Acordo Defesa com EUA

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LM

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Acordo Defesa com EUA
« em: Junho 08, 2007, 04:06:17 pm »
Ao ler a notícia de hoje da TSF sobre a emboscada no Afeganistão e que termina
Citar
missão portuguesa naquele país será, esta sexta-feira em Washington, debatida entre o ministro da Defesa, Nuno Severiano Teixeira, e o secretário da Defesa norte-americano, Robert Gates.
(http://www.tsf.pt/online/portugal/interior.asp?id_artigo=TSF181105) lembrei-me de uma duvida que tenho (e quem não sabe pergunta):

Para além do acordo comum aos países NATO, qual (se existe) o(s) acordo(s) que temos com os EUA? As Lages e algo mais? Têm os EUA alguma "grelha" de classificações para as relações de defesa com terceiros países? Temos "direito" a algum apoio anual para o nosso sistema de defesa?
Quidquid latine dictum sit, altum videtur
 

(sem assunto)
« Responder #1 em: Junho 08, 2007, 11:34:28 pm »
Caro amigo:

Naturalmente que a resposta teria outra profundidade caso eu fosse ler alguma coisa sobre o assunto. No entanto, aqui vai a ideia geral simplificada:

- Portugal assumiu compromissos internacionais de Defesa. e não foi só com a NATO. Também foi com a EUROFOR, com comando em Florença, por exemplo. Ao abrigo desses compromissos, deve efectuar contribuições, que podem incluir contingentes para operações no estrangeiro, nomeadamente, quando se trata de forças constituidas para Operações e Apoio à Paz, destinadas a actuar em Teatros "Non-Article 5", ou seja, que não são de guerra.

- Acordos no âmbito da Defesa com outros estados, de forma independente dos compromissos internacionais referidos no parágrafo anterior também são comuns. Normalmente esses acordos dizem respeito a equipamento ou cooperação técnico-militar.

Para responder à sua questão, na medida do que é meu conhecimento (como disse, não fui ler nada sobre o assunto), não são os EUA que possuem uma "grelha" de classificações, mas o sistema é muito parecido quando se trata de participações em missões internacionais. O peso e significado de um contingente português num teatro tem implicações em dividendos, nomeadamente caso Portugal fique sujeito a uma ameaça. E essa ameaça pode não se tratar de uma ameaça convencional (pode ser terrorismo, por exemplo).

O que pode também acontecer é o "intermédio" entre as duas situações anteriormente descritas. É que Portugal está a tomar parte na ISAF, no Afeganistão e as Forças Armadas dos EUA estão tão "esticadas" que agradecem qualquer comparticipação estrangeira que lhes alivie um pouco a carga. Falando de cor, parece-me lógico que a conversa entre o Ministro da Defesa Português e o Secretário de Defesa Americano tenha como teor qualquer coisa do género: "vocês precisam de nós, no sector para onde mudámos as coisas estão um bocadinho mais quentes, digam lá o que é que nos podem oferecer em troca da nossa manutenção na área...". Portanto, neste caso, tratar-se-ia de um misto das duas situações: por um lado, estamos a participar numa missão internacional, o que nos dá dividendos internacionais. Por outro lado, podemos fazer um pequeno acordo paralelo com uma das forças presentes no Teatro na medida em que estamos em posição de o poder fazer: o nosso Batalhão, por pequeno que seja, faz jeito aos americanos. É menos um que têm de lá colocar. Ou pelo menos, se não colocassem lá nenhum, não têm que se esticar tanto no terreno e, portanto, não ficar mais vulneráveis.
 

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typhonman

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« Responder #2 em: Junho 09, 2007, 12:07:08 am »
Resposta 5 estrelas, o que acham que poderiamos negociar com eles?
 

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Duarte

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« Responder #3 em: Junho 09, 2007, 12:31:23 am »
Neste momento não haverá muito que os Americanos têm disponível que nos interesse...

O que dava jeito eram munições guiadas intelligentes para a FAP, AMRAAM, e Patriot? Mais uma dúzia de M-901 ITV Tow?
слава Україна!

“Putin’s failing Ukraine invasion proves Russia is no superpower"

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typhonman

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« Responder #4 em: Junho 09, 2007, 01:42:56 am »
Podem nos ceder JDAM,JSOW, Sistemas CI2 e CI3,Humvees,misseis Javelin,PatriotPAC2, Não falta material, haja é vontade.
 

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Duarte

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« Responder #5 em: Junho 09, 2007, 01:45:26 am »
Citação de: "Typhonman"
Podem nos ceder JDAM,JSOW, Sistemas CI2 e CI3,Humvees,misseis Javelin,PatriotPAC2, Não falta material, haja é vontade.


O problema é que eles só nos querem dar material velho, que não nos interessa, novo nem pensar. Se algum governo consiga obter material novo sob a acordo das Lajes, ficarei mesmo impressionado.
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typhonman

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« Responder #6 em: Junho 09, 2007, 01:56:15 am »
Penso que em 2002 nos queriam dar 15 milhões de dólares em equipamento, mas ao que soube era tudo SUCATA.
 

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Duarte

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« Responder #7 em: Junho 09, 2007, 02:33:20 am »
Citação de: "Typhonman"
Penso que em 2002 nos queriam dar 15 milhões de dólares em equipamento, mas ao que soube era tudo SUCATA.


