Crise Financeira Mundial

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Miguel

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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #270 em: Março 18, 2013, 05:15:14 pm »
Bank Run

Qual empresa ou particular vai ter confiança na UE?

E o começo do fim.
 

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miguelbud

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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #271 em: Março 19, 2013, 11:40:50 am »
Dez perguntas & respostas sobre o resgate a Chipre

1. Porque é que Chipre precisa de um resgate internacional?

São fundamentalmente duas as razões apontadas para o Estado cipriota e, sobretudo, dois dos seus maiores bancos estarem na iminência da “bancarrota”: a forte exposição da sua frágil economia e sistema financeiro à Grécia (que foi o primeiro país do euro, ainda em Maio de 2010, a pedir assistência financeira externa e cuja dívida foi alvo de um perdão parcial que erodiu ainda mais a base de capital de bancos cipriotas); e o crescimento descontrolado do peso da banca cipriota, cujos activos estão avaliados em cerca de 800% do PIB do país. A título de comparação, no pico da crise, na Islândia a banca chegou a movimentar o equivalente a 980% do PIB do país; na Irlanda essa proporção rondou 440% do PIB.

2. Qual o valor de que o país precisa?

As necessidades financeiras do país – com 1,1 milhões de habitantes e que pesa 0,2% no PIB da Zona Euro - estão avaliadas em 17 mil milhões de euros.  Em termos absolutos é um valor reduzido, mas em termos relativos está-se perante o maior resgate do euro: iguala o PIB cipriota previsto para 2013.

Os parceiros da Zona Euro chegaram agora a um pré-acordo no sentido de emprestarem 10 mil milhões de euros. Em contrapartida, Chipre terá de avançar com privatizações e outras reformas e gerar, no imediato, receitas adicionais da ordem de 5,8 mil milhões de euros –  é aqui que entra a sugestão de um imposto extraordinário sobre o stock dos depósitos bancários. O FMI mostrou disponibilidade para contribuir para a montagem de um empréstimo internacional, mas ainda não avançou com números. Faltam pouco mais de mil milhões de euros para quadrar as necessidades de financiamento.

3. Porque é que o pedido de ajuda só agora foi equacionado?

Nicosia formalizou o pedido de assistência aos parceiros do euro ainda no Verão de 2012, mas o FMI e os europeus têm fortes suspeitas de a sua banca se ter convertido numa plataforma de lavagem de dinheiro sujo, oriundo das máfias russas. Querem garantias de que a legislação internacional sobre branqueamento de capitais está a ser efectivamente aplicada para evitar que empréstimos garantidos pelos contribuintes europeus salvaguardem sobretudo depositantes russos e dinheiro gerado em actividades ilegais, e pediram uma auditoria externa para o certificar.

Internamente o pedido de ajuda também gerou clivagens, pelo que se esperou pelo resultados das eleições (Chipre tem um sistema de governo presidencialista) que, na segunda volta, em 25 de Fevereiro, deram a vitória ao candidato pró-troika Nicos Anastasiades que defende uma maior aproximação à Europa, e um afastamento da Rússia, a quem o anterior Governo pediu um empréstimo de emergência de 2,5 mil milhões de euros.

4. Porque é que os depositantes foram envolvidos?

Para reduzir as necessidades de financiamento do Chipre e logo, o valor do empréstimo externo, evitando-se uma (ainda) maior explosão da dívida pública cipriota, o que poria em causa a sua sustentabilidade (ou seja, a capacidade de o país a ressarcir) e inviabilizaria também o eventual envolvimento do FMI. Com uma dívida pública que ronda actualmente 84% do PIB, se Chipre pedisse emprestado no exterior a totalidade dos 17 mil milhões de euros de que necessita para financiar o Estado e recapitalizar os seus bancos o rácio passaria para quase 200% do PIB.

5. E porque não se impuseram, antes, perdas aos investidores que compraram obrigações do Estado e dos bancos?

Porque a maioria da dívida pública cipriota foi emitida sob jurisdição do Reino Unido – que não contempla as chamadas CAC (cláusulas de acção colectiva, que permitem que os termos de uma obrigação possam ser alterados por uma super-maioria dos seus detentores) –  o que tornaria praticamente impossível uma reestruturação ordenada como se fez na Grécia que – sublinhe-se – foi prometido pela Europa seria caso único e irrepetível.  Por outro lado, a maior parte dos detentores de dívida pública e bancária são residentes cipriotas, que teriam de suportar inteiramente as perdas. Já boa parte dos depositantes são estrangeiros, sobretudo russos, o que permitirá aliviar o fardo sobre os cipriotas.

6. Porque é que se suspeita que Chipre se tenha convertido numa “lavandaria de dinheiro sujo da máfia russa”?

As entradas e saídas anuais de capitais russos de Chipre (que aderiu ao euro em Janeiro de 2008) terão rondado, anualmente, entre 2009 e 2011, os 120 mil milhões de euros – valor mais do que cinco vezes superior ao do PIB de Chipre, segundo dados do Global Financial Integrity. Esta organização não-governamental, presidida por Dev Kar, antigo economista sénior do Fundo Monetário Internacional (FMI), refere que muitas empresas russas instalaram-se em Chipre, beneficiando da baixa taxa de IRC de 10%, apenas para dar cobertura a circuitos financeiros que permitem "branquear" capitais gerados em negócios ilícitos. O "Financial Times" cita banqueiros de Nicosia, segundo os quais a taxa sobre depósitos custará só aos depositantes russos dois mil milhões de euros – ou seja, quase metade da receita de 5,8 mil milhões de euros que se pretende que o Governo obtenha com esta medida, reduzindo o valor do empréstimo externo.

