Boas Pessoal
Para que todos tenham conhecimento da historia "Crotale m/974
Retirado da seguinte publicação, Boletim da Artilharia Antiaérea
N.º 3 – II Série – Outubro 2003 / Edição Especial
“Testemunho do
Coronel Art Henrique Maurício
Estávamos no ano de 1973, e eu tinha vindo de Lamego, onde
fui dar instrução a um curso de Comandos. Após este curso,
tinha-me oferecido para comandar uma Companhia de Comandos,
mas tinha que, primeiro ir tirar o curso e só depois poderia comandar.
Como não tinha ainda o curso, avançou um outro capitão,
e eu regressei à minha Unidade, que era o RAAF.
Entretanto surge uma notícia de que o Inimigo, na Guiné, já possuía
meios aéreos nomeadamente aviões a jacto, constituindo assim
uma ameaça aérea inexistente até então. Em consequência desta notícia,
face aos meios obsoletos existentes na altura resolveu-se arranjar
rapidamente uma solução que fizesse face a esta nova ameaça, e que
fosse tecnologicamente avançada.
Resolveu-se adquirir 3 Baterias, sendo uma destinada à defesa do
aeroporto de Bissau, na Guiné; outra para a zona da Diamangue em
Angola e finalmente uma para a defesa da barragem de Cabora-Bassa,
em Moçambique.
Dentro do contexto internacional e face à situação politica em que
o país, na altura se encontrava, em que era visto por outros países,
especialmente os EUA, como país colonialista e ocupante de outras
Nações, todas as "portas" se fechavam, quando se tratava de aquisições
de material com fins militares. A única excepção a este "cerco"
era de facto a África do Sul, que apoiou em vários aspectos o nosso
país, sendo nosso aliado na altura. Tendo isto em consideração e, devido
ao tempo de espera que normalmente decorre, entre o pedido e
o fornecimento efectivo, neste tipo de aquisições, (normalmente
dois anos), surgiu a hipótese de a França fornecer um Sistema Míssil
SHORAD através da África do Sul.
A aquisição deste material foi possível, porque, a África do Sul,
estava então, em pleno processo de compra do Míssil Crotale e face
à nossa urgência, estes prescindiam de uma Bateria, em proveito do
nosso país. Na verdade, apenas se veio a concretizar a vinda de um
Pelotão, constituído por duas unidades de tiro e uma de unidade de
aquisição (3 viaturas).
Em finais de 1973 fui contactado pelo então 2º Comandante do
RAAF, Major Corte Real, no sentido de tomar parte no projecto
Crotale. Juntou-se então um grupo de Trabalho constituído pelo TC
Art Aníbal Rocha, Cap Art o Rosado Luz, Cap Art Sousa Castro, Cap
Art Faria Barbosa, Cap SMAT Patrício Cordeiro e por nove Sargentos
tanto de Artilharia como de Serviço de Material.
Este grupo reuniu-se na EMEL afim de frequentar um curso de
pré-preparação para o curso de Crotale, a frequentar posteriormente
em França. Esta preparação incluiu aulas de Francês, com especial
incidência para os Sargentos que possuíam menor preparação
nesta língua.”
Cumprts
HCardoso