Absolutamente de acordo com Jorge Pereira.A gestao da crise deixa perplexa qualquer pessoa, mesmo menos motivada para os assuntos de segurança.Esta noite, e vao 11, num ponto de situaçao esta manha, estavam ja contabilizadas 1 408 viaturas incendiadas (novo record portanto), e nao menos preocupante, e mesmo mais significativo 34 policias foram feridos, alguns dos quais por tiros.De notar também, que igrejas foram também alvo de ataques (2 pelo menos), o que representa um salto qualitativo nos objectivos dos incendiarios.Isto para além de 2 esquadras de policia, e as inevitaveis lojas e estabelecimentos escolares, e armazéns.Como nota especial, um bebe de 13 meses foi ferido na cabeça e hospitalizado, apos ter sido atingido por uma pedra.O ultimo saldo global aponta para um total de 4300 veiculos ardidos e 1000 identificaçoes de vandalos, isto como dados oficiais.
Tal como Jorge Pereira sugere, outros paises se poderao seguir.Dou-lhe o exemplo desta noite aqui em Bruxelas, onde houve 5 viaturas incendiadas junto a Gare du Midi, uma zona problematica é certo, mas espero nao venha a degenerar ( nao seria a primeira vez, apos os mais significativos confrontos uma duzia de anos atras).Esperemos pois que face aos acontecimentos franceses os outros paises aprendam algumas liçoes.
A gestao politica da crise em França tem sido outro dos aspectos que propicia talvez o arrastamento na resposta a desordem publica.Sarkozy é um politico que eu respeito pela forma franca de falar e encarar os problemas, mas obviamente quando, respondendo a uma senhora de 80 anos que lhe pedia encarecidamente para a livrar dessa 'racaille' que a ameaçava, e ele responde à letra pegando nesse termo e propondo-se actuar com firmeza levou os média bem como a 'fauna' dos politicamente 'correctos' e outros 'observadores sociais' a tomarem de ponta essa expressao 'emprestada', como um exemplo negativo e perturbador.Nao foi por causa dessas palavras que as coisas chegaram ao que chegaram, mas tem servido de optima desculpa para todos os energumenos, suas familias (ir)responsaveis e outros cidadaos que preferem fechar os olhos a enfrentar a realidade, ao 'justificarem' ou 'compreenderem' a selvajaria com as expressoes do ministro.Na minha optica Sarkozy, pese a boa vontade, nao tem condiçoes para assumir uma linguagem dura.Nao pelas palavras em si, que serao até brandas, mas porque nao tinha e nao tem os meios politicos, policiais, e mesmo um quadro judicial e legal de coacçao que permitam erradicar a insegurança publica interna e impor a ordem.Como é sabido este ambiente ja vem de longe, de outros politicos e outras politicas.Assim essas palavras de maior dureza que pretenderiam confortar o cidadao comum, nao sao consideradas ameaçadoras para os seus destinatarios, pelo contrario, acabam por os excitar ainda mais, pois bem sabem que ele nao tem possibilidades de cumprir o que diz, permitindo-lhes até uma demonstraçao da sua força, e da impotencia do Estado.
Inserido num governo atipico, com preocupaçoes crescentes e extremas na vertente economica e de segurança social, e em claro desfazamento com Chirac e o PM, Sarkozy apenas nao foi forçado a demitir-se para nao dar um sinal de ainda maior fraqueza e incapacidade, dando a sensaçao de derrota do Estado perante os arruaceiros.Razao porque os proprios socialistas na oposiçao nao tem insistido nessa pretensao que outras forças politicas extremistas 'exigem'.De passagem note-se Sarkozy, para la da seu estilo peculiar, esta longe de ser um 'extremista de direita' ou xenofobo, de resto como o seu nome indica as suas origens nao sao gaulesas.
Acredito que breve se entre num periodo de acalmia, até porque a 'rapaziada' também começara a estar cansada, mas sem duvida que as consequencias(para la das financeiras directas, que sao enormes) se farao sentir a prazo em todos os aspectos.Desde a confiança no Estado, no investimento até de um modo geral a forma como os cidadaos passarao a encarar a sociedade francesa e o seu futuro.
Jovens ateiam vários incêndios em cidade da Alemanha
c. f.
Ainda mal o ministro da Economia alemão tinha preconizado uma "iniciativa contra o desemprego dos jovens", para evitar a ocorrência na Alemanha de acontecimentos semelhantes aos que varrem a periferia parisiense, e logo se registaram os primeiros focos de preocupação.
Vários incêndios foram ateados na noite de sábado para ontem em Bremen, um deles por quatro jovens, cujas identidades são já do conhecimento da polícia alemã. Isto depois de, na sexta-feira, o ministro Wolfgang Clement ter precisamente alertado para o barril de pólvora que constitui o desemprego juvenil.
O social-democrata Wolfgang Clement, que será em breve substituído no cargo de ministro da Economia pelo conservador Michael Glos, quer, assim, impedir que "vivamos na Alemanha o que neste momento se passa em Paris". Nesse sentido, propõe-se, nem que seja a título individual, continuar a lutar contra a inactividade dos jovens.
Fenómeno de mimetismo pontual ou sintoma de algo de maiores proporções em fase de germinação, na Alemanha os incêndios foram todos ateados, ao contrário do que sucede na capital francesa, num bairro até agora tido por pacífico, com índices de criminalidade residuais o bairro de Huchting, em Bremen. Para reforçar as diferenças em relação a Paris, também não se registaram confrontos abertos entre a polícia e os jovens envolvidos nestes actos de vandalismo: reduziram a cinzas três automóveis e causaram estragos noutros três, lançaram fogo a uma escola votada ao abandono e incendiaram um contentor.
Mas existe uma semelhança preocupante "deslizes" de linguagem, adjectivação perigosa, estopa para incendiar ânimos sociais. Ou seja, tal como o ministro francês Nicolas Sarkozy apelidou os responsáveis pelos distúrbios de Paris de "escumalha", "ralé", também o ministro Wolfgang Clement chamou "parasitas" aos que não se incluem no rol de "pessoas respeitáveis", aos que sugam a "vaca leiteira do Estado-Providência".