Sector Bancário

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Re: Sector Bancário
« Responder #15 em: Fevereiro 28, 2022, 01:20:12 pm »
Parece que o Banco Central Russo não consegue segurar a sua própria moeda ou sequer de apoiar os seus bancos.
As sanções estão a atacar muito forte o mundo financeiro Russo:

Russia hikes rates, introduces capital controls to defend against sanctions
https://www.reuters.com/markets/europe/russian-central-bank-scrambles-contain-fallout-sanctions-2022-02-28/

The West’s Plan to Isolate Putin: Undermine the Ruble

Measures announced over the weekend aimed at restricting the Russian central bank’s ability to support the ruble appear to be having an immediate impact.

https://www.nytimes.com/2022/02/28/business/russia-sanctions-central-bank-ruble.html

A decisão do louco, está a afectar imediatamente todos os Russos e em força!!!!!!!!!
 

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Viajante

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Re: Sector Bancário
« Responder #16 em: Outubro 05, 2022, 11:25:13 am »
O que se passa no Credit Suisse? Três gráficos que explicam o caos no banco suíço

Banco tenta passar mensagem de tranquilidade, mas não convence investidores. Ações afundam, risco dispara, enquanto tenta dar a volta aos prejuízos. Três gráficos explicam pressão no Credit Suisse.



O  que se passa com o Credit Suisse, o banco que tinha António Horta Osório como chairman até janeiro deste ano? Após sucessivos escândalos, o banco suíço volta a estar sob enorme pressão dos mercados. As ações estão em queda livre e o custo para se proteger de uma falência do banco disparou para valores recorde, deixando junto dos investidores uma forte sensação de repetição dos acontecimentos que levaram à estrondosa falência do Lehman Brothers, em 2008. Déjà-vu?

O Credit Suisse foi uma das “tendências” nas redes sociais no fim de semana, que debatiam se um dos maiores bancos do mundo estaria às portas do colapso, num autêntico “momento Lehman”.

Para dar suporte a essa ideia catastrófica, partilhava-se um gráfico com a evolução dos credit default swaps (CDS) a 5 anos do Credit Suisse, que atingiam valores acima dos que registou na crise de 2008.



Os CDS são um produto financeiro que funciona como contrato de seguro que protege o investidor contra o incumprimento do emitente.

Esta segunda-feira, os CDS voltaram a disparar 100 pontos base para níveis máximos de duas décadas, mesmo depois de altos responsáveis do banco se terem multiplicado em reuniões com grandes clientes, contrapartes e investidores para asseguraram que dispõe de uma forte posição de capital e de liquidez. Investidores citados pelo Financial Times admitem excessos nos movimentos e alguma especulação como aconteceu com o Deutsche Bank em 2016.

Apesar destas garantias, num esforço de credibilidade para sacudir a pressão, a desconfiança dos investidores também varreu o valor da ação esta segunda-feira: caiu para o mínimo histórico de 3,518 francos suíços. Desde o início do ano que perde 57% do seu valor. O Credit Suisse vale hoje menos de 10 mil milhões de francos suíços.

Ainda que os problemas não sejam novos, a instituição continua à mercê da dúvida dos investidores em relação ao seu futuro e também os reguladores suíço e britânico apertam a monitorização.

O novo CEO Ulrich Körner e o presidente Axel Lehmann (que sucedeu a António Horta Osório ainda este ano) prometeram um plano de reestruturação do grupo quando anunciarem os resultados do terceiro trimestre em 27 de outubro. Esse encontro está a ser aguardado com muita expectativa. Körner disse que o banco vive num “momento crítico”.

Em cima da mesa está a transformação do banco de investimento num negócio bancário que seja de capital leve e focado no advisory e ainda cortes até 1,5 mil milhões de francos suíços nos custos, o que deverá incluir milhares de perdas de empregos.

