Uma aliança militar Brasil-Portugal-Angola-Moçambique

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dremanu

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Uma aliança militar Brasil-Portugal-Angola-Moçambique
« em: Abril 28, 2004, 02:30:12 am »
Portugal fáz parte de NATO, mas algo nos proíbe de estabelecer uma aliança com o Brasil, Angola e Moçambique?

Não me refiro à CPLP, mas sim a uma aliança que especificamente cria uma estrutura militar permanente, que permita aos quatro países atuarem em conjunto em caso que um deles sejá atacado, ou que possa atuar no espaço geográfico, nomeadamente Atlántico Sul, e oceano Índico, para defender os interesses estratégicos dos quatro países.

Seria tb uma aliança onde não só se poderia cooperar em ações militares, mas tb para o desenvolvimento das indústrias militares dos respetivos países. O Brasil, Angola e Moçambique têm muitos recursos naturais que podem vender a Portugal. Portugal e Brasil têm pessoal qualificado para desenvolver material bélico. Em África pode-se montar fábricas que produzam material bélico a um preço mais barato do que se fabrica em Portugal, tendo que a mão-de-obra é barata.

Portugal sendo membro da E.U., tem acesso a parcerias estratégicas com empresas europeias que fabricam material militar, e que podem passar esse "know-how" para os Portuguêses, e consequentemente para o Brasil, Angola e Moçambique.

Existem muitas possibilidades a serem exploradas. Com certeza uma aliança Angola-Brasil-Portugal-Moçambique traria a todos os países uma maior independência em relação a países terceiros. Porque andamos nós, e os Brasileiros, e os Angolanos, e Moçambicanos, a comprar barcos, aviões, tanques, etc, aos Americanos, Austríacos, Francêses, Russos, e sei lá mais quem, quando se poderia comprar produtos uns aos outros? Pessoalmente, eu preferia dar o meu dinheiro aos Brasileiros, que falam a minha língua, do que tar a dar dinheiro aos Alemães.

Gostaria de saber as vossas opiniões, inclusive as dos Brasileiros frequentadores do forum.
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

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Rui Elias

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« Responder #1 em: Abril 28, 2004, 11:54:03 am »
Caro DREMANU

Tanto quanto sei existe já de uma forma insípida alguma cooperação militar entre Portugal e os PALOP's e até exportação de fardamentos para algumas FA desses países.

No entanto, eu também advogo a necessidade de se reforçar a cooperação militar por forma a o mundo lusófono ter uma mior presença estratégica no Atlântico Sul (veja os meus textos sobre S. Tomé).

Para iso, já defendi a necessidade do estabelecimento de uma base naval permanente em S. Tomé, para onde pudessem concorrer esforços do Brasil, e até o destacamento de uma froça de infantaria angolana.

Seria uma espécio de Diego Garcia lusófona no Atlântico, e que com o estacionamento permanete de uma fragata e duas corvetas portuguesas, mais um ou dois vasos de guerra brasileiros permitiriam estabelecer um "domínio" nessa zona do mundo.

Também se poderia destacar uma pequena esquadrilha de caças F-16 e dois ou três helicópteros pesados (os futuros EH seriam uma hipótese) que se juntariam ao Aviocar que lá se encontra há uns anos.

Para isso teriam que se fazer adaptações no porto de S. Tomé e construir alojamentos e infra-estruturas no aeroporto.

Dois C-130 seriam a ponte para rotação de pessoal e transporte de equipamentos diversos para amanter essa força.

As fragatas seriam rendidas de 2 em dois meses.

E creio que o governo de S. Tomé, ameaçado que está pela hegemonia da vizinha Nigéria até agradeceria, e com a participação de Angola e Brasil, não seríamos acusados de "neo-colonialismos".

Se não fizermos isso, verá que dentro de 2 ou 3 anos serão os EUA a estabelecerem lá uma base militar, e nós ficaremos a chuchar no dedo 8) .
 

