Preparar as FA para um conflito no curto prazo

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Re: Preparar as FA para um conflito no curto prazo
« Responder #45 em: Novembro 27, 2024, 12:58:36 am »
Tomahawks numa altura destas?!
Já vimos que os drones fazem o mesmo e mais barato.

E para mim deveria ser essa a prioridade. Drones e comando e controlo.

Drones de reconhecimento, anti-carro, anti-pessoal, navais, drones anti-drones...

Estamos num ponto de viragem na tecnologia e nos meios que dominam o campo de batalha comparável ao aparecimento generalizado do Carro de Combate ou das armas automáticas...
E querem investir em tropa montada a cavalo...

Drones para tudo. Até ao ponto em que aumenta a eficácia dos sistemas anti-drone, e lá se vai o plano por água abaixo. Para se ter noção, estão a ser desenvolvidas tecnologias anti-drone com recurso a EMP e laser. Os EMPs poderão permitir com um único "disparo", arrumar com um enxame de vários drones de uma vez. As armas laser têm um custo por disparo extremamente baixo. A eficácia dos drones vai diminuir gradualmente.

Também não sei como é que atacam um alvo que possua uma janela de disponibilidade limitada, com um drone lançado a 1000km do alvo e que demore quase 10 horas a percorrer esta distância.

Podemos também analisar o ataque iraniano a Israel, em que uma grande quantidade de drones foi lançada, e não fizeram virtualmente dano nenhum, e isto quando nem sequer sistemas C-UAS dedicados estavam a ser empregues (foi desenrascanço!).
E o ataque, igualmente do Irão a Israel, com mísseis balísticos, com estrago maior, apesar de Israel ter sistemas BMD dedicados. E para o ataque com mísseis balísticos lançados de aeronaves por parte de Israel contra o Irão, que alegadamente terão aniquilado uma boa parte das defesas aéreas iranianas.

Drones não substituem estas capacidades.
Até no Mar Vermelho, a ameaça de drones foi o menor dos problemas. Até a Ucrânia, que tem drones ao pontapé, continua a querer mísseis. Até a Rússia, com drones ao pontapé, continua a usar bombas planadoras e todo o tipo de míssil que têm à disposição.

Ao comprares só drones, o adversário pode especializar as suas defesas nessa ameaça. Ao ter múltiplas formas de atacar um adversário, ele será forçado a investir em diversos sistemas. Quanto mais ele investir em capacidades defensivas, menos dinheiro sobra para as ofensivas.

Daí que, para mim, a capacidade stand-off num curto/médio-prazo, tem que incluir:
Na Marinha:
-míssil de cruzeiro nos submarinos (500-1000km de alcance);
-drones suicídas lançados de "contentores" que possam ser acrescentados a qualquer navio com espaço/convés de voo (100-200km de alcance);
-um novo míssil anti-navio com capacidade land-attack para as BD (NSM por exemplo) (300+km).
No Exército:
-drones suicídas montados em viaturas ligeiras/portáteis (30-100km de alcance);
-drones suicídas de longo-alcance em viaturas médias/pesadas (200km ou mais);
-MLRS com diversos tipos de munições (até 500km idealmente);
-munição de 155mm guiada (40+km).
Na FAP (essencialmente para os F-16 e P-3):
-míssil de cruzeiro (300+km, idealmente igual ou superior a 500km);
-míssil de médio alcance "low cost" (neste momento só conheço o Rampage) (150-250km);
-míssil balístico (só conheço o ROCKS e Air LORA) (400+km);
-bombas planadoras (SDB, StormBreaker, JDAM-ER, JSOW) (70+ km).

Este material teria que começar a ser comprado o mais cedo possível, se quisermos estar prontos para um conflito num curto prazo. Daria prioridade ao armamento para os F-16, e de seguida P-3.

Destes, a ambição mínima seria chegar a 2027, com pelo menos alguma quantidade das seguintes munições:
-mísseis JASSM/Taurus/Scalp + Rampage + Air LORA/ROCKS;
-bombas planadoras SDB, JDAM-ER e StormBreaker;
-drones Switchblade 300/600 + Elanus e MiniHarop/MiniHarpy + Harop/Harpy (os modelos são exemplos para as diferentes categorias).
 

