Investigadores querem evitar queda de prédios como o WTC

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Falcão

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Investigadores querem evitar queda de prédios como o WTC
« em: Fevereiro 06, 2007, 03:34:24 pm »
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Investigadores querem evitar queda de prédios como o WTC
 
 
Os testes são feitos com gás que incide sobre as estruturas metálicas, proporcionando temperaturas que rondam os 1000º

Miguel Gonçalves

Investigadores da Universidade de Coimbra estão a ultimar um estudo sobre o comportamento de estruturas metálicas sujeitas a incêndios e acreditam que, se o resultado final dos testes se revelar positivo, à semelhança dos ensaios já realizados, pode ter sido descoberta a forma de evitar o desmoronamento de prédios de grande envergadura sujeitos à pressão elevada de calor. Ou seja, podem ser evitadas catástrofes como a que ocorreu nas torres gémeas do World Trade Center (WTC), a 11 de Setembro de 2001, em Nova Iorque.

Antes do atentado terrorista nos Estados Unidos da América, já a investigação decorria na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC). Contudo, após a queda das torres gémeas, alegadamente devido ao colapso das vigas e pilares em metal, o Departamento de Engenharia Civil da FCTUC deu um impulso mais forte à investigação e submeteu mais vezes as estruturas metálicas a testes com altas temperaturas.

Os primeiros resultados desses ensaios, únicos em Portugal e raros a nível mundial, foram recentemente publicados na Revista Portuguesa de Engenharia de Estruturas e valeram ao autor do artigo, o catedrático Luís Silva, o Prémio Ferry Borges, o mais importante galardão científico nacional atribuído pela Associação Portuguesa de Engenharia de Estruturas.

No Centro de Investigação em Construção Metálica e Mista do Departamento de Engenharia Civil da FCTUC, onde decorrem alguns dos testes - outros foram realizados em Inglaterra -, os investigadores não desistem de encontrar explicações para a cedência das vigas e pilares sujeitos a calor intenso.

Oito anos de investigação

Ao JN, o coordenador da investigação, Luís Silva, mostrou-se esperançado de que "a curto prazo possa ser descoberta a melhor forma e os melhores materiais para ligar vigas a pilares, de modo a que essas estruturas metálicas resistam ao fogo sem ceder".

O trabalho de investigação iniciou-se em 1998, com o objectivo de criar uma metodologia de cálculo da resistência de ligações metálicas viga-pilar. "Nessa altura, a regulamentação existente neste domínio não atribuía grande importância à resistência ao fogo de ligações, indicando inclusivamente que não era necessário estudar o seu comportamento. No entanto, após o atentado no World Trade Center, mostrou-se que uma das principais causas do colapso das torres foi precisamente a rotura dessas ligações", sustentou o responsável da Unidade de Investigação do Departamento de Engenharia Civil da FCTUC.

E foi a partir daquela data, reconhece Luís Silva, que "o âmbito do trabalho de investigação foi alargado, passando do estudo de elementos isolados para o estudo da interacção entre os vários elementos da estrutura. Neste contexto, principiou-se o estudo da influência do desempenho das ligações metálicas viga-pilar no comportamento global de estruturas metálicas quando sujeitas a um incêndio real".

Principais conclusões

"Uma das principais conclusões a que já foi possível chegar é a de que os tipos de incêndios referidos na regulamentação actual são incêndios padronizados, que muitas vezes não conseguem reproduzir de forma segura o que se passa na realidade. Por outro lado, concluímos que, durante um incêndio, as ligações são sujeitas a forças elevadas que podem levar à rotura das suas componentes mais frágeis", refere o investigador da Universidade de Coimbra.

Estas conclusões baseiam-se, entre outros, em ensaios reais pela equipa de investigação da FCTUC, no contexto de um projecto de investigação europeu. Um deles foi efectuado em Cardington, Inglaterra, num edifício real de oito pisos, sujeito a um incêndio natural representativo de um edifício de escritórios corrente. A temperatura máxima no ar do compartimento foi de 1108ºC e verificou-se 54 minutos após o início do incêndio. O deslocamento vertical máximo foi de aproximadamente 1 metro.

Actualmente, a investigação está a ser continuada no Laboratório de Construção Metálica do Departamento de Engenharia Civil, onde já foram realizados cinco de sete ensaios de estruturas metálicas à escala real, no âmbito de um projecto financiado pela FCTUC. O próximo teste será no dia 20 e o último ocorrerá no final de Março.

Riscos de ruína

Luís Silva sublinha que, "nos ensaios realizados até ao momento, foi avaliado por exemplo um aspecto até aqui desprezado o arrefecimento das estruturas metálicas após o incêndio. Nessa fase surgem igualmente riscos de ruína, devido a um acréscimo de forças de tracção existentes nas ligações".

"Pretendemos criar metodologias de dimensionamento de ligações em situação de incêndio, de fácil utilização pelo projectista e que permitam minimizar o risco de colapso de edifícios em situação de incêndio", explica o investigador da FCTUC, reiterando a convicção de que, até Dezembro, serão apresentadas conclusões e soluções para o problema em estudo.

http://jn.sapo.pt/2007/02/06/sociedade_ ... eda_p.html

   
Cumprimentos