Boas.
Venho deixar as minhas experiencias desta semana. Como estavamos a falar no outro topico, eu tinha provas marcadas esta quarta feira. Ora terça la fui eu para a calçada da ajuda, "pernoitar" para no dia seguinte la estar de pe as 8 para as provas.
E correu mais ou menos assim:
Dia 0Cheguei la, eu e mais outros 4 do norte, por volta das 8 e pico (da noite). Chovia a potes. Os dois soldados la no portao levaram-nos para a sala de convivio e deixaram-nos la para "aguardar-mos". Ora nisto o tempo foi passando e hora e meia depois vou perguntar aos soldados que estavam na sala ao lado a ver um filme se nao vinha ninguem ter connosco. A resposta: "aguardem um pouco".
Quase as 10 vem uma "guia". Impressionou logo, pela negativa. Uma daquelas mulheres nos seus 20, cara longa, impressao imediata de extremamente antipatica, voz tao grossa como a minha. Levou-nos para a caserna (raparigas ficaram la em cima para irem dormir noutra), onde nos distribuiu os lençois como se estivessemos a chegar a um campo de concentraçao. Disse-nos que as 10:30 as luzes eram apagadas e nem um pio (note-se que ja nos trouxe para baixo tarde, logo ficamos com pouquissimo tempo), ja que os seus camaradas iriam dormir na caserna logo a seguir (pouco depois seriam, na verdade, os camaradas a fazer barulho, a brincar com os telemoveis e afins, enquanto nos tentavamos adormecer em camas que pareciam tabuas de engomar). As 7 estariamos todos a pe, e ai de quem se levantasse mais cedo, e as 7:15 tinha que estar tudo pronto na sala de convivio, equipados, com as camas feitas e a caserna arrumada, isto tudo sempre com um ar que dava a entender que ser o nosso guia era um castigo para ela. La fomos para a cama, tentar dormir com o som da chuva a cair e os carros sempre a passar (a parede da caserna estava logo a face da estrada).
Para quem sempre foi civil (ou seja, todos nos), toda aquela situaçao foi um choque frontal a 120Km/h.
Dia 1La nos levantamos as 7, ninguem tinha certeza se era suposto levantarmo-nos sozinhos, ou se vinha alguem acordar-nos, se podiamos acender as luzes ou nao (ninguem nos disse nada), pelo que fomo-nos levantando uns de cada vez, e vestindo com cuidado para nao fazer barulho, as escuras. La o conseguimos e fomos la para cima. Esperamos mais uma eternidade (nesta altura iamos todos de roupa de desporto pelo que ninguem tinha horas para saber quanto esperamos) ate que nos levaram para tomar o pequeno almoço no bar de sargentos. Pela chuva fora, muitos de calçoes curtos e t-shirt, tudo a bater o dente de frio, grita la um sargento "chuva civil nao molha militar". A alguns deu para rir e quebrar um bocado o gelo.
La comemos e fomos para outra sala esperar mais um bocado. Depois fomos para uma sala fazer as flexoes e os abdominais. Alguns ficaram la, eles deram oportunidade de repetir e alguns dessa ja passaram, outros foram embora mais cedo. Nao foram muito rigidos com os exercicios, apenas insistiam que tocassemos com os cotovelos no joelhos nos abdominais e esticassemos os braços nas flexoes. Logo depois mandaram-nos para baixo para trocar de roupa, e quando estamos ja vestidos dizem-nos que afinal e para tomar banho
Menos mal!
Da parte da tarde foi o testes a urina e bora fazer testes escritos, mas primeiro andamos a tratar da papelada de um lado para o outro. O teste da urina foi controlado por um sargento das forças especiais. 4 de cada vez, um por casa de banho (todas na mesma sala), mas ninguem podia fechar a porta. Houve um que se esqueceu e encostou-a, e o tal sargento levanta-se logo por ali fora aos gritos "QUEM E QUE FECHOU A PORTA C@#$§%&?!". Ouvi isso ao longe, ja tinha saido.
Depois os ditos testes. Psicotecnicos, raciocinio em matematica, logica e fisica. A maior parte passou, mas nao disseram as notas. Alguns, cujos testes nao confirmavam o que eles queriam saber, tiveram depois entrevista com a psicologa, e alguns foram considerados nessa entrevista inaptos e tambem foram mais cedo. O grupo cada vez ficava mais pequeno.
Depois bora aos testes medicos. Audiçao e varios testes de visao. A maior parte tinha os requisitos, mas houve quem descobrisse na altura que afinal era daltonico. Depois um exame medico muito rapido e ta feito.
