Lembro que o referendo em Timor, foi o possível.
A actual presidente da Indonésia, por exemplo, foi totalmente contra a propria existência do referendo.
O facto de o referendo se ter realizado já foi uma grande vitória.
Não nos podemos esquecer de que a Indonésia apresentou um referendo com duas perguntas.
- Aceita uma autonomia especial
- Não aceita uma autonomia especial
A Indonésia já estava a aceitar uma excepção, dado o Estado Indonesio ser um Estado Unitário, a existência de uma região autónoma era já de si uma cedência que para muitos era inaceitável.
Não nos podemos esquecer destas questões, porque elas foram determinantes. A existência do referendo chegou a estar por um fio. E se o presidente Indonésio que substituiu Suharto - o Sr. Habibi - tivesse sido outro, hoje não havería Timor independente.
Porém a democratização indonésia mudou tudo e, a pressão diplomática portuguesa e os americanos (sempre determinantes), acabaram sendo determinantes para que a balança pendesse para o lado de Timor.
Só de aqui a muito tempo, estaremos ao corrente do que realmente se passou em Timor e dos jogos de poder em que estiveram metidos Portugal, a Indonesia, a Australia, os Estados Unidos e as Nações Unidas.
Colocar uma pergunta como essa (se timor devia fazer parte de Portugal) era totalmente inviável no contexto de um referendo interno Indonésio.
Do ponto de vista legal, a independência de Timor não foi decorrente do referendo, mas sim das declarações do presidente Habibi, referindo que a rejeição da autonomia especial implicaria uma abertura para a independência.
Também não é justo dizer que Portugal não fez nada. A nossa presença em Timor não foi imediata porque foi pura e simplesmente RECUSADA. A presença portuguesa sería vista como uma volta da potência colonial, o que, para os espiritos nacionalistas da região, não sería aceitável. No entanto, colocamos forças do outro lado do mundo em relativamente pouco tempo. Mantivémos uma fragata a dezenas de milhares de quilometros da sua base, e quase 1000 homens (mais, se considerarmos o pessoal civil) do outro lado do mundo.
Fora os Estados Unidos (que têm os meios), que outro país fez um esforço que se possa comparar ao que Portugal fez em Timor ?
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Por outro lado. Com os problemas que temos, onde é que íamos buscar dinheiro para sustentar Timor?
Porque Timor não tem grandes recursos imediatamente disponíveis. A agricultura é praticamente de subsistência, só 20% da população entende o Português.
Timor seríam três Madeiras, mas muito menos desenvolvidas. A não ser que utilizassemos Timor para mandar Colonos, para um lugar que pelo seu tamanho, não está exactamente desabitado.
Mais gritantes foram os casos de Cabo-Verde e de São Tomé, onde se inventaram movimentos de libertação que nunca tiveram a mais pequena expressão. O MLSTP foi "inventado" e quanto a Cabo-Verde o partido para a independência, acrescentou Cabo-Verde á libertação da Guiné, porque não havia ninguém para o fazer.
O resultado é que acabaram por separar-se e hoje, Cabo Verde, que era muito mais pobre que a Guiné, assolada pela seca, é o mais rico dos países africanos de lingua portuguesa.
Parece que há alguém que escreve direito por linhas tortas.
Cumprimentos