Está a haver aqui uma confusão. Dizer que o projeto é dos anos 90 e tem raízes nos anos 70 não é dizer que o projeto é uma merda, ou que os navios vão sair uma merda, ou que o aço é mau ou seja o que for. É dizer que o projeto e, mais importante, as ideias que condicionaram esse projeto, já são velhinhas, e portanto há que pensar se ainda fazem sentido. Nos anos 70 ainda não havia a Convenção das Nações Unidas do Direito do Mar, que veio criar as ZEEs e as plataformas continentais estendidas. Já se adivinhava que aí vinham, e correctamente já se pensava em como as patrulhar (inclusive contra os comeno-cominu-comunistaz-z-z). Mas chegados a 2023 com apenas 4 desses patrulhas desenhados para responder às necessidades de há 50 anos, se calhar podemos aprender alguma coisa com décadas de patrulha de ZEEs, cá e no resto do mundo. Podemos também pensar nos elementos que não existiam há 50 anos, seja a disponibilidade +/- universal de imagens de satélite, seja os AIS, sejam os drones ou helis mais capazes. Ou pensar na falta de efetivos para tripular os navios. Ou pensar que há 50 anos não tínhamos de estar a pensar em meter patrulhas a fazer de fragatas.
Isto não é o tradicional queixume do FD de que está tudo mal e são todos incompetentes. É só notar que toda a razão de ser deste projeto já tem barbas (não é insulto, eu também tenho) e estamos a avançar para construir 6 de 10 desta classe sem parar para pensar a sério no que se quer. Aliás, e infelizmente, o que vejo é que o pensamento foi direcionado em insistir mais no que já correu mal até agora: insistir em transformar os NPO no que não são, e fantasiar sobre exportações do projeto (entrevista de hoje do CEMA). Tudo filmes que já vimos antes.
Tenho a certeza de que esta 3ª série, a ser construida, será composta de navios melhores do que os das séries anteriores, tudo bem. Não está em questão. O que gostava de ver questionado é se efetivamente é disto que a Marinha e Portugal precisam. Eu, que comecei a vir a este forum há quase 20 anos precisamente para ler mais sobre este projeto, que então me entusiasmava, estou cada vez menos convencido disso. E para que fique muito claro, não é por falta de armamento colocado a bordo.
Precisamente
Quando digo que são "curtos", não é no comprimento. Nem é se o casco não serve. Mas os "arranjos" acima do casco. A disposição, o design, que permite outra obordagem de uso tendo em conta tempos actuais e futuros.
O que vemos é um navio, sem dúvida elegante e sem dúvida constata-se que aguenta mar. Mas outras vezes se falou da disposição.
Também se falou a capacidade de lidar com guerra de minas. Quanto armamento nunca vi conversa substancial e exigir muito. No máximo e de forma mais equilibrada, falou-se de ter 40 mm em vez de 30mm, mas nem é por ai. Tomara que tivessem os 30mm e os EO, que até nisso alguns disseram não precisar. Falou-se do SIMBAD. mas até isso é irrelevante na construção, porque pode ser colocado se mais tarde se achar conveniente.
Também não vi escrito que era uma merda. Mas sem dúvida e como aqui é dito é um projecto que foi pensado de uma forma e agora se quer atamancar.
Outros já disseram se não seria preferível anos atrás ter parado pelos 4 e seguir outro caminho. Isso é apenas constatar as limitações e seguir noutra direção pensando que vão ser navios em uso até à década de 60.
Da minha parte peço desculpa ao NPO se ficou diminuído ou ao projetistas que fizeram um bom desenho no tempo deles.
Todos nós vemos vários projectos de OVP que vão saindo. Empresas como Damen e outras, conceituadas.
Falam do sonar rebocável e o que se vê é um contentor com uma pequena grua ali apertados na ré e, como já alguém disse e eu pelo desenho percebo o mesmo, mais indicado para lançar ROV. Veja-se o espaço e disposição para poder ter um desse modelos sonar rebocáveis.
Também no passado se abordou a questão de aumentar o deck, até desenhos apareceram. O que me leva a perguntar porque razão até hoje ainda não foi certificado o existente. Tem limitações que foram observadas? Acontece, mas se for o caso não vale a pena alterar isso?
Guerra assimétrica/drones. Que capacidade? Vemos o que está a acontecer nas noticias com navios atacados, civis e militares.
Já houve até hoje alguma preocupação séria com missões ditas de combate a pirataria com navios com um par de .50? Aliás, na última missão acrescentaram mais um par de 7,62mm.
Desculpem lá mas as missões lá a sul é mais para protocolos(Isto na intenção politica). Porque até sabemos como funciona as relações por ali, em particular com Angola, onde a Marinha está à décadas e existe uma corrupção politica bilateral minimamente conhecida por quem está dentro.
Mas claro os NPO até é um não assunto. A partida, já que se vai continuar com a 3ª série. Mas não se pode deixar de abordar estes aspectos. Nem que seja para daqui a 10/15 anos algum que cá ainda andar, verificar isto que agora se diz.
A mim isto tudo acerca dos NPO parecem anúncios para ganhos políticos e satisfazer alguns que preferem FA civis. E foi feito para durar, com muita conversa.
Os NPO não são efectivamente para ser navios "de guerra". Mas satisfazem bem a ideia de Proteção civil das FA, pondo de parte a vertente combatente. É ai que ganham valor politico. Dai que se concentre tanta energia, a Falar nisso, tal como a Bimby, isto sem animosidade para a Bimby que é um navio cientifico.
Ficando por fazer um MLU triste nas VdG , depois do outro fraquinho nas BD e, agora uma anuncio vago sem querer relevância de efetividade para 2 submarinos daqui a 6 anos a contar que alguém venda em 2ª mão.
Vale a ideia dos dois navios logísticos se forem tudo aquilo que se fala. Mas com os NPOs para fazer e outras encomendas os Estaleiros irão fazer isso quando?
Resumindo é isto a Marinha actual e futura que se vislumbra