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Energia Nuclear

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Energia Nuclear

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Re: Energia Nuclear
« Responder #165 em: Abril 04, 2022, 09:32:44 pm »
Aqui na Austrália, o armazenamento em baterias tem dado bons resultados a substituir centrais geradoras a gás natural, em horas de pico: o custo de operação é mais baixo, fornecem energia mais rapidamente e ajudam a estabilizar a rede.

Tenho a noção de que é uma solução cara e problemática com grandes consumidores como a indústria (energia reactiva).

Mas a título pessoal por acaso ando a pedir orçamentos para um sistema de auto-consumo com 5 a 10Kw (painéis solares + eólica) e estou a pensar usar baterias usadas e descartadas de um eléctrico (são substituídas quando a eficiência baixa para 60 a 80%).

Mas os custos.............

Veja se a eólica compensa, eu andava há uns tempos a namorar uns geradores eólicos, depois li sobre isso e basicamente só compensa se viver numa zona muito muito ventosa (Geralmente junto à Costa Atlântica ou em zonas altas) e tem sempre o problema do barulho, foi uma opinião que li ainda me falta investigar mais mas acho que pequenas eólicas não compensa.

Vou morar a quase 800 metros de altitude, o vento não falta e tenho eólicas gigantes a talvez uns 3km de distância.
Mas o problema do barulho é real. Na casa actual, temos 1 aerogerador a 2100 metros e no verão, com as janelas abertas e o eixo alinhado comigo, o barulho ouve-se perfeitamente, principalmente à noite com mais silêncio!!!!! E estou precisamente no centro da Vila!!!!!

Já vi eólicas de eixo vertical, mas...... são as tradicionais que mais compensam......
Mas não vai ser a prioridade para já. Inicialmente vou apostar em painéis solares entre 5 a 10Kw de potência e vou ver a possibilidade de arranjar baterias usadas de um Tesla ou outro. Mesmo que na pior das hipóteses só tenham 60% da capacidade, para o que quero já é muito bom  :mrgreen:

Aqui nesta zona não é costume usarmos gás nas casas novas (apesar de ser obrigatório instalar uma conduta para a rua....... quando sabemos que o gás nunca vai passar nesta zona granítica), é tudo eléctrico...... apesar da rede ser fiável, o que me preocupa é o consumo mensal de uma casa com ....... Bomba de Calor + ar condicionado + motor do furo + focos + fogão eléctrico + forno eléctrico + arca + ...................
Mas para compensar o desfasamento do consumo (mais noturno) com o da produção solar (dia), é necessário investir também em baterias!!!!!
Mas ultrapassada esta fase (investimento), praticamente não preciso de energia da rede!!!!!
« Última modificação: Abril 04, 2022, 09:41:01 pm por Viajante »
 

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Re: Energia Nuclear
« Responder #166 em: Abril 06, 2022, 12:00:42 pm »

Sobre a Austrália sigo este canal:

É critica política em forma de humor, daí querer saber da veracidade dos factos apresentados.

Eu também! É muito bom, mas é demasiado de esquerda para ti, oh H.  :mrgreen:

Este também é bom, mas o gajo tem um sotaque arrevesado, como oh caraças.

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Re: Energia Nuclear
« Responder #167 em: Abril 06, 2022, 12:23:06 pm »

Sobre a Austrália sigo este canal:

É critica política em forma de humor, daí querer saber da veracidade dos factos apresentados.

Eu também! É muito bom, mas é demasiado de esquerda para ti, oh H.  :mrgreen:


Por acaso... É.
Tenho de concordar.  :mrgreen:

Mas também digo sempre que nestes temas não nos devemos deixar levar pelo clubismo e ser o mais isentos possível.

A Direita normalmente está-se marimbando para o ambiente, pondo os interesses dos grupos económicos como prioridade.
A Esquerda normalmente está-se aproveitando do ambiente para a sua agenda política e propor medidas absurdas. 

Para mim nem uma coisa nem outra.

A energia nuclear também não é a melhor solução e se tivéssemos uma alternativa com a mesma capacidade era ir acabando com ela.