7. O que é que está a ser proposto para os depositantes?

A proposta inicial do Governo era a de lançar uma taxa extraordinária de 6,75% sobre depósitos até 100 mil euros e de 9,9% sobre os de valor superior. Perante a comoção da população e a ameaça de chumbo do Parlamento, o Presidente cipriota sugere agora distribuição do esforço diferente. Até 100 mil euros, os depositantes serão taxados em 3%; entre 100 mil e 500 euros "pagam" 10% e é introduzida uma fasquia acima de 500 mil euros, que sofre um impacto fiscal de 15%. O montante da receita fiscal que se pretende angariar é o mesmo da proposta inicial: 5,8 mil milhões de euros.

O processo interno de negociação prossegue em Nicosia. Para travar uma fuga de depósitos, os bancos permanecerão encerrados até quinta-feira, 21 de Março e os levantamentos estão condicionados.

8. Porque não foram poupados os pequenos aforradores?

Segundo dois diplomatas envolvidos nas negociações citados pela Reuters, o Presidente cipriota terá recusado uma proposta do BCE de não taxar os pequenos depositantes por não querer uma taxa demasiado agravada, de dois dígitos, sobre os maiores. Os correspondentes em Bruxelas do Financial Times dão, por seu turno, eco ao comentário de um diplomata anónimo que, perante a recusa do Presidente cipriota, terá comentando que Nicos Anastasiades “só teria amigos ricos”. Mas o Presidente cipriota nega e diz que os termos da taxa extraordinária foram sugeridos por Bruxelas.

9. E envolver os depositantes é uma boa solução?

Não chegará a ser uma boa solução, mas envolver os depositantes para reduzir as necessidades de financiamento, logo o valor do empréstimo, logo a dívida de Chipre é para a maioria dos analistas e economistas a menos má das soluções possíveis no caso específico de Chipre, desde que seja percepcionada como tratando-se de um recurso único e irrepetível para não abalar a confiança. Cavaco Silva tem dúvidas de que esse “alicerce” do sistema bancário não tenha sido já ferido.

10. Portugal corre um risco idêntico?

É um cenário improvável. O Eurogrupo, o BCE e a Comissão Europeia sublinharam que esta é uma decisão que se aplica em exclusivo ao Chipre.

 

Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, assegura que os portugueses "podem estar tranquilos" porque a tributação bancária "excepcional" ao Chipre "não é transponível para outros países". A DECO considera  também "infundado" o receio de o imposto aos depositantes do Chipre ser alargado a Portugal.

@Jornal de Negócios
 

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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #272 em: Março 19, 2013, 06:01:36 pm »
Chipre: Presidente antecipa chumbo no Parlamento e há rumores de demissão do ministro das Finanças

PÚBLICO

19/03/2013 - 17:24

Partido do Governo deverá abster-se na votação desta terça-feira, inviabilizando a criação de uma taxa sobre os depósitos


O Presidente do Chipre, Nicos Anastasiadis, deu a entender esta terça.-feira que a proposta de criação de uma taxa a aplicar sobre os depósitos, no âmbito do pacote de ajuda financeira, pode não passar no Parlamento. Mas a crise política pode agravar-se já que circulam rumores de que o ministro das Finanças terá pedido demissão.

O presidente do Chipre afirmou nesta terça-feira, citado por órgãos de comunicação nacionais, ter "a sensação" de que o Parlamento vai chumbar o plano, justificando essa decisão com o facto do plano ser "injusto e ir contra o interesse dos cipriotas".

Da proposta que, segundo a agência de notícias cipriota CNA, deverá ser levada a votação no Parlamento consta uma taxa de 6,75% para os depósitos entre 20 mil a 100 mil euros e uma taxa de 9,9% para os montantes acima deste valor. As poupanças mais baixas ficam a salvo, mas, neste cenário, o “tratamento diferente” defendido pelos ministros das Finanças da moeda única para salvaguardar os depósitos até aos 100 mil não se verifica. A votação vai realizar-se esta tarde.

As declarações do presidente reforçam a informação que está a circular em vários meios de comunicação de que o partido do Governo deverá abster-se na votação desta terça-feira, inviabilizando a criação de uma taxa sobre os depósitos

Entretanto, circulam rumores de que o ministro das Finanças do Chipre, Micalis Sarris, terá pedido demissão esta terça-feira mas segundo a CNBC esse pedido ainda não terá sido aceite  pelo presidente do país, Nicos Anastasiadis.

A informação da demissão do ministro das Finanças está a ser veiculada por diversos órgãos de informação mas ainda não foi confirmada oficialmente.