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Guilherme

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« Responder #2 em: Abril 28, 2004, 12:44:31 pm »
Se nas eleições de 2006 elegerem um presidente sem os ranços revanchistas dos esquerdistas brasileiros, que adoram ver os militares na penúria e trabalhando com equipamentos obsoletos, pode-se pensar em colocar o Brasil numa empreitada dessas (a qual tem todo o meu apoio). Se o "Barbudo", ou outro esquerdista "salvador da pátria/cavaleiro da esperança/presidente do povo" for reeleito, não há a menor chance de isso acontecer, em minha opinião.

Acho que nos anos 70 os generais que foram presidentes do Brasil deveriam ter ajudado Portugal nas guerras da África, fornecendo transporte com aviões e navios, fornecendo de graça munição e armamentos, bombardeando alvos em terra com os navios e aviões, etc.
O "milagre econômico" dos anos 70, onde em alguns anos a economia brasileira cresceu a 13% ao ano, teria permitido esses gastos. Quando Portugal tivesse terminado a campanha, o Brasil poderia estabelecer bases militares conjuntamente com Portugal, como por exemplo em São Tomé. Isso ajudaria no controle do Atlântico Sul e proporcionaria um poder de influência maior na África.
 

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Rui Elias

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« Responder #3 em: Abril 28, 2004, 01:00:11 pm »
Caro Guilherme

Já vi que você não é um indefectível apoiante de Lula e do PT 8)

Mas repare que antes de Lula, o Brasil sempre passou ao lado desse projecto, que quanto a mim, deveria ser um desígnio da lusofonia.

Infelizmente existe uma parte da classe dirigente brasileira que olha mais para os EUA que para Portugal e Europa. E daí não haver essa vontade, o mesmo se passando em Portugal, onde os políticos de todos os quadrantes olham apenas para o curto prazo.

Falta visão estratégica em relação à defesa e à política externa, pensando-se apenas em contas de merceeiro.

Em relação a Moçambique, poderia ser uma mais valia e ponte para Timor e para o Índico, mas o espaço natural portugês é o Atlântico, e não teríamos forças para nos desmultiplicarmos em demasia.

A  propósito: como vão as compras de caças aí no Brasil? É que vocês são um país grande demais para estar tão desarmado, ainda para mais quando os EUA estão a armar a Colômbia com todo o que há de melhor.

Um conselho: Não se deitem à sombra da banneira...
 

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Guilherme

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« Responder #4 em: Abril 28, 2004, 01:31:49 pm »
Citação de: "Rui Elias"
A  propósito: como vão as compras de caças aí no Brasil? É que vocês são um país grande demais para estar tão desarmado, ainda para mais quando os EUA estão a armar a Colômbia com todo o que há de melhor.


Disseram que a decisão sairia em abril, mas até agora nada. O Ministro da Defesa, no dia 22 de abril, disse que anunciaria "nas próximas semanas". De qualquer forma, 12 aeronaves é muito pouco, só servem mesmo para o Grupo de Defesa Aérea de Anápolis.
 

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papatango

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« Responder #5 em: Abril 28, 2004, 03:01:33 pm »
Er...
Coff coff...  :twisted:

A defesa dos interesse estratégicos faz sempre sentido.

No entanto, temos em Portugal uma visão estratégica muitas vezes romântica e completamente desadequada para as necessidades dos tempos que correm.

A defesa dos interesses estratégicos é um negócio, como outro qualquer.

Ou seja, se nós tivermos um numero de negócios em S. Tomé e em Angola que tenha que ser defendido, temos que analisar as coisas do ponto de vista dos numeros.

Se o lucro para empresas portuguesas e para o Estado Português fôr por exemplo de €10 milhões, só se justifica a opção da intervenção para proteger os interesses do país se essa intervenção for inferior ao lucro que potêncialmente se perde se essa intervenção não for efectuada. Ou seja, a intervenção tem que custar menos que €10 milhões. De outra forma não serviu para nada e acabou dando prejuizo.

