; o que facilita a angariação de subscrições.

O Património cultural imaterial da Língua Portuguesa agradece encarecidamente o seu inestimável contributo.

(...)
Fonte: https://referendoao90.wordpress.com/

Cumprimentos,
Título: Re: CPLP acordo ortográfico da língua portuguesa
Enviado por: Get_It em Julho 10, 2015, 04:48:25 pm
Vice do Supremo diz que o acordo ortográfico é inconstitucional e não pode ser usado nos tribunais
Citação de: "Pedro Sales Dias, Público"
O vice-presidente do Supremo Tribunal de Justiça Sebastião Póvoas considera que a aplicação da resolução do Conselho de Ministros que obrigou as escolas e todos os organismos do Estado a aplicar o novo acordo ortográfico é inconstitucional e não pode ser aplicada também nos tribunais.

“Independentemente de abordar a constitucionalidade e a legalidade desta resolução, é inquestionável que a mesma não se aplica aos tribunais mas, apenas, e eventualmente à Administração Pública”. Sebastião Póvoas denuncia que o Conselho de Ministros, com esta resolução que é “inconstitucional a título orgânico”, violou “os princípios da separação de poderes”, não respeitou a “equiordenação entre os órgãos de soberania” e a “independência dos tribunais“. Acusa também o Conselho de Ministros de “usurpação de poderes”.

A denúncia foi deixada pelo magistrado da mais alta instância judicial em Portugal numa declaração de voto de vencido a propósito da decisão do Supremo que recentemente confirmou a pena disciplinar ao juiz Rui Teixeira por este ter rejeitado receber documentos com o novo acordo ortográfico. “Nos tribunais, os factos não são fatos, as actas não são uma forma do verbo atar, os cágados continuam a ser animais e não algo malcheiroso e a Língua Portuguesa permanece inalterada até ordem em contrário”, escreveu então Rui Teixeira num despacho.

Sebastião Póvoas concorda e elogia aquele juiz, destacando que foi “rigoroso” por ter, afinal, tentado evitar “a aplicação de um tratado não vigente”.

E porquê é que o tratado não está afinal em vigor? “Se o Acordo/Tratado não foi ratificado por todos os Estados que o subscreveram (e não o foi, seguramente, por Angola e Moçambique) não está em vigor na ordem jurídica internacional”, esclarece Sebastião Póvoas.

O juiz avisa que o novo acordo ortográfico coloca em causa princípios e direitos consagrados na Constituição da República, como o “princípio da identidade nacional e cultural”, o “direito à Língua Portuguesa” e o “princípio da independência nacional devido às remissões para usos e costumes de outros países, para se apurar quais as normas resultantes de algumas disposições do acordo ortográfico, que remetem para o critério da pronúncia”.

Neste ponto, o Sebastião Póvoas sublinha que a Constituição “não pode ser alterada através de uma lei de revisão constitucional, mediante a consagração de vocábulos estranhos ao Português europeu, seguindo o acordo ortográfico, por atentar contra limites materiais de revisão”.

A resolução do Conselho de Ministros de 2011 determinou que, “a partir de 1 de Janeiro de 2012, o Governo e todos os serviços, organismos e entidades sujeitos aos poderes de direcção, superintendência e tutela do Governo aplicam” a nova grafia “em todos os actos, decisões, normas, orientações, documentos, edições, publicações, bens culturais ou quaisquer textos e comunicações”. Para o vice-presidente do Supremo, porém, esta resolução “consubstancia uma ordem” e um poder que o Governo “não tem em relação à administração indirecta e à administração autónoma”, onde se incluem os tribunais.

[continua]
Fonte: http://www.publico.pt/sociedade/noticia/vice-do-supremo-diz-que-o-acordo-ortografico-e-inconstitucional-e-nao-pode-ser-usado-nos-tribunais-1701581?page=-1

Cumprimentos,
Título: Re: CPLP acordo ortográfico da língua portuguesa
Enviado por: Get_It em Agosto 19, 2015, 05:24:26 pm
A pseudodefesa do português
(18 de Agosto de 2015)
Citação de: "Paulo Ranger / Público"
1. A ratificação pelo Presidente da República do Acordo relativo ao Tribunal Unificado de Patentes e àquilo a que, com algum simplismo, se pode chamar o regime da patente europeia criou uma grande celeuma acerca da defesa do uso do português nas instâncias internacionais. Quem conhecer bem o andamento dos trabalhos na concepção e feitura desta legislação – e, designadamente, os meandros das discussões travadas no Parlamento Europeu –, logo se aperceberá como esta guerra em pretensa defesa da língua portuguesa não passa de uma bravata serôdia.