Há inclusive informações contraditórias sobre a manutenção da agenda do ministro, em especial em relação à deslocação a Moscovo com vista a encontrar uma solução para a grave crise em que se encontra o Chipre.  

O parlamento vota esta terça-feira uma taxa sobre os depósitos bancários, no âmbito da plano de resgate do Chipre, situação que está a gerar uma forte crise interna e que pode ter consequências graves, pela fuga de depósitos, noutros países europeus.

A reflectir a incerteza face à demissão, o euro está a cair face ao dólar e as bolsas europeias também estão em queda.

http://www.publico.pt/economia/noticia/ ... ao-1588346
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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #273 em: Março 19, 2013, 07:05:18 pm »
Crise financeira
Chipre rejeita resgate europeu

Pedro Duarte  
19/03/13 18:19


O Parlamento cipriota não aprovou os termos do acordo com a Troika para o salvamento dos bancos do país, não tendo um único deputado votado a favor do plano.

A proposta europeia foi reprovada com os votos contra dos 36 deputados de toda a oposição, e com a abstenção de 19 deputados do partido DYSYS no governo.

Antes da votação, o presidente do parlamento havia rejeitado um pedido do governo para que o debate fosse adiado pela terceira vez, apelando antes aos deputados para que votassem contra a "chantagem" europeia.

Desde sábado que o presidente Nicos Anastasiades - eleito em Fevereiro com o apoio da chanceler alemã Angela Merkel  :roll: - tem tentado conseguir apoio parlamentar para o resgate no valor de 10 mil milhões de euros, sem o qual o chefe de Estado avisa que os dois maiores bancos do país irão falir quase imediatamente, por falta de liquidez, arrastando consigo todo o Estado e levando à saída do país do euro.

A proposta europeia gerou forte oposição em todo o país por prever a imposição de uma taxa sobre os depósitos nos bancos de 6,75% para quem tem menos de 100 mil euros e de 9,9% para valores superiores a este montante. Mesmo a versão melhorada que foi apresentada esta tarde pelo governo aos deputados - que isentava da taxa todos os depósitos inferiores a 20 mil euros - foi considerada como "inaceitável" pelo parlamento.

"Eles [os parlamentares] sentem que o acordo é injusto e contra os interesses da Nação. Mas eu tenho que admitir que a rejeição não era esperada pela Troika e pelos nossos amigos do Eurogrupo", disse Anastasiades, que já convocou para amanhã uma reunião de emergência dos líderes dos partidos políticos para debater o futuro do país. Já antes do voto, o governador do Banco Central do Chipre, Panicos Demeteriades, tinha avisado que a eliminação da taxa aos pequenos depositantes tornaria impossível obter os 5,8 mil milhões de euros exigidos pela Troika para conceder o empréstimo de emergência, e que, de qualquer modo, a aprovação do plano europeu deveria levar a uma retirada em 24 horas de 10% ou mais dos depósitos nos bancos do país.

Por agora, e para evitar uma corrida aos bancos, o Chipre vai manter os seus bancos encerrados até quinta-feira, enquanto a Bolsa de Valores está fechada até nova ordem.

Os líderes europeus já mostraram flexibilidade relativamente aos termos do resgate, tendo todos os ministros das Finanças afirmado que os pequenos depositantes devem ser isentos da taxa, apoiando em vez disso um aumento para os 15,26% da taxa imposta aos maiores depósitos.

Mas dos 68 mil milhões de euros em depósitos detidos pelos bancos cipriotas, 20 mil milhões são detidos por cidadãos e sociedades russas, quase todos acima dos 100 mil euros, e o executivo cipriota receia que uma taxa elevada sobre estes montantes levaria à saída total dos investidores russos, o que também destruiria o sector financeiro nacional. Moscovo já afirmou que estará disposta a conceder mais empréstimos a Chipre desde que este forneça mais informações sobre os depósitos, de modo a poder apanhar quem esteja a tentar fugir ao fisco russo, ao passo que a ‘utility' estatal russa Gazprom voluntariou-se por seu turno para pagar todo o resgate, desde que o Chipre lhe conceda os direitos exclusivos à exploração das jazidas de gás existentes ao largo da costa do país, rasgando os acordos que já tinha efectuado nesse sentido com empresas dos EUA.

Para os observadores, o Chipre é actualmente palco de uma batalha de influências entre Bruxelas e Moscovo, com os europeus de um lado a quererem poupar os pequenos depositantes e punir as grandes fortunas - muitas delas de origem suspeita - que têm vindo a usar o Chipre como paraíso fiscal, e do outro os russos a tentar evitar que os seus cidadãos mais ricos paguem grandes impostos a um governo estrangeiro.

Europa descarta taxas aos depósitos em outros países

O presidente do Eurogrupo (conselho dos ministros das Finanças da zona euro), o holandês Jeroen Dijsselbloem, reiterou entretanto que o imposto especial sobre os depósitos jamais seria aplicado noutro país europeu que não o Chipre.