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HSMW

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Re: Preparar as FA para um conflito no curto prazo
« Responder #46 em: Novembro 27, 2024, 02:22:16 am »
Não necessariamente.

Quando surgiram as armas anticarro, os carros de combate desapareceram do campo de batalha?
Quando surgiram os sistemas de misseis antiaéreos e o radar, os aviões desapareceram do ar?
Quando apareceram os submarinos, o navios de superfície desapareceram?

Não. Para cada ação houve uma reação e estes sistemas evoluíram.
Com os sistemas autónomos / drones será semelhante.
Não tem de estar colocados a 1000km e acionados como um míssil. Poderiam estar a aguardar muito mais próximo do alvo observado.

O que quero dizer com isto é que estes sistemas irão alterar toda a doutrina e que não devemos combater nos conflitos do futuro, apenas com as armas e táticas do passado.
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"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 

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Re: Preparar as FA para um conflito no curto prazo
« Responder #47 em: Novembro 27, 2024, 05:43:59 am »
As doutrinas alteram-se sempre com o evoluir dos tempos e dos conflitos. E eu concordo que não só não se devem combater os conflitos do futuro com armas e tácticas do passado, tal como não se deve combater apenas com drones (a arma da moda). Os drones farão parte das FA, como um sistema complementar ao resto, não um substituto directo.

-Quando surgiram as armas anti-carro, os blindados evoluiram, com mais blindagem, blindagem reactiva e mais recentemente APS. A consequência disto, é que os ditos carros ficaram muito mais pesados, complexos e caros.
-Quando surgiram os mísseis anti-aéreos, os aviões antigos tornaram-se obsoletos, sugiram outros designs, tecnologias, sensores, contramedidas e até armamento novo para aumentar a distância entre a aeronave e o sistema AA. Com isto ficaram mais complexos e mais caros.
-Quando surgiram os submarinos? Tiveram que se desenvolver tecnologias ASW, que viriam a ser empregues em navios, helicópteros, aeronaves e, claro, noutros submarinos. Tudo isto custa muito dinheiro.

Ou seja, fazendo o paralelismo com os drones: à medida que se forem desenvolvendo tecnologias anti-drone, os drones serão forçados a evoluir, tornando-se cada vez mais caros e complexos.

Até aqui tudo bem, mas repara:
De todos os exemplos dados, nenhum deles tinha como "selling point" serem simples e baratos.
Quando comparamos um drone a um míssil, o principal "selling point" é precisamente o preço.

Ora, a partir do momento em que um drone tem que evoluir de tal forma, para conseguir sobreviver a todas as contra-medidas criadas contra si, fica mais caro. Ao ficar mais caro, deixa de ter o baixo custo como principal argumento, e começa a ter custos quase tão grandes como um míssil. Quando isso acontecer, para quê comprar drones, sem ser para missões de nicho?

Citar
Não tem de estar colocados a 1000km e acionados como um míssil. Poderiam estar a aguardar muito mais próximo do alvo observado.

Aguardar muito mais próximo do alvo, implica que temos forças no terreno. Todo este processo, da logística aos meios necessários, à conquista do terreno, etc, custa muito mais dinheiro do que simplesmente comprar mísseis de longo alcance que possam ser lançados de bem longe e atingir o dito alvo.
Não tem cabimento nenhum que, para atingir um alvo 500km no interior do território inimigo, tenhamos que invadir esse país, avançar 300km, para depois poder lançar drones com 200km de alcance contra esse alvo.

Os drones serviriam, era para eliminar alvos na retaguarda de uma hipotética linha da frente, a distâncias e para alvos que não justifiquem o emprego de mísseis de longo-alcance. Lá está, complementam-se.
 
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Re: Preparar as FA para um conflito no curto prazo
« Responder #48 em: Novembro 27, 2024, 10:19:20 pm »
Voltando ao tema. Em muitos casos eu dou mais do que uma opção na escolha do armamento, pois sabemos que os prazos de entrega podem não ser favoráveis a uns. Perante a possibilidade de conflito, é preferível receber um míssil que seria a segunda opção, mas a tempo e horas, do que ficar 3 ou 4 anos à espera que a primeira opção seja entregue, já demasiado tarde.