A ideia inicial foi sempre a de propor como única língua de trabalho o inglês. O que fazia todo o sentido. É sabido que hoje mais de 90 por cento das patentes são directamente redigidas em inglês, porque resultam do labor de grupos de cientistas e investigadores de equipas multinacionais, que adoptaram o inglês como sua “língua franca”. Por outro lado, porque, para afirmar a competitividade europeia no quadro global, é absolutamente determinante ter um regime comum de patente, que seja facilmente acessível a qualquer um dos outros agentes empresariais, científicos e competidores globais. Negar a evidência de que o inglês tem hoje, enquanto veículo de comunicação o papel de autêntica língua franca (embora não francesa…) é o mesmo que negar idêntico estatuto ao latim na Idade Média e até na Idade Moderna. Importa salientar que os alemães em geral aceitavam esta posição. E que mesmo italianos e espanhóis mostravam alguma abertura para não impor a sua língua como língua de trabalho, se a escolha recaísse única e somente no inglês. Sucede, todavia, que os franceses, com o seu habitual escrúpulo francófono, não aceitavam, em caso algum, deixar cair o francês. E, nessa hipótese, os alemães, cuja importância em matéria de patentes era evidente, não abdicavam do alemão. E idêntica posição assumiram espanhóis e italianos, que, porque as suas línguas não foram reconhecidas, acabaram por ficar de fora do Acordo. A posição alemã é compreensível: prescindiriam do uso da sua língua, se se conseguisse o objectivo de fixar uma única língua (o inglês). E a posição italiana ainda poderia ter alguma sustentação, já que 10 por cento das patentes europeias têm origem italiana (embora, como se frisou, a respectiva materialização seja já escrita em inglês). Já a espanhola, só se compreendia à luz de uma profícua indústria de tradução, que muito tinha a perder com este novo regime e de pruridos nacionalistas (ou castelhanistas) equivalentes aos franceses. A solução final foi a que tanto se critica: inglês, francês e alemão, deixando a Espanha e a Itália fora da cooperação reforçada.

2. Confesso que não compreendo o alcance da crítica. A defesa do português não passa por este tipo de “nichos”. Como dezenas de vezes, tentei explicar aos colegas espanhóis, a importância do espanhol e também do português impõe-se por si mesma e não por decreto. É antes do mais um facto demográfico e geopolítico – e por mais que alemães e franceses ponham em letra de forma a possibilidade de uso dos seus idiomas, nenhum desses tratados vai parar a expansão do espanhol ou do português. Não é pela circunstância de a França ser intransigente em cada negociação diplomática que o francês, enquanto língua de comunicação global, deixou de entrar em declínio irreversível. Insisto: não há lei que trave a dinâmica demográfica. Como, aliás, por experiência amarga, tem evidenciado a actual crise migratória…

3. A defesa do português faz-se por um ensino competente e exigente da língua nas escolas. Faz mais pela soberania e pela identidade um bom ensino da língua e da história que mais um voto no Conselho Europeu ou um deputado no Parlamento Europeu. Faz-se também e decisivamente pela cooperação – através do envio de professores – com Timor, com a Guiné-Bissau, com Moçambique ou com Macau, onde a língua sofre ameaças. Faz-se pela abertura de institutos de língua portuguesa nas metrópoles globais, nos territórios económicos-alvo, em velhas praças portuguesas (como Goa ou Malaca). Não é em sede de registo de patentes e de outros nichos análogos que se defende o português.

4. Isto leva-nos até mais longe. Haverá alguém que ponha em causa o orgulho nacional sueco, dinamarquês ou norueguês, apesar de serem línguas faladas por um punhado de milhões de pessoas? E de praticamente todos os seus habitantes serem hoje bilingues, falando um inglês de nível altamente satisfatório (especialmente se comparado com o de outros povos)? E de, pasme-se, a grande maioria dos seus políticos se exprimir nas instituições europeias, não na língua nacional, mas em inglês? Com o argumento, de resto, autêntico, de que defendem melhor os interesses dos seus povos fazendo-se entender perfeitamente do que passando por interpretações simultâneas directas ou até consecutivas. Será que os escandinavos são masoquistas e querem destruir a sua cultura e língua?

5. O que falta não é o português no regime das patentes. O que falta – e nunca houve – é uma política da língua, ou melhor, uma política das línguas. Uma política que tenha como primeiro pilar um ensino rigoroso e exigente do português. E que não desdenhe o papel do latim (e do grego) – que começa timidamente a ser recuperado – e que é raiz essencial da nossa língua e cultura. Que tenha como segundo pilar, uma aprendizagem universal, e desde tenra idade do inglês, enquanto língua franca, sem nacionalismos nem patriotismos bacocos. Que tenha como terceiro pilar, a obrigatoriedade de ensino de uma segunda língua estrangeira (de preferência, não a mesma para todos os alunos e cuja oferta deve ter em conta a importância para a nossa rede cultural e comercial). Que tenha como quarto pilar, o fomento do português nas zonas dos países lusófonos em que este está em risco. E como quinto pilar, o investimento no ensino do português em cidades que, pelo relevo económico ou cultural, justifiquem essa aposta. Isto sim devia ser patenteado. E em português.