"Não vai acontecer noutros países, porque neles o sector bancário não tem um peso tão grande em relação ao PIB [no Chipre os activos dos bancos são oito vezes superiores à riqueza gerada pelo país], e não está envolvido em negócios com tantos riscos", afirmou esta tarde Dijsselbloem ao parlamento holandês.

http://economico.sapo.pt/noticias/chipr ... 65168.html


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o mais triste é que se fosse cá no burgo, os cachorrinhos da merkel votavam todos a favor disto  :evil:  :roll:
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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #274 em: Abril 15, 2013, 05:50:36 pm »

Grécia vs Alemanha. O próximo duelo joga-se nos tribunais internacionais

Por Catarina Falcão, publicado em 15 Abr 2013 - 08:29 | Actualizado há 9 horas 3 minutos

Depois da Grécia apurar que a Alemanha lhe deve mais de 162 mil milhões de euros em reparações de guerra, o tom do diálogo começa a subir entre os dois países que já ponderam recorrer aos tribunais internacionais para resolver a disputa



Mais de 560 mil mortos, 70 mil judeus enviados para campos de concentração, 50% das infra-estruturas destruídas e 75% da indústria em ruídas foram o resultado de três anos de ocupação nazi na Grécia. Agora, 69 anos depois da saída das tropas de Hitler do país e na mesma semana em que consegue desbloquear a próxima tranche do empréstimo da troika, a Grécia mostra-se disposta a ir até às últimas consequências para que lhe sejam reavidos mais de 162 mil milhões de euros em reparações de guerra que nunca foram pagas na totalidade pela Alemanha - com juros de mora. Wolfgang Schäuble, ministro das Finanças alemão já acusou os gregos de irresponsabilidade por trazerem esse assunto de volta à discussão pública, mas Dimitris Avramopoulos, ministro dos Negócios Estrangeiros, avisou que Atenas não vai esquecer o passado e que serão, em última instância, os tribunais internacionais a decidir.

Depois do jornal diário grego “To Vima” ter difundido que a Comissão nomeada pelo governo grego em Novembro do ano passado para avaliar o montante de reparações de guerra em dívida pela Alemanha tinha apurado que o valor devido à Grécia era de cerca de 162 mil milhões de euros, as críticas germânicas não se fizeram esperar. Schäuble desvalorizou o assunto considerando as conclusões do relatório do governo “irresponsáveis”. “Em vez de iludir as pessoas na Grécia, seria melhor mostrar-lhes o caminho para as reformas que precisam fazer”, disse o ministro alemão.

A resposta da Grécia, onde o relatório ainda é secreto, conhecendo-se apenas o valor monetário apurado por um conjunto de analistas, não tardou. O ministro dos Negócios Estrangeiros que está a estudar o relatório e a melhor maneira de o utilizar, disse que as reformas para melhorar a situação financeira do país estão a ser levadas a cabo e que as reparações da II Guerra Mundial são um assunto à parte. “Não há qualquer relação entre os dois assuntos. Uma coisa são as reformas financeiras que a Grécia está a fazer neste momento e outra são as reparações de guerra. Este é um assunto pelo qual os sucessivos governos gregos se batem há muitos anos e caberá aos tribunais internacionais decidirem se o caso está ou não encerrado”, disse Avramopoulos.

advogado em causa própria Desde o início da crise, em 2010, muitas associações, cidadãos a título individual e políticos têm recuperado o tema da falta de pagamento por parte da Alemanha das reparações de guerra acordadas após o final da II Guerra Mundial, não só em resposta ao comando germânico das políticas de austeridade que têm sido impostas, mas também como uma possível solução para a falta de financiamento que a Grécia atravessa. A petição online para a Alemanha “honrar as suas obrigações para com a Grécia”, pagando os empréstimos e as reparações pelas “atrocidades cometidas durante a guerra” já conta com mais de 190 mil assinaturas.

Uma das vozes mais activas nesta reivindicação é Notis Marias, deputado eleito pelos Gregos Independentes e professor de Assuntos Europeus na Universidade de Creta. Ao i, o deputado grego explicou que, na sua opinião, o país “deve recorrer a todos os meios diplomáticos e legais, incluindo tribunais internacionais e outras organizações para reaver o dinheiro”. Uma alegação que segundo o professor de Direito Internacional do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), Francisco Pereira Coutinho, pode ter viabilidade junto do Tribunal Internacional de Justiça. “É fundamentalmente um problema político, mas se a Alemanha não pagar, poderemos eventualmente ter um novo processo no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), agora iniciado pela Grécia, em que se discutirá se este pode apreciar factos que sejam anteriores à sua constituição e se a Grécia tem ou não direito a indemnização” explicou o académico ao i.

No ano passado, o TIJ declarou que a Alemanha não poderia ser responsabilizada em tribunais nacionais dos requerentes por falta de pagamento de reparações de guerra a título individual, depois do Supremo Tribunal Italiano ter decidido que a Alemanha tinha de compensar um italiano deportado em 1944. Após esta deliberação, um conjunto de cidadãos gregos, parentes das vítimas do massacre de Distomo - onde mais de 200 pessoas foram fuziladas pelas forças nazis - recorreu também aos tribunais italianos em busca da concretização da pena decretada pelos tribunais gregos, uma indemnização de quase 30 milhões de euros, que nunca foi executada. Para efectivar a sentença, o juiz italiano ordenou o confisco de bens alemães em solo italiano. A decisão do TIJ foi a de considerar que estas práticas violavam a imunidade jurisdicional alemã.