Mas para já as vantagens justificam a aposta no nuclear.
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 
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Re: Energia Nuclear
« Responder #168 em: Outubro 08, 2022, 11:26:59 am »
Energia nuclear é solução para crise e para descarbonizar, defendem ativistas


A energia nuclear é uma das soluções para combater a crise energética e ao mesmo tempo descarbonizar as sociedades, defenderam hoje em Lisboa ativistas do movimento internacional “Stand Up For Nuclear”.

Numa pequena ação num jardim em Lisboa os ativistas, em declarações à Lusa, assumiram-se como ambientalistas e consideraram ser necessário desmistificar a energia nuclear, que é hoje uma energia segura e limpa e uma das soluções para resolver o problema da crise energética no mundo.

Luís Guimarães, físico, que trabalhou 15 anos em fusão nuclear, alertou que em vários países as centrais nucleares estão a ser substituídas por centrais a carvão e por gás, o que em nada contribui para resolver o problema das emissões de gases com efeito de estufa.

“Devemos ser agnósticos em relação às várias tecnologias e sendo agnósticos a energia nuclear tem imensas vantagens”, disse, afirmando que não é contra as energias eólica e solar, ainda que tenham um uso intensivo de metais pelo que nesse caso a energia nuclear é mais limpa, mas é antes a favor do uso de todas elas.

Em Portugal, como no resto do mundo, “a transição energética tem sido muito lenta” e “advogamos que o nuclear tem lugar com outras energias e pode contribuir para nos livrarmos dos combustíveis fósseis”, afirmou.

João Neves, engenheiro de minas, outro dos ativistas, salientou que é importante diferenciar a energia nuclear de armamento nuclear e pediu que as pessoas se informem por elas, não se deixando influenciar. “Pensar em energia nuclear em função de armas nucleares é como pensar em eletricidade em função de uma cadeira elétrica”, acrescentou Luís Guimarães.

Os dois garantiram que a energia nuclear é mais limpa do que qualquer energia renovável e também necessita de menos matéria, “diminuindo a necessidade de explorar a natureza”. “Excluindo a armas nucleares e os testes o impacto que a energia nuclear tem na natureza é diminuto”, disse à Lusa Luís Guimarães.

Questionado sobre se não é admissível que as pessoas tenham medo de possíveis acidentes, como aconteceu em Chernobil em 1986, ou de uma explosão na central de Zaporíjia, na Ucrânia, em zona de guerra, ou mesmo na central de Almaraz, em Espanha e perto de Portugal, Luís Guimarães assegurou que não há qualquer perigo nas centrais em questão mas admitiu que na atualidade as pessoas “têm medo” do nuclear.

“O que aconteceu em Chernobil não podia acontecer em Almaraz e também não pode em Zaporíjia”, disse.

Quer Luís Guimarães quer João Neves defendem que a energia nuclear é uma das soluções para descarbonizar a Europa, e mesmo em Portugal, que está “a fazer uma transição energética miserável”, devia fazer-se esse debate de construção de centrais nucleares pequenas.

O movimento “Stand Up For Nuclear” nasceu nos Estados Unidos e defende a proteção e continuação da energia nuclear, solução para um “futuro energético limpo e sustentável”.

Na sua página na internet o movimento fala do “forte movimento antinuclear” que começou nos anos 1970, levando a atenção para as energias renováveis, e diz que hoje a situação é outra, que a descarbonização só acontece com energia nuclear, referindo que estão a ser construídos no mundo 52 reatores.


 :arrow: https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/energia-nuclear-e-solucao-para-crise-e-para-descarbonizar-defendem-ativistas
« Última modificação: Outubro 08, 2022, 11:27:42 am por Lusitano89 »
 
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Re: Energia Nuclear
« Responder #169 em: Janeiro 17, 2023, 01:12:18 am »
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

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Re: Energia Nuclear
« Responder #170 em: Outubro 16, 2023, 02:37:09 pm »
Conferência Intermédia Ano OE Energia e Clima | Análise Estratégica da Energia Nuclear part1


 

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Re: Energia Nuclear
« Responder #171 em: Outubro 18, 2023, 06:56:38 pm »
Conferência Intermédia Ano OE Energia e Clima | Análise Estratégica da Energia Nuclear part2


 

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Re: Energia Nuclear
« Responder #172 em: Março 27, 2024, 10:15:17 am »
Luís Guimarães - “O Nuclear é uma das soluções para a transição energética?”