Com este ajustamento, Körner e Lehmann pretendem resolver um passado marcado pelos escândalos com o colapso do Archego (custou 5,5 mil milhões de dólares) e a falência da Greensill, que abriu uma frente de batalha legal que o banco vai ter de enfrentar nos próximos cinco anos.

Por conta destes casos, o banco soma prejuízos de cerca de quatro mil milhões de francos suíços nos últimos três trimestres, uma tendência negativa que procura inverter com um agressivo plano de reestruturação.

Os investidores questionam-se sobre quanto dinheiro é que o banco vai precisar de levantar para financiar todos os custos desta profunda limpeza, apontaram os analistas da Jefferies.

O RBC Capital Markets estima que possa necessitar entre quatro e seis mil milhões de francos suíços para financiar o plano e também reforçar a sua almofada contra incertezas futuras. Em agosto, os analistas do Deusche Bank estimaram uma insuficiência de capital de pelo menos quatro mil milhões de francos suíços.

Para já, a maior preocupação dos responsáveis do Credit Suisse passa por desfazer dúvidas sobre a sua posição de capital e de liquidez que os analistas do JPMorgan asseguram ser “saudável”, com um rácio common equity tier 1 — um indicador da sua força financeira — de 13,5% e um rácio de cobertura de liquidez de 191%.

O Citigroup sublinha que o rácio de capital do Credit Suisse era elevado em comparação com os pares, tendo implícito um excesso de capital de 2,5 mil milhões de francos suíços acima do rácio de 12,5%, nível para o qual espera que venha a cair se o banco suíço vender o seu negócio de produtos titularizados, como já sinalizou. Ainda assim, também dizia que comprar ações do banco neste momento “é para os mais corajosos”.

https://eco.sapo.pt/2022/10/04/o-que-se-passa-no-credit-suisse-3-graficos-que-explicam-o-caos-no-banco-suico/
 

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Re: Sector Bancário
« Responder #17 em: Outubro 05, 2022, 11:27:37 am »
E se alguém fundos, principalmente ligados à Allianz e questiona-se porque está a perder tanto dinheiro.........

Gestora de fundos da Allianz assume culpa e paga seis mil milhões de dólares à SEC e Governo dos EUA

https://jornaleconomico.pt/noticias/gestora-de-fundos-da-allianz-assume-culpa-e-paga-seis-mil-milhoes-de-dolares-a-sec-e-governo-dos-eua-894046
 

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Lusitano89

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Re: Sector Bancário
« Responder #18 em: Março 15, 2023, 01:50:19 pm »
Banco HSBC compra Silicon Valley Bank por 1 libra


 

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Re: Sector Bancário
« Responder #19 em: Março 15, 2023, 02:10:54 pm »
Os americanos são uns meninos!? Então mas não foram acorrer e injectarem dinheiro dos contribuintes no cadáver?

São uns pelintras estes americanos. Que vejam como fizemos com todos os bancos que faliram, fomos a correr pagar a quem o banco devia...... supostamente para a dívida soberana não ser atingida........ bem, nenhum dos objectivos foi cumprido, porque nem os bancos se salvaram como a própria dívida soberana teve de ser intervencionada  :mrgreen:

Ó Medina e Centeno, estão a ouvir? O governo lá do sítio não meteu um único cêntimo e não deu nenhuma garantia bancária para o negócio.
E quem estava enrascado por ver as contas congeladas pela falência, havia logo vários edge funds (ou como diz o berloco, os fundos abutres  :mrgreen: disponibilizaram-se para comprarem todos os créditos/activos que tinham no SVB por valores a rondar os 60 a 80 cêntimos do dólar. O que só por sí confirma que os Edge Funds esperam receber mais do que isso, quando começarem a pagar a quem deve!!!!!!