Mandaram-nos outra vez para a sala de convivio onde ficamos outra vez ate as 10, fora o periodo para jantar. Grande seca, mas la deu para nos ficarmos a conhecer uns aos outros. As 9 eles deixaram sair quem quisesse para ir ao cafe comprar tabaco, mas o portao abria e fechava as 10 pelo que se se atrasassem nao entravam. Felizmente ninguem se atrasou. Fomos para a caserna, a maior parte ja tinha a experiencia da noite passada pelo que ja correu melhor. Tambem tinhamos outro guia, agora um dos tais "camaradas" que dormia na caserna mais ao fundo, que por acaso era um tipo porreiro, nem se comparava com a outra besta de mulher.
Dia 2No segundo dia toca a levantar cedo outra vez e encher um tubo com urina, mas tal como a noite agora ja sabiamos como funcionava pelo que ja correu melhor. De noite tambem ja se dormiu qualquer coisa, e ja nos conheciamos mais ou menos por isso ja tinha melhor ambiente. Quem tinha vindo nesse dia foi tomar o pequeno almoço, e a maior parte ficou ca fora a espera, cheios de fome. Fomos la para o hospital, tiramos sangue, raio x e ecg. Depois fomos ate ao bar e viemos embora.
Almoçamos e de tarde houve apenas um breve juramento a bandeira, entrevista com o major e um testes de aptidao de conduçao (afinal quem la estava era praticamente tudo para transportes, embora quase ninguem ter escolhido transportes como 1ª opçao segundo consta eles andam com falta de pessoal). Mais uma vez nao nos disseram nada de pontuaçoes, nem se passamos nos testes, salvo o tal rapaz que descobriu que era daltonico, que ficou apto para o exercito, mas nao para transportes. Subentendeu-se que todos os que chegaram ate este ponto estao aptos (eramos pouco menos de metade dos que estavam la quarta de manha).
Fomos buscar as nossas coisas a caserna e pronto, esta feito. La viemos embora, eu ja vim com 4 "camaradas" (ha que usar a nomenclatura correcta agora que vamos ser militares
As minhas consideraçoes finais:
O ambiente parecia muito mau terça a noite e quarta de manha, em grande parte devido a impressao deixada pela tal guia, e por um ou dois militares que la andassem menos simpaticos (houve um que quando estavamos a almoçar e calhamos de conversar com os militares da mesa ao lado ele vira-se para eles (os seus "camaradas") "voces parecem burros", no sentido de estarem a falar para nos (na ideia dele se alguem nos desse alguma confiança nos deitava-mos aquilo tudo abaixo), mas isto mudou rapidamente quando começamos a conviver com os militares propriamente ditos. O major que la estava, por exemplo, parecia um tipo bem porreiro, assim como o sargento que nos levou ao hospital. Tambem na quarta um grupo de soldados veio ate a sala de convivio (segundo eles, nao tinham nada para fazer pelo que o major disse-lhes que depois de almoço estavam dispensados - boa vida!). Eram gajos divertidos no geral, especialmente um preto, alto e forte, que tava sempre a meter-se connosco, e a dizer a um ou dois tipos que la estavam que nos e que eramos inteligentes (transportes) e eles eram burros por quererem forças especiais, que para "ir para la levar no fucinho, nao, obrigado", e nisto contavam historias de pessoal de la que punham toda a gente a rir, e depois o comentario da praxe "la fora voces tavam melhor, iam ai para um feira-nova e nao tinham graduados a mandar em voces", e mal ele diz isto o sargento que foi conosco ao hospital vira-se para ele a rir (visto ele ter dito isto sem reparar que o sargento tava la) e foi logo risota geral com o "saco" (note-se que o sargento nao levou a mal). Penso que nessa hora ou algo assim que os soldados la estiveram todos nos "mancebos" ficamos moralizados para ir para la.
Quanto a dificuldade das provas, penso que e so uma pessoa fazer aquilo com cabecinha, e ser honesto nos psicotecnicos. Houve, sim, que fosse considerado inapto pelo seu perfil psicologico, mas pensem assim: se voces tem o perfil basta respoder sinceramente que entram sem problemas, se nao o tem nao vale a pena mentir porque so quer dizer que aquilo nao e para voces e vao detestar a vida la - nao vai ser so mau para o exercito, mas para voces tambem, pelo que e melhor ser sincero e se nao tem perfil para aquilo vir embora e mesmo o mal menor. Quanto aos fisicos, como chovia nao chegamos a fazer a corrida, muro nem portico, fomos todos aprovados