Timor-Leste e a Austrália

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dremanu

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Timor-Leste e a Austrália
« em: Abril 28, 2004, 01:56:47 am »
http://jornal.publico.pt/2004/04/27/Des ... 1CX02.html

MILHOES EM CAUSA

A semana passada terminou em Díli, sem avanços significativos, a primeira ronda de negociações sobre a demarcação da fronteira marítima entre Timor-Leste e a Austrália.

Os dois países, separados por cerca de 500 quilómetros de mar, disputam o controlo directo sobre jazidas de petróleo e de gás natural avaliadas em 30 mil milhões de dólares.

Díli defende que a demarcação da fronteira comum seja fixada numa linha equidistante dos dois países, o que, a concretizar-se, significa que as reservas do maior das jazidas, a "Greater Sunrise", ficarão do lado timorense.

Pelo contrário, a Austrália sustenta que a fronteira deverá ter em conta a sua plataforma continental, colocando dessa forma do seu lado a maior parte das reservas.

A Austrália, que em 1979 começou a negociar a divisão do Mar de Timor com a Indonésia em troca do reconhecimento da anexação, começou já a vender licenças de exploração sobre as áreas em disputa.

Timor-Leste, um dos países mais pobres do mundo, necessita de ver entrar nos seus cofres, o mais depressa possível, algum dinheiro que lhe alivie a dependência da ajuda externa. Confortavelmente situada fora da jurisdição do Tribunal Internacional de Justiça, o que remete qualquer solução da disputa para negociações directas entre os dois estados, a Austrália tem vindo a basear a sua táctica neste estado de necessidade dos timorenses, protelando o mais possível o acordo.

Por cada dia que passa nesta disputa, o estado timorense perde um milhão de dólares, disse a semana passada, em Díli, o primeiro-ministro Mari Alkatiri.

Trata-se de uma "luta desigual (...) só comparável ao combate pela libertação nacional", disse Xanana Gusmão na sessão de lançamento do seu livro de discursos "Construção da Nação Timorense - Desafios e Oportunidades", no passado dia 22, na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa.
« Última modificação: Abril 28, 2004, 02:30:40 am por dremanu »
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

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dremanu

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« Responder #1 em: Abril 28, 2004, 02:07:33 am »
Infelizmente a verdade é que o mundo em que vivemos está cheio de FDP. Tinha que haver alguma razão para os Australianos estarem tão cheios de boa vontade com o povo de Timor-Leste, quando mandaram p'ra lá tropas.

Agora entende-se qual eram os interesses disfarçados destes espertalhões. E ainda existe quem acredite em retóricas de "nuestros hermanos", e fraternidade e solidariadade, e organizações da ONU, e não sei que mais. Não passa tudo de ser, e em bom Inglês, "Pure Bullshit!".
"Esta é a ditosa pátria minha amada."
 

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Rui Elias

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« Responder #2 em: Abril 30, 2004, 12:56:17 pm »
Quando em Setembro de 99 todo o nosso país se mobilizou a favor do povo timorense, e Guterres apelou a uma intervenção estrangeira que pusesse cobro à matança das milicias apoiadas pelos militares indonésios na ilha, Portugal mais uma vez comportou-se sob a velha máxima do "vá lá um de nós, que eu fico aqui".

Os primeiro a desembarcar foram os australianos e uma fragata portuguesa só lá chegou 1 mês depois.

Se em Portugal existisse visão de política externa estratégica e de longo prazo e meios logísticos e de projecção de forças decentes, e sendo previsível uma intervenção, não seria de ter essa fragata (a Vasco da Gama) aportada em Maputo, que fica a meio caminho, para que quando a luz verde para a intervenção fosse dada, sermos mais rápidos a chegar lá?

O governo moçambicano não se importaria disso.

E porque não fazer todos os esforços para a par da cooperação económica e técnica, manter uma presença militar mais efectiva e estruturada no terreno?

Desse modo, Timor não se sentiria tão fragilizado nas negociações com a Austrália, que se está a armar até aos dentes.
 

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Luso

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« Responder #3 em: Abril 30, 2004, 05:03:46 pm »
A ONU: quando é que acabam com essa mariquice e esse antro de tachos?

Toda a gente sabe que o rei vai nu...
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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Rui Elias

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« Responder #4 em: Maio 06, 2004, 02:16:45 pm »
Luso:

Acho que a ONU pode e deve ter um papel mais interveniente no mundo unipolar em que estamos.