Pois, querem-nos enfiar sucata.. e nós, em contrapartida, devíamos obrigá-los a usar um pista de terra batida nas Lajes. Não sei para que aturamos "aliados" come eles..
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« Responder #8 em: Junho 09, 2007, 03:42:06 am »
O que mais nos convém talvez sejam "consumíveis", como munições por exemplo, para além de apoio noutras áreas igualmente importantes mas que não têm a visibilidade suficiente para ser notícia ou aparecer nos foruns (como manutenção, stocks, logística, etc). Muito importante também é a área da formação. Alguém sabe se pagamos alguma coisa para termos pilotos a ser formados nos EUA?

Não nos podemos esquecer que nós não temos capacidade ($$) para receber muitas das coisas que desejávamos e que até estão disponíveis em bom estado.

Imaginem que eles nos queriam oferecer F-16 (quando temos os nossos encaixotados) ou P-3 (quando os temos quase parados na BA6), e por aí fora... :wink:


Cumptos
A realidade não alimenta fóruns....
 

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LM

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« Responder #9 em: Junho 09, 2007, 12:27:30 pm »
Obrigado pelas respostas  :wink:

Segundo entendi o nosso governo nos seus planos não pode contar com nenhum apoio material / formação que seja certo, devido a um contrato e/ou apoio programado dos EUA (do tipo que dão a Israel, em uma escala incomparavelmente menor).

Isso quer dizer que as Lages não dão "direito" a esse tipo de apoio e a unica possibilidade é uma decisão pontual de uma Administração dos EUA?
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superbuzzmetal

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« Responder #10 em: Junho 09, 2007, 08:10:52 pm »
Ouvi aqui à tempos na rádio que as futuras contratações de pessoal para a base das lajes vão passar a ser proibidas para os portugueses passando só os americanos e restantes cidadaos dos paises da nato a poderem concorrer.
Alguém me podia confirmar isso ?
Peace through superior firepower.
 

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Get_It

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« Responder #11 em: Junho 09, 2007, 09:17:05 pm »
Citação de: "superbuzzmetal"
Ouvi aqui à tempos na rádio que as futuras contratações de pessoal para a base das lajes vão passar a ser proibidas para os portugueses passando só os americanos e restantes cidadaos dos paises da nato a poderem concorrer.
Alguém me podia confirmar isso ?

Confirma-se, ver este tópico: http://www.forumdefesa.com/forum/viewtopic.php?p=78107#78107.

Cumprimentos,
:snip: :snip: :Tanque:
 

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typhonman

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« Responder #12 em: Junho 09, 2007, 11:37:00 pm »
É começar a por camiões no meio da pista, depois que aterrem no mar, mas a culpa é dos nossos politicos.
 

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Nuno Bento

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« Responder #13 em: Junho 11, 2007, 12:22:13 am »
Essa noticia é no minimo escandalosa.

Presumo que estejam a falar em contratações para a parte american da Base, mas mesmo assim ser permitido pessoal de outros paises e não portugueses numa Base em Territorio Portugues para a qual nem aluguer pagam. É correr com eles de lá.

 :G-boxing:
 

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Jorge Pereira

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« Responder #14 em: Junho 11, 2007, 02:27:23 am »
Estas questões têm que ser tratadas com a máxima prudência e seriedade.

Já ouvi várias versões sobre a notícia em causa.

A presença americana nas Lajes é importantíssima para os EUA, mas também o é para Portugal.

Não vou entrar em "pormenores" geoestratégicos sobre as vantagens para Portugal de a maior super-potência do planeta ter uma importante base em território nacional.

Nem em “pormenores” económicos como que a base é o maior empregador da ilha terceira.

Mas o que não posso deixar de dizer é que nós temos aquilo que negociamos (mal) e não temos mais porque não queremos. O problema e o erro continua a ser nosso, não é dos norte-americanos.

Deixo aqui um excerto do tratado em vigor:

Citar
O primeiro acordo com os EUA para a utilização da base das Lajes foi firmado há precisamente 50 anos, no dia 6 de Setembro de 1951. Em 1995, entraram em vigor o Acordo de Cooperação e Defesa entre Portugal e os EUA, o Acordo Técnico e o Acordo Laboral que regulam a utilização das Lajes e revogam todos os acordos bilaterais existentes até à data.

Os norte-americanos não pagam renda pela utilização das instalações, mas há uma série de regras que têm que respeitar. Os EUA comprometem-se, por exemplo, a cooperar no reforço do desenvolvimento económico e social da Região Autónoma dos Açores, na modernização da indústria e investigação na área da defesa, a não substituir trabalhadores portugueses por pessoal norte-americano, a não ser nos casos em que não haja candidatos qualificados para o posto de trabalho, e a não nomear para comandante das Forças dos Estados Unidos nos Açores um oficial com patente militar superior à do comandante português da base área nº 4 (Lajes). O número máximo de pessoal norte-americano estacionado e rotativo, em tempo de paz, é de 6500 pessoas.

Quanto ao armazenamento de munições e explosivos, é que não há limites de quantidades. As únicas obrigações são as das regras de segurança e de comunicação do tipo e de quantidade dos materiais ao comandante da base área.

Se os EUA decidirem abandonar a base das Lajes, podem remover qualquer material móvel (equipamento, maquinaria, abastecimentos, estruturas temporárias) que lhes pertença. No entanto, Portugal terá que pagar aos norte-americanos o equipamento que considere essencial manter para o funcionamento da base aérea das Lajes.


Queremos mais? Negociemos! Nestes tempos de crises efervescentes no Médio Oriente não deveremos ter problemas da parte deles.
Um dos primeiros erros do mundo moderno é presumir, profunda e tacitamente, que as coisas passadas se tornaram impossíveis.

Gilbert Chesterton, in 'O Que Há de Errado com o Mundo'






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