Protestos no Irão e Neda

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Chicken_Bone

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Protestos no Irão e Neda
« em: Junho 21, 2009, 06:52:14 pm »
O video seguinte mostra é um tributo à jovem que morreu baleada durante os protestos no Irão. Também inclui a parte da rapariga a morrer com o sangue a escorrer-lhe da boca.

http://www.youtube.com/watch?v=bBiUaFKyPw8

Ela já é um símbolo. O artigo seguinte é interessante:
http://news.yahoo.com/s/time/20090621/w ... 9190604900
"Ask DNA"
 

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TOMSK

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« Responder #1 em: Junho 21, 2009, 07:22:43 pm »
De facto, quando vemos e ouvimos na TV os já recorrentes protestos acaba-nos por passar ao lado, já nem ligamos.

Mas quando vemos isto...

 :shock:  :shock:
 

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Chicken_Bone

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« Responder #2 em: Junho 21, 2009, 07:46:00 pm »
É, parece-me que quase ninguém percebe o que é violência até a ver (ou sentir). Faz lembrar um pouco o que Sócrates (o gajo da Antiguidade :D ) disse, o pessoal é mau por ser ignorante.
"Ask DNA"
 

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Chicken_Bone

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« Responder #3 em: Junho 21, 2009, 09:15:58 pm »
Parece-me ser bom sinal:

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Governo iraniano convoca diplomatas europeus para reunião
20h52m

O governo iraniano convocou os embaixadores e representantes dos 27 países europeus presentes em Teerão, anunciou este domingo o ministro checo dos Negócios Estrangeiros, Jan Kohout.

O chefe da diplomacia do país que assumiu a presidência da União Europeia (UE) não acrescentou qualquer outro detalhe, a não ser que a União Europeia está preparava uma reacção para domingo à tarde ou segunda-feira de manhã..

Questionado pela agência noticiosa France Press, o porta-voz do ministro, , Milan Repka, confirmou que o representante checo foi convocado a par de outros diplomatas europeus.

Não tendo elementos para confirmar se a reunião junta todos os representantes dos 27, a mesma fonte acrescentou que os diplomatas "não tiveram a possibilidade de exprimir as suas posições" sobre a crise politica no Irão.
"Ask DNA"
 

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André

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« Responder #4 em: Junho 26, 2009, 05:18:44 pm »
Vizinhos dizem que família de Neda foi expulsa de casa


As autoridades iranianas expulsaram a família de Neda Agha Soltan, a jovem iraniana morta com um tiro no peito durante protestos da oposição, da sua casa em Teerão.

Segundo vizinhos citados pelo jornal The Guardian, a expulsão foi em retaliação à divulgação da sua morte num vídeo que circulou pelo mundo inteiro como símbolo da repressão violenta do governo aos manifestantes que protestam pela suposta fraude na reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad.

Segundo os vizinhos, a família já não vive no apartamento no oeste da capital iraniana, já que foram forçados a deixar o local após a morte de Neda, filmada por um outro manifestante.

As imagens são fortes e transformaram-se no símbolo da opressão das forças de segurança aos protestos, que ocupam há 10 dias as ruas de Teerão.

A família de Neda, seguindo a tradição persa, colocou um aviso de luto e uma faixa preta no prédio. Segundo os vizinhos, ambos foram retirados.

No dia seguinte, a polícia ordenou que deixassem o prédio. Desde então, os vizinhos recebem ligações alertando para que não discutam a morte de Neda com ninguém, nem participem nos protestos.

Nesta quarta-feira, as autoridades iranianas citadas pela agência Irna afirmaram que os atiradores que mataram a iraniana Neda podem tê-la confundido com a irmã de um terrorista do país.

As autoridades iranianas rejeitam a denúncia de que milicianos Basij, ligados à Guarda Revolucionária, tenham sido os responsáveis pela morte da mulher e culpam «os grupos que querem criar uma divisão na nação».

