Metade dos novos hélis parada por falta de peças FAP equaciona colocar os 'Puma' a voar outra vez A Força Aérea Portuguesa (FAP) tem "cerca de 50%" dos seus helicópteros EH101 parados por falta de peças, alguns dos quais "já foram canibalizados" para manter os restantes a voar.
Diferentes fontes da FAP adiantaram ontem ao DN que o ramo está a viver "
uma situação crítica e muito melindrosa": por um lado,
a empresa Agusta-Westland não consegue fornecer sobressalentes em número suficiente para manter a frota de 12 helicópteros a voar; por outro, o Ministério da Defesa continua sem celebrar o contrato de manutenção e operação dos aparelhos, que não foi assinado aquando da sua compra pelo então ministro Paulo Portas.
O actual ministro, Nuno Severiano Teixeira, autorizou há um ano que fosse feito um contrato com a Agusta-Westland - através da Defloc, uma empresa da holding estatal para as Indústrias de Defesa, EMPORDEF - por um prazo de seis meses, prorrogável por mais seis. Esse período serviria para negociar um contrato de longo prazo para as áreas de manutenção e operação dos EH101 Merlin da FAP, em cujo programa foram investidos cerca de 450 milhões de euros.
Fonte oficial do Ministério da Defesa assegurou ontem ao DN que "
as negociações do contrato para os próximos 5 anos estão finalizadas". Quanto à data de assinatura do documento, ela "
será autorizada brevemente". Ficou também por saber se a OGMA (empresa aeronáutica de Alverca onde o Estado tem uma participação de 35%) vai assumir parte das operações de manutenção dos helicópteros.
Entretanto, enquanto não é assinado esse contrato de longa duração, "
o fabricante continuará a prestar o apoio necessário à frota" dos EH101, adiantou a porta-voz de Nuno Severiano Teixeira. Quanto ao contrato de contrapartidas, que também não foi concluído, "
a Comissão de Contrapartidas está a trabalhar intensamente com a Agusta na renegociação do mesmo", adiantou a fonte.
Recuperar os velhos 'Puma'A situação operacional dos helicópteros atingiu um nível tal que a FAP decidiu estudar a recuperação dos Puma, helis que começaram a operar nas guerras coloniais africanas e retirados do serviço em finais de 2006.
Assim, a FAP enviou, há algumas semanas, vários técnicos para Beja, onde os Puma foram armazenados para eventual venda, confirmaram diferentes fontes ao DN.
O porta-voz da FAP, tenente-coronel António Seabra, disse ao DN que o ramo "
não tem comentários a fazer" sobre o assunto.
A decisão de reactivar os Puma, a confirmar-se a sua viabilidade, "
é muito arriscada", desde logo porque terá "
custos muito elevados", referiram as fontes, ouvidas sob anonimato por não estarem autorizadas a falar sobre a matéria. Mas os custos não serão apenas financeiros (recuperação dos aparelhos, substituição de equipamentos já obsoletos): "
É preciso ir buscar mecânicos que já estavam noutras áreas, transferi-los de unidade, é necessário requalificar as tripulações" - resumindo, "
vai exigir um esforço suplementar enorme" aos quadros do ramo, frisou uma das fontes.
Essa situação já se verifica em parte, uma vez que militares estacionados nos Açores - alguns transferidos para outras áreas funcionais da base depois de os Puma serem abatidos - já estão a trabalhar em Beja.
Esta chamada de pessoal estacionado nos Açores pode significar que os Puma regressarão ao arquipélago se forem reactivados, substituindo assim os EH-101 ali estacionados. Segundo uma das fontes, pelo menos um destes aparelhos continuaria estacionado nas Lajes para garantir as operações de busca e salvamento a longas distâncias - um dos principais critérios que levaram o Estado a adquirir o Rolls Royce dos helicópteros.
Para já, o certo é que a FAP tem "
pouca capacidade para fazer mais do que o alerta" para missões de busca e salvamento no mar, constatou uma alta patente do ramo.
DN