Manutenção Militar e Oficinas Gerais de Fardamento

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Manutenção Militar e Oficinas Gerais de Fardamento
« em: Agosto 08, 2007, 06:58:10 pm »
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Reestruturação

A Manutenção Militar e as Oficinas Gerais estão a caminho da insolvência. A Defesa vai agora reestruturá-las
Celso Filipe cfilipe@mediafin.pt

O Ministério da Defesa Nacional (MDN) vai avançar para a reestruturação da Manutenção Militar (MM) e das Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento (OGFE), que acumulam passivos de 73 milhões de euros. A alternativa passa pela reformulação do modelo de negócio dos serviços prestados por estas duas unidades e um reenquadramento da sua relação com o Exército. Uma parte substancial dos activos das duas organizações, avaliados em perto de 90 milhões de euros, são as diversas instalações espalhadas pelo País, muitas das quais deverão ser vendidas no âmbito deste processo.
O Ministério liderado por Nuno Severiano Teixeira acaba de dar o primeiro passo para a concretização destes objectivos, nomeando um grupo de trabalho para analisar as questões militares, económicas, industriais, jurídicas e sociais relacionadas com a reestruturação da MM e o OGFE que empregam 1.500 funcionários, dos quais apenas 120 são militares. As hipóteses que vão ser analisadas passam pela reorganização da MM e das OGFE, mantendo-as coma estruturas autónomas, por uma eventual fusão das duas, ou mesmo pela criação de uma terceira empresa, adiantou ao Jornal de Negócios fonte do grupo de trabalho escolhido pelo ministro da Defesa.
A solução final para estas duas organizações será anunciada a 28 de Fevereiro do próximo ano, segundo um despacho do MDN que deverá ser promulgado esta semana em Diário da República. A Manutenção Militar e as Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento "são estruturas sobredimensionadas, apresentam custos tão elevados quanto desnecessários e têm acumulado prejuízos elevados que urge resolver", afirmou a mesma fonte, acrescentando que o Ministério da Defesa pretende reconverter os recursos humanos ligados a estas duas unidades e também "incentivar a dinamização empresarial eventualmente associada ao processo". Questionado sobre os impactos desta reestruturação ao nível dos recursos humanos, afirmou apenas que tanto a "questão social" como a "dinamização da economia" vão estar presentes no novo desenho empresarial das duas unidades.

Serviços cobrados são mais altos do que os preços de mercado
Os activos líquidos da MM e da OGFE, no final do exercício de 2006, atingiam cerca de 90 milhões de euros, pelo que o Ministério da Defesa pretende viabilizar alternativas antes que "os passivos superem os activos destas duas organizações, conduzindo-as a situações de insolvência", sublinhou. O Ministério quer encontrar, de acordo com este elemento do grupo de trabalho, uma alternativa "que contribua para a optimização da operacionalidade do Exército, encontrando soluções tecnologicamente avançadas e que representem custos mais baixos pare o erário público".
O despacho assinado por Nuno Severiano Teixeira lembra que "até hoje, todos os estudos efectuados apontavam para a necessidade de uma profunda reestruturação, sugerindo sempre a extinção das actuais estruturas e a subcontratação das serviços necessários" devido ao facto da MM e da OGFE "cobrarem hoje, ao Exército, valores de produção de equipamentos e serviços na sue generalidade superiores aos praticados no mercado". Para evitar este desfecho, sustenta o ministro, o processo será reavaliado "na tentativa de encontrar forma de, não extinguindo estas estruturas, solucionar os problemas detectados". O grupo de trabalho liderado por um gestor independente e composto por representantes do MDN, Ministério das Finanças e Exército, terá assim um desafio triplo. O primeiro deles passa por encontrar as melhores soluções para satisfazer os serviços essenciais ao Exército, especialmente a gestão das messes militares. Em paralelo, o grupo de trabalho terá ainda que promover a reconversão dos recursos humanos e contribuir para a dinamização empresarial daquelas estruturas.

Duas estruturas pensadas para a Guerra Colonial
Longe vão os tempos em que a Manutenção Militar (MM) e as Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento (OGFE) não tinham mãos a medir para satisfazer as encomendas das estruturas militares. Criadas na década de 60 do século XX, as duas organizações foram concebidas para fornecer as Forças Armadas em pleno período da Guerra Colonial, período em que o contingente nacional nos actuais Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa chegou a ser composto por mais de 300 mil efectivos. Actualmente, a MM e as OGFE servem apenas 24.500 militares, quase todos do Exército, mas o "quadro de pessoal não acompanhou o referido decréscimo de efectivos, sendo actualmente composto por cerca de 1.500 funcionários, dos quais apenas 120 são militares", refere o despacho assinado por Nuno Severiano Teixeira. "O sobredimensionamento e o acumular de passivos têm levado a Manutenção Militar e as Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento a entrar num processo de inviabilidade financeira que tem provocado uma deterioração das duas organizações, tanto ao nível da obsolescência dos equipamentos, como em relação ao envelhecimento da estrutura de recursos humanos, passando ainda pelos problemas financeiros que hoje apresentam", conclui o Ministério da Defesa Nacional que agora quer pôr a MM e as OGFE a marcharem na direcção da eficácia empresarial.

1.500 Funcionários
Pessoal afecto à MM e às OGFE. Destes apenas 120 são militares.

€ 90 Milhões
Valor dos activos da Manutenção Militar e das oficinas Gerais.

€ 73 Milhões
Passivo estimado das duas organizações pelo Ministério da Defesa.

 
 

 
in  Jornal de Negócios
8 de Agosto de 2007
 
"Ele é invisível, livre de movimentos, de construção simples e barato. poderoso elemento de defesa, perigosíssimo para o adversário e seguro para quem dele se servir"
1º Ten Fontes Pereira de Melo