Na Força Aérea:

F-16:
É difícil realizar um upgrade para V em tão pouco tempo para uma quant. significativa de F-16, logo não vou tocar nessa possibilidade directamente. Vou focar-me no F-16 como plataforma para armamento. Também acharia prudente aumentar o nº de F-16, de 28 para uns 36, mas isso é outra conversa.

-integração dos Harpoon. Idealmente saltávamos esta etapa e optávamos por JSM, mas os prazos não coincidem;
-reforçar o stock de AMRAAM. Novos ou de stocks existentes, mas tem que ser feito;
-procurar uma solução para a falta de mísseis WVR, até porque uma encomenda adicional de AIM-9X vai demorar anos a ser entregue;
-integração de um míssil de cruzeiro. Tendo em conta as encomendas, será difícil obter o JASSM-ER a tempo e horas, logo podemos ter que procurar uma solução "stop-gap", como SLAM-ER, JASSM original, Taurus KEPD, Delilah ou SOM;
-míssil Rampage. Oferece um alcance similar ao SLAM-ER, mas por um preço relativamente "baixo". Cada F-16 transporta 4;
-Air LORA ou ROCKS. É difícil para alguns engolir um míssil balístico na FAP, mas já vimos a sua eficácia e o poder dissuasor que têm até contra países com boas defesas aéreas. Com o bónus de poderem ser integrados no F-16, o que torna as coisas simples;
(Estes últimos dois pontos têm ainda a vantagem de, para já, não terem grandes encomendas, logo os prazos de entrega devem ser bem mais apetecíveis para quem quer rearmar mais depressa)
-integrava SDB, StormBreaker, JDAM-ER. É absurdo não fazer este salto de imediato, para a utilização de bombas guiadas com maior alcance. E claro, expandia o stock de JDAM e Paveway;
-incorporava o pod Legion
-incorporava novos pods EW e Terma PIDS+. O PIDS+ seria prioritário.

C-295 VIMAR:
Seria importante realizar uma modernização a toda a frota. Aproveitando esta modernização, daria prioridade de entregas à variante VIMAR, e capacitava-a de forma a poder complementar os P-3 em missões de vigilância, luta anti-submarina e quiçá anti-superfície.
Incluía:
-capacidade ASW, através da capacidade de lançamento de sonoboias e torpedos (tal e qual a variante MPA oferecida a outros países);
-estudava a possibilidade de integrar os Harpoon. Se não desse, outro míssil anti-navio mais leve;
-estudava a incorporação de um míssil ar-superfície mais ligeiro, na classe do Hellfire, para lidar com USVs, FAC e outros alvos de pequena dimensão. LMM seria opção;
-acrescentava a sonda de abastecimento em todos os VIMAR, podendo assim ser reabastecidos pelo KC, aumentando o tempo on-station destas aeronaves em missões ASW.

P-3:
A ideia é tornar o P-3 o nosso bomb/missile truck, tirando partido dos seus hardpoints e raio de acção. Com a possibilidade de aumentar a frota, não digo para 11, mas para umas 6 ou 7 aeronaves, fazia sentido aproveitar a plataforma para algo mais do que ASW/ASuW no mar, até porque um potencial conflito, poderá não se limitar ao mar. O P-3 seria uma boa plataforma para largar uma grande quantidade de "ordenance" em apoio a forças em terra, ou para atacar posições inimigas (grupos terroristas) em África em territórios onde os F-16 não chegassem, em TOs permissivos.

