avião C-130 que transportava a missão portuguesa, com cerca de 30 elementos, que iria prestar auxílio às vítimas do terramoto no Haiti, regressou a Portugal devido a uma avaria no motor. A aeronave descolou hoje, pouco depois das 17:00 do aeroporto de Figo Maduro, em Lisboa, rumo a Barbados, nas Caraíbas. De acordo com a SIC Notícias, o avião já aterrou na base aérea do Montijo.
A "avaria mecânica não muito grave num dos motores" do C-130 Hércules levou a que o piloto, "por precaução", optasse por fazer regressar a aeronave a Lisboa, de onde tinha descolado às 17:20, referiu à Lusa o tenente-coronel Paulo Gonçalves, das Relações Públicas da Força Aérea Portuguesa
"Trata-se de um simples problema, um dos motores não estava a ter o rendimento desejável para um voo de muito longo curso", disse, acrescentando que a avaria não podia ser reparada em Cabo Verde ou em Barbados, onde o avião iria fazer escala antes de aterrar no aeroporto da capital haitiana, Port-au-Prince.
A fonte não esclareceu quando é que a aeronave estará novamente em condições de voar.o C-130 seguiam técnicos da Protecção Civil, bombeiros, médicos da AMI e do INEM e alguns jornalistas, incluindo dois da Lusa.
50 mil mortos e 250 mil feridos
Também esta noite, o Governo do Haiti apresentou o balanço das consequências, ao nível de vítimas, do terramoto de 7,0 que assolou o país nesta terça-feira. O ministro da Saúde Pública, Alex Larsen, adianta que há pelo menos 50 mil mortos e 250 mil feridos. O mesmo responsável diz que meio milhão de pessoas ficaram desalojadas. Quanto aos esforços de socorro, o primeiro-ministro, Jean-Max Bellerive, revela que foram recolhidos.
O ministro da Saúde anunciou ainda mais algumas medidas para responder à catástrofe. A sede do Governo foi transferida para uma esquadra da polícia situada pelo do aeroporto da capital, Port-au-Prince.
E, tendo em conta os danos significativos que o sismo provocou nos hospitais, todos os centros desportivos vão ser transformados em clínicas temporárias, para atender os milhares de feridos.
Brasileiros denunciam: ONU no Haiti está a ajudar os ricos
Segundo investigadores brasileiros no Haiti, a capital Port-au-Prince está devastada e os haitianos foram abandonados pela missão da ONU naquele país, a Minustah, que terá dado prioridade ao resgate de "ricos hóspedes estrangeiros" que estavam nos "hotéis de luxo" da cidade.
O blogue dos investigadores da Unicamp no Haiti (Universidade Estadual de Campinas, Brasil) denunciou na terça-feira o abandono da população daquele país depois do sismo de grande intensidade que assolou a capital, Port-au-Prince, no passado dia 12, terça-feira.
De acordo com o relato de Otávio Calegari Jorge, um dos autores do blogue, "o povo haitiano está se perguntando mais do que nunca: onde está a Minustah [Missão da ONU no Haiti] quando precisamos dela?" Otávio é categórico: "Posso responder a essa pergunta: a Minustah está removendo os escombros dos hotéis de luxo onde se hospedavam ricos hóspedes estrangeiros."
O autor do blogue diz ainda que não é "contra qualquer medida nesse sentido" até porque é "estrangeiro e branco" e também poderia necessitar de apoio da ONU. Otávio prevê um desfecho trágico e acredita que "o povo haitiano será o último a ser atendido, se possível. O que vimos pela cidade hoje e o que ouvimos dos haitianos é: estamos abandonados."
Otávio Jorge sustenta ainda que a situação no Haiti "foi muito mais do que um forte terramoto. Foi a destruição do centro de um país sempre renegado pelo mundo." Além de denunciar o resgate privilegiado dos turistas nos hotéis de luxo, o autor do blogue faz denúncias graves sobre o papel da ONU no Haiti, mesmo antes do terramoto.
