Contrapartidas para os ENVC

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Contrapartidas para os ENVC
« em: Junho 12, 2004, 01:09:39 am »
Diário Económico 2004/06/07

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Estaleiros de Viana recebem 650 milhões de contrapartidas e alemães desistem de reforçar para 80% na Lisnave.

O consórcio alemão não vai, para já, entrar no capital dos ENVC tal como estava inicialmente previsto no concurso dos submarinos.

Os Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) vão receber 650 milhões de euros de contrapartidas por parte do German Submarine Consortium (GSC), o vencedor do concurso para a construção e fornecimento de dois submarinos para a Marinha Portuguesa.

Foi este o valor que ficou definido no contrato assinado na semana passada entre o Governo e o consórcio alemão, composto pela HDW, Thyssen e Ferrostal. Motante mais de três vezes superior ao valor das contrapartidas inicialmente previstas para esta empresa, de 200 milhões de euros.

Um dos projectos de maior dimensão que está englobado neste programa diz respeito à transferência para os ENVC do equipamento de construção naval actualmente nos estaleiros Flender. O GSC exerceu recentemente a opção de compra que tinha sobre este estaleiro, que estava falido, e compromete-se agora a vender este material à empresa portuguesa por um preço simbólico, que deverá rondar os 10 milhões de euros, já com custos de desmontagem, transporte e montagem.

Este projecto foi avaliado em 250 milhões de euros pela Comissão Portuguesa das Contrapartidas, apesar do consórcio lhe atribuir um valor de 450 milhões de euros.

Certo é que a transferência deste equipamento deverá permitir aos ENVC um conjunto de benefícios, tais como a redução de custos, um melhor equilíbrio entre capital e trabalho, modernização de equipamentos, entre outros, como explicou ao DE uma fonte do sector. Os ENVC ocupam uma área de 400.000 m2 e empregam cerca de 1.100 trabalhadores, sendo o maior estaleiro de construção naval de Portugal.

O material deverá estar disponível nos estaleiros em Viana do Castelo dentro de dois anos, tendo já equipas dos ENVC visitado o estaleiro alemão Flender. Com este equipamento os ENVC ficam dotados de capacidade para construir o Navio Polivalente Logístico, outro dos projectos que está previsto nas contrapartidas alemãs.

Além do equipamento, o restante valor das contrapartidas será executado através do encaminhamento de trabalhos de construção e reparação naval. Isto porque, o GSC abandonou a ideia, pelo menos para já, de entrar na estrutura accionista da ENVC.

Inicialmente, estava previsto também no âmbito das contrapartidas, que o Grupo Industrial Alemão (GIG), constituído pela HDW, Ferrostal e MPC, ficasse com 30% dos ENVC.

As contrapartidas contratualizadas para a Lisnave ascendem a 18 milhões de euros, e são substancialmente inferiores às dos Estaleiros de Viana e ao que a própria administração da empresa previa.

Este montante, ao que o Diário Económico apurou, corresponde apenas ao valor de um empréstimo de 13 milhões de euros, contraído pela Lisnave em 1999, junto do Deutshe Bank, no seguimento dos prejuízos da empresa nesse ano. Esse empréstimo, ainda com o Grupo Mello na liderança da Lisnave, permitiu à empresa evitar uma situação de falência.

Contudo, a Lisnave «ao longo destes anos nunca efectuou o pagamento de qualquer tranche, limitando-se apenas a pagar esporadicamente os juros», disse uma fonte próxima da empresa ao DE. Assim, a dívida actual ascende a cerca aos 18 milhões de euros, precisamente o valor das contrapartidas que o GSC se compromte a fazer com a Lisnave.

Fora do âmbito das contrapartidas fica ainda, pelo para já, o reforço da posição accionista dos alemães na empresa de 40% para 80%, tal como estava previsto. Uma desistência que contribui para a redução do volume de investimento na reparadora naval a efectuar pelo GSC. Inicialmente, os alemães tinham apontado para que a Lisnave recebesse 300 milhões de euros.

Recorde-se que a HDW e a Ferrostal têm cada uma 10% da Lisnave, enquanto que a Thyssen detém 20%. A maioria do capital (53%) é detido pela Navivessel, totalmente controlada por Nélson e José Rodrigues. tendo o Estado uma participação de 3%.

Fonte próxima da Lisnave admite que este é o cenário que está em cima da mesa actualmente, embora possa não ser o definitivo de futuro.

Os diversos interesses envolvidos em todo este ‘dossier’ tem dificultado as negociações entre as partes, justificação dada para os atrasos na negociação de contrapartidas com a Lisnave, ao invés do que aconteceu com os Estaleiros de Viana.

Uma das dificuldades teve a ver com o facto do Estado português pretender que os alemães entrassem também no capital da Lisnave Infra-estruturas, a empresa proprietária dos terrenos de Mitrena e que recebe uma renda por parte da Lisnave Estaleiros Navais, a empresa operadora. É que com essa renda é paga um empréstimo de 75 milhões de euros, contarindo para pagar a mudança de instalações da Margueira para a Mitrena . Mas, o consórico alemão pretendia apenas aumentar a sua posição na Lisnave Estaleiros Navais.
"you're either with us, or you're with the terrorists."
 
-George W. Bush-