Dívidas que pagam o futuro Mais do que um direito, muitos gregos acreditam que a Grécia da segunda metade do séc. XX e a do início do séc. XXI teria sido muito diferente caso a Alemanha tivesse pago as reparações devidas ao país. “Se a Alemanha tivesse pago, a Grécia teria tido a hipótese de reconstruir a sua economia e tornar-se um Estado mais competitivo no pós-Guerra”, disse ao i o deputado Notis Marias.

No fim de 1940, durante a ascensão pungente das Forças do Eixo, Mussolini está com dificuldades em invadir a Grécia, um país que aparentemente lhe traria uma vitória fácil e aumentaria o seu prestígio junto do seu aliado, Adolf Hitler. Durante seis meses as forças italianas tentaram em vão invadir o território helénico, sendo repetidamente repelidos pelas forças gregas. Em Março de 1941, um dos contra-ataques gregos, que fez os italianos baterem em retirada, foi considerada a primeira vitória terrestre dos Aliados na Segunda Guerra Mundial.

Com o crescente embaraço italiano, Hitler veio em auxílio dos italianos e atacou as linhas mais indefesas gregas e em menos de um mês as tropas nazis marcharam sobre Atenas. Foram três anos de domínio tripartido - Alemanha, Itália e Bulgária - que levaram à Grande Fome, no Inverno de 1941, onde morreram mais de 300 mil pessoas só nos arredores de Atenas. É aí que ocorrem os empréstimos forçados ao Terceiro Reich que enfraqueceram a moeda nacional (o dracma) e levaram a uma grande inflação, e aos massacres que dizimaram populações inteiras de vilas e aldeias. Segundo Marias, as forças nazis “devastaram as infra-estruturas existentes na altura, danificando a economia grega”.

Atenas foi libertada em Outubro de 1944 pelas forças soviéticas, mas seguiu--se uma guerra civil entre as várias forças envolvidas na resistência durante o período de ocupação. Nas Conferências de Paris em 1946 que marcaram oficialmente o fim da Segunda Guerra Mundial, a União Soviética arrecadou grande parte dos fundos das reparações alemãs por ter sido o país com maior número de vítimas mortais, mas também pelos danos infligidos no território russo. Aí ficou também assente que a Grécia receberia 4,5% das reparações materiais exigidas à Alemanha e 2,7% de outras indemnizações. Estes pagamentos acabaram por chegar através da maquinaria pesada de fabrico alemão utilizada para renovar a indústria do país e o pagamento de compensações monetárias a vítimas individuais dos crimes de guerra nazis. A Itália também pagou reparações de guerra à Grécia.

No entanto, uma das maiores reivindicações continua a ser o empréstimo forçado equivalente a mais de 10 mil milhões de euros (476 milhões de marcos do Terceiro Reich) desviado durante a guerra para financiar as tropas nazis e que nunca foi contabilizado nas reparações, o que com juros de quase 70 anos, somará uma grande parte dos 162 mil milhões apurados no relatório do governo.

Pagar ou não pagar Sete anos depois das Conferências de Paris e temendo as mesmas consequências do pagamento da dívida alemã no pós-Primeira Guerra Mundial (ver texto ao lado) que levaram à ascensão ao poder do partido Nazi em 1933, os credores da Alemanha - já República Federal da Alemanha - reuniram-se e amenizaram as condições de pagamento da dívida externa (também da I Guerra Mundial) e das reparações devidas aos vários países afectados pelo conflito.

Nos Acordos da dívida alemã que tiveram lugar em Londres ficou decidido que os pagamentos externos da Alemanha não excederiam os 5% das exportações e que uma parte da dívida seria paga após um tratado de paz entre as duas Alemanhas, o que veio a acontecer com a reunificação do país em 1990. Este acordo, juntamente com os fundos proveninente do plano Marshall, fez com que a República Federal da Alemanha se reerguesse em tempo recorde.

Para além da União Soviética, os grandes destinatários das compensações alemãs foram os sobreviventes judeus e as famílias das vítimas dos judeus mortos em campos de concentração. Na década de 90, mais de 100 mil pessoas em todo o mundo (especialmente em Israel e nos Estados Unidos) recebiam pensões do Estado alemão como reparações de guerra, directas ou indirectas.

No entanto, a Grécia alega que a Alemanha não acabou de pagar o que lhe devia, apesar de ter ratificado, juntamente com outros países, os Acordos da dívida em 1953.

Argumento de peso
A Grécia nega que o relatório sobre as dívidas alemãs pedido em Novembro do ano passado pelo Ministério das Finanças a quatro investigadores, e que compilou informação patente em quase 200 mil documentos, vá servir de arma negocial com a troika, alegando que uma coisa é a actual situação financeira do país e outra são as reparações de guerra. “A troika e as ajudas financeiras não têm nada a ver com esta reclamação. Este assunto é estritamente bilateral e terá de ser resolvido entre a Grécia e a Alemanha”, assegurou Notis Marias ao i.

