Timor-Leste: Reinado entrega armas fora do prazo, afirma que foi acto voluntári
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Díli, 25 Jul (Lusa) - O major Alfredo Reinado entregou hoje à GNR nove pistolas, carregadores de munições de espingardas automáticas, granadas e fardas militares, depois de ter sido surpreendido por militares portugueses com este material numa casa que ocupou em Díli.
As autoridades timorenses e as forças militares e policiais internacionais estacionadas em Timor-Leste estabeleceram até às 14:00 de segunda-feira o prazo para a devolução voluntária de material de guerra, a partir do qual quem fosse apanhado com armas seria detido.
Segundo o capitão Gonçalo Carvalho, comandante operacional da Guarda Nacional Republicana, o material de guerra foi descoberto na sequência de uma operação policial, depois de uma queixa de ocupação da casa de um cidadão português.
A GNR recebeu a informação que a residência de um português tinha sido ocupada por um grupo de indivíduos, pelo que a GNR se deslocou ao local e verificou a casa estava efectivamente ocupada.
"Ao entrarmos na casa, com autorização de quem lá vive, deparámos com o grupo do major Alfredo Reinado, que estava no interior, e onde há primeira vista havia algumas munições e material militar", disse o capitão Carvalho.
Contactado o Procurador-Geral da República para a emissão de mandados de busca a mais duas casas, igualmente habitadas por elementos do grupo do major Reinado, iniciou-se um longo processo que se prolongou por sete horas e foi marcado por inúmeras reuniões.
A Lusa testemunhou que em determinado momento chegaram a estar a falar com o major Reinado, além dos oficiais da GNR e militares e polícias australianos, o Procurador-Geral da República, Longuinhos Monteiro, o Procurador Adjunto, Luís Mota Carmo, o vice-ministro do Interior, José Agostinho Sequeira "Somotxo" e o segundo comandante da Polícia Nacional, Ismael Babo.
Alfredo Reinado abandonou no início de Maio a cadeia de comando das forças armadas timorenses e foi um dos principais intervenientes na crise político-militar que levou as autoridades de Timor-Leste a pedir ajuda externa - à Austrália, Malásia, Nova Zelândia e Portugal - para tentar ultrapassar a situação de instabilidade e violência no país, que levou à demissão do antigo primeiro-ministro Mari Alkatiri.
Aquele militar foi o primeiro a devolver as armas no âmbito de um processo de desarmamento entre as partes beligerantes na crise timorense e, agora, foi também o primeiro apanhado com armamento depois de ter expirado o prazo para a sua entrega, sem que tenha sido detido.
Segundo o capitão Carvalho, após algumas reuniões, que incluíram uma ida à Presidência da República do PGR, do Procurador Adjunto e do vice-ministro do Interior, "ficou decidido que eles (os elementos do grupo de Reinado) tinham de entregar as armas e manterem- se em casa durante as próximas horas, até haver uma decisão sobre a sua situação".
Ao fim de sete horas, decorriam ainda as buscas, tendo voluntariamente sido entregues à GNR nove pistolas 9 milímetros, mais de 50 carregadores de espingardas automáticas e pistolas, granadas defensivas, granadas de fumos, e diverso equipamento militar, incluindo fardas.
Fonte judicial disse à Lusa que o major Alfredo Reinado e os seus homens iriam permanecer no local, sob guarda de militares australianos.
A operação decorreu a 10 metros da porta de armas do Quartel- General das forças militares australianas.