Segundo o governo, a morte de Neda, considerada mártir da liberdade política no regime teocrático iraniano, foi planeada para «acusar o Irão de lidar de maneira violenta com a oposição».

A agência afirma ainda que uma investigação sobre a morte de Neda foi iniciada, «mas, de acordo com as evidências obtidas até o momento, pode dizer-se que foi morta por engano».

Segundo a CNN, os atiradores teriam confundido Neda com a irmã de um Monafeghin, membro da Organização Mujahedin do Povo do Irão, que promove um governo marxista e secular para o país. O grupo é responsável por uma campanha violenta contra o regime fundamentalista iraniano que já matou políticos, juízes e membros do gabinete.

A União Europeia retirou este ano o grupo da lista de organizações terroristas, causando a indignação de Teerão, que acusou os europeus de «fazer amigos e cooperar com terroristas».

A agência Irna afirma ainda que os responsáveis pela morte de Neda podem ter considerado que mataram um dos oposicionistas e «por isso distribuíram imediatamente o vídeo da morte na media oficial e não oficial para alcançar os seus objectivos assassinos contra o governo iraniano e a revolução».

Lusa

 

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André

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« Responder #5 em: Junho 26, 2009, 07:09:26 pm »
Em memória de Neda: Iranianos radicados em Portugal promovem vigília em Lisboa

:arrow: http://videos.sapo.pt/BprSnrTILUdEelJuhttA

A comunidade iraniana radicada em Portugal realiza, este domingo, uma vigília no Largo de Camões, em Lisboa, em memória de Neda e dos compatriotas mortos durante a revolta popular que se vive actualmente em Teerão.

A acção está agendada para as 20h30 e os organizadores apelam aos portugueses para se juntarem a esta causa munidos de lenços verdes, a cor que simboliza a actual revolta iraniana. “O povo português já ajudou outras causas e por isso pedimos que não se esqueçam dos iranianos que estão a lutar pelo direito à liberdade”, disse ao SAPO Omid (nome fictício que significa esperança em farsi).

De rosto tapado com receio de represálias, Omid explica que “todos os iranianos receiam dar a cara porque acreditam que em todos os países há pessoas a controlar todos os movimentos dos iranianos”.

Omid, a residir em Portugal há mais de 15 anos, acaba por ser também o rosto de um povo oprimido que “está prestes a explodir e a exigir a mesma liberdade que existe nos outros países”. Algo que, na opinião de Omid, nunca será alcançado com Ahmadinejad no poder”.

As imagens que chegam do Irão, através de filmagens realizadas com telemóveis e enviadas através de redes sociais, mostram momentos de grande tensão com algumas pessoas a serem abatidas a tiro. Neda foi uma delas. As imagens da morte desta jovem percorreram o mundo. O último olhar de Neda para a câmara emocionou a comunidade internacional.

Sapo

 

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inlin3

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« Responder #6 em: Junho 26, 2009, 10:50:24 pm »
Ja era tempo de os americanos mandarem uns misseis contra o irão!
 

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André

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« Responder #7 em: Junho 26, 2009, 11:40:04 pm »
Citação de: "inlin3"
Ja era tempo de os americanos mandarem uns misseis contra o irão!


Mais um maluco, só se for para destruir o imenso trabalho que tiveram para pacificar o Iraque, além disso iria contribuir para que o Hezbollah que é um grupo terrorista financiado por este regime atacar alvos ocidentais e norte-americanos na zona e quem sabe também na Europa, e caso não saibam foi a população quem distituiu o Xá e não teve nenhuma ajuda externa, coisa que esperemos que volte a acontecer com este regime ...   :)

 

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FoxTroop

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« Responder #8 em: Junho 26, 2009, 11:54:08 pm »
Citação de: "inlin3"
Ja era tempo de os americanos mandarem uns misseis contra o irão!


Gostava de ver isso. Até aplaudia. :lol:   :lol:

Se já estão enfiados em dois buracos da qual não sabem como vão sair, essa ideia então era o "fim da macacada".