 

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Re: Energia Nuclear
« Responder #173 em: Outubro 24, 2024, 01:34:17 am »


Citar
Chernobyl Accident - the Physics Clearly Explained: a simulation and visualization of the Chernobyl disaster, breaking down the physics behind the accident.
It explains nuclear fission, focusing on Uranium-235 and how reactors maintain a controlled chain reaction using control rods and moderators like graphite.
The RBMK reactor’s dangerous positive void coefficient is highlighted, showing how overheating increases reactivity.

The simulation shows the events leading to the disaster: a safety test reduced power, causing Xenon-135 buildup and a power drop.

Operators attempted to raise power by removing control rods, but reactivity surged when they pressed the SCRAM (AZ-5) button due to a design flaw with graphite tips.
This led to the reactor’s explosion.

Explicação cientifica dos acontecimentos que levaram à falha catastrófica do reator.
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

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Re: Energia Nuclear
« Responder #174 em: Outubro 24, 2024, 11:16:32 am »
El MEGAPROYECTO en Perú que convertirá la Amazonía en potencia energética: se instalarán imponentes reactores nucleares
El Ministerio de Energía y Minas busca asegurar el suministro eléctrico en la Amazonía mediante la instalación de reactores nucleares SMR de 300 MWh, un paso histórico para la región.



Micaela Fuentes
El Ministerio de Energía y Minas (Minem) ha anunciado un ambicioso plan para la instalación de reactores nucleares en la selva peruana, específicamente en Iquitos, con el objetivo de garantizar el suministro eléctrico en esta zona. Esta propuesta fue presentada durante la I EXPO Internacional del Sector Eléctrico, donde el viceministro de Electricidad, Víctor Carlos Estrella, explicó que se trata de un proyecto piloto destinado a ofrecer energía de manera constante y segura a los denominados "circuitos aislados" en la región oriental del Perú.

La idea de instalar pequeños reactores modulares (SMR) de 300 MWh en Loreto ha sido respaldada por el Minem y el Instituto Peruano de Energía Nuclear (IPEN), en colaboración con organismos internacionales como el Banco Mundial y el Banco Interamericano de Desarrollo (BID). Este proyecto no solo promete cubrir la creciente demanda energética en la región, sino que también pretende sentar las bases para una nueva era de generación eléctrica en el país​.

¿En qué consiste el megaproyecto energético en la Amazonía peruana?
El proyecto busca implementar reactores SMR, una alternativa a las grandes centrales nucleares, para proporcionar energía limpia y constante en zonas remotas. Estos reactores de menor tamaño no requieren grandes infraestructuras y pueden funcionar en regiones con acceso limitado. La elección de Iquitos responde a la necesidad de modernizar su sistema eléctrico, que actualmente depende del petróleo y sufre constantes fallos de suministro​.

sta propuesta, según el viceministro Estrella, se encuentra en fase de estudios técnicos y de viabilidad, con la participación de países como Corea, Japón y China. La integración de estos reactores permitirá la estabilidad energética de la región, asegurando un suministro las 24 horas del día, algo fundamental para mejorar la calidad de vida de los habitantes locales​.

¿Cuál es el funcionamiento del sistema eléctrico en Iquitos?
El sistema eléctrico de Iquitos opera de manera independiente al Sistema Eléctrico Nacional (SEIN) debido a su ubicación geográfica, lo que dificulta la construcción de líneas de transmisión desde el resto del país. Actualmente, la ciudad depende de la generación térmica con petróleo, lo que resulta costoso y poco eficiente. La implementación de reactores nucleares SMR podría revolucionar la forma en que se abastece la electricidad en la región, ofreciendo una solución más sostenible y menos contaminante​.