Este tipo de situações faz-me lembrar a guerra em Africa, onde os economistas "sapateiros" olhavam para os gastos com a guerra e lhe contrapunham as vendas de Angola, Moçambique e Guiné a Portugal. Esta análise esquecia-se de uma coisa que em contabilidade se chama "Custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas".

Ou seja, em termos latos, gastávamos 100 para manter as colonias e as colonias mandavam 120 para Portugal. O problema é que esses 120 custavam 80 para produzir, dando um lucro de 40. Os 120 não eram lucro. Portanto, toda a operação em vez de dar um lucro de 20, acabava na realidade dando um prejuizo de 60.

Isto, como disse em termos latos,porque as situações eram muito diversas. A Guiné era um sorvedouro de dinheiro, sem nenhuma vantagem. Por sua vez Angola, conseguiu equilibrar as contas no fim dos anos 60.

De qualquer forma, apenas estou a lembrar que as opções por intervenções estratégicas têm muito que se lhe diga.

Seguindo este mesmo ponto de vista, acredito que o Brasil tem muito mais a ganhar com um entendimento com Angola e com S. Tomé que Portugal. No entanto, se os próprios brasileiros não parecem nada interessados na questão, que está directamente ligada com as suas necessidades, como caminho livre para as suas exportações para África e defesa de eventuais interesses petroliferos. Se o Brasil não se interessa, Portugal tem muito menos interesses que o Brasil nessa questão.

É-nos muito mais importante Cabo-Verde, especialmente agora que, com o grande crescimento que teve, está já fora da lista de países pobres e vai deixar de receber grande parte das ajudas internacionais a que até agora teve direito.

Não necessitamos enviar a nossa marinha para S. Tomé. Um NPO lá, de vez em quando chegava.

Lembro aqui, que não temos capacidade para manter permanentemente uma corveta na Madeira, quanto mais uma frota em S. Tomé.

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Rui Elias

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« Responder #6 em: Abril 28, 2004, 03:21:21 pm »
Caro PapaTango

A Espanha também não tem ameaças credíveis eminentes nem interesses pós-coloniais a defender e tem as FA que tem.

Claro que as contas de merceeiro é que desde sempre fizeram o país pequeno.

O prolongamento da guerra colonial foi um erro que dificultou o desenvolvimento de Portugal, mas a defesa do mundo lusófono e de uma posição estratégica seria importante.

Claro que não defendo (porque seria impossível) tonarmo-nos novamente uma grande potência marítima a rivalizar com a Inglaterra, mas que poderíamos e deveriamos fazer mais alguma coisa, acho que sim.

O PapaTango acaba o seu texto afirmando que Portugal nem tem meios para manter em permanência uma corveta na Madeira.

É de um país muito pobre, não acha?
 

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papatango

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« Responder #7 em: Abril 28, 2004, 04:02:52 pm »
Citação de: "Rui Elias"
A Espanha também não tem ameaças credíveis eminentes nem interesses pós-coloniais a defender e tem as FA que tem.

Não sei se não tem. Lembro o caso do rochedo de Salsa.
Imagine se Marrocos passasse o tempo a ameaçar ocupar as selvagens e a dizer que a Madeira lhe pertence por razões históricas e geográficas?

Acha que íamos considerar essa pretensão como pouco credível ?

Se amanhã houver alguma convulsão de indole islâmica em Marrocos, o que é que você acha que os Aiatolás ou os Muhlás vão mandar fazer na oração de Sexta-Feira?

Pois eu digo-lhe:
"...Alah Ó Akhbar, ocupai Ceuta e Melilha, martires do islão... ","... Dai a vossa vida e o vosso sangue em nome de Alah o misericordioso..." e depois disso, "... Reocupemos a terra islâmica do Al-Andalus, roubada pelos infieis cruzados..."

Se isto não é ameaça, não sei o que é.

Citação de: "Rui Elias"
O PapaTango acaba o seu texto afirmando que Portugal nem tem meios para manter em permanência uma corveta na Madeira


Eu limito-me a analisar os dados conhecidos e a explicar o que acontece. De nada me serve dizer que deveriamos ter X ou Y. A realidade objectiva que temos é a que é. E essa realidade diz que não podemos ter lá uma corveta em permanência.