Deixe estar, que os iranianos saberão resolver as coisas por eles próprios.
 

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André

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« Responder #9 em: Junho 27, 2009, 12:05:38 am »
Citação de: "FoxTroop"
Se já estão enfiados em dois buracos da qual não sabem como vão sair, essa ideia então era o "fim da macacada".


Não estão enfiados em nenhum buraco, apenas tão a encontrar alguma resistência neste momento no Afeganistão também fruto da situação no vizinho Paquistão, no Iraque a situação está a normalizar-se  ...  c34x

 

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FoxTroop

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« Responder #10 em: Junho 27, 2009, 12:45:04 am »
Citar
Não estão enfiados em nenhum buraco, apenas tão a encontrar alguma resistência neste momento no Afeganistão também fruto da situação no vizinho Paquistão, no Iraque a situação está a normalizar-se


Também gostaria de acreditar nisso, mas as coisas não estão nada assim como está a pintar. Os reforços já deveria ter chegado ao terreno pelo menos 18 meses antes. Numa guerra deste tipo ser-se ultrapassado pelo adversário pode ser fatal e os reforços actuais são uma medida de reacção e não uma de antecipação. Será agora muito mais difícil recuperar o que foi perdido. Um excelente exemplo é o caso português em Angola e Moçambique. No primeiro ao jogar na antecipação conseguiu-se neutralizar a acção dos movimentos independentistas. No segundo, por erros enormes por parte do comando, em vez de se antecipar ao movimentos, andou-se atrás deles e o resultado foi a perda de controlo sobre a situação.
 

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Chicken_Bone

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« Responder #11 em: Junho 27, 2009, 01:33:27 am »
Ó meninos, olhai o tópico. Afeganistão, Americanos e Iraque já têm vários tópicos endereçados.

Citando o André nestas situações: " :evil: "

Já agora, de preferência não seria para transformar este tópico em Irão vs EUA.
"Ask DNA"
 

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André

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« Responder #12 em: Junho 27, 2009, 01:38:28 pm »
Mas oh Chicken Bone citando também outro membro do forum, o pessoal descamba logo para guerras totais ...  :lol:  :lol:

 

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André

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« Responder #13 em: Junho 28, 2009, 06:43:38 pm »
Que se passa no Irão ??
Alexandre Reis Rodrigues
 

As opiniões dividem-se entre os que pensam que a actual crise no Irão é essencialmente uma luta pelo poder entre os candidatos às últimas eleições presidenciais e os que a encaram como uma contestação ao regime introduzido pela Revolução Islâmica de Khomenei em 1979.

Depois de uma disputada campanha eleitoral, cheia de trocas de acusações frequentemente graves, os observadores que subscrevem a primeira tese vêm a situação como uma luta de sobrevivência política dos que ficaram fora do círculo do Grande Ayatollah e do Presidente eleito, ao atribuírem a fraude o terem perdido as eleições. Calculam, esses observadores, que os que continuam no poder não farão qualquer concessão que abale mais a sua posição enquanto os perdedores se esforçarão por consolidar uma base de apoio que os proteja das retaliações que virão a seguir.

Existe um sector da sociedade civil, principalmente nos centros urbanos e entre os jovens, que exige mudanças, que quer um regime mais liberal, um relacionamento normal com o Ocidente e, sobretudo, mais e melhores oportunidades de vida, principalmente diminuição do desemprego (a taxa actual anda à volta dos 14%). As mulheres têm desempenhado também um importante papel nesta dinâmica mas os factos não mostram outros sectores da sociedade a aderir aos descontentes nem as manifestações a alastrarem por todo o país, o que seria indispensável para caracterizar esta movimentação como uma revolução; a “Revolução Verde” que alguns gostariam de ver suceder-se às Revoluções Rosa e Laranja na Geórgia e Ucrânia vai ficar adiada.