Reactor nuclear SMR. Foto: difusión

Energía nuclear para abastecer de electricidad a Iquitos
La introducción de energía nuclear en Iquitos tiene como objetivo resolver las continuas deficiencias energéticas. Recientemente, se declaró la situación de "grave deficiencia" del sistema, impulsando medidas de emergencia para asegurar la provisión eléctrica. El Minem planea dejar una base sólida para la implementación de tecnología termonuclear, garantizando el acceso continuo a la energía en circuitos aislados​.

...

https://larepublica.pe/sociedad/2024/10/21/el-megaproyecto-en-peru-que-busca-convertir-a-la-amazonia-en-potencia-energetica-se-instalara-poderosos-reactores-nucleares-evat-1073121
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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Re: Energia Nuclear
« Responder #175 em: Outubro 24, 2024, 11:38:26 am »
Enquanto uns constroem novas, outros descobrem o custo final da energia "barata"

https://www.theguardian.com/business/2024/oct/23/sellafield-cleanup-cost-136bn-national-audit-office
 

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Re: Energia Nuclear
« Responder #176 em: Fevereiro 05, 2025, 12:35:50 pm »
O testemunho de um português à frente de centrais nucleares em Espanha
O CEO da ANAV acena com escrutínio e segurança máxima aplicada nas centrais nucleares e diz que só o setor da aviação pode ser comparado ao do nuclear. Ao i, Paulo Santos conta como tudo funciona e as exigências que têm de ser cumpridas



Paulo Santos foi para Espanha, em 2000, mas só em 2017 é que entra na área da produção nuclear. Atualmente é CEO da Associatión Nuclear Ascó-Vandellós II (ANAV) que pertence à Endesa e Iberdrola e que gere as centrais nucleares de Ascó e Vandellós II na província de Tarragona, na Catalunha. Para trás ficou uma carreira também ligada à energia, mas termoelétrica. “Comecei a minha carreira na EDP, onde estive mais ou menos dez anos da minha carreira profissional entre Sines, Setúbal e Pego, mas dedicada às centrais de carvão e de fuelóleo”, diz ao i. E lembra que Portugal chegou a ter um programa nuclear e desenhou a central do Pego com códigos de construção e com qualidade de uma central nuclear. “O Pego era uma central completamente diferente das outras, mas depois ocorreu o acidente Chernobyl, em 1986 e, nessa altura, o Governo português de então decidiu cancelar unilateralmente o programa nuclear português. Trabalhei na central do Pego e brincávamos muitas vezes a dizer que éramos a primeira central nuclear a carvão do mundo”, ironiza.
Quando foi para Espanha trabalhou durante alguns anos como coordenador da manutenção de centrais termoelétricas e hidroelétricas, mais tarde foi promovido a subdiretor de serviços técnicos de produção elétrica. Passou entretanto pelo Chile – como diretor de produção elétrica para os cinco países onde a Endesa tinha, na altura, centrais: Chile, Argentina, Brasil, Peru e Colômbia – pelo Brasil como diretor geral de produção elétrica no Brasil e, mais tarde, para Roma como diretor de produção elétrica a carvão nos países todos em que a ENEL tinha ativos: Rússia, Eslováquia, Itália, Espanha, Portugal, Chile e Colômbia. “Em 2008, a ENEL comprou grande parte da Endesa e tornou-se o seu acionista de referência, acabei por, em 2017, regressar a Espanha e fui então para a produção nuclear”, salienta.
