Visitando o Bismark

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Luso

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Visitando o Bismark
« em: Janeiro 21, 2006, 12:58:50 am »
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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Marauder

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« Responder #1 em: Fevereiro 10, 2006, 01:08:09 am »
Boas,

        falando do Bismark, tenho aqui estas no bau..





 
      Saudações
 

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Rui P Soares

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« Responder #2 em: Março 23, 2006, 10:11:53 am »
 

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papatango

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« Responder #3 em: Novembro 21, 2008, 11:07:33 pm »
Pessoalmente não creio no entanto que os radares (que eram na realidade telemetros rudimentares) tivessem alguma influência nas batalhas em que o Bismark esteve envolvido.

O radar era algo muito limitado na altura e muito pouco preciso.

Os radares pelo que sei, não tinham precisão suficiente para determinar uma solução de tiro adequada.

Os navios daquela época utilizavam um complicado sistema, que se pode chamar de computador mecânico que permitia dirigir o tiro dos canhões com base na observação do resultado dos disparos anteriores.
É por isso que os couraçados transportavam aviões de observação, para relatar por rádio para o centro de comando de tiro do navio onde tinham caido os tiros.

Isso permitia introduzir os dados nesse computador mecânico e em apenas alguns segundos calcular um novo ângulo de tiro para cada um dos canhões.

Ora pelo que sei, o Bismark ficou sem telemetro, mas continuou a ter capacidade para disparar. O problema ocorreu quando um disparo atingiu a blindagem superior de menor qualidade e colocou fora de serviço a área onde estava o sistema que geria o disparo.

Um couraçado como o Bismarck, precisa de informação de tiro sobre todos os oito canhões para obter uma solução de tiro precisa.

Sem essa informação, cada torre dispara sozinha e não tem dados suficientes para fazer as correcções.

O problema do Bismarck é deste ponto de vista, e eo contrário do que muitas vezes se afirma, um problema de protecção e de blindagem.
O navio estava muito bem compartimentado e preparado por exemplo para resistir a torpedos, mas com um sistema de controlo de tiro tornado ineficaz e perante uma marinha como a Royal NAvy seria uma questão de tempo.

Embora com canhões de menor calibre o Prince of Wales não era muito inferior ao Bismarck e uma das provas são os oito disparos de 380mm que sofreu sem que nenhum deles conseguisse de facto afectar o navio.

Estes dados do meu ponto de vista reforçam a ideia de que o Bismarck e o Yamato foram os melhores couraçados do seu tempo. O "King George V" eram provavelmente igualmente poderosos. O alcance dos canhões era idêntico, com ligeira vantagem para o Bismarck que também tinha canhões de 380mm contra 343mm dos ingleses, mas estes últimos tinham dez canhões contra oito dos alemães.

Curiosamente, os mais poderosos canhões de um navio europeu foram os canhões dos couraçados italianos da classe Littorio. O problema que tinham era o da munição italiana de muito má qualidade.
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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zé do bone

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« Responder #4 em: Novembro 21, 2008, 11:39:06 pm »
Ora cá estamos nós... :wink:
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papatango

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« Responder #5 em: Novembro 22, 2008, 12:41:34 am »
Bom, eu acredito que as pessoas são sérias, mas quando vêm de países que produziram os seus próprios couraçados, muitas vezes as análises têm tendência a ser um pouco, enfim, tendenciosas.

Eu tenho tentado desde há algum tempo criar um sistema que permita efectuar comparações honestas entre equipamentos militares e é algo que é extremamente dificil.

A minha comparação entre cinco dos navios couraçados rápidos da II Guerra Mundial, é baseada nos dados conhecidos de

(P) - Peso do projéctil disparado pelo armamento principal (peso efectivo do metal que cai do outro lado)
(C) - Numero de canhões (multiplica o peso total do projectil)
(A) - Alcance máximo dos canhões principais (determina vantagem para quem dispara primeiro)
(V) - Velocidade máxima do navio (Permite decidir o combate retirando, ou perseguindo)

Acredito que este último factor deveria ter mais peso, no entanto, efectuando as multiplicações de ( P x C x (1+A/100) x (1+V/100) ) /1000

obtemos o seguinte:

Yamato: 21.86
Iowa: 20.08
Bismarck: 11.22
K.G. V: 12.46
Littorio: 14.70

Estes dados não podem no entanto ser considerados sem uma análise objectiva da situação caso a caso.

Um exemplo, é o caso do Iowa, que tendo superior velocidade teria a possibilidade de atacar ou fugir consoante a situação. Além disso o navio americano tinha canhões com bastante maior alcance.

O Littorio, tinha canhões que lhe davam clara vantagem sobre qualquer navio, mas não dispunha de um controlo de tiro eficiente, e além disso, para piorar as coisas as munições eram diferentes e não havia um controlo de qualidade eficiente, pelo que eles disparavam uma salva e quando corrigiam o tiro, partiam do principio de que a munição teria o mesmo comportamento, o que não acontecia porque a munição apresentava grandes diferenças dentro dos mesmos lotes.

De qualquer forma, sem considerar isso, o peso da bordada do Yamato continuaria a dar alguma vantagem ao navio japonês.