Seja como for, o primeiro-ministro Antonis Samaras, conta agora com um argumento de 162 mil milhões de euros para sensibilizar a Alemanha para a situação grega.

http://www.ionline.pt/dinheiro/grecia-v ... rnacionais
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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #275 em: Abril 15, 2013, 06:59:00 pm »
Ora toma lá!! O Gregos já deviam ter esta na manga à muito tempo.
Mais uma razão para nunca terem apostado numa politica de desarmamento.
Para quem quiser dar uma espreitadela nos equipamentos Gregos:  :arrow: MP.Net
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #276 em: Abril 16, 2013, 12:31:54 pm »
E os homens e mulheres atrás dessas armas? Está tudo desesperado! É por isso que um certo partido está a ter muita adesão por parte dos membros das Forças Armadas/Forças de segurança.
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #277 em: Abril 16, 2013, 05:20:17 pm »

"Alemanha tem que decidir se quer sair do euro", diz George Soros



O multimilionário e investidor George Soros, numa entrevista publicada hoje pelo jornal "El País", tece duras críticas ao papel da Alemanha na gestão das crises europeias e defende a necessidade de se recuperar o espírito de cooperação e solidariedade entre os países-membros da União.

"A Alemanha deve decidir se quer refazer a Europa da forma em que originalmente estava destinada a ser, que pressupõe aceitar as responsabilidades necessárias para avançar nessa direção, ou deve considerar sair do euro e deixar o resto dos países que acreditam nos eurobonds e podem combater a crise", diz George Soros ao "El País".  

Segundo o investidor, que está na 30ª posição do ranking dos bilionários da revista "Forbes", só é possível parar a espiral recessiva na União Europeia alterando as políticas.

"A política atual leva a uma dinâmica que consiste em sofrer uma crise atrás da outra, porque só quando o quadro se torna muito feio os países credores liderados  pela Alemanha extendem apoio aos devedores", acrescenta Soros, sublinhando que essa política não funciona porque peca por ser demasiado tardia.

Saída não significaria fim do euro



Questionado sobre se a saída da Alemanha da zona euro significaria o fim da moeda única, George Soros diz claramente que não, apontando para o papel importante do Banco Central Europeu. Na visão do investidor, os  países devedores teriam necessariamente de seguir uma política comum para manter o euro, caso contrário pagariam um "preço terrível."

George Soros diz também acreditar que se a Alemanha saísse do euro, os países devedores de transformariam em economias competitivas e as suas dívidas diminuiriam fortemente face à desvalorização da moeda única. O principal prejudicado seria o próprio país, defende.

"O preço do ajuste recairia sobre a Alemanha, que teria que lidar com dificuldades, porque de repente os seus mercados seriam inundados por importações do resto da Europa", explica Soros.

Alemanha deve aceitar eurobonds



O investidor húngaro-americano volta ainda a defender a necessidade de converter a dívida existente em eurobonds para se sair da crise, frisando que cabe à Alemanha mudar de direção e aceitar os eurobonds o mais breve possível, a fim de evitar que a situação se deteriore ainda mais.  

Neste sentido, George Soros defende a necessidade de se recuperar o espírito de "cooperação" na União Europeia, entre países credores e devedores, salvaguardando o futuro.

"A crise do euro transformou a União Europeia numa associação voluntária entre Estados iguais numa relação entre credor e devedor. E em situação de crise, os credores ditam o fim da relação, que leva a que os devedores fiquem sempre numa pior situação. E isso condena a União Europeia a um futuro muito sombrio", remata

Ler mais: http://expresso.sapo.pt/alemanha-tem-qu ... z2QdxCNQ52
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #278 em: Abril 17, 2013, 03:13:36 pm »
Nem o Excel alinha com os teóricos da austeridade

Paulo Alexandre Amaral, RTP 17 Abr, 2013, 12:32 / atualizado em 17 Abr, 2013, 14:12


Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff publicaram em 2010 o estudo “Crescimento em tempo de dívida”, no qual sustentam que os países com dívidas que ultrapassam os 90 por cento do Produto Interno Bruto têm o seu crescimento fortemente afetado. Trata-se de um dos documentos mais valorizados pelos defensores das políticas de austeridade, que lançam mão daquela fasquia como um dos principais argumentos para as políticas de corte. Alvos de várias críticas nestes três anos, Reinhart e Rogoff viram agora ser-lhes apontado um problema na codificação de uma das fórmulas para o Excel.

Durante os últimos anos, os entusiastas da austeridade fizeram amplo uso de argumentos que podemos encontrar no artigo “Crescimento em Tempo de Dívida” (Growth in a Time of Debt), de Reinhart e Rogoff: em termos gerais, a fórmula que traduz incapacidade de crescimento para economias com dívidas públicas superiores a 90 por cento do PIB.

As conclusões de R&R (Universidade de Harvard) apontam para que as economias nestas condições devam atacar o défice, independentemente da debilidade em que se encontrem. Não é uma conclusão aceite de forma pacífica e tem sido alvo de críticas ao longo destes anos.
 
Um novo estudo emerge neste abril de 2013 inteiramente focado no trabalho de Reinhart e Rogoff. “É verdade que a elevada dívida pública sufoca de forma sistemática o crescimento económico?” ( Does High Public Debt Consistently Stifle economic Growth?, de Thomas Herndon, Michael Ash e Robert Pollin - Universidade de Massachusetts) aponta três fraquezas na análise de R&R: duas de natureza metodológica e uma de erro de codificação estatística.