E já agora...... se os americanos não salvam bancos (deixaram falir centenas deles e só intervieram em meia dúzia), acham que algum dia iam salvar por exemplo..... uma companhia aérea?
Mas esta postura nos mercados faz sentido, até porque nós somos muito mais ricos que os americanos e então temos sempre a postura paternalista de salvarmos empresas falidas, já os americanos não têem onde cair mortos  :mrgreen:
 

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Re: Sector Bancário
« Responder #20 em: Março 15, 2023, 05:10:12 pm »
Credit Suisse cai quase 23% em bolsa


 

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Re: Sector Bancário
« Responder #21 em: Março 15, 2023, 07:42:34 pm »
Bolsas europeias arrastadas pelo Credit Suisse


 

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Re: Sector Bancário
« Responder #22 em: Março 16, 2023, 03:51:15 am »
Credit Suisse vai obter até 51 mil milhões em liquidez junto do Banco Nacional Suíço

O Credit Suisse decidiu recorrer a linhas de financiamento do Banco Nacional Suíço (SNB) para garantir "de forma preventiva" liquidez. A instituição indicou ainda que vai recomprar dívida sénior até um montante de aproximadamente 3 mil milhões de euros.



Poucas horas após o Banco Nacional Suíço (SNB) ter indicado que iria garantir liquidez ao Credit Suisse "se fosse necessário", o banco que está no centro das atenções mundiais anunciou que vai recorrer a financiamento junto do banco central helvético até um valor de 50 mil milhões de francos suíços (cerca de 50,1 mil milhões de euros ao câmbio atual).

Em comunicado emitido esta madrugada de quinta-feira, o Credit Suisse refere que esta opção visa reforçar a sua liquidez de "forma preventiva". Adicionalmente, o banco informa que o Credit Suisse International vai recomprar 10 emissões de dívida sénior em dólares com um valor conjunto de 2,5 mil milhões de dólares (2,35 mil milhões de euros).

O banco liderado por Ulrich Körner refere que a liquidez adicional obtida através da linha de crédito garantido - com "ativos de alta qualidade" como colaterais - do SNB servirá para apoiar os negócios "core" do Credit Suisse e os seus clientes.

"Estas medidas demonstram ações determinadas para reforçar o Credit Suisse numa altura em que continuamos a nossa transformação estratégica para criar valor para os nossos clientes e outros 'stakeholders'. Agradecemos ao SNB e à FINMA [supervisor financeiro suíço]. Eu e a minha equipa estamos determinados em seguir rapidamente em frente para tornamos o Credit Suisse um banco mais simples e mais focado, tendo no centro as necessidades dos nossos clientes".

https://www.jornaldenegocios.pt/empresas/banca---financas/detalhe/credit-suisse-vai-obter-ate-51-mil-milhoes-em-liquidez-junto-do-banco-nacional-suico#loadComments

O sector financeiro está a viver momentos críticos que podem descambar facilmente para uma situação descontrolada como ocorreu à 15 anos atrás! Para já, os bancos atingidos são bancos de investimentos, mas para o comum dos mortais, mesmo para os investidores, são bancos, não distinguem entre áreas......

Agora foi apanhado o Credit Suisse! E este banco é demasiado grande para o mercado ficar a salvo sem consequências!!! É um banco com mais de 500 mil milhões de euros de activos!!! Quase do tamanho do antigo Lehmans Brother!!!!! Mais de 50 000 funcionários!
E porque é que este banco foi apanhado no turbilhão dos mercados?

O Credit Suisse (é importante referir que é um banco Suiço, e que intervém fora da alçada do BCE, mas com muitos negócios dentro da UE ou com muitos parceiros bancários dentro da UE) tem vindo a ser apanhado em inúmeros escândalos financeiros recentes..... nomeadamente a lavagem de dinheiro internacional, desde oligarcas russos, a traficantes de droga, ...... pois é, a Suíça é uma grande máquina de lavar dinheiro mundial!!! Já referi aqui várias vezes, que a Suiça não vive só da venda de chocolates e relógios  :mrgreen:

