AS VIATURAS BLINDADAS LIGEIRAS TÁTICAS (VAMTAC) (VIATURA DE ALTA MOBILIDADE TÁTICA) NA ESTRUTURA ORGÂNICA DE MATERIAL (EOM) DOS BATALHÕES DE INFANTARIA PARAQUEDISTAS (BIPARA). O IMPACTO AO NÍVEL TÁTICO E AS NECESSÁRIAS ALTERAÇÕES DAS TÁTICAS, TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS (TTP)Tenente Coronel de Infantaria Paraquedista João Francisco da Costa BernardinoA DOUTRINA O paradigma da rentabilização e projeção das Forças Ligeiras, bem como o seu emprego alterou-se significativamente com a nova tipologia de viaturas blindadas ligeiras adquiridas. A experiência ao nível tático das PANDUR versus VAMTAC na RCA são prova disso mesmo: movimento e manobra passam a ter outro significado onde a rentabilização das potencialidades das viaturas ligeiras vem disponibilizar capacidades antes não existentes, onde se tem provado que o recurso a este tipo de forças tem sido muito mais efetivo, tendo em consideração as características do atual ambiente operacional, pela sua capacidade de atingir o Centro de Gravidade (CoG) das forças opositoras.
A TIPOLOGIA DE UNIDADE A Secção é, para as forças de combate dos Paraquedistas, a unidade base e mínima de emprego de forma isolada4. Na atual EOP aprovada as Unidades de Escalão Secção (UES) dos BIPara são constituídas por oito (08) elementos, fazendo com que cada Secção tenha à sua disposição duas (02) viaturas VAMTAC, com capacidade de transportar cinco (05) militares cada. Face a isto, o lugar vago permite o transporte de militares com outras valências de acordo com a tipificação da tarefa a executar ou reforçando a Secção com mais dois (02) elementos. Estando em revisão os quadros Orgânicos dos BIPara, existem algumas propostas de alteração da estrutura da UES face às capacidades das novas viaturas.
DESAFIOS Dada a recente integração das VAMTAC no Exército e a sua imediata entrada em TO, persistem algumas tarefas que urge finalizar:
• Atualização de TTP derivadas da experiência de missões anteriores;
• Elaboração de novas TTP que potenciem a utilização deste novo meio;
• Definição e elaboração dos planos de carregamento exequíveis;
• Incutir nas Secções/Guarnições uma mentalidade de homem/viatura (contudo, não em exclusivo, pois os BIPara têm de ser capazes de atuar como força apeada, mormente quando projetados por paraquedas);
• Aquisição de um sistema de comunicações sem fio para o elemento que se encontra na torre da viatura.
PROPOSTAS Aquisição de um simulador de condução, à semelhança do existente para as PANDUR, apresentando as seguintes vantagens:
• Proficiência do pessoal;
• Poupança do material/equipamento;
• Diminuição de gastos;
• Capacidade de manutenção dos BIPara, com o levantamento de Módulo de Manutenção, quando projetado com viaturas para operações;
• Aquisição de nova tipologia de armas para equipar as torres das viaturas, nomeadamente a capacidade anticarro (ACar).
• Aquisição de capacidade e efetuar tiro do interior da viatura (sistemas de tiro remoto (Remote Weapon Station (RWS));
• Operar o sistema ROSY com lançamento de cartuchos reais durante o período de formação;
• Aquisição de projetores de iluminação LED para torres;
• Aquisição de sistemas de Segurança/ Retenção para apontadores da torre;
• Aquisição de proteções para meios-rádio e outros equipamentos eletrónicos presentes no compartimento de transporte;
• Aquisição de capas de proteção para apontadores das Torres.
AMBIÇÕES Sendo os BIPara um tipo de força que se caracteriza por um alto estado de prontidão, com um nível de treino superior, capazes de se adaptar a qualquer tipo de ameaça, seja convencional ou assimétrica, agindo de forma decisiva para alcançar os objetivos estabelecidos5, considera-se que um dos desafios futuros para estas unidades, nomeadamente na conduta de Operações Aerotransportadas, será a capacidade de se fazerem acompanhar por estes novos sistemas de armas, de forma a manter o máximo de potencial de combate. Para o efeito, é importante que se adquiram plataformas adequadas para a projeção aérea das VAMTAC, permitindo que as viaturas acompanhem a força quando esta fizer uso da terceira dimensão.
CONCLUSÃO Por se tratar de uma viatura nova, ainda existe muita matéria por explorar e até algumas indefinições quanto ao seu uso e de algumas ferramentas/valências. Considera-se, contudo, que a sua exposição no TO da RCA servirá para aprofundar o conhecimento deste sistema de armas, nomeadamente no entender e acompanhar das suas performances, dos seus comportamentos aquando do seu emprego em situações reais de emprego tático, de forma a retirar o máximo rendimento do mesmo. Como com qualquer sistema de armas, a adaptação do homem à viatura é certamente o ponto fulcral para a proficiente utilização e rentabilização das capacidades da mesma. A execução de TTP realistas e testadas, executadas por tripulações proficientes, será uma mais-valia na execução das tarefas exponenciado as capacidades dos BIPara. Concomitantemente, a definição do armamento a ser utilizado na torre é um aspeto determinante, pois irá alterar consideravelmente o potencial de combate das unidades, permitindo que se mantenha uma base de fogos em apoio à força apeada sem que esta perca a sua capacidade de tiro automático de supressão no seu seio. As tecnologias, por si só, não substituem o Homem. Este, enquanto líder, decisor e ser racional, será sempre o elemento central da Arma de Infantaria e de qualquer Exército. As tecnologias, porém, ampliam as capacidades humanas e, por conseguinte, diferenciam os homens e as suas possibilidades.
Fonte :
https://assets.exercito.pt/SiteAssets/GabCEME/Comunica%C3%A7%C3%A3o/Jornal%20e%20Revistas%20do%20Ex%C3%A9rcito/Revistas/Infantaria/N%206%20-%20Revista%20INFANTARIA%2021%20full.pdf