Em qualquer caso, o peso eleitoral dos apoiantes de Moussavi, o principal candidato derrotado, mesmo sem as fraudes que o Council of Guardians reconhece terem afectado três milhões de votos, espalhados por 50 cidades, não chegaria, diz a maioria dos observadores, para determinar outro desfecho eleitoral. É neste argumento que Khamenei baseia a sua decisão de recusar a repetição do acto eleitoral; considera que novas eleições seria uma “perda de tempo” porque não se verificou qualquer “major fraud”.

O interessante é que também não se fala em responsáveis por tão grande irregularidade; também será perda de tempo levar a investigação até à identificação das medidas necessárias para evitar que a situação se repita e esclarecer o conceito de “major fraud”? E que se anuncie que a situação será corrigida? Agora ficou-se a saber que para além da fragilidade intrínseca do sistema híbrido da democracia iraniana, nem sequer a componente que reclama basear-se no voto popular tem credibilidade.

No entanto, o regime em si próprio, mal grado o movimento popular atrás referido, parece não estar em causa; qualquer das principais figuras nacionais que contestam os resultados e a própria actuação do Presidente no primeiro mandato (Rafsanjani - o 2º homem mais poderoso -, Khatami - antigo presidente -, Larijani - speaker do Parlamento -, Shahroudi - chefe do Judiciário -, etc.) esforçam-se por não mostrar qualquer hostilidade contra os fundamentos e raízes da Revolução Islâmica e da criação da República, em que aliás participaram activamente, preferindo, em alternativa, manobrar nos bastidores. O general Rezaie, que foi comandante do Corpo dos Guardas da Revolução durante 16 anos e também candidato à eleição presidencial, acaba de desistir de continuar a reclamar contra a fraude eleitoral, sob a alegação de que não quer contribuir para a instabilidade no país.

Toda esta situação não representa uma boa notícia para o Ocidente; é como o ruir da esperança de que se possa contar, num futuro próximo, com a possibilidade de manter com o Irão um relacionamento previsível e normal. Nem sequer chega o extremo cuidado com que o Presidente Obama tem lidado com a situação para não dar qualquer oportunidade de o regime iraniano atribuir culpas aos EUA de incitação à violência interna (posição que lhe traz custos políticos internos).  As acusações têm aparecido na mesma, porque entre outras razões é preciso alimentar os sentimentos que tornaram o slogan de “morte à América” como o mais popular para os iranianos.

Por quanto tempo mais vai o Irão resistir à pressão da globalização e conseguir conciliar as necessidades de progresso com a manutenção de um isolamento internacional, que tem custos elevados, é a questão que fica em aberto. Para já, o que teremos provavelmente pela frente são mais quatro anos da postura de beligerância permanente a que o Presidente Ahmadinejad já nos vai habituando, mas que nem por isso deixam de representar um risco alto para a paz e estabilidade no mundo.

Jornal Defesa

 

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André

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« Responder #14 em: Junho 28, 2009, 10:15:53 pm »
Irão detém oito funcionários da embaixada britânica


As autoridades iranianas detiveram oito funcionários da embaixada do Reino Unido em Teerão. Londres já reagiu e considerou «inaceitável» a tentativa de «intimidação» dos iranianos e exigiu a libertação do pessoal diplomático

Segundo a angência iraniana Fars, os oito funcionários de cidadania iraniana ao serviço do Reino Unido foram detidos e acusados de organizar os recentes protestos contra o regime teocrático. Teerão já tinha acusado Londres de estar por trás da 'revolução verde'.

A diplomacia britânica já reagiu pela voz do ministro dos Negócios Estrangeiros, David Miliband, que considerou as detenções «inaceitáveis».

Outros dois diplomatas britânicos foram expulsos de Teerão na semana passada, tendo o Reino Unido retaliado com medida semelhante.

Desde 12 de Junho que morreram pelo menos 17 pessoas em confrontos entre militantes da oposição ao regime iraniano e as autoridade do país, após as presidenciais que reelegeram Mahmoud Ahmadinejad. Os críticos do Presidente, encabeçados por Mir Hossein Mousavi, falam em fraude eleitoral.

SOL