O Credit Suisse também tem tido resultados negativos nos últimos tempos, e para colmatar esse problema, os accionistas tiveram de investir em novos aumentos de capitais para resolver problemas de liquidez. E aqui surge provavelmente o despoletar desta tragédia ocorrida esta 4ª Feira, em que o Banco chegou a perder 1/3 do valor em bolsa e arrastou todo o mercado mundial para um péssimo dia, principalmente a Banca! Estou a referir-me a uma entrevista dada esta 2ª Feira pelo maior accionista do Credit Suisse, o Saudi National Bank (o Chairman), com 10% do capital do Banco, quando referiu que não ía investir nem mais um euro no Credit Suisse: https://www.reuters.com/business/finance/credit-suisses-saudi-backer-happy-with-transformation-plan-doesnt-think-extra-2023-03-15/

Estas afirmações provocaram esta destruição de valor monumental desta 4ª Feira e no Banco, arrastando as bolsas mundiais para o vermelho!
Entretanto esta intervenção das autoridades suiças, podem talvez conter esta crise...... vamos ver! Para quem investe em acções, deve ter cabeça fria e deixar passar a crise, mas com o pãnico a tendência normal leva todos a vender descontroladamente as acções, o que pode levar a uma situação semelhante a 2008!

Eu bem sei que a senhora advogada não me ouve (Lagarde), mas numa situação destas, faz todo o sentido travar a subida das taxas de juro ou pelo menos ser mais contido! Ainda na semana passada critiquei as afirmações do Governador do Banco Central alemão que pedia a subida forte das taxas de juro, decididas pelo BCE....... pois que repense o que disse, porque se o Credit Suisse tombar (e é demasiado grande para ser salvo, estamos a falar num resgate de no máximo cerca de 9 resgates a Portugal!!!!!!), pode muito bem arrastar um parceiro de negócios do Credit Suisse de nome.... Deutsche Bank!!!!!

E o Deutsche Bank já anda na corda bamba à alguns anos, é 3 vezes maior que o Credit Suisse (1,5 biliões de euros de activos).

Os efeitos das decisões do BCE, para o bem e para o mal, não afectam só os endividados como nós, os bancos podem e parece que estão a ficar aflitos e se se perder a confiança entre os bancos, caiem como baralhos de cartas (devido à fragilidade dos capitais próprios como já expliquei). A subida dos juros e a retirada de liquidez dos mercados, pelos bancos centrais, tem estas consequências!

Pode ser que sirva para moderar a subida das taxas de juro!!!!!

Para os investidores, cabeça fria e se possível desliguem-se das notícias, porque os próximos dias vão ser conturbados. Mas como presumo que não são hedge funds.... devem pensar sempre a médio/longo prazo!

Prudência!

E vai ser normal vermos muitos políticos a virem a público afirmar que não há problema, está tudo bem, bláblá blá....... chama-se contenção de estragos, para evitar mais fogos  :mrgreen:
« Última modificação: Março 16, 2023, 03:55:55 am por Viajante »
 

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Malagueta

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Re: Sector Bancário
« Responder #23 em: Março 16, 2023, 09:32:40 am »
Combate à inflação está a transferir milhões dos contribuintes para os bancos. Havia outro caminho? Sim. Mas “os bancos centrais estão capturados”

O economista Paul De Grauwe e a economista Yumei Ji defendem um caminho alternativo para o Banco Central Europeu (BCE) combater a inflação. Um caminho que permitiria travar a atual transferência de milhares de milhões de euros dos contribuintes para os bancos comerciais e de que os bancos em Portugal também beneficiam
O Banco Central Europeu (BCE) e a generalidade dos bancos centrais estão a subir as taxas de juro de referência para combater a inflação. Mas da forma como o estão a fazer acabam por transferir milhares de milhões de euros dos contribuintes para os bancos comerciais. Como? Basta aos bancos não fazerem nada.