(...)
Fonte: http://www.publico.pt/politica/noticia/a-pseudodefesa-do-portugues-1705268?page=-1 (via Apartado 53 (http://http))

Cumprimentos,
Título: Especialistas debatem Acordo Ortográfico
Enviado por: Get_It em Novembro 08, 2015, 02:24:57 pm
Que fantochada, infelizmente será uma das poucas oportunidades das pessoas mostrarem realmente que não aceitam o acordo e como a sua implementação foi um abuso; não foram ouvidas as pessoas - apenas foi consultado quem lhes dava jeito - e nem foram respeitadas as próprias regras do acordo.

Especialistas debatem Acordo Ortográfico, por "uma verdadeira reforma"
(8 de Novembro de 2015)
Citação de: Jornal i / Lusa
Mais de duas dezenas de especialistas discutem o Acordo Ortográfico, a partir de segunda-feira, durante dois dias, uma iniciativa da Academia das Ciências, que quer debater "uma verdadeira reforma ortográfica".

"O que o português precisa é de uma verdadeira reforma ortográfica. Há muitos pontos que necessitam de revisão e que não estão contemplados no texto do Acordo Ortográfico", disse à Lusa uma das organizadoras do colóquio, a lexicógrafa Ana Salgado.

Ana Salgado respondia assim à questão de uma possível extemporaneidade da iniciativa, já que o Acordo Ortográfico entrou em vigor em 2011 e só agora a Academia o debate. É que, disse, não se trata de discutir o acordo de 1990 ou o de 1945, “porque recuar agora no Acordo Ortográfico seria um descalabro”, mas sim porque "há a necessidade de olhar a ortografia, trabalhar novos documentos, estabelecer uma reforma ortográfica".

"Com esta iniciativa pretende-se envolver as comunidades científicas lusófonas e todos os interessados numa questão de transcendente importância para o futuro da língua portuguesa, no respeito e valorização das tradições nacionais, sem prejuízo de eventuais aproximações aconselhadas pelo uso comum do mesmo idioma em circunstâncias idênticas", diz a Academia de Ciências na apresentação do colóquio.

E Ana Salgado acrescenta que esta será a primeira de outras iniciativas sobre o mesmo tema, porque é preciso "abrir portas" e "ouvir opiniões".

"Ortografia e Bom Senso" é o tema da acção e, como salientou a responsável, junta pessoas que defendem o acordo de 1990, outras que consideram que devia ser revisto e outras que querem a sua abolição pura e simples.

Se, por um lado, está presente por exemplo Malaca Casteleiro, que defende o Acordo, estará também Ivo Barroso, liminarmente contra e que à Lusa lamentou que o documento tenha sido "negociado secretamente" e nunca discutido com os portugueses.

Para o professor e jurista, o Acordo é mesmo inconstitucional, já que os cidadãos portugueses nunca foram informados dele e, em 25 anos, apenas se fizeram dois debates, ambos no parlamento.

É por isso que, diz, o colóquio de segunda e terça-feira "será um evento histórico" e "uma oportunidade rara de as posições científicas prevalecerem sobre a retórica".
Fonte: http://www.ionline.pt/479191 (http://www.ionline.pt/479191)

Cumprimentos,
Título: «O injustificável acordo orto(?)gráfico»
Enviado por: Get_It em Agosto 07, 2016, 09:14:01 pm
O injustificável acordo orto(?)gráfico
(7 de Agosto de 2016)
Citação de: Gastão Cruz, Público
Reabriu, porventura com redobrada intensidade, a (felizmente) nunca fechada querela acerca do chamado “acordo ortográfico”.

Importa começar por dizer que a alteração às normas da escrita do português que dá por esse nome é uma aberração injustificável, assente em equívocos provenientes de uma notória falta de ponderação e de uma gritante insensibilidade linguística.

É, evidentemente, por isso que tantos escritores recusam ter em conta o rol de incongruências que compromete e invalida essa proposta nova forma de escrever português.

Chamando as coisas pelos seus nomes, é uma completa irresponsabilidade que os políticos (de vários sectores) persistam em defender tamanha aberração, ou, como fez, há dias, numa entrevista, o meu velho amigo e excelente poeta Luís Filipe Castro Mendes, assumam uma atitude de ligeireza e quase indiferença perante a medonha agressão que o “Acordo” representa.

A questão do chamado “acordo ortográfico” consiste, essencialmente, no facto de ele ser uma completa inutilidade, que desfigura desnecessariamente o português escrito, em nome de um suposto objectivo cujo ponto de partida não passa do erro gerado por um entendimento absurdo do que faz divergir os diferentes usos da língua.

A que se destinariam, então, as alterações agora introduzidas na nossa grafia, tal como ela tem existido desde 1945?

O “objectivo” seria, segundo se afirma, “a unificação da ortografia do português em todo o espaço lusófono”.

A pretensa necessidade de aproximação colocar-se-ia, sobretudo, entre as duas variantes ortográficas principais, as utilizadas em Portugal e no Brasil.