Ao nosso jornal, Paulo Santos confessa que o setor nuclear só comparável ao da aviação civil no que diz respeito à troca e partilha de informação e às melhorias que são feitas de forma regulada. “Quando há um acidente de aviação há imediatamente um sentimento de medo em todo o mundo, em que as vendas de bilhetes acabam sempre por ser afetadas, pois há pessoas que ficam com medo e não querem viajar. Tudo isso exige uma investigação muito rigorosa, muito aprofundada e chega-se a uma conclusão que pode passar, por exemplo, por uma modificação de desenho de alguma componente de um determinado modelo de avião, tornando essas alterações obrigatórias a todos os operadores que tenham esse modelo de avião. Com as centrais nucleares assiste-se exatamente à mesma coisa. Há uma organização que é a Associação Mundial de Operadores de Centrais Nucleares que monitoriza todas as centrais nucleares em todo o mundo e quando acontece alguma coisa temos de fazer uma análise ao que aconteceu e depois extrair as conclusões, em que estas têm de ser partilhadas com todo o setor”, diz o responsável.
E lembra que quando acontece alguma coisa numa central nuclear, em qualquer parte do mundo, há a obrigação de estudar o que aconteceu aos outros para ver se é aplicável à tecnologia que cada central tem e se for aplicável é necessário fazer modificações desses processos para que preventivamente não aconteça o mesmo. “Esta organização tem uma máxima que é se acontece algum acidente numa central nuclear, em qualquer parte do mundo, imediatamente todo o setor nuclear acaba por sair afetado. Por exemplo, o acidente de Fukushima, em 2011, serviu como catalisador para que, no caso de Espanha, se fizessem provas de stress, submetendo as centrais aos seus limites mais operativos que normalmente não se verificam no dia-a-dia”, daí a ANAV ter investido 100 milhões para preparar as suas centrais “para uma situação absolutamente impensável”. E dá exemplos: “Construímos um armazém seguro em cada uma das centrais, onde temos camiões com especificação militar que sobem uma pendente de 45% com pás à frente para remover escombros ou neve. Temos geradores a diesel de emergência, temos bombas de baixa e média pressão também a diesel para pôr em qualquer dos grupos onde possa estar a acontecer uma emergência, entre muitas outras medidas”.
Paulo Santos lembra ainda que Espanha conta com Conselho de Segurança Nuclear que responde diretamente ao Congresso de Deputados e que tem a função de vigiar tudo aquilo que as centrais nucleares fazem. “Esse conselho tem inspetores residentes, três em Ascó e dois em Vandellós e são pessoas que podem entrar em qualquer sítio da central, falar com quem quer que seja, têm acesso a todos os nossos sistemas informáticos, às nossas publicações de dados e qualquer coisa que vejam que seja menos do ótimo criam uma ata, o que nos obriga a fazer uma série de ações para corrigir essa deficiência e impedir que isso volte a acontecer”, acrescenta.