A crítica é feita pelo economista Paul De Grauwe e pela economista Yumei Ji, que defendem (aqui e aqui) um caminho alternativo ao que está a ser seguido pelo BCE e pela generalidade dos restantes bancos centrais para combater a inflação. Um caminho que permitiria aos bancos centrais continuar a gerar lucros, com esses lucros pagar dividendos aos respetivos estados e, dessa forma, beneficiar todos os contribuintes.

Mas com a política atualmente seguida pelo BCE o resultado é outro. Os milhares de milhões de euros que originariam lucros aos bancos centrais estão a ser transferidos para os bancos comerciais como remuneração dos depósitos feitos nos próprios bancos centrais.

Como é que isto acontece? É preciso recuar a julho de 2022, mais precisamente a 27 de julho, quando o BCE deu início ao processo de subida de taxas de juro, aumentando as suas três taxas de referência em meio ponto percentual. As taxas de juro não mais pararam de subir e em menos de um ano já aumentaram três pontos percentuais

O objetivo é retirar dinheiro da economia. Por um lado, tornar mais caro os empréstimos que os bancos comerciais possam vir a contrair junto do BCE para financiar a economia e, por outro, incentivar estes mesmos bancos a depositarem nos bancos centrais o excesso de liquidez que tenham em vez de o canalizarem para a economia. Sem o crédito a fluir para as famílias e as empresas, o BCE espera que se verifique uma diminuição do consumo e do investimento e, assim, diminua a pressão sobre os preços, controlando uma inflação que continua longe de já estar controlada.

E hoje, quando Christine Lagarde e restantes membros do Conselho de Governadores do BCE se reunirem em Frankfurt, apesar da instabilidade financeira que vem dos Estados Unidos e da Suíça, a história não deverá ser muito diferente. A expectativa é de uma nova subida das três taxas de juro de referência do BCE, entre as quais, a taxa a que remunera os depósitos dos bancos comerciais (ver nota 1 no fim do texto).

E ao subir a remuneração a pagar aos bancos comerciais, a autoridade monetária estará, mais uma vez, segundo os autores, a transferir para estes bancos lucros que deveriam ser dos contribuintes.

Milhares de milhões de euros
Segundo os estudos publicados por Paul De Grauwe e Yumei Ji, em fevereiro, os bancos comerciais tinham depositados no BCE e nos bancos centrais da zona euro mais de 4,3 milhões de milhões de euros remunerados a uma taxa de juro de 2,5%. Ou seja, os bancos comerciais têm uma receita potencial de mais de 100 mil milhões de euros em juros. Qualquer coisa como 0,75% do Produto Interno Bruto (PIB) da zona euro.

E com a subida das taxas de juro, este montante será ainda maior. Verbas que deixam de entrar nos cofres dos respetivos países da zona euro numa altura em que, tal como notam os autores, as economias estão a desacelerar a caminho de uma possível recessão.

Há, no entanto, um outro caminho que poderia ser seguido pelo BCE. E as taxas de juro até podiam continuar a subir.

O que os autores defendem é que se aumente a taxa de reservas mínimas obrigatórias (ver nota 2 no fim do texto) que os bancos têm de constituir para um valor equivalente ao montante que os bancos comerciais têm atualmente depositados nos bancos centrais e que esses montantes não sejam remunerados ou apenas uma parte seja remunerada, por exemplo, 25% do total.

Se tal acontecesse, o dinheiro continuaria a não fluir para a economia, porque estaria em reservas obrigatórias, os bancos centrais não teriam de pagar tantos juros e continuariam a apresentar lucros e, dessa forma, a pagar dividendos aos respetivos estados, protegendo os contribuintes.

Mas colocar um travão nas transferências dos bancos centrais para os bancos comerciais não colocaria em risco a estabilidade financeira, especialmente num momento em que há instabilidade nos mercados? “Se esta é a motivação dos bancos centrais, é certamente imprudente. Os bancos [comerciais] foram forçados a aumentar os seus rácios de capital após a crise financeira. Têm os amortecedores necessários para lidar com as perdas de lucros durante a subida das taxas de juro. As grandes transferências de dinheiro dos contribuintes para os bancos estão principalmente a proteger os seus acionistas e não os próprios bancos. E isto não deve fazer parte dos objetivos dos bancos centrais”, respondem os autores num dos trabalho publicado.