Proponho:
-mais Harpoons;
-um míssil de cruzeiro: qualquer um que pudesse ser integrado, com a nota de que o alcance do SLAM-ER pode não ser suficiente para manter o P-3 (avião com grande RCS) longe o suficiente de sistemas AA na tipo S-300, e portanto idealmente o míssil escolhido teria que ter mais alcance (SCALP, JASSM ou Taurus KEPD);
-integrava um míssil ligeiro, na classe do Hellfire, para complementar/substituir os Maverick. Ideal para destruir USV, outras embarcações pequenas, e claro veículos em operações em terra;
-bombas guiadas, nomeadamente de longo-alcance, tipo JDAM-ER, SDB e/ou StormBreaker, mas também da família Paveway e JDAM/LJDAM normais, para TOs permissivos. Paveway, LJDAM e StormBreaker também podem complementar, ou mesmo eliminar a necessidade de um míssil ligeiro, por poderem destruir alvos móveis;
-estudava a integração de AIM-9L, para autodefesa. Em patrulha marítima, ASW ou noutras missões, não será impossível um encontro com um UAV/UCAV;
-e integrava os mesmos Rampage e Air LORA/ROCKS que mencionei para os F-16. Reforço da capacidade de ataque stand-off, e de ataques de saturação.

Outros:
-adquiria um lote de Tekever AR5, com o lançador de sonoboias, assim que passasse a fase de testes;
-procurava adquirir UCAVs, tentando perceber se seria possível que as entregas fossem feitas dentro deste prazo. Considerava a possibilidade de uma solução stop-gap com MQ-9B usados, ou um UCAV mais pequeno;
-em conjunto com o Exército, iniciava o processo de aquisição de sistemas AA de médio alcance, e talvez a primeira bateria ainda chegasse dentro do prazo.

Parece-me óbvio que dou prioridade à capacidade stand-off, de dissuasão e de retaliação, e também ASW e ASuW. Considero uma melhoria muito mais relevante, usar um prazo de 2 anos, para capacitar os F-16 e P-3 da FAP a lançarem armamento realmente relevante para um conflito, do que sonhar com reformas drásticas no Exército, ou só planear coisas a longo prazo, e no curto prazo, onde a probabilidade de conflito está no alto, não se fazer nada, e depois na linha da frente vemos militares portugueses de M-113, M114, Pandur sem protecção para o atirador, etc.

Que lista de sonhos...
 
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Re: Preparar as FA para um conflito no curto prazo
« Responder #49 em: Novembro 28, 2024, 11:25:55 am »
Que lista de sonhos...

Exato, que lista de sonhos, que é como quem diz "era bom, era".
Saudações Aeronáuticas,
Charlie Jaguar

"(...) Que, havendo por verdade o que dizia,
DE NADA A FORTE GENTE SE TEMIA
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Luís Vaz de Camões (Os Lusíadas, Canto I - Estrofe 97)
 

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Re: Preparar as FA para um conflito no curto prazo
« Responder #50 em: Novembro 30, 2024, 12:56:26 am »
É uma lista do que precisa de ser feito, caso comece um conflito a sério num prazo de 2 anos, para não sermos apanhados com as calças na mão, e queiramos estar preparados para participar de uma forma relevante, e de uma forma que não penalize tremendamente a população e economia nacional (como acontecerá com o plano actual, de mobilizar carne para canhão).

É também o necessário para deixarmos de ser um peso morto dentro da aliança, e para termos uma capacidade dissuasora relevante.

O que eu sei, é que se a Rússia e seus aliados têm a inteligência de usar bases em países com eles alinhados no Norte e Centro de África, toda a nossa "Estratégia de Defesa Nacional" vai por água abaixo.
 

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Re: Preparar as FA para um conflito no curto prazo
« Responder #51 em: Novembro 30, 2024, 05:31:27 am »
O que eu sei, é que se a Rússia e seus aliados têm a inteligência de usar bases em países com eles alinhados no Norte e Centro de África, toda a nossa "Estratégia de Defesa Nacional" vai por água abaixo.

Nada temas! Na eventualidade desse cenário, lançaremos em ação os temíveis Super Tucano ao som da "Cavalgada das Valquírias", e em pouco tempo nada restará (dos A-29).
Saudações Aeronáuticas,
Charlie Jaguar

"(...) Que, havendo por verdade o que dizia,
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Re: Preparar as FA para um conflito no curto prazo
« Responder #52 em: Novembro 30, 2024, 08:42:18 am »
É uma lista do que precisa de ser feito, caso comece um conflito a sério num prazo de 2 anos, para não sermos apanhados com as calças na mão, e queiramos estar preparados para participar de uma forma relevante, e de uma forma que não penalize tremendamente a população e economia nacional (como acontecerá com o plano actual, de mobilizar carne para canhão).