O que foi feito assenta na suposição errónea de que as diferenças entre o português europeu e o sul-americano são fundamentalmente ortográficas, quando sabemos bem que a separação maior dessas duas vertentes não reside no domínio da ortografia, e sim nos planos vocabular e sintáctico.

Nenhum brasileiro, alguma vez, deixou de entender um texto oriundo de Portugal, por causa da grafia usada até há pouco (e que continua a ser utilizada por muitos, entre os quais me incluo), assim como nenhum português jamais encontrou qualquer especial dificuldade, por causa das diferenças gráficas, em apreender o que tenha sido escrito de acordo com as normas vigentes em terras brasileiras.

Poderei, a simples título de exemplo, citar um caso que me parece representativo de diferenças de outra ordem, que não a ortográfica, entre as duas vertentes da língua.

Encontrei, em dado momento, uma notícia publicada no jornal O Globo, com o curioso título “Jornalista preso por grampos”.

[continua] (https://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/o-injustificavel-acordo-ortografico-1740498?page=-1)
Fonte: https://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/o-injustificavel-acordo-ortografico-1740498?page=-1 (https://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/o-injustificavel-acordo-ortografico-1740498?page=-1)

Cumprimentos,
Título: Re: CPLP acordo ortográfico da língua portuguesa
Enviado por: Viajante em Novembro 17, 2016, 10:11:33 am
Fim do Acordo Ortográfico nas escolas? Professores avançam com acção em tribunal

As escolas podem deixar de ter de ensinar segundo o Acordo Ortográfico, caso vingue a acção que um grupo de cidadãos e a Associação Nacional de Professores de Português (Anproport) entrega hoje em tribunal.

(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fthumbs.web.sapo.io%2F%3Fepic%3DZDdkP8KAgRFki5Ryy6SoL%2FqB5k2ILwiNtQprPmfobbETs4j5Na9SCZAzWn6PsBOPeMaprMPJBUflWmG4n%2B0HNWT6D0V0uBkT5qNHZp6sIb7gug8%3D%26amp%3BW%3D800%26amp%3BH%3D0%26amp%3Bdelay_optim%3D1&hash=c8f14fa6f560b70755ed5ef578664a11)

A acção contra o acordo ortográfico no sistema de ensino público é entregue no Supremo Tribunal Administrativo, em Lisboa, e impugna a resolução do Conselho de Ministros 8/2011, que mandou aplicar nas escolas o Acordo Ortográfico de 1990 (AO90).

Além da Anproport, a acção é uma iniciativa do grupo “Cidadãos contra o Acordo Ortográfico de 1990”, constituído na rede social Facebook e que já tem mais de 30 mil membros.

Artur Magalhães Mateus, primeiro autor da acção, jurista e membro do grupo, explicou à agência Lusa que, caso a acção vingue, o AO90 continua mas deixa de ser imposto, não será vinculativo. E o responsável acredita que, não sendo vinculativo, em pouco tempo será esquecido.

Já em maio passado os mesmos autores tinham apresentado uma acção para anular a norma jurídica que aplica o AO90. “A acção de hoje segue-se a outras intentadas na administração pública (o mesmo objectivo que a de hoje) e também temos apresentado petições”, disse Artur Magalhães Mateus, lembrando que decorre igualmente a recolha de assinaturas para um referendo sobre a matéria.

Questionado sobre se uma nova mudança na forma de escrever não ia confundir os alunos o responsável disse: “Regressar a uma grafia correta e não responsável por novos erros é sempre positivo. Quando foi feita esta resolução do Conselho de Ministros, também ninguém questionou se seria penoso para as crianças”.

De acordo com Artur Magalhães Mateus, a vantagem da mudança é uma grafia “muito mais lógica, mais fácil de aprender e que não causa erros como a de agora”, tanto mais que, com o AO90, há palavras que estão a ser escritas e acentuadas de forma errada.

A resolução do Conselho de Ministros 87/2011 (do XVIII Governo Constitucional, liderado por José Sócrates) mandou aplicar o AO90 ao sistema de ensino, a partir de 2011/12.

Os autores do processo entendem que esta resolução contém “ilegalidades flagrantes”, que o AO90 “não está em vigor juridicamente” e que é “inconstitucional a vários títulos”.

“Já pedimos ao provedor de Justiça que requeresse ao Tribunal Constitucional a apreciação da constitucionalidade do AO90”, salientou Artur Mateus, lembrando que a iniciativa de referendo ao Acordo já tem 32.800 assinaturas em papel, das 60.000 necessárias.

“Continuamos a recolher assinaturas, o processo é moroso mas estamos confiantes que conseguiremos as assinaturas necessárias”, disse.

A aplicação do AO90 sempre gerou polémica em Portugal e até o Presidente da República falou do assunto, admitindo que o Acordo podia ser repensado em Portugal, se países como Angola e Moçambique também o fizerem.

