Essa história dos planos de invadir Portugal,é mais velho que andar para a frente.Isso é mais que comprovado,felizmente na altura e por muito que custe a certos foristas éramos muito melhor governados e nunca nada nos aconteceu.
Efectivamente, os planos espanhóis são mais velhos que andar para a frante.
No entanto, quando procuramos tópicos mais antigos neste mesmo fórum, ainda se encontravam espannhóis há dois ou três anos atrás que dizia que isso era mentira.
Quanto ao governo da altura, não compartilho da mesma opinião. Não ponho em causa que o governo do Salazar provavelmente foi o melhor que poderia ter sido, considerando a trapalhada da I república e a confusão em que o país estava.
Já no que respeita à questão militar, a coisa era dramática.
Para dar um exemplo:
Portugal tinha na prática três divisões de infantaria e apenas uma dessas divisões estava minimamente armada.
Quando da invasão da Bélgica, da França e da Holanda, só o exército Belga tinha 18 (dezoito) divisões e mesmo assim foi rapidamente empurrado para o mar.
É evidente que em Portugal, a geografia e a orografia além das péssimas estradas atrasariam qualquer inimigo, mas curiosamente os generais também achavam que o país necessitava de 12 a 18 divisões para se poder defender.
O plano de reequipamento naval não prosseguiu como esperado e acabou sendo apenas parcialmente cumprido e em contra-partida o reequipamento do exército começou tarde e a más horas.
Em 1940 Portugal não tinha um único tanque e pior que isso não tinha canhões anti-tanque para a infantaria. Havia munições apenas para dois ou três dias de combate e depois tínhamos que utilizar pedras.
A única arma que na altura se podia considerar minimamente moderna era uma que hoje é a que está em pior estado.
Tratava-se da artilharia antiaérea, pois Lisboa e Porto estavam relativamente bem protegidas.
A artilharia de costa existia e até tinha peças em posições estratégicas importantes, mas não tinha munições para mais que uma dúzia de disparos por peça.
Na força aérea estávamos restritos a uma esquadra de 15 Gloster Gladiator.
Se os espanhóis nos invadissem, os militares consideravam que seria possível atrasa-los por algum tempo até que o governo fugisse para os Açores.
Se o ataque fosse feito pelos alemães, depois do Blitzkrieg que mostrou a capacidade das suas forças paraquedistas[1], considerava-se que provavelmente nem o governo poderia ser evacuado.
Portanto, o problema para Hitler era o de evitar criar mais uma frente em território europeu.
Uma invasão de Portugal e a passagem de tropas alemãs pela Espanha, um país que havia um ano tinha acabado uma guerra civil devastadora, mas onde poderia haver resistência, era uma ideia de que Hitler não gostava.
Depois, Hitler era um estudioso de Napoleão.
Quando foi a Paris na sua única visita ao exterior, visitou o tumuo de Napoleão e sabe-se que conhecia perfeitamente as memórias de Napoleão.
Quem tiver estudado as memórias de Napoleão, entende que não foi na Rússia que ele perdeu a guerra. Foi na peninsula ibérica.
O mais provável é que Hitler quisesse evitar o que se poderia tornar um vespeiro, onde ele teria que investir demasiadas forças, o que ele não queria fazer pois já planeava a acção contra a URSS.
Logo, a não participação de Portugal na guerra tem muito pouco a ver com a gestão de Salazar depois do fim da guerra em Espanha.
O que Salazar fez, foi apoiar Franco, porque achava (e bem) que só assim poderia manter os alemães fora da península e evitar que Portugal se envolvesse na guerra.
[1] Na verdade este medo seria em principio exagerado, pois os alemães efectuaram lançamentos de paraquedistas em áreas praticamente sem defesa antiaérea. Como a antiaérea era a melhor coisita que tínhamos, provavelmente os alemães não tentariam nada disso, até que percebessem que se nos tinham acabado as munições.
Cumnprimentos