Segurança ao máximo

Todas estas exigências levam o CEO da ANAV a garantir que as centrais nucleares funcionam com o máximo de segurança e a reconhecer que tem mais receio que algum dos trabalhadores possa sofrer um acidente no local de trabalho do que a assistirmos a um acidente nuclear. E salienta que, por isso, há uma grande aposta na prevenção e na saúde do trabalho. Já em relação às radiações ionizantes a que é exposto também lembra que há muitos cuidados a ter. “Tenho de fazer um curso em cada dois anos, uma prova médica anual para ver se estou em condições para poder aceder à zona onde há radiação e contaminação e a cada seis meses tenho de passar por um contador de radioatividade corporal para poder manter a minha qualificação como pessoal exposto”, refere ao i.
E admite que o receio em torno do nuclear que ainda existe deve-se ao desconhecimento. “É, por isso, que nós na ANAV e os nossos colegas das outras centrais nucleares fazemos um esforço importante de abertura à opinião pública para que nos visitem. E normalmente as pessoas quando nos visitam depois vão com uma opinião bastante diferente do que são as centrais nucleares em funcionamento”.
Paulo Santos não hesita: “Estou exposto às radiações ionizantes, entro em zonas controladas e estou nesses espaços, o tempo que for preciso, mas penso que não há nenhuma empresa que pague o suficiente a alguém para que a ponha em perigo e possa receber uma dose de radiação que possa desenvolver, por exemplo, um cancro e que venha a falecer. Não há dinheiro nenhum que pague isso”, recordando que os trabalhadores vivem relativamente perto das centrais, assim como as suas famílias e também poderiam ser afetados caso houvesse uma fuga de radiação ou de partículas. “Temos muita responsabilidade em cima. Temos centrais muito bem desenhadas que contam com uma série de redundâncias para evitar que, no caso da avaria de uma máquina, ficássemos sem um sistema de proteção, sem um sistema de segurança. E é tudo sujeito a avaliações periódicas para provar que funcionam perfeitamente”.
De acordo com o responsável, essas provas periódicas são, na maior parte dos casos, seguidas pelo Conselho de Segurança Nuclear e, ao mesmo tempo, há uma grande aposta na formação dos trabalhadores, referindo que é gasto anualmente milhões de euros por ano em formação, em que cerca de 3,5 a 4% do tempo de trabalho útil anual é dedicado à formação, nomeadamente sobre sistemas, proteção radiológica, segurança física, etc. E recorda que tem perto de Vandellós dois simuladores de alcance completo que simulam uma sala de controlo da Ascó e uma sala de controlo ou de comando de Vandellós. “Nesses simuladores aprendem a arrancar e a parar, a mudar de potência dos reatores e como fazer a gestão segura de uma avaria”.
E as exigências não ficam por aqui. Para se ser operador de uma central nuclear é preciso fazer um curso com três anos de duração, com exames semanais e para se manterem no curso têm de ter no mínimo uma avaliação média de 80%, no final têm um exame teórico e um prático em simulador. “Depois de finalmente terem as licenças para poderem operar numa central nuclear só podem operar naquela a que foi atribuída a licença”, salienta. Já para terem uma licença de supervisor é necessário mais dois anos de estudo e mais exames no final do Conselho de Segurança Nuclear. “O processo é muito rigoroso, pondo sempre a segurança nuclear por cima de qualquer outra coisa”, acrescenta.
Também a atividade é alvo de escrutínio por parte da Associação Mundial de Operadores de Centrais Nucleares que envia uma delegação com cerca de 30 pessoas e durante três semanas “metem o nariz em absolutamente tudo”, referindo que nessa “comitiva” há especialistas em proteção radiológica, em manutenção, em engenharia e em operação, entre outros. “Entrevistam pessoas, assistem a reuniões e vão ver as nossas práticas de trabalho no dia-a-dia. Tudo aquilo que não for excelente criam uma chamada área de melhoria e se isso acontecer temos de fazer depois uma série de trabalhos para melhorar as nossas práticas, porque dois anos mais tarde volta um outro grupo já mais reduzido para ver se essas melhorias foram ou não implementadas”, refere o responsável.

Afastar riscos

De acordo com Paulo Santos todo esta avaliação é necessária para evitar que uma central nuclear esteja numa situação de risco de perder a licença. “Isso nunca aconteceu nas nossas centrais, mas sei que aconteceu em outras. Tivemos uma revisão por pares, em junho 2023, em Vandellós e, em março de 2024, em Ascó e em junho de 2024 o corporativo. É tudo controlado, não pode haver facilitismo porque se há facilitismos poderemos ter um acidente e ter um problema gravíssimo. Isso não pode acontecer”, diz ao nosso jornal.
Quanto ao resíduos radioativos também aqui, o CEO da ANAV afasta riscos. “Em Espanha decidiu-se que os resíduos radioativos, ou seja, o combustível nuclear gasto e as barras de controle com vida útil expirada estão armazenados nas piscinas de combustível das centrais e depois são armazenadas a seco em armazéns temporais individualizados que estão dentro das próprias centrais. Os contentores de combustível gasto – que levam 32 elementos de combustível dentro de cada contentor – estão dentro de uma cápsula de aço que está seca e está pressurizada com azoto para depois ser soldada para que não possa escapar absolutamente nada. Além disso, está metida dentro de uma cápsula de betão de alta densidade para lhe dar uma barreira adicional de proteção contra as radiações”, acenando com o facto de esses contentores estarem desenhados para caírem, numa altura, de dez metros contra uma superfície aguda, sem perder a integridade estrutural, ou seja, sem se romperem e são depositados em lajes sísmicas que estão desenhadas para suportar um sismo, “diria semelhante ao de 1755, em Lisboa” para não causarem nenhum tipo de acidente. “Quando se fala dos resíduos nucleares e da herança que vamos deixar para gerações futuras posso garantir que é tudo muito, muito controlado e com um impacto absolutamente mínimo”, conclui.

https://sol.sapo.pt/2025/02/04/o-testemunho-de-um-portugues-a-frente-de-centrais-nucleares-em-espanha/
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