Fonte: http://24.sapo.pt/atualidade/artigos/fim-do-acordo-ortografico-nas-escolas-professores-avancam-com-acao-em-tribunal
Título: Re: CPLP acordo ortográfico da língua portuguesa
Enviado por: mafets em Dezembro 07, 2016, 10:17:58 am
Fim do Acordo Ortográfico nas escolas? Professores avançam com acção em tribunal

As escolas podem deixar de ter de ensinar segundo o Acordo Ortográfico, caso vingue a acção que um grupo de cidadãos e a Associação Nacional de Professores de Português (Anproport) entrega hoje em tribunal.

(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fthumbs.web.sapo.io%2F%3Fepic%3DZDdkP8KAgRFki5Ryy6SoL%2FqB5k2ILwiNtQprPmfobbETs4j5Na9SCZAzWn6PsBOPeMaprMPJBUflWmG4n%2B0HNWT6D0V0uBkT5qNHZp6sIb7gug8%3D%26amp%3BW%3D800%26amp%3BH%3D0%26amp%3Bdelay_optim%3D1&hash=c8f14fa6f560b70755ed5ef578664a11)

A acção contra o acordo ortográfico no sistema de ensino público é entregue no Supremo Tribunal Administrativo, em Lisboa, e impugna a resolução do Conselho de Ministros 8/2011, que mandou aplicar nas escolas o Acordo Ortográfico de 1990 (AO90).

Além da Anproport, a acção é uma iniciativa do grupo “Cidadãos contra o Acordo Ortográfico de 1990”, constituído na rede social Facebook e que já tem mais de 30 mil membros.

Artur Magalhães Mateus, primeiro autor da acção, jurista e membro do grupo, explicou à agência Lusa que, caso a acção vingue, o AO90 continua mas deixa de ser imposto, não será vinculativo. E o responsável acredita que, não sendo vinculativo, em pouco tempo será esquecido.

Já em maio passado os mesmos autores tinham apresentado uma acção para anular a norma jurídica que aplica o AO90. “A acção de hoje segue-se a outras intentadas na administração pública (o mesmo objectivo que a de hoje) e também temos apresentado petições”, disse Artur Magalhães Mateus, lembrando que decorre igualmente a recolha de assinaturas para um referendo sobre a matéria.

Questionado sobre se uma nova mudança na forma de escrever não ia confundir os alunos o responsável disse: “Regressar a uma grafia correta e não responsável por novos erros é sempre positivo. Quando foi feita esta resolução do Conselho de Ministros, também ninguém questionou se seria penoso para as crianças”.

De acordo com Artur Magalhães Mateus, a vantagem da mudança é uma grafia “muito mais lógica, mais fácil de aprender e que não causa erros como a de agora”, tanto mais que, com o AO90, há palavras que estão a ser escritas e acentuadas de forma errada.

A resolução do Conselho de Ministros 87/2011 (do XVIII Governo Constitucional, liderado por José Sócrates) mandou aplicar o AO90 ao sistema de ensino, a partir de 2011/12.

Os autores do processo entendem que esta resolução contém “ilegalidades flagrantes”, que o AO90 “não está em vigor juridicamente” e que é “inconstitucional a vários títulos”.

“Já pedimos ao provedor de Justiça que requeresse ao Tribunal Constitucional a apreciação da constitucionalidade do AO90”, salientou Artur Mateus, lembrando que a iniciativa de referendo ao Acordo já tem 32.800 assinaturas em papel, das 60.000 necessárias.

“Continuamos a recolher assinaturas, o processo é moroso mas estamos confiantes que conseguiremos as assinaturas necessárias”, disse.

A aplicação do AO90 sempre gerou polémica em Portugal e até o Presidente da República falou do assunto, admitindo que o Acordo podia ser repensado em Portugal, se países como Angola e Moçambique também o fizerem.

Fonte: http://24.sapo.pt/atualidade/artigos/fim-do-acordo-ortografico-nas-escolas-professores-avancam-com-acao-em-tribunal
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2F2.bp.blogspot.com%2F-7M-zNJmgUR4%2FUge4qLcqYtI%2FAAAAAAAAHLs%2FXquzOtE2cmI%2Fs1600%2FACORDO%2BORTOGRAFICO.jpg&hash=121c6419f04a03bdf540df13bcfadf3d)
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fwww.arautosdelrei.org%2Fimages%2Fstories%2FCronicas%2Fpra_ou-para.jpg&hash=c9590a21f31a61f747407e169a03a8ff)
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Ffotos.sapo.pt%2FrqS3wboMYFqk5rimqMrT%2F&hash=0222b21af43c515274466867475192f5)
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fwww.conexaolusofona.org%2Fwp-content%2Fuploads%2F2016%2F01%2Fchargeacordo.jpg&hash=88deb66841233b09fd247f2699714cc9)
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fesabelsalazar.pt%2Fportal%2Fimages%2Fstories%2FAO_cartoons%2F01novaortografia.jpg&hash=48a481684900ee92dc74b2f9d191d2cd)
(https://www.forumdefesa.com/forum/proxy.php?request=http%3A%2F%2Fnacaomestica.org%2Fblog4%2Fwp-content%2Fuploads%2F2015%2F08%2Freforma-ort.jpg&hash=31889bddcfc458efcc1fda3917e9d24d)