De qualquer forma, tanto quanto sei, os espanhois nas Canárias, pouco mais têm que uma corveta e uma ou duas patrulheiras. As Canárias são como sabemos mais que cinco vezes a Madeira e estão a poucos quilometros da costa africana.

Não ter uma corveta na Madeira é provavelmente coisa de "país pobre", mas no tempo da guerra em Africa, houve muitas alturas em que também não tivemos barcos permanentemente na Madeira.

Mas claro, naquela altura eramos um país com níveis de vida de tipo africano... Agora deveriamos estar um pouquito melhor.

Mas a realidade é a que é. Eu limito-me a ser racional. (quer dizer, contar os tostões e verificar que sobram fragatas no fim do dinheiro e sobram quilometros na rota para São Tomé)  :wink:  :wink:

Cumprimentos
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Luso

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« Responder #8 em: Abril 30, 2004, 05:16:11 pm »
Defendo relações fortes e estreitas com o Brasil.

Todavia com Moçambique e sobretudo Angola, não. Não pelo seus povos, a quem eu desejo prosperidade.
Os seus dirigentes foram em tempos Portugueses e trairam. Assim como traem continuamente o seu próprio povo.

Timor... há de ser uma ilha encantada e um exemplo de coragem, e um filho que podermos tratar bem melhor, depois de termos aprendido (?) com os outros "mais velhos".
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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Spectral

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« Responder #9 em: Abril 30, 2004, 07:57:42 pm »
Citar
Defendo relações fortes e estreitas com o Brasil.


Também eu, mas estarão os brasileiros ( digo as suas chefias) interessados em aprofundar tais relações, sem ser ao nível económico.  :?:

Afinal tenho sempre a sensação que Portugal e os Palops parecem bastante secundários na agenda de política externa brasileira( basta ver o seu desinteresse na CPLP).

Estejam à vontade para me corrigir...


Cumptos
I hope that you accept Nature as It is - absurd.

R.P. Feynman
 

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Guilherme

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« Responder #10 em: Abril 30, 2004, 08:32:18 pm »
Citação de: "Spectral"
Afinal tenho sempre a sensação que Portugal e os Palops parecem bastante secundários na agenda de política externa brasileira( basta ver o seu desinteresse na CPLP).


Tens toda a razão. É uma pena que a turma do "Barbudo" pense assim.
 

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Luso

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« Responder #11 em: Abril 30, 2004, 09:33:28 pm »
Ó Guilherme, a Presidente da CPLP brasileira era uma tachista de primeira!
Enquanto os moçambicanos sofriam com as cheias, ela presenteava-se com mordomias de valor muito superior ao que a CPLP - por decisão dela - enviava às vítimas.
Um nojo!

E era negra...
Falem de racismo, falem!
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Guilherme

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« Responder #12 em: Abril 30, 2004, 10:12:30 pm »
Luso, qual o nome dela? Seria a Benedita da Silva?
 

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Luso

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« Responder #13 em: Abril 30, 2004, 10:46:49 pm »
Dulce Pereira, Secretária Executiva...

Não se preocupe que eu não generalizo.
Mas eu acho piada a situações em que se dá o poder ou às mulheres ou aos desfavorecidos (vai dar ao mesmo) para mudar a situação ou alterar as "injustiças" e eles ainda conseguem fazer pior que os outros...
Adiante...
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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FFAP

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« Responder #14 em: Abril 30, 2004, 11:30:11 pm »
Citar
Tanto quanto sei existe já de uma forma insípida alguma cooperação militar entre Portugal e os PALOP's e até exportação de fardamentos para algumas FA desses países.



  Só por curiosidade, sabem quem faz este tipo de negócios com países dos PALOP's???  Um irmão de um certo major que anda ligado ao futebol......
Um abraço

EX MERO MOTU