"A ONU gasta meio milhão de dólares por ano a fazer do Haiti um teste de guerra. Ontem pela manhã [dia 12], estivemos no (...) principal Batalhão Brasileiro da Minustah. Quando questionado sobre o interesse militar brasileiro na ocupação haitiana, Coronel Bernardes não titubeou: o Haiti, sem dúvida, serve de laboratório (exactamente, laboratório) para os militares brasileiros conterem as rebeliões nas favelas cariocas.", acusa Otávio Jorge.
O autor do blogue sente-se incomodado com a "ânsia por tragédias dos media brasileiros e internacionais" e elogia ainda, no post, a atitude da fotógrafa da Unicamp que se recusa a fotografar a morte e a destruição na capital haitiana.
"Exemplo indescritível de civismo e ajuda"
Ontem, dia 14, outro dos autores do blogue, Rodrigo Bulamah, elogiava "um exemplo indescritível de civismo e ajuda." Para Rodrigo, "não há o caos, como parte dos jornalistas que nos procuram querem ouvir."
Rodrigo diz que viu "um acampamento imenso" com "pessoas organizadas, fazendo comida, tomando banho, lavando roupa", dois dias depois do terramoto. Depois, denuncia também: "Nem sinal da ajuda internacional que enche a boca de tantas autoridades. Espera-se o espectáculo da destruição para depois chegar ao espectáculo da cooperação internacional."
O autor conta ainda que "as pessoas estão removendo escombros das próprias casas e da vizinhança" e que os médicos haitianos estão a fazer "trabalho de formiga"; "algumas ONG, como a Médicos Sem Fronteiras e o Viva Rio, estão fazendo o possível para receber a população atingida", acrescenta.
No mesmo dia, outro dos autores do blogue, Daniel Santos, pergunta por que razão "os 1300 soldados brasileiros não saíram à rua para ajudar a população até agora". "48 horas depois do desastre eu fico com a impressão de que a Minustah só está preocupada com o pessoal da ONU, e nunca esteve no Haiti para ajudar o povo haitiano", confessa.
Balanço da tragédia e resposta da comunidade internacional
Apesar destas denúncias de investigadores brasileiros no Haiti, pouco depois do sismo a comunidade internacional e muitas Organizações Não Governamentais (ONGs) começaram a anunciar apoios e a mobilizar-se para ajudar as vítimas do sismo. O FMI e os Estados Unidos da América, principal credor do Haiti, anunciaram ajudas de 100 milhões de dólares cada. A União Europeia e países como Espanha, França, Venezuela ou China também vão ajudar, com dinheiro, equipas de resgate, cães farejadores, equipamento médico, medicamentos e bens alimentares.
As equipas de resgate e de Protecção Civil começaram ontem a chegar ao Haiti onde o último balanço dá conta de 300 mil desalojados e cerca de 50 mil mortos e 250 mil feridos. As ruas de Port-au-Prince estão transformadas em morgues a céu aberto e os corpos começam a ser removidos por retroescavadoras e a ser enterrados em valas comuns, para evitar as epidemias. A assistência médica é escassa e os hospitais não conseguem responder às necessidades da população.
As informações que correm o mundo dão conta de vítimas e desaparecidos de várias nacionalidades - existem, por exemplo 1400 franceses no Haiti, 1200 dos quais na capital. A sede da missão da ONU no Haiti ficou completamente destruída e morreram pelo menos 14 capacetes azuis brasileiros, dos mais de 1200 destacados no país.
O blogue dos investigadores da Unicamp no Haiti foi um dos primeiros canais de transmissão de informações sobre a catástrofe que assolou o Haiti no dia 12 - um sismo de 7.0 na escala de Richter que destruiu mais de 10% da capital daquele país, Port-au-Prince. O terramoto teve uma intensidade equivalente a 35 vezes a da bomba atómica lançada sobre a cidade japonesa de Hiroshima no final da II Guerra Mundial. Quem o diz é Roger Searle, professor de Geofísica na Universidade de Durham, no Reino Unido, que comparou a energia libertada pelo sismo à explosão de meio milhão de toneladas de TNT.
Como diz o nosso querido governo o aviao está bom aguenta ainda uns 50 anos..... é na hora do aperto e das necessidades que os materiais obsoletos dao conta de si.......Dentro de tudo desejo que nenhum acidente faça perder a vida a um camarada de armas. E mais nao digo.