Cumprimentos  ;D :G-beer2:
Título: Cabo Verde: Português passa a ser ensinado como língua estrangeira
Enviado por: Get_It em Dezembro 17, 2016, 11:47:31 pm
Em Cabo Verde, naquele país que vai receber cerca de 45 mil de euros do Instituto Camões:

Português passa a ser ensinado como língua estrangeira
(8 de Dezembro de 2016)
Citação de: Lusa
A Ministra da Educação, Maritza Rosabal, anunciou que o português passa a ser ensinado como língua estrangeira, o que vem ao encontro do desejo de muitos pais e encarregados de educação que há muito pedem que o português não seja ensinado como língua materna. Isto pelo simples facto das crianças «não entendem o português» ou, como disse uma aluna da 1ª classe ao seu pai no fim do seu primeiro dia de aula, «papa um ca intende nada que quel senhora tava ta dze». A Ministra explica o porquê da alteração. «A língua portuguesa é abordada como língua primeira de Cabo Verde, quando não é. Temos uma eficácia do sistema muito baixa, onde apenas 44% das crianças que começam o primeiro ano finalizam o 12º em tempo. Temos muitas perdas».

[continua]
Fonte: http://noticiasdonorte.publ.cv/53398/portugues-passa-ensinado-lingua-estrangeira/ (http://noticiasdonorte.publ.cv/53398/portugues-passa-ensinado-lingua-estrangeira/)

Ensino do Português: Medida do governo gera polémica
(14 de Dezembro de 2016)
Citação de: Expresso das Ilhas
Anunciada que foi a decisão do governo de, a partir do próximo ano lectivo, passar a efectuar o ensino do português como língua segunda, estalou a polémica. Apesar das boas intenções do executivo - que justifica a medida como meio de fortalecer a língua portuguesa no país – não faltaram vozes a sentenciar a degradação da língua e a auto-exclusão dos cabo-verdianos da esfera da lusofonia, com prejuízos avultados para o país. Também não faltou quem, por outro lado, aplaudisse a medida por interpretá-la como valorização do crioulo que, sendo a língua materna, consideram ser marginalizado.

[continua]
Fonte: http://www.expressodasilhas.sapo.cv/sociedade/item/51340-ensino-do-portugues-medida-do-governo-gera-polemica (http://www.expressodasilhas.sapo.cv/sociedade/item/51340-ensino-do-portugues-medida-do-governo-gera-polemica)

Cumprimentos,
Título: Re: CPLP acordo ortográfico da língua portuguesa
Enviado por: Get_It em Dezembro 18, 2016, 10:46:51 pm
Cidadãos ou cobaias?
(18 de Dezembro de 2016)
Citação de: Octávio dos Santos, Público
Não mereceram muitas referências na comunicação social nacional – o PÚBLICO, através de Nuno Pacheco, foi uma (expectável e louvável) excepção – as declaraçõesno passado mês de Outubro, e em pelo menos duas ocasiões, por Murade Murargy, anterior secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa  (entretanto substituído no cargo por Maria do Carmo Silveira),  referentes aos objectivos e às actividades daquela organização em geral, e, ao dito «acordo ortográfico [AO] de 1990» em particular…

(...)

Embora em Portugal, e ao contrário de Angola e de Moçambique, que se recusam – felizmente, e esperemos que definitivamente – a recuar no tempo, a regredirem enquanto nações, esse novo «Estatuto do Indigenato» tenha entrado efectivamente (?) em vigor, por via da famigerada Resolução da Assembleia da República Nº 35/2008, de 29 de Julho. Para a revogar, para a repelir, para – literalmente – a rasgar, e, assim, as pessoas deste país deixarem de ser peões de interesses que lhes são estranhos e/ou externos, de serem cobaias em duvidosas «experiências filo(i)lógicas» dirigidas por pervertidos protegidos pelo poder político, e porque não basta que Murade Murargy dê a sua «autorização», há que assinar e concluir a Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico – que, não, não só não «morreu» como está bem viva e se recomenda.

Rui Valente, o meu colega da ILCAO e desta agora líder, em artigo publicado neste jornal a 1 de Outubro, em várias mensagens que tem enviado, e no novo sítio da Iniciativa, tem esclarecido o porquê e o como da (renovada) missão: «a Assembleia da República aprovou, no passado dia 20 de Julho, alterações importantes à Lei 17/2003, que regula as Iniciativas Legislativas de Cidadãos: deixa de ser necessário o número de eleitor, passando a ser necessária a data de nascimento; o número de assinaturas necessário para uma ILC baixa de 35.000 para 20.000; além da subscrição tradicional em papel, as assinaturas passam a poder ser recolhidas também por via electrónica. Neste contexto, ficam a faltar-nos “apenas” 5.000 assinaturas para que consigamos o nosso objectivo de entregar a ILC no Parlamento. Em face desta nova realidade, a ILCAO mobilizou-se, criando um formulário que permite subscrever a Iniciativa sem necessidade de papel, envelopes ou selos do correio. Basta ir a http://ilcao.com/?page_id=19213 (http://ilcao.com/?page_id=19213) e submeter os seus dados, utilizando para tal um endereço de e-mail válido.»

