Bom...
Eu diria que neste momento há poucas dúvidas sobre como será a substituição das Vasco da Gama.
Serão substituidas na sua função anti-submarina por navios modificados da classe Viana do Castelo, que vão possuir sonar e torpedos e desempenhar ao mesmo tempo a missão de patrulha.
Aliás, um navio com capacidade anti-submarina, é também um navio de patrulha...
Considerando as realidades conhecidas de todos, pessoalmente estou em crer que as outras duas fragatas serão as únicas cuja substituição poderá vir a ser considerada.
Esses dois navios serão mais caros e terão alguma capacidade de defesa aérea e mesmo assim, será preciso investir muito dinheiro neles.
A ameaça submarina nos dias de hoje já não é a mesma que existia na guerra fria. Grande parte da ajuda americana à Europa pode ser transportada por via aérea e os americanos podem deixar meios na Europa, e depois só precisam de transportar os militares de avião...
Assim, a principal utilidade da marinha portuguesa, que para os americanos era ajudar a caçar submarinos russos ... deixou de existir.
Duas fragatas com capacidade AA
Quatro corvetas (patrulhas) com capacidade ASW
Um navio logístico
Dois submarinos
E teremos muita sorte se houver políticos que consigam atingir pelo menos este patamar...
Apesar de ser muito provavelmente isso que os políticos pensam, é uma ideia estrategicamente inconcebível.
Ficar reduzidos a 2 fragatas, significa que estaríamos limitados a 1 na maior parte do tempo. 1 única fragata que teria que se desdobrar entre missões de defesa territorial possivelmente em 3 regiões distintas (continente, Açores e Madeira), e ainda tudo o que seja missão NATO ou UE, etc.
Já os NPOs ASW, torná-los no nosso principal navio ASW seria um erro. No máximo são navios complementares, permitindo cobrir uma maior área do que seria possível se só houvesse as fragatas para essa função.
Depois, mesmo fazendo uma comparação directa com as VdG, chegamos à conclusão que os ditos NPO ASW (assumindo que receberiam sonar e torpedos), teriam muita coisa em falta, tais como:
-CIWS
-radares militares
-mísseis AA
-mísseis anti-navio
-hangar para helicóptero
-ECM e ESM
E provavelmente há mais. Isto são coisas que a Marinha perdia ao substituir as VdG por NPOs ASW. Um navio ASW sem capacidade AA e CIWS, nunca vai sobreviver uma operação de caça ao submarino, já que cada vez mais submarinos usam mísseis anti-navio.
Na minha opinião, faz sentido o investimento em sonares contentorizados para os NPOs, sim, mas para servirem de navios complementares às fragatas. Depois disso, existem outras prioridades, para os próprios NPOs, que justificam investimento, como são:
-sensores modernos (radar e EO), incluindo radar militar, de preferência com capacidade provada para detectar drones
-implementar mísseis Mistral nas Marlin WS (ou acrescentar lançadores dedicados), reforçando um pouco a capacidade anti-drone
-acrescentar 2 RWS .50, que permitam cobrir o ângulo morto da Marlin
-reforço da capacidade de operar UAV, UUV e USV
Quanto à ameaça submarina, ela aumentou. A Rússia perdeu dois importantes navios de superfície, sobretudo o Moskva, e desde aí, limitam-se a usar submarinos para lançamento de mísseis de cruzeiro no Mar Negro. Numa guerra à larga escala, sabem bem que os navios de superfície não vão aguentar muito tempo, quando a NATO terá desde logo superioridade aérea pelo menos no Atlântico e Mediterrâneo. E os submarinos são dos poucos meios que podem pôr em causa esta superioridade, seja para afundar um PA, seja para atacar bases aéreas com recurso a mísseis de cruzeiro.
E atenção, não se pode descurar nenhuma das vertentes da guerra. É ASW, ASuW, AAW e ataque a alvos em terra, guerra de minas... da maneira que se estão a pôr as coisas, todas as ameaças são credíveis.
Devíamos apontar para 4 fragatas como mínimo, sendo que ficávamos com uma Marinha muito interessante com 4 fragatas + 4 submarinos. E que essas fragatas sejam as melhores que nos seja possível comprar, nada de fragatas de 3ª linha para fingir que se tem.