Mas concordo quando você afirma que a ONU em certas situações, e nomeadamente nos organismos de ajuda humanitária e nas missões de paz é um antro de tachos bem pagos.
 

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Ricardo Nunes

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« Responder #5 em: Maio 06, 2004, 03:05:09 pm »
Citar
Mas concordo quando você afirma que a ONU em certas situações, e nomeadamente nos organismos de ajuda humanitária e nas missões de paz é um antro de tachos bem pagos.


Pelo contrário caro Rui. Penso que é exactamente aí que a ONU tem sucedido tendo organizações humanitárias de reconhecido interesse e utilidade e tendo consigo organizar missões de ajuda humanitária e de paz bem sucedidas. O que ocorre de condenável na ONU é a sua incapacidade de se impor, de uma forma veemente, em termos diplomáticos e políticos pois, na existência de posições divergentes, cada país luta pelos seus próprios interesses sem qualquer respeito pelo "bem comum".
Ricardo Nunes
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Rui Elias

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« Responder #6 em: Maio 06, 2004, 03:22:57 pm »
Eu acho que uma Nações Unidas com um CS onde apenas 5 países têm direito de veto não têm pernas para se adaptar aos novos tempos.

Ou o direito de veto alarga-se à Alemanha, India, Brasil Indonésia e Nigéria (países mais populosos), ou então as aprovações deveriam passar a ser feitas por maioria qualificada.

De outro modo, qualquer um pode bloquear as decisões, e olhe que isso tem sido o abono de família de Israel.
 

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jfsf

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Timor e Australia
« Responder #7 em: Maio 10, 2004, 05:42:47 am »
Como é que a mais nova nação do mundo pode fazer frente aos "cangurus"?
Timor encontra-se sozinho nesta luta desigual com a Australia, que nem o David contra o Golias, só que infelizmente o David nem uma pedrinha tem para atirar.
Começou (?) hoje a discussão no CS/ONU sobre o follow on mission da UNMISET e, segundo consta nos "corredores", Portugal quase que nem vai cheirar na nova missão. Porquê?? Vamos continuar a deixar o povo Maubere entregue ao seu prórpio destino? Desta vez não será com Rakitans para lutar contra os Invasores Indonésios, mas com Política Externa para fazer valer os seus direitos económicos. Quando é que o mundo vai acordar e fazer valer o Direito Internacional?? Afinal, todos sabemos que no tabuleiro político internacional, todos os países são iguais... só que há uns que são mais iguais que os outros. A Asutrália, perante a passividade mundial vai fazer de Timor um colonato.
jfsf
"Welcome to my world"
 

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fgomes

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« Responder #8 em: Maio 10, 2004, 09:10:45 pm »
Só tem uma maneira, ou seja tentar influenciar a opinião pública australiana a seu favor. E aqui nós e o Brasil podiamos dar uma ajuda.
 

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JQT

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Re:
« Responder #9 em: Maio 12, 2004, 12:19:26 am »
ONU: experimentem conhecer a história do Congo ex-Belga e do comportamento da ONU conosco em relação ao nosso império e depois venham falar das boas intenções das NUs.

Timor: no referendo de 1999 devia ter havido uma terceira pergunta que eram aquela por que esperavam os timorenses: «Timor passar a ser uma região autónoma de Portugal?». Foi isso que os timorenses pediram durante depois de 1975 (alguém se lembra de quando ainda havia desfiles do 10 de Junho?). Não houve foi coragem política para fazer isso.

Voltando à ONU: lembram-se do que é as NUs disseram em 1999? «Não queremos os portugueses em Timor». Pois.

JQT
 

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papatango

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« Responder #10 em: Maio 12, 2004, 12:47:26 pm »
Lembro que o referendo em Timor, foi o possível.

A actual presidente da Indonésia, por exemplo, foi totalmente contra a propria existência do referendo.

O facto de o referendo se ter realizado já foi uma grande vitória.

Não nos podemos esquecer de que a Indonésia apresentou um referendo com duas perguntas.

- Aceita uma autonomia especial
- Não aceita uma autonomia especial

A Indonésia já estava a aceitar uma excepção, dado o Estado Indonesio ser um Estado Unitário, a existência de uma região autónoma era já de si uma cedência que para muitos era inaceitável.

Não nos podemos esquecer destas questões, porque elas foram determinantes. A existência do referendo chegou a estar por um fio. E se o presidente Indonésio que substituiu Suharto - o Sr. Habibi - tivesse sido outro, hoje não havería Timor independente.