Os dois primeiros pontos já haviam sido alvo de outros ataques: Herndon, Ash e Pollin acusam Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff de fazerem um caminho de investigação ao contrário, excluindo das suas análises os casos de países que de forma evidente contradizem as suas conclusões. Será – apontam – o caso do Canadá, Nova Zelândia e Austrália, três países que no final da década de 1940 representam casos de nações com dívida elevada a decorrer em simultâneo com um forte crescimento.

Da mesma forma, R&R são acusados por Herndon, Ash e Pollin de terem conferido pesos diferentes a diferentes episódios. Trata-se aqui de uma questão metodológica, como se assinala num texto do jornalista Brad Plumer ontem publicado no portal do Washington Post.

No entanto, o terceiro só agora é apontado e por uma razão vinculada a implicações éticas da construção do conhecimento científico. No limite – e a haver razão do lado de Herndon, Ash e Pollin – tem a ver com falsificação dos resultados ou, igualmente mau, com um erro básico que não assentaria bem em dois académicos de créditos firmados, com passagem pelo Fundo Monetário Internacional e algumas das academias mais prestigiadas da América.

Herndon, Ash e Pollin procuraram replicar os cálculos de R&R no estudo, mas falharam. Ora, o documento de “Crescimento em tempo de dívida” apenas expunha as folhas de conclusão, já que os investigadores não puseram à disposição o trabalho científico de base, o que viria a acontecer depois.

Fórmula errada

Uma vez com as fórmulas de trabalho em mãos, Herndon, Ash e Pollin assinalam um erro fatal a Reinhart e Rogoff: estes terão cometido um erro na fórmula de uma das folhas de Excel do estudo ao escrever AVERAGE(L30:L44) em vez de AVERAGE(L30:L49), o que terá deixado de fora a Bélgica como um exemplo que os contrariava nas suas bases.
Em 2002 Rogoff envolve-se numa disputa com Joseph Stiglitz (ex-chefe do Banco Mundial) a propósito do livro “A Globalização e os seus malefícios”, no qual o Nobel da Economia ataca o FMI.

E não é a primeira vez que Kenneth Rogoff se vê envolvido em polémicas desta natureza.  Já este ano Rogoff, que junta ao currículo o título de grande mestre de xadrez, foi acusado de ter erros básicos de computação na obra em que é co-autor “Desta vez é Diferente” (This Time is Different). Erros de tal dimensão que uma vez corrigidos deitam por terra a tese do livro.

Em Does High Public Debt Consistently Stifle economic Growth? – A critic of Reinhart and Rogoff, os autores sublinham que não é este último caso, o do erro de codificação, que altera de forma significativa os resultados do estudo de R&R ao ponto de destruir um ponto de vista. Em termos quantificados, referem Herndon, Ash e Pollin que o problema de codificação representa 0,3 pontos percentuais nos cálculos de crescimento do PIB.

Contudo, conjugados, os três erros atingem – nos cálculos de Herndon, Ash e Pollin – até 2,3 pontos percentuais, já que “a taxa de crescimento de PIB real média para países com um rácio dívida/PIB de mais de 90 por cento é realmente de 2,2 por cento, não 0,1 por cento”.

Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff usaram o mesmo artigo de Brad Plumer, no Washington Post, para deixar uma resposta. Em termos genéricos, rejeitam que a sua teoria estabeleça uma relação de causalidade (forte dívida a provocar baixo crescimento) - rejeitando o uso do termo, para lembrar que é referida a relação (association, no original) entre uma coisa e outra.

De resto, sublinham que há um sem-número de estudos que sustentam uma realidade muito semelhante àquela em que baseiam a sua análise.

http://www.rtp.pt/noticias/index.php?ar ... &visual=49
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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #279 em: Abril 17, 2013, 11:19:33 pm »
http://gizadeathstar.com/2013/04/cyprus ... -and-gold/

CYPRUS, RUSSIAN RE-STRUCTURING, AND GOLD

April 17, 2013 By Joseph P. Farrell
Now here’s two stories from our friends at RT(Russia Today) that put an even more interesting twist on the recent events in Cyprus.  Before I offer an opinion on what they might mean, the articles themselves:

Russia to restructure €2.5bn loan to Cyprus

Cyprus to finance bailout by selling €400mn of gold reserves

Now, let’s indulge in our usual high octane speculation:

1.Note that President Putin made the announcement at a joint press conference with German Chancellorin Angela Merkel. Message: Russia and Germany are in solidarity on the crisis, and determined to hold the EU together. Corollary message: Europe and Germany are not going to be subservient actors to London and New York.  This message has also been strongly suggested by the German effort to repatriate its gold from the US Federal Reserve. In a word: there is a geopolitical realignment occurring right in this announcement itself. And it’s a huge realignment, a realignment that British geopolitics had long tried to prevent: that of Germany, and Russia.

