Depois de ver o discurso e ler a entrevista, tenho que dizer que me parece que existe uma visão para a Marinha, com a qual se pode concordar ou discordar, mas que está lá e parece que os meios para a implementar estão disponíveis.
A nível estratégico, parece-me haver duas grandes preocupações, a patrulha efetiva do nosso mar e o reconhecimento tácito que nunca nenhum governo vai disponibilizar as verbas necessárias para termos uma Marinha de elevado potencial combatente a todos os níveis. Assim sendo, parece-me claro que se está a optar fortemente na robotização, como seria de esperar e é louvável, e por uma mistura Hi-Mid-Lo. A componente Hi, que consiste nos meios disponíveis para a NATO é assegurada pelas BD (eu sei, eu sei, as BD não deveriam ser consideradas Hi, but humor me…) e pelos dois SSK atuais. A componente Mid será constituída pelas duas VdG ASW e os dois SSK novos mais pequenos e assegurará capacidade ASW no triângulo estratégico e eventualmente poderá contribuir para a NATO em tempos de paz ou em zonas de menor ameaça aérea. Finalmente a capacidade Lo, será constituída pela terceira VdG e pelos NPO3S e será essencialmente uma força de patrulha que poderá ajudar em ASW costeiro em tempos de guerra. Como disse, podemos discordar, e eu gostaria de ter uma componente Hi mais forte e moderna, mas é o que vai haver nos próximos 10-15 anos, aparentemente. O ponto a reter, no entanto, é que existe uma visão que está a ser implementada e isso é de louvar.
Algumas observações adicionais, mais específicas:
1. Parece que o programa de substituição das fragatas vai começar lá para 2027. Gostaria que fosse já em 2024, com as primeiras a entrar ao serviço no início da década de 30, ao invés de 2035, mas enfim…
2. Gosto do conceito do NFC e, se conseguirem fazê-los pelos tais 6 milhões, acho que vão mesmo conseguir exportar alguns. Aqui um pequeno aparte, o pessoal queixa-se que os NPO são de conceito antiquado, mas depois quando vem algo novo como a Bimby ou os NPC trimaran começa logo a dizer que já estão a inventar. Epá, decidam-se…
3. Gosto do conceito dos dois reabastecedores mais pequenos, para garantir que está sempre um operacional e, se de facto, conseguirem fazê-los por 50 milhões cada (como o CEMA afirma e até diz que há dois estaleiros que o fazem), é um excelente negócio. Oxalá se cumpra.
4. Adoro a ideia de mais dois SSK, mas vamos ver o que sai daqui, onde os vão buscar, e quão mais pequenos que os atuais serão…
Pronto, podem começar a bater, e a dizer mal da minha mãe, do Picas, da igualdade de género, dos PALOP, etc., etc. Por uma vez gostava que se conseguisse ter uma discussão técnica e sem trazer à baila as paixões e ódios individuais, mas enfim…