Se antes poucos motivos existiam para não agir, agora ainda menos – ou nenhum – há. É mais do que tempo de acabar com esta atroz aberração, esta aviltante abominação. Definitivamente.
Fonte: https://www.publico.pt/2016/12/18/culturaipsilon/noticia/cidadaos-ou-cobaias-1755049 (https://www.publico.pt/2016/12/18/culturaipsilon/noticia/cidadaos-ou-cobaias-1755049)

Cumprimentos,
Título: Re: CPLP acordo ortográfico da língua portuguesa
Enviado por: Viajante em Fevereiro 21, 2018, 04:16:46 pm
Parlamento discute saída de Portugal do Acordo Ortográfico

O Parlamento discute na tarde desta quarta-feira uma petição e uma proposta do PCP relativa à saída de Portugal do Acordo Ortográfico.

(https://imageproxy-observadorontime.netdna-ssl.com/800x,q85/http://s3cdn.observador.pt/wp-content/uploads/2018/02/21151007/acordo-ortografico-manifestaccca7acc83o_770x433_acf_cropped.jpg)

O Parlamento discute na tarde desta quarta-feira uma petição e uma proposta do PCP relativa à saída de Portugal do Acordo Ortográfico.

No projeto de resolução, o PCP considera que o Acordo Ortográfico foi ” caracterizado indubitavelmente por uma insuficiência da maturidade e da democraticidade de todos os processos conducentes à sua adoção”.

No documento lê-se ainda que o Acordo Ortográfico “foi preparado em contextos alheios à população, distantes da comunidade académica e literária, sem acolher grande parte dos contributos que foram produzidos por setores vários da sociedade”.

Os comunistas recomendam, por isso, “o recesso de Portugal do Acordo Ortográfico de 1990, acautelando medidas de acompanhamento e transição, a realização de um relatório de balanço da aplicação do novo Acordo Ortográfico da língua portuguesa e uma nova negociação das bases e termos de um eventual Acordo Ortográfico”.

Além da proposta do PCP, vai estar em debate uma petição entregue por António Arnaut e que conta com assinaturas de nomes como Bagão Félix, António Lobo Antunes, Eduardo Lourenço, Mota Amaral, Pacheco Pereira, Ribeiro e Castro, Júlio Isidro, Manuel Alegre, Maria Filomena Mónica, Miguel Sousa Tavares, Richard Zimler ou Rui Veloso, entre outros.

Organizações como a Sociedade Portuguesa de Autores, Associação Nacional de Professores de Português e o Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa também se encontram entre os subscritores da petição, que tem mais de 20 mil assinaturas.

O movimento, auto-intitulado “Cidadãos contra o Acordo Ortográfico”, defende que o acordo “é um fiasco político, linguístico, social, cultural, jurídico e económico”, e sublinha que ainda só é aplicado em três dos países que o assinaram.

Os peticionários afirmam também que o acordo “deu origem a aberrações linguísticas da maior gravidade” e teve “efeitos opostos aos que se propunha atingir: não uniu, não unificou e não simplificou”.

Os subscritores da petição apresentam ainda dezenas de exemplos e argumentos para explicar que o Acordo Ortográfico não só criou confusão na maioria das alterações que introduziu como também não teve qualquer impacto nos fatores que efetivamente distinguem as variantes do Português, como as diferenças lexicais, sintáticas e semânticas.

http://observador.pt/2018/02/21/parlamento-discute-saida-de-portugal-do-acordo-ortografico/#comment-post-2507987-1829668

É a primeira vez que me lembro, de ter a mesma opinião que o PCP!!!!!!!
Título: Re: CPLP acordo ortográfico da língua portuguesa
Enviado por: perdadetempo em Fevereiro 21, 2018, 08:44:23 pm
O ridículo nesta história toda é quando se se lembraram de assinar o acordo a grande maioria das "indigências/intelegências" deste país deixaram-se estar  sossegadas enquanto o Lula e o Cavaco se entretinham a pôr a cruz no papel ou posteriormente quando da entrada em vigor do acordo em 13 de Maio de 2009. Só quase 9 anos depois e uns milhares de criancinhas a aprender a escrever pataratuguês é que se lembram disso.

Enfim mais vale tarde que nunca????

