Nobel de Economia diz que o mundo tem 50% de hipóteses de entrar em recessãoA economia global tem 50% de hipóteses de entrar em recessão, considera o prémio Nobel da Economia Michael Spence, num momento em que a Europa e os Estados Unidos lutam para manter o crescimento económico.
"Estou muito preocupado", disse Spence em entrevista à Bloomberg TV, em Hong Kong, considerando que uma nova recessão na Europa e nos Estados Unidos rapidamente atingiria os países emergentes.
"Uma dupla recessão na Europa e na América, onde se situam uma boa parte das economias industrializadas, vai mandar abaixo o crescimento da China em particular e irá espalhar-se para as restantes economias emergentes", afirmou Spence, que considera que há "50%" de hipóteses deste cenário se verificar.
As declarações de Spence, galardoado com o Nobel da economia em 2001, seguem-se aos cortes nas previsões de crescimento global por parte de instituições como o Citigroup ou o UBS, no dia em que banqueiros centrais de todo o mundo se reuniram para o simpósio da Reserva Federal norte-americana, em Jackson Hole, no estado norte-americano do Wyoming.
Ao contrário do rescaldo da crise financeira mundial de 2008, quando a China amorteceu a recessão com um programa de estímulos, desta vez o país só seria capaz de estimular a sua economia interna.
A China "não pode compensar o tipo de perda na procura que iria ter com uma desaceleração nas economias avançadas", disse Spence, explicando que com a inflação chinesa a rodar os 6,5% segundo dados oficiais (um valor que muitos economistas consideram subavaliado) Pequim teria de ter muito cuidado em alimentar o crescimento do crédito.
Quanto ao tão falado programa de estímulo monetário à economia que poderá ser anunciado pelo presidente da Fed, Ben S. Bernanke, em Jackson Hole, Spence considerou que apesar das "expectativas altas" a Fed tem uma "margem limitada" para estimular a economia.
Para Spence, a Fed deveria procurar incentivar empréstimos para ajudar a sustentar o mercado imobiliário.
"Poderia dar mais atenção - na sua qualidade de supervisor de partes do sistema bancário - ao sector da habitação, cuja fraqueza é uma forte âncora da economia", afirmou.
Encorajar os bancos a emprestar dinheiro para a compra de casa ou para socorrer àqueles cujas casas estão em risco poderia ajudar a aumentar os gastos dos consumidores, explicou.
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