Os dados relativos aos depósitos no BCE dos bancos a operar em Portugal também permitem calcular quanto é que os bancos portugueses ganham com a política de subida de taxas de juro. Segundo dados do Banco de Portugal, no final de fevereiro havia mais de 40 mil milhões de euros depositados no banco central, um montante que a uma taxa de juro de 2,5% permite receitas superiores a mil milhões de euros.

Os resultados dos maiores bancos a operar em Portugal em 2022 mostram, aliás, isso mesmo. CGD, BCP, Santander e BPI tiveram lucros acima de dois mil milhões de euros no ano passado. Foram 5,5 milhões por dia. E as receitas com juros renderam cinco mil milhões com a ajuda do banco central.

Bancos centrais estão capturados
Paul De Grauwe, em declarações à CNN Portugal, diz não ter dúvidas que a sua proposta permitiria controlar a inflação. “Provavelmente até seria melhor”, sublinha o economista, explicando que os bancos comerciais já têm uma receita garantida junto do BCE, o que funciona como um desincentivo para melhorarem a margem financeira e passarem para a economia a subida de taxas de juro.

O professor da London School of Economics só encontra duas explicações para o BCE e restantes bancos centrais manterem uma remuneração para os depósitos dos bancos comerciais: o facto de estarem capturados pelos próprios bancos comerciais; e a inércia de quererem usar o mesmo sistema que usam há mais de dez anos.

“Sim, eles [bancos centrais] estão capturados pelos bancos”, assegura o economista, adiantando que os bancos comerciais dizem aos supervisores que se não tiverem os seus depósitos remunerados será mau “para a estabilidade financeira. E, portanto, podem ter convencido o banco central de que isto é necessário”.

A segunda razão tem a ver com a inércia. “Há cerca de 10-15 anos, os bancos centrais mudaram para este sistema. Têm um novo procedimento operacional que consiste em aumentar e baixar a taxa de juro, manipulando a taxa de remuneração dos depósitos bancários. E pensam que essa é a única forma. Mas no passado não o faziam”, explica De Grauwe, sublinhando que esta política dos bancos centrais deixa “muito satisfeitos” os acionistas “dos bancos comerciais”.

De Grauwe explica ainda que os lucros dos bancos centrais devem reverter para os contribuintes porque os bancos centrais só têm lucros porque foram os governos a atribuir-lhes o monopólio da emissão de moeda.

“E agora dizem: este lucro que temos é graças aos governos, mas não o devolveremos ao governo. Não, dá-lo-emos aos bancos privados”, lamenta o economista.

“Isto é incrível. Contam-nos uma história que diz, esta é a única forma de o conseguirmos fazer. E demasiadas pessoas acreditam nisto. Bem, eu digo não, há outras maneiras de o fazermos”, conclui De Grauwe.

Nota 1:
O BCE tem três taxas de juro de referência:

- A taxa das principais operações de refinanciamento. A taxa à qual os bancos podem contrair empréstimos junto do BCE pelo prazo de uma semana: está atualmente nos 3%, mas esteve fixada em zero entre março de 2016 e julho do ano passado;

- A taxa de depósito, que determina os juros que os bancos recebem pelos depósitos realizados junto do BCE: está atualmente em 2,5%. Mas entre julho de 2012 e junho de 2013 era de zero. E entre junho de 2013 e julho do ano passado era negativa, obrigando os bancos a pagar pelos depósitos que faziam no BCE;

https://cnnportugal.iol.pt/paul-de-grauwe/bce/combate-a-inflacao-esta-a-transferir-milhoes-dos-contribuintes-para-os-bancos-havia-outro-caminho-sim-mas-os-bancos-centrais-estao-capturados/20230316/6411c5ea0cf2cf9224fd97c6
 