Porém a democratização indonésia mudou tudo e, a pressão diplomática portuguesa e os americanos (sempre determinantes), acabaram sendo determinantes para que a balança pendesse para o lado de Timor.

Só de aqui a muito tempo, estaremos ao corrente do que realmente se passou em Timor e dos jogos de poder em que estiveram metidos Portugal, a Indonesia, a Australia, os Estados Unidos e as Nações Unidas.

Colocar uma pergunta como essa (se timor devia fazer parte de Portugal) era totalmente inviável no contexto de um referendo interno Indonésio.

Do ponto de vista legal, a independência de Timor não foi decorrente do referendo, mas sim das declarações do presidente Habibi, referindo que a rejeição da autonomia especial implicaria uma abertura para a independência.

Também não é justo dizer que Portugal não fez nada. A nossa presença em Timor não foi imediata porque foi pura e simplesmente RECUSADA. A presença portuguesa sería vista como uma volta da potência colonial, o que, para os espiritos nacionalistas da região, não sería aceitável. No entanto, colocamos forças do outro lado do mundo em relativamente pouco tempo. Mantivémos uma fragata a dezenas de milhares de quilometros da sua base, e quase 1000 homens (mais, se considerarmos o pessoal civil) do outro lado do mundo.

Fora os Estados Unidos (que têm os meios), que outro país fez um esforço que se possa comparar ao que Portugal fez em Timor ?

= = = = = = = =

Por outro lado. Com os problemas que temos, onde é que íamos buscar dinheiro para sustentar Timor?

Porque Timor não tem grandes recursos imediatamente disponíveis. A agricultura é praticamente de subsistência, só 20% da população entende o Português.

Timor seríam três Madeiras, mas muito menos desenvolvidas. A não ser que utilizassemos Timor para mandar Colonos, para um lugar que pelo seu tamanho, não está exactamente desabitado.

Mais gritantes foram os casos de Cabo-Verde e de São Tomé, onde se inventaram movimentos de libertação que nunca tiveram a mais pequena expressão. O MLSTP foi "inventado" e quanto a Cabo-Verde o partido para a independência, acrescentou Cabo-Verde á libertação da Guiné, porque não havia ninguém para o fazer.

O resultado é que acabaram por separar-se e hoje, Cabo Verde, que era muito mais pobre que a Guiné, assolada pela seca, é o mais rico dos países africanos de lingua portuguesa.

Parece que há alguém que escreve direito por linhas tortas.

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
 

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Ricardo Nunes

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« Responder #11 em: Maio 12, 2004, 04:24:21 pm »
Sobre Timor:



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DILI, EAST TIMOR: East Timorese Prime Minister examines a German made HK33EA2 rifle during a ceremonial at Nikolao Lobato airport in Dili, 12 May 2004. Malaysia's government handed over about 180 rifles to East Timor 12 May. Earlier this month UN Secretary Genral Kofi Annan said he wanted to extend the world boy's presence in East TImor beyond the May 20 cut-off to help the young nation achieve full autonomy. AFP PHOTO/ CANDIDO ALVES (Photo credit should read CANDIDO ALVES/AFP/Getty Images)


É mais deste género de solideriedade que é necessário, não só em termos militares mas em termos de educação e infra-estruturas.
Estas 180 armas são simbólicas, mas para um país como Timor já representa muito.
Ricardo Nunes
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Guilherme

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« Responder #12 em: Maio 12, 2004, 04:33:58 pm »
O Brasil poderia fazer o mesmo.

Poderia-se doar os jipes que estão a ser substituídos pelos Land Rover. Algumas viaturas Urutu/Cascavel, quando forem substituídas, também poderiam ser doadas.
 

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Fábio G.

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« Responder #13 em: Maio 12, 2004, 09:00:12 pm »
Portugal ofereceu alguns jipes, e poderia também oferecer algumas Chaimites e algum navio patrulha, e armas ligeiras que sejam substituidas.
 

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JQT

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Timor, região autónoma
« Responder #14 em: Maio 12, 2004, 11:17:38 pm »
Antes da invasão em 1975, a Indonésia disse a Portugal para pacificar e continuar a administrar Timor. Depois da invasão, já nos anos 80, a Indonésia propôs devolver Timor a Portugal, na condição de que não déssemos a independência nem que os comunistas tivessem algum poder. Portugal, mais uma vez não aceitou.

Só vos digo é que um dia que se abram os arquivos do MNE e das Nações Unidas, há muita coisa explosiva para ser revelada sobre este assunto, e muitos doutoramentos honoris causa para serem retirados a um determinado político português.

JQT