O que eu sei, é que se a Rússia e seus aliados têm a inteligência de usar bases em países com eles alinhados no Norte e Centro de África, toda a nossa "Estratégia de Defesa Nacional" vai por água abaixo.
Nada temas! Na eventualidade desse cenário, lançaremos em ação os temíveis Super Tucano ao som da "Cavalgada das Valquírias", e em pouco tempo nada restará (dos A-29).
O que temo é que realmente haja malta em posições de tomada de decisão, que realmente acredita que é assim que terá que ser!
O que eu sei, é que há uns meros 4 anos atrás, falar em mísseis de cruzeiro, balísticos e capacidade de dissuasão na Europa, era tido como descabido. Passado tão pouco tempo, esta maneira de pensar mudou radicalmente, excepto por cá.
Daí dizer que é preciso elaborar um plano, com orçamento extraordinário, para capacitar as FA de forma a estarem minimamente preparadas para um conflito que pode começar num curto espaço de tempo.
Com base nesta necessidade, já dei exemplos do que poderia ser feito em tão pouco tempo (falta fazer para o EP).
Infelizmente, as opções que você apresenta, ainda que fazendo sentido, são opções de médio e longo-prazo, que na situação patética em que se encontra (por sua própria culpa) a Europa, não podem ser postas em prática em tempo útil.
Na Europa, praticamente tudo o que fabricava armamentos encerrou as portas e o que sobrou foram grandes conlgomerados industriais, que vivem com base não na produção em quantidade, mas sim no santo Graal da produção de topo de gama, caríssima, eficiente na aparência, mas que a realidade da guerra na Ucrânia mostra não ter sentido.
Ao ritmo a que as coisas se desenrolam, para numa guerra à nossa dimensão termos possibilidade de resistir, teriamos que ter capacidade para desenterrar os M60 e mesmo os M48, as Chaimite, todas as G3 e os jipes da UMM.
Desenterrar, "des-derreter" e depois, pegar em todo o torneiro mecânico e mecânico de automóveis para tentar meter motores da década de 1960 a funcionar.
É neste momento o que os russos estão a fazer. A produção de tanques moderno está reduzida a um mínimo e o que neste momento conta é o que se pode por a andar.
No nosso caso ( e no da maioria dos países europeus ) essa possibilidade nem sequer existe, porque para defender a produção local, as empresas são criadas e depois de produzido o produto, fecham as portas e acabou.
No Reino Unido, fecharam a única fábrica que podia fabricar os tanques Challenger, depois de produzir o último e quando terminaram de produzir uma quantidade vista como suficiente de peças para reposição.
Por cá, podemos tentar fazer qualquer coisa para garantir um mínimo de operacionalidade no que concerne ao controlo ou pelo menos vigilância das rotas marítimas que passam mesmo nas nossas águas terrioriais e zona contigua (já para não falar da ZEE).
Não sei se existem docas, para tentar pelo menos tapar buracos e colocar navios em condições de se locomover, mesmo sem atingir a velocidade máxima.
Uma fragata Vasco da Gama, pode ser utilizada como NPO armado. Não importam os mísseis nem a peça de 100mm. Desde que os motores a Diesel funcionem o que importa é se pode lançar uns torpedos ou qualquer coisa com capacidade anti-submarina.
Politicos
As pessoas em Portugal como noutros países querem as suas comodidades e não querem saber de nada até o problema os afetar.
A frase "porquê morrer por Danzig" inundava as ruas da França, na sequencia da declaração de guerra contra a Alemanha hitleriana.
Muitos franceses achavam que não se deveria ter feito nada e que declarar guerra à Alemanha fora um absurdo.
Hoje poucos têm dúvidas, de que depois de invadir a Polónia (e Hitler tinha dito que se ficava pela Checoslováquia no ano anterior) os alemães inevitavelmente atacariam a França. Ao declarar guerra, os franceses e os ingleses forçaram a Alemanha a entrar num conflito total, quando ainda não estava preparada.
A longo prazo, foi o fato de não terem desistido e não terem parado que levou a que os alemães tivessem perdido a guerra.
No nosso caso, na altura eramos um país neutro, mas a acreditar nos relatos e nos livros que já se escreveram sobre o assunto, a coisa era mais ou menos parecida.
O exército queria mais aviões, mas preferia biplanos, a marinha queria cruzadores e couraçados mas os almirantes não percebiam que o seu custo anual era equivalente a todo o orçamento do estado para a defesa durante dois ou três anos.
A realidade, é que a tropa preparada nas fronteiras perante a guerra civil de Espanha, eram algumas companhias reforçadas em pontos na fronteira e foi preciso virem os ingleses, para que os portugueses entendessem que era preciso fazer explodir pontes, porque era a forma mais eficaz de atrasar uma invasão hispano-germânica.
Não mudámos nada em quase cem anos.
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