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Lusitano89

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Re: Sector Bancário
« Responder #24 em: Março 16, 2023, 11:52:06 am »
Em análise: Crise na Banca


 

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Daniel

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Re: Sector Bancário
« Responder #25 em: Março 16, 2023, 02:15:23 pm »
Credit Suisse dispara 32% e anima bolsas europeias. PSI recupera 1% com BCP a comandar ganhos
https://eco.sapo.pt/2023/03/16/credit-suisse-dispara-32-e-anima-bolsas-europeias-psi-recupera-1-com-bcp-a-comandar-ganhos/
Citar
As bolsas europeias abriram em forte alta esta quinta-feira, no rescaldo de uma sessão negra que tirou 1,4 mil milhões de euros de valor de mercado ao português PSI. Os investidores digerem os últimos desenvolvimentos em torno das preocupações com a estabilidade da banca, em particular do Credit Suisse, mas também o que poderá ser a decisão do Banco Central Europeu (BCE) cujo anúncio está marcado para esta quinta-feira e que deverá conduzir a mais uma subida das taxas de juro diretoras. Neste contexto, os juros da dívida inverteram a tendência de quarta-feira e sobem na generalidade do continente europeu.

As ações do Credit Suisse disparam 32%, superando novamente a fasquia dos dois francos, segundo a Reuters, depois de o banco ter assegurado um empréstimo de quase 51 mil milhões de euros do banco central da Suíça que acalmou, pelo menos para já, os receios de uma nova crise financeira global. No entanto, o banco chegou a registar um ganho de 40% no arranque das negociações esta quinta-feira, o maior na sua história, refere a Bloomberg. Na sessão anterior, tinha perdido mais de 24% e tocado mínimos históricos, abaixo de dois francos.
 

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Re: Sector Bancário
« Responder #26 em: Março 16, 2023, 02:24:43 pm »
Vamos abrir uma garrafa de champanhe Daniel!  :mrgreen:

Daniel, hoje estamos a passar a bebedeira do empréstimo de urgência de 50 mil milhões de euros (equivalente ao franco Suiço), e.... as bolsas ainda não recuperaram da queda de ontem!

Vamos ver o que faz o BCE, se sobe sem medo as taxas de juro! Se subirem...... os 50 mil milhões vão ser escassos!
Os prejuízos acumulados do Credit Suisse estão lá e vão fazer mossa!

Afinal nem deu para arrefecer a champanhe, a subida de juros decretada pelo BCE mergulhou tudo no vermelho outra vez: https://www.jornaldenegocios.pt/mercados/mercados-num-minuto/detalhe/futuros-da-europa-sobem-quase-2-apos-turbulencia-com-credit-suisse-asia-negativa
« Última modificação: Março 16, 2023, 02:35:54 pm por Viajante »
 

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Daniel

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Re: Sector Bancário
« Responder #27 em: Março 16, 2023, 04:10:36 pm »
Vamos abrir uma garrafa de champanhe Daniel!  :mrgreen:

Daniel, hoje estamos a passar a bebedeira do empréstimo de urgência de 50 mil milhões de euros (equivalente ao franco Suiço), e.... as bolsas ainda não recuperaram da queda de ontem!

Vamos ver o que faz o BCE, se sobe sem medo as taxas de juro! Se subirem...... os 50 mil milhões vão ser escassos!
Os prejuízos acumulados do Credit Suisse estão lá e vão fazer mossa!