É também o necessário para deixarmos de ser um peso morto dentro da aliança, e para termos uma capacidade dissuasora relevante.

O que eu sei, é que se a Rússia e seus aliados têm a inteligência de usar bases em países com eles alinhados no Norte e Centro de África, toda a nossa "Estratégia de Defesa Nacional" vai por água abaixo.

Não se pode destruir algo que não existe

"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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Re: Preparar as FA para um conflito no curto prazo
« Responder #53 em: Dezembro 02, 2024, 02:12:07 am »
O que eu sei, é que se a Rússia e seus aliados têm a inteligência de usar bases em países com eles alinhados no Norte e Centro de África, toda a nossa "Estratégia de Defesa Nacional" vai por água abaixo.

Nada temas! Na eventualidade desse cenário, lançaremos em ação os temíveis Super Tucano ao som da "Cavalgada das Valquírias", e em pouco tempo nada restará (dos A-29).

O que temo é que realmente haja malta em posições de tomada de decisão, que realmente acredita que é assim que terá que ser!

O que eu sei, é que há uns meros 4 anos atrás, falar em mísseis de cruzeiro, balísticos e capacidade de dissuasão na Europa, era tido como descabido. Passado tão pouco tempo, esta maneira de pensar mudou radicalmente, excepto por cá.

Daí dizer que é preciso elaborar um plano, com orçamento extraordinário, para capacitar as FA de forma a estarem minimamente preparadas para um conflito que pode começar num curto espaço de tempo.
Com base nesta necessidade, já dei exemplos do que poderia ser feito em tão pouco tempo (falta fazer para o EP).
 
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Re: Preparar as FA para um conflito no curto prazo
« Responder #54 em: Dezembro 02, 2024, 06:47:19 am »
O que eu sei, é que se a Rússia e seus aliados têm a inteligência de usar bases em países com eles alinhados no Norte e Centro de África, toda a nossa "Estratégia de Defesa Nacional" vai por água abaixo.

Nada temas! Na eventualidade desse cenário, lançaremos em ação os temíveis Super Tucano ao som da "Cavalgada das Valquírias", e em pouco tempo nada restará (dos A-29).

O que temo é que realmente haja malta em posições de tomada de decisão, que realmente acredita que é assim que terá que ser!

O que eu sei, é que há uns meros 4 anos atrás, falar em mísseis de cruzeiro, balísticos e capacidade de dissuasão na Europa, era tido como descabido. Passado tão pouco tempo, esta maneira de pensar mudou radicalmente, excepto por cá.

Daí dizer que é preciso elaborar um plano, com orçamento extraordinário, para capacitar as FA de forma a estarem minimamente preparadas para um conflito que pode começar num curto espaço de tempo.
Com base nesta necessidade, já dei exemplos do que poderia ser feito em tão pouco tempo (falta fazer para o EP).

Louvo o teu esforço mas dúvido que alguém a quem devia caber essa função queira saber.
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Re: Preparar as FA para um conflito no curto prazo
« Responder #55 em: Dezembro 04, 2024, 02:27:41 pm »
O que eu sei, é que se a Rússia e seus aliados têm a inteligência de usar bases em países com eles alinhados no Norte e Centro de África, toda a nossa "Estratégia de Defesa Nacional" vai por água abaixo.

Nada temas! Na eventualidade desse cenário, lançaremos em ação os temíveis Super Tucano ao som da "Cavalgada das Valquírias", e em pouco tempo nada restará (dos A-29).

O que temo é que realmente haja malta em posições de tomada de decisão, que realmente acredita que é assim que terá que ser!

O que eu sei, é que há uns meros 4 anos atrás, falar em mísseis de cruzeiro, balísticos e capacidade de dissuasão na Europa, era tido como descabido. Passado tão pouco tempo, esta maneira de pensar mudou radicalmente, excepto por cá.

