Eu não concordo com essa análise. A capacidade de absorver pessoal mobilizado pode existir tanto no formato actual de BrigMec e BrigInt, tal como poderia acontecer num formato de Brigada Mista. A estrutura existiria em ambos os casos, apenas muda ligeiramente o formato, e deixa de haver o desafio de ter que dividir o pessoal mobilizado por 3 brigadas.
A ideia de manter a BrigMec com o argumento de uma hipotética mobilização, só fazia sentido se houvessem reservas de material suficientes para isso, e isto inclui blindados de lagartas adicionais, incluindo CCs.
Manter a BrigMec numa posição de "não vamos equipá-la como deve ser agora, porque depois mobiliza-se pessoal vai-se buscar equipamento", representa um desperdício de recursos (manter uma Brigada para fingir que sim), sem real produto militar.
Com uma Brigada Mista, a necessidade de um IFV lagartas mantém-se, tal como uma variante VSHORAD, e restantes variantes de apoio do Leopard 2 e provavelmente PM. De resto, a frota Pandur II (que precisaria de reforço) consegue absorver as funções dos M-113. Esta alternativa é financeiramente mais realista, do que estar à espera de substituir todos os M-113 e respectivas variantes, por um blindado de lagartas novo, e ainda conseguir arranjar pessoal suficiente para guarnecer estas duas brigadas.
A alternativa à Brigada Mista, é manter a BrigMec, mas aceitando que, tirando variantes IFV, VSHORAD e PM, os restantes M-113 teriam que ser substituídos por um veículo blindado de lagartas muito mais barato, e que assim permita a aquisição de um nº suficiente para ter uma BrigMec minimamente completa.
Este veículo, poderia ser o BvS10 (pegando na sugestão do CdM), com custos unitários que podem rondar os 2M-5M, dependendo da versão. Este veículo terá bastante menos protecção que um AMPV ou CV-90, mas será muito mais barato.
Aqui o debate não é simplesmente entre ter as 3 Brigadas ou reduzir para 2 (BRR e Brigada Mista), é até que ponto é que manter o formato actual, não vai penalizar programas tidos como essenciais, como a compra de baterias AA de médio alcance. Depois temos a dúvida de qual a capacidade de arranjar pessoal suficiente para guarnecer as ditas brigadas, a tempo inteiro e não apenas num cenário extremo de mobilização.
As viaturas de combate de infantaria, são utilizadas para dar à infantaria apeada um suporte de fogo, ao mesmo tempo que a infantaria protege os carros de combate pesados.
Os carros de combate pesados, no nosso caso os Leopard-2 são feitos para avançar em terreno contestado, utilizando a versatilidade das lagartas para passar por lugares onde outras viaturas não podem ser utilizadas.
Se os tanques passam, mas a infantaria que os protege tem que ficar para trás, porque uma viatura 8x8 não pode passar onde passa uma viatura de lagartas, então ou se abandonam os tanques à sua sorte, ou abandona-se o objetivo e não se avança.
O nosso problema, é que para potenciar os Leopard, não precisamos apenas de IFVs de lagartas, precisamos de todo um conjunto de meios (muitos deles também de lagartas) que garantam a viabilidade da sua operação. Falamos em variantes VSHORAD/C-UAS, em variantes de engenharia/desminagem, etc. Depois ainda temos a questão do ERec, que certamente precisa de revisão relativamente a novas doutrinas.
Tudo isto exige dinheiro, e se comprássemos apenas IFVs, continuávamos com grandes limitações na dita brigada.