Cientistas prevêem divulgar "medição precisa" da altitude dentro de semanasInvestigadores de vários países que pretendem obter a "medição precisa" da altitude do Quilimanjaro "atingiram com êxito" o cume da montanha mais alta de África, disse hoje à
Agência Lusa o português Rui Fernandes, que coordena o projecto.
Rui Fernandes adiantou que a expedição regressou hoje à base, em Moshi, a cidade tanzaniana mais próxima do Quilimanjaro, prevendo que os resultados da missão científica sejam anunciados "dentro de duas a três semanas".
A maior parte dos dados necessários foram recolhidos terça-feira, a partir das 07:00 locais (05:00 em Portugal), momento da chegada ao topo da montanha, o pico Uhuru, onde alguns membros da equipa permaneceram cerca de cinco horas em observações.
Dos oito membros do grupo que deveria escalar o Quilimanjaro, dois não conseguiram chegar ao cimo, devido a vários factores adversos, designadamente frio, vento e escassez de oxigénio, além do cansaço, já que cerca de 30 quilómetros do trajecto foram percorridos a pé, incluindo igual distância no regresso.
"Tivemos alguns contratempos. Nada que não seja habitual neste tipo de missões", declarou hoje à Lusa Rui Fernandes, que representa no projecto o Instituto Geofísico Infante D. Luiz, de Lisboa.
A expedição "Kili2008" integra 14 investigadores de vários países, seis dos quais são portugueses.
"Os verdadeiros heróis desta missão foram os carregadores", afirmou Rui Fernandes, salientando a resistência e empenho dos trabalhadores autóctones contratados pela equipa, um dos quais aguentou as cinco horas de permanência no cume.
A chegada foi assinalada com a colocação de uma placa metálica alusiva à "Kili2008", a que juntaram o anunciado brinde com "Licor Beirão", uma das entidades que patrocinaram a iniciativa.
O brinde foi dedicado, em especial, à Fundação para a Ciência e Tecnologia, cujo apoio "foi determinante" para o êxito da missão, segundo Rui Fernandes.
As anteriores medições do pico Uhuru, o ponto mais elevado do Quilimanjaro, efectuadas no século XX, na época colonial e nos anos 90, esta última através de GPS, ditaram dois valores diferentes para a sua altitude - 5.895 e 5.892 metros -, resultados que ainda hoje são questionados entre os especialistas.
"O Quilimanjaro é a montanha mais alta do mundo onde se pode caminhar até ao topo", disse Rui Fernandes, engenheiro geográfico e docente do Departamento de Informática da Universidade da Beira Interior (UBI).
A expedição, que conta com patrocínios de instituições nacionais e estrangeiras, públicas e privadas, deverá permitir uma "medição precisa" da altitude, a partir de cálculos científicos "nunca antes realizados".
Os novos cálculos científicos, segundo Rui Fernandes, deverão demonstrar a sua altitude "com uma precisão nunca antes obtida".
Os restantes patrocinadores do projecto são a Câmara Municipal da Lousã, a agência de viagens Paneuropa e a Trimble, uma marca norte-americana de equipamentos de precisão.
Participam institutos de investigação da Universidade do Algarve, Coimbra, Porto e Beira Interior.
O projecto envolve ainda entidades da Tanzânia, Quénia, Egipto e Holanda.
Lusa