Daí dizer que é preciso elaborar um plano, com orçamento extraordinário, para capacitar as FA de forma a estarem minimamente preparadas para um conflito que pode começar num curto espaço de tempo.
Com base nesta necessidade, já dei exemplos do que poderia ser feito em tão pouco tempo (falta fazer para o EP).

Infelizmente, as opções que você apresenta, ainda que fazendo sentido, são opções de médio e longo-prazo, que na situação patética em que se encontra (por sua própria culpa)  a Europa, não podem ser postas em prática em tempo útil.

Na Europa, praticamente tudo o que fabricava armamentos encerrou as portas e o que sobrou foram grandes conlgomerados industriais, que vivem com base não na produção em quantidade, mas sim no santo Graal da produção de topo de gama, caríssima, eficiente na aparência, mas que a realidade da guerra na Ucrânia mostra não ter sentido.

Ao ritmo a que as coisas se desenrolam, para numa guerra à nossa dimensão termos possibilidade de resistir, teriamos que ter capacidade para desenterrar os M60 e mesmo os M48, as Chaimite, todas as G3 e os jipes da UMM.
Desenterrar,  "des-derreter" e depois, pegar em todo o torneiro mecânico e mecânico de automóveis para tentar meter motores da década de 1960 a funcionar.

É neste momento o que os russos estão a fazer. A produção de tanques moderno está reduzida a um mínimo e o que neste momento conta é o que se pode por a andar.

No nosso caso ( e no da maioria dos países europeus ) essa possibilidade nem sequer existe, porque para defender a produção local, as empresas são criadas e depois de produzido o produto, fecham as portas e acabou.
No Reino Unido, fecharam a única fábrica que podia fabricar os tanques Challenger, depois de produzir o último e quando terminaram de produzir uma quantidade vista como suficiente de peças para reposição.

Por cá, podemos tentar fazer qualquer coisa para garantir um mínimo de operacionalidade no que concerne ao controlo ou pelo menos vigilância das rotas marítimas que passam mesmo nas nossas águas terrioriais e zona contigua (já para não falar da ZEE).

Não sei se existem docas, para tentar pelo menos tapar buracos e colocar navios em condições de se locomover, mesmo sem atingir a velocidade máxima.
Uma fragata Vasco da Gama, pode ser utilizada como NPO armado. Não importam os mísseis nem a peça de 100mm. Desde que os motores a Diesel funcionem o que importa é se pode lançar uns torpedos ou qualquer coisa com capacidade anti-submarina.

Politicos

As pessoas em Portugal como noutros países querem as suas comodidades e não querem saber de nada até o problema os afetar.
A frase "porquê morrer por Danzig" inundava as ruas da França, na sequencia da declaração de guerra contra a Alemanha hitleriana.
Muitos franceses achavam que não se deveria ter feito nada e que declarar guerra à Alemanha  fora um absurdo.

Hoje poucos têm dúvidas, de que depois de invadir a Polónia (e Hitler tinha dito que se ficava pela Checoslováquia no ano anterior) os alemães inevitavelmente atacariam a França. Ao declarar guerra, os franceses e os ingleses forçaram a Alemanha a entrar num conflito total, quando ainda não estava preparada.
A longo prazo, foi o fato de não terem desistido e não terem parado que levou a que os alemães tivessem perdido a guerra.

No nosso caso, na altura eramos um país neutro, mas a acreditar nos relatos e nos livros que já se escreveram sobre o assunto, a coisa era mais ou menos parecida.
O exército queria mais aviões, mas preferia biplanos, a marinha queria cruzadores e couraçados mas os almirantes não percebiam que o seu custo anual era equivalente a todo o orçamento do estado para a defesa durante dois ou três anos.

A realidade, é que a tropa preparada nas fronteiras perante a guerra civil de Espanha, eram algumas companhias reforçadas em pontos na fronteira e foi preciso virem os ingleses, para que os portugueses entendessem que era preciso fazer explodir pontes, porque era a forma mais eficaz de atrasar uma invasão hispano-germânica.

Não mudámos nada em quase cem anos.

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É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 
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« Responder #56 em: Dezembro 05, 2024, 08:10:35 pm »
Os meus 5 cent, se posso....

