Esta decisão é o mínimo que se pode fazer, pare evitar a pouca vergonha que foi a atuação do almirante CEMA e de alguns setores na marinha ao tentarem ocultar a situação real do navio NRP Mondego.
Eu não tenho nenhuma questão politica com o ainda almirante CEMA, e que futuramente referirei como Sr. Melo. Acho que fez um excelente trabalho na questão do COVID e as opções relativamente aos navios encomendados é algo que ainda todos teremos que ver, concedendo-lhe pelo menos o beneficio da dúvida.
Já a atitude de demonstrada incapacidade e absoluta incompetência, que o almirante demonstrou no caso do NRP Mondego não pode nem deve ser ocultada ou de alguma forma diluida.
O então almirante CEMA meteu-se num beco sem saída, forçado pelo facto de durante a sua gestão da marinha se ter declarado a bordo de um navio da força um motim, algo que não ocorria desde a década de 1930.
Um motim a bordo, é um motim, e sobre isso não há grande coisa que se possa dizer, mas esse simples facto não altera aquilo que tudo leva a crer foi uma miserável lavagem da situação a bordo do navio, passando para a opinião pública uma imagem geral da marinha e do NRP Mondego, que de forma alguma correspondiam à realidade que o Al, Melo tentou fazer passar para a Opinião Pública.
O navio NRP Mondego, ao que tudo indica, não estava em condições de navegar e muito menos de desempenhar qualquer tipo de missão, nomeadamente uma que implicasse perseguir outros navios.
Praticamente sem manutenção desde a sua transferência para a marinha, resultado do ABSOLUTO DESMAZELO (que queira-se ou não é sempre responsabilidade de quem a tem) a que os navios foram votados, a embarcação não tinha a turbina que permitia atingir a velocidade máxima (inutil num patrulha) tinha um dos dois motores Diesel inoperacionais e o outro a sofrer constantes avarias.
Pior, tudo leva a crer que havia falhas catastróficas nos sistemas hidraulicos, que afinal são responsáveis por dirigir o navio, ativar lemes, estabilizadores e não só.
Lembro mais uma vez que o almirante veio dizer que os navios da marinha tinham sistemas redundantes, o que é verdade.
O problema é quando os sistemas redundantes são ativados e o navio sai para o mar, utilizando os sistemas de emergência, se os sistemas de emergência falham, normalmente não há mais nada.
É a história do gato de nove vidas, que o dono atira pela janela, quando o pobre do gato já as gastou todas. Um gato pode ter nove vidas, mas aquele gato, vai seguramente morrer.
No caso dos navios da classe Flyvefisken, a que pertencia o NRP Mondego, mesmo que os sistemas hidraulicos falhem, ainda assim há um sistema mecânico que permite rodar o leme e evitar que o navio vá contra as rochas e se afunde, mas um navio nestas condições está numa situação desesperada e não pode desempenhar missões.
Para piorar a situação o almirante veio para a televisão afirmar que tinha uma grande taxa de disponibilidade na marinha e que grande parte dos navios podiam sair para o mar...
Esqueceu-se de dizer que, metade tinha que voltar antes do por do sol, um terço não podia passar a noite e outro terço afundava-se caso o mar ultrapassasse o nível 6 na escala de Beaufort.
Considerando o pouco que se vai sabendo, e o que se sabe quanto a orçamentos e reparações, na história da marinha portuguesa, poucas vezes terão sido produzidas tantas "inverdades" por um oficial a marinha.
Declarar o castigo nulo, é o minimo que se pode fazer. O maximo, seria punir os responsáveis. Os responsáveis pela catástrofe, não pelo motim por ela provocado.
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