Afinal nem deu para arrefecer a champanhe, a subida de juros decretada pelo BCE mergulhou tudo no vermelho outra vez: https://www.jornaldenegocios.pt/mercados/mercados-num-minuto/detalhe/futuros-da-europa-sobem-quase-2-apos-turbulencia-com-credit-suisse-asia-negativa

Caro Viajante, por causa da inflação já só pode ser uma garrafinha de vinho  :mrgreen: mais a sério CS não tem problemas financeiros de maior, como sempre a especulação dos mercados financeiros, o CS tem liquidez.
Quanto aos 50 mil milhões não é problema para o BCS eles têm se for necessário, mais 50 mil milhões, como sabes, não estamos a falar de Portugal. 8)
Pode ser que esteja enganado mas o BCE vai ficar por aqui, deverá haver mais dois aumentos e será apenas de 25 pontos base, não vai ser facil para quem tem creditos.
A Euribor tem vindo a baixar e bastante, ainda hoje a 6 meses para 2,985%, menos 0,146 pontos, claro que isso não quer dizer nada.
Este ano vai ser muito difícil, mas se tudo corre como os analistas têm falado, lá para finais deste ano, princípio do próximo os juros vão começar a descer.
« Última modificação: Março 16, 2023, 04:22:05 pm por Daniel »
 

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« Responder #28 em: Março 16, 2023, 10:23:51 pm »
Daniel?
Acha que as autoridades Helvéticas anunciavam um empréstimo de 50 mil milhões para salvar o CS se este não precisasse?

O Daniel está aí e ouve ou vê mais notícias. Deve ser bombardeado a toda a hora com informações a tranquilizar os clientes, está tudo bem, bláblá blá.....

Veja só estes indícios e depois tire as suas ilações:
- O CS está hoje cotado a 2 francos suiços, na 6ª valia 2,5......
- Se esticarmos mais a linha temporal, em 2020 valia mais de 12fs e agora vale apenas 1/6!!!!!!!!!!!
- O CS está a apresentar prejuízos consecutivos!
- O CS tem sido bombardeado com escãndalos sucessivos de llavagem de dinheiro, branqueamento de capitais......
- O CS não está de baixo do crivo do BCE!
- Os maiores bancos centrais do mundo continuam a subir as taxas de juro para combaterem a inflação, e.... a Suiça terá de fazer o mesmo se não quer assistir a uma debandada de capitais!
- A subida das taxas de juro são péssimas para os bancos, porque reduzem o volume de negócios e potenciais negócios destes......

Posto isto tudo, acredita que o CS vai safar-se apenas como se fosse um mero acidente de percurso?
Não acredito que o maior accionista do CS seja um tolo, mas para vir a público dizer basta, que não mete mais 1 cêntimo no banco, o que acha que quer dizer?

Eu aposto numa venda rápida ou então vai ser alvo dos short-sellers.
Depois de um banco estar de baixo do holofote, dificilmente escapa e o CS tem muitos motivos de preocupação!!!!
 

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Re: Sector Bancário
« Responder #29 em: Março 17, 2023, 02:01:53 am »
Mais um banco intervencionado. Neste caso com empréstimos de emergência de outros bancos!
Bolas, os americanos são mesmo uns tesos, mais um banco aflito e não metem lá dinheiro dos contribuintes!!!!!

First Republic Reaches Rescue Deal With Other Banks

The lender will receive $30 billion in deposits from other banks in an effort to restore confidence in the banking system. Earlier, Treasury Secretary Janet Yellen told a Senate panel that the banking system “remains sound.”

https://www.nytimes.com/live/2023/03/16/business/banking-crisis-stocks-market-news

How the First Republic rescue deal was forged.



The plan for the rescue deal for First Republic Bank first emerged on Tuesday during a coordination call between Treasury Secretary Janet Yellen and Jerome H. Powell, the chairman of the Federal Reserve, according to a person familiar with discussions.

The midsize lender reached a deal on Thursday to receive $30 billion in deposits from nearly a dozen banks in an effort to ease investors’ fears and stabilize the banking system. Since the failure of Silicon Valley Bank, First Republic has lost more than 70 percent of its market value, despite efforts over the weekend to shore up its finances with $70 billion in emergency loans and other liquidity from the Federal Reserve and JPMorgan Chase.

Portanto, a factura só para salvar este banco, já vai em 100 mil milhões de dólares! E é um mid-size bank!