Há uma questão que me parece essencial: treino realista!
Que treino em ambiente noturno faz o nosso Exército ou Fuzileiros, tirando OE/DAE e pouco mais? Que meios de visão noturna em quantidade estão disponíveis? Fazem treinos sempre de dia mas quanto tempo durariam nesse cenário?

Artilharia: M109 A5 actualizar: ressuscitar, se possível, os A2 que parece que ainda estáo por Santa Margarida; aquisição de novos meio, incluindo HIMARS ou PLUS. CAESAR asap; stock de munições que não seja risível. (nem falo em sistemas AA, já tudo foi dito e repetido)
Engenharia de Combate: tal como está, é boa para abrir estradóes corta-incèndios e pouco mais. Faltam lança-pontes, veiculos lança-minas, de desminagem, de abertura de trincheiras, de travessia de rios, enfim, quase tudo.
Como está o projecto das loitering munitions?

Actualização dos Leopard e aquisição de Bradleys. M-113 para tarefas de segundo plano. Camióes!!! (os 60 que ainda nem chegaram não chegam para nada) de transporte geraal, de combustivel, água, oficinas auto, etc.

E uma questáo final: logística! que como sabemos no Exército deixa muito a desejar....
« Última modificação: Dezembro 05, 2024, 08:15:00 pm por sivispacem »
Cumprimentos,
 
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Re: Preparar as FA para um conflito no curto prazo
« Responder #57 em: Dezembro 05, 2024, 08:54:49 pm »
Os meus 5 cent, se posso....

Há uma questão que me parece essencial: treino realista!
Que treino em ambiente noturno faz o nosso Exército ou Fuzileiros, tirando OE/DAE e pouco mais? Que meios de visão noturna em quantidade estão disponíveis? Fazem treinos sempre de dia mas quanto tempo durariam nesse cenário?
PVS-5B/C ( :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:) para as CAt e algumas unidades de reconhecimento
PVS-14 para algumas unidades de reconhecimento, Comandos, Paras ,Fuzileiros (?) e DAE ( :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:)
PVS-21 para Rangers e talvez DAE(?)
PVS-31 (ou similar) para Ranger, DAE e uma unidade de mergulhadores que me falta o nome
 

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sivispacem

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Re: Preparar as FA para um conflito no curto prazo
« Responder #58 em: Dezembro 05, 2024, 09:11:24 pm »
Os meus 5 cent, se posso....

Há uma questão que me parece essencial: treino realista!
Que treino em ambiente noturno faz o nosso Exército ou Fuzileiros, tirando OE/DAE e pouco mais? Que meios de visão noturna em quantidade estão disponíveis? Fazem treinos sempre de dia mas quanto tempo durariam nesse cenário?
PVS-5B/C ( :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:) para as CAt e algumas unidades de reconhecimento
PVS-14 para algumas unidades de reconhecimento, Comandos, Paras ,Fuzileiros (?) e DAE ( :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:)
PVS-21 para Rangers e talvez DAE(?)
PVS-31 (ou similar) para Ranger, DAE e uma unidade de mergulhadores que me falta o nome

Os 2 primeiros já deviam ter sido reformados há muito. E mesmo assim desconfio muito se existirão nas quantidades necessárias ou se é apenas o chefe de pelotáo ou de equipa que os tem  :mrgreen: :mrgreen:
E hoje em dia a manobra é toda feita de noite. Forças convencionais incluídas....
Cumprimentos,
 

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Drecas

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Re: Preparar as FA para um conflito no curto prazo
« Responder #59 em: Dezembro 05, 2024, 09:44:10 pm »
Não há suficientes logicamente, mesmo nas raras imagens de Comandos/Paras a treinar com eles, é quase sempre só 1 ou 2 com PVS-14.... ::)

É preciso aqui um grande investimento, tal como na capacidade de miras térmicas, que é das coisas mais espetaculares que se pode ter  :mrgreen:

O Exército atual acho que não tem mesmo noção de como está atrás na capacidade combater de noite

Pode-se sempre treinar com as luzes acesas :mrgreen:
 
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