Cumprimentos,
Título: Re: CPLP acordo ortográfico da língua portuguesa
Enviado por: NVF em Fevereiro 22, 2018, 05:04:56 pm
E se juntares a isso tudo que o acordo é de 1990, i.e., demorou 19 anos a ser posto em prática e durante esse período não conseguiu ser parado, então tudo se torna ainda mais ridículo.
Título: Re: CPLP acordo ortográfico da língua portuguesa
Enviado por: Lusitano89 em Setembro 03, 2019, 12:13:45 pm
Acordo ortográfico debatido no Brasil


Título: Re: CPLP acordo ortográfico da língua portuguesa
Enviado por: Get_It em Agosto 30, 2020, 07:44:10 pm
Mais um episódio que demonstra a capacidade dos nossos políticos em defenderem os seus interesses e todo o trabalho que é feito fora do olhar do povo.

O fim da istória
Citar
Ao que parece, o assunto foi mais uma vez adiado, desta vez para Setembro de 2020. Pois bem, aí está Setembro, veremos. Isto se houver alguma coisa para ver, claro, o que a suceder seria um verdadeiro milagre, sobre o qual (mesmo que tenha de abrir uma excepção absoluta, porque nunca aposto em nada e muito menos em algo que valha coisa nenhuma)  aposto 1 € em que não, não vai haver seguimento algum.

Não carece o apostador de possuir algum tipo de poderes de adivinhação, basta ler os documentos atinentes paridos pela Comissão de Cultura e Comunicação, à qual o texto foi distribuído para verificação dos respectivos requisitos formais e legais, primeiro, e depois o “parecer” (este é vinculativo, pelos vistos, mais um mistério de S. Bento) da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.

Está visto e atestado para que serviu e como “funcionou” a chamada “casa da democracia” tuga, em especial no que à ILC-AO diz respeito; ou seja, na prática e em descrição sumária, um contínuo e muito mal disfarçado empurrar com a barriga tentando esconder a própria existência da Iniciativa Legislativa de Cidadãos pela Revogação da RAR 35/2008. Não cabe aqui, ao menos para já e para que não nos dispersemos quanto à essência dos mais recentes não-acontecimentos, qualificar com exemplos a total e absoluta inutilidade da chamada “democracia directa” segundo os preceitos constitucionais e de acordo com o statu quo político-partidário estabelecido: na minha opinião, o regime que vigora nesta novel estância balnear brasileira é uma autocracia de dois partidos que se revezam no Poder e que partilham entre si, estando no Governo ou na chamada “oposição”, todos os esquemas que sirvam os interesses (gerais, empresariais e particulares) de ambos.

Concretamente, no caso da ILC-AO, a sentença desarrolhada pela Comissão de Assuntos Constitucionais, “a pedido” da Comissão regulamentar, serviu apenas para maquilhar — com camadas de uma espécie de pó de arroz constitucional — a recusa liminar da aceitação da Iniciativa para qualquer tipo de seguimento parlamentar. Aliás, não só da recusa da aceitação como da admissão para discussão em plenário: a ILC-AO, liquidada com um tiro na nuca por um tipo qualquer da Comissão onde estão as pistolas, passará assim não à História, ao menos por ter sido a primeira (e última?) iniciativa cidadã genuína alguma vez promovida em Portugal, mas, pelo contrário, apenas passará a ser mais um monte de papeis em qualquer vão de escada do arquivo morto parlamentar. E até que venha o camião da reciclagem lá ficará tudo entregue ao pó, todo o lastro físico da ILC, pressupostos, texto do Projecto de Lei, caixotes com 22 000 assinaturas, centenas de mensagens dos subscritores. correspondência oficial trocada com a Assembleia e respectiva tramitação.

O truque/golpe final, foi “alegar” que a ILC-AO é inconstitucional porque iria interferir num Tratado internacional, matéria da exclusiva competência do Governo. Já anteriormente os acordistas e seus agentes tinham conseguido o objectivo primário (empurrar o assunto o mais possível no tempo até que por inércia se estabelecesse o AO90 como facto consumado) e com isso puxaram a questão, a discussão pública, o interesse dos “média” e a dedicação de inúmeros ingénuos, à mistura com alguns infiltrados, para uma teórica polémica ortográfica — um absoluto contra-senso, já que o AO90 de ortográfico nada tem — desviando assim as atenções do que verdadeiramente não querem que se saiba: por que bulas surgiu o AO90, que interesses económicos e geopolíticos estão subjacentes, quem foram os verdadeiros artífices de tão aberrante experiência de engenharia social (não foram os “linguistas” que deram a cara pela aberração, pobres diabos, esses eram só vaidosos patológicos).

[continua] (https://cedilha.net/ap53/2020/08/o-fim-da-istoria/)
Fonte: https://cedilha.net/ap53/2020/08/o-fim-da-istoria/ (https://cedilha.net/ap53/2020/08/o-fim-da-istoria/)

O povo manso continua ingénuo como sempre. Hoje foi definitivamente a língua, já começa a ser o direito ao porte de arma e depois de amanhã veremos o que será. Impressionante como esta estratégia de "empurrar com a barriga" funciona tão bem - bom exemplo disso na defesa é a Marinha.

Cumprimentos,