Na Europa o Bismarck é inferior aos restantes navios (ainda não coligi dados sobre os navios franceses, mas eles praticamente não actuaram).
O Littorio era mais rápido que o Bismarck e tinha canhões superiores (que por isso só podiam disparar umas 120 vezes)
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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emarques

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« Responder #6 em: Novembro 22, 2008, 02:09:23 am »
Só uma curiosidade:
Citação de: "papatango"
Curiosamente, os mais poderosos canhões de um navio europeu foram os canhões dos couraçados italianos da classe Littorio. O problema que tinham era o da munição italiana de muito má qualidade.

Na verdade os mais poderosos canhões instalados em navios europeus foram os BL 18 inch /40 Mark I dos britânicos (457mm). Detêm o recorde de maior distância a que um navio da Royal Navy atacou alvos inimigos com canhões (33km).

Só que eles nunca chegaram a usá-los num couraçado. Originalmente iam ser instalados no HMS Furious quando este ainda ia ser um "grande cruzador ligeiro", mas quando fizeram a experiência descobriram que o casco não aguentava o recuo dos disparos, por isso acabaram por instalar os canhões de 18 polegadas (os do Yamato eram de 18,1", mas usavam projécteis mais leves) em navios de bombardeio de costa (HMS General Wolfe e HMS Lord Clive).
Ai que eco que há aqui!
Que eco é?
É o eco que há cá.
Há cá eco, é?!
Há cá eco, há.
 

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zé do bone

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« Responder #7 em: Novembro 22, 2008, 06:29:35 am »
Citação de: "papatango"
...Eu tenho tentado desde há algum tempo criar um sistema que permita efectuar comparações honestas entre equipamentos militares e é algo que é extremamente dificil...


Como eu te compreendo. :roll:
O problema, é que TODOS os "designs", sem excepção, estão limitados por compromissos. Por exemplo, a classe Yamato, tinha como objectivo, a utilização de peças de maior calibre do que qualquer uma que pudesse vir a ser utilizada no Pacífico pelos Americanos (durante um determinado espaço de tempo). Eles (os japoneses) sabiam que não podiam competir com os Americanos em quantidade, portanto, tinham de competir em qualidade. Como consequência directa, a própria blindagem da classe, teria que ser superior aquilo que os Americanos fossem capaz de penetrar. Algo teve que ceder...no caso do Yamato, foi a velocidade.
No caso dos Americanos, e para não me alargar muito, eles sempre estiveram limitados à largura do Canal do Panamá. Todos os navios projectados não podiam exceder a largura das oclusas do dito Canal. A sua politica de "Two Ocean Navy" a isso obrigava. Com a chegada do "Yamato", eles viram-se obrigados a repensar esta estratégia (mas que se manteve inalterada). Só com o "design" da classe Montana, que nunca foram construídos mas basicamente eram um "Iowa" ligeiramente alargado e um pouco mais comprido no que a casco diz respeito, é que os Americanos começaram a pensar "em grande".
É fácil ser idealista quando se tem os bolsos cheios. Com eles vazios, a conversa já é outra...
 

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papatango

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« Responder #8 em: Novembro 22, 2008, 02:36:18 pm »
Citação de: "emarques"
Só uma curiosidade:

Na verdade os mais poderosos canhões instalados em navios europeus foram os BL 18 inch /40 Mark I dos britânicos (457mm). Detêm o recorde de maior distância a que um navio da Royal Navy atacou alvos inimigos com canhões (33km).

Só que eles nunca chegaram a usá-los num couraçado. Originalmente iam ser instalados no HMS Furious quando este ainda ia ser um "grande cruzador ligeiro", mas quando fizeram a experiência descobriram que o casco não aguentava o recuo dos disparos, por isso acabaram por instalar os canhões de 18 polegadas (os do Yamato eram de 18,1", mas usavam projécteis mais leves) em navios de bombardeio de costa (HMS General Wolfe e HMS Lord Clive).

Pois... :mrgreen: Mas não se tratava exactamente de couraçados, mas sim plataformas de tiro para ataque a terra.
Também a título de curiosidade:
Um dos problemas era o pequeno numero de canhões (apenas quatro). Quanto maior o numero de disparos mais fácil é fazer os cálculos de tiro, pelo que os cruzadores de batalha que foram previstos no final da I Guerra Mundial (Como o Courageous e o Glorious que foram cancelados e transformados em porta-aviões) que tinham apenas duas torres foram considerados de utilidade mínima.


Citação de: "zé do bone"
O problema, é que TODOS os "designs", sem excepção, estão limitados por compromissos
Exactamente. E o Bismarck não foi excepção. Também estava limitado pelas capacidades dos projectistas alemães e curiosamente pela qualidade do aço alemão.

Depois de analisarem os canhões de 380mm dos alemães, os britânicos afirmaram que os alemães conceberam os canhões de forma a que o metal estava submetido a demasiada tensão em vários pontos. A probabilidade de as armas do Bismarck ou do Tirpitz terem explodido ou encravado durante um combate, era muito mais elevada que no caso dos navios britânicos.
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...