« Responder #1 em: Agosto 04, 2004, 11:34:19 am »
JN
"Espião" português libertado no Brasil
falta de provas
O alegado espião português Tiago Verdial, acusado de ter investigado membros do governo brasileiro para a multinacional de informações Kroll, foi libertado anteontem, após nove dias de prisão, anunciou a Polícia Federal (PF). O pedido da PF para manter Tiago Verdial sob detenção não foi aceite pela Justiça.
O juiz federal Renato Pacheco Chaves de Oliveira, da 5ª Vara Criminal de São Paulo, considerou que a Polícia Federal e o Ministério Público não apresentaram até agora indícios de práticas criminosas de Tiago Verdial que justificassem a transformação da sua prisão temporária (até cinco dias, renováveis) em prisão preventiva (até 81 dias).
Segundo o despacho do juiz, o próprio Ministério Público reconhece que "o único delito que apresenta contornos mais definidos" é o abrangido pelo artigo 343 do Código Penal, referente à acusação de "dar ou oferecer dinheiro à testemunha, perito, contabilista, tradutor ou intérprete", ou seja, um acto de corrupção.
As outras acusações - espionagem, formação de quadrilha, quebra de sigilo constitucional e obtenção ilegal de documentos sigilosos - ainda estão "pendentes", de acordo com Renato Oliveira, "de elementos suficientes para apresentação da denúncia". O juiz reiterou também que os advogados do ex-funcionário da Kroll continuarão sem ter acesso aos autos. De acordo com a assessoria de imprensa da PF, a polícia continuará as investigações que estão sob sigilo de Justiça.
Ligado a uma das maiores empresas de investigação do mundo, a norte-americana Kroll Associates, Tiago Nunes, 30 anos, foi detido a dia 24 de Julho, no Rio de Janeiro, e transferido para a superintendência regional da PF no Distrito Federal. Verdial é acusado de estar envolvido em acções de espionagem industrial no Brasil que atingiram também membros do poder judicial e do governo brasileiro, como os ministros Luiz Gushiken, da Secretaria de Comunicação, e José Dirceu, da Casa Civil.
A Kroll foi contratada pela Brasil Telecom, controlada pelo grupo Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas, para investigar a Itália Telecom, com a qual trava há anos uma batalha judicial.