2.Cyprus, in order to gain a bailout more favorable to it appears to have bowed to pressure to sell some of its gold reserves, and we can guess, in the context, who the ultimate buyers behind the scenes will be: Germany, and Russia. Message: we have no confidence in the western system of finance (and that means the euro, folks), but we’ll play the game a little bit longer until we have other pieces where we want them.

We are watching a great synchronicity here, for those who know it, Cyprus was once a colony of the Most Serene Republic of Venice. Then, too, the banksters of the day laid a heavy hand on the island, until it revolted. The revolt was crushed. But in its way, Cyprus then had lit a fuse, one that would not go out until the whole of Europe, fed up with Venetian corruption and duplicity, banned together to take out the banksters. It was called the War of the League of Cambrai, and it was only undone by (who else?) papal duplicity against its own allies in the form of the equally well-connected and duplicitous Pope Julius II (who, incidentally, was a della Rovere. They’re right up there, or down there, with the della Torre i Tassos [look 'em up, you'll recognize the German version of the family name]).

If the indicator we mentioned yesterday, a high Italian magistrate, is any signal of the future, this movement is only going to grow.

And watch for Germany and Russia to be quietly moving behind it.
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #280 em: Abril 18, 2013, 03:46:09 pm »
E é gentinha deste calibre que se acha no direito de nos dar grandes lições de moral...

Citar
Christine Lagarde convocada pela Justiça francesa
Diretora do FMI foi convocada pelo Tribunal de Justiça da República francesa e poderá ser acusada por alegado favorecimento de 403 milhões de euros a Bernard Tapie.
Daniel Ribeiro, correspondente em Paris
11:56 Quinta, 18 de Abril de 2013

Christine Lagarde vai responder perante o tribunal por ter recorrido a uma arbitragem privada para resolver um intrincado contencioso entre o Banco Crédit Lyonnais e Bernard Tapie, um polémico homem de negócios que apoiou o ex-Presidente Nicolas Sarkozy depois de ter apoiado o socialista François Mitterrand, com o qual chegou a ministro.
 
Devido à decisão da então ministra francesa da Economia e Finanças (cargo que ocupou de 2007 a 2011), Bernard Tapie, também ex-presidente do clube de futebol de Marselha e atual proprietário de um grupo de imprensa regional no sul da França, recebeu 403 milhões euros de indemnizações (com juros incluídos) da parte do Estado francês.
 
A intervenção de Christine Lagarde neste caso ocorreu quando os tribunais normais se inclinavam para não conceder a Tapie as somas que ele exigia.
Tribunal de exceção

O anúncio oficial da sua convocação por "cumplicidade em falsificações e desvio de fundos públicos" foi feito hoje e a diretora do FMI deverá ser interrogada na segunda quinzena de maio. Poderá então ser formalmente acusada.
 
O Tribunal de Justiça da Repùblica é uma instituição judicial de exceção, a única habilitada a julgar membros do Governo francês por delitos cometidos no exercício das suas funções - é composto por 15 juizes, 12 deputados e senadores e três magistrados profissionais.  


Ler mais: http://expresso.sapo.pt/christine-lagar ... z2QpKsuTQ1
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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #281 em: Abril 25, 2013, 03:28:38 pm »
Grécia vai avançar com pedido de reparações de guerra à Alemanha

Maria João Guimarães

24/04/2013 - 19:00

Ministro grego dos Negócios Estrangeiros não disse que quantia irá ser pedida nem em que instância entrará o processo.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Grécia, Dimitris Avramopoulos, anunciou nesta quarta-feira no Parlamento que o país vai mesmo avançar com um pedido de indemnizações à Alemanha por danos na II Guerra Mundial.

Especulava-se que Atenas pudesse tomar este passo desde que o diário grego To Vima noticiou a existência de um relatório secreto do Ministério das Finanças detalhando danos e calculando reparações – tanto por perdas materiais como por um empréstimo forçado do Banco Central grego às forças de ocupação.

Mas responsáveis admitiam que a decisão seria política, já que não era a melhor altura para irritar Berlim, que é quem mais contribui para os empréstimos aos países em dificuldade.

O ministro Avramopoulos sublinhou que a Grécia nunca tinha desistido das indemnizações e pediu “a restauração da justiça e verdade sobre o sofrimento do povo grego durante os anos difíceis da ocupação, um período durante o qual o povo grego sofreu, passou fome, e foi pilhado como nenhum outro”, cita o diário norte-americano Wall Street Journal. Não especificou como será feito o pedido nem a quantia.

Na última vez que esta questão surgiu, o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, disse que o caso estava fechado e aconselhou a Grécia a focar-se nas reformas e não desviar as atenções. O seu homólogo grego ripostou que uma questão é independente da outra.

162 mil milhões em jogo?

O ministro dos Negócios Estrangeiros diz que vai agora ser estudado o modo como apresentar este pedido de reparações. Segundo o documento citado no início de Abril pelo To Vima, tratar-se-ia de 108 mil milhões de euros por danos de infra-estrutura e 54 mil milhões resultantes dos empréstimos forçados da Grécia à Alemanha. Ou seja, 162 mil milhões de euros, cerca de 80% do PIB grego.

A Alemanha pagou já, em 1960, 115 milhões de marcos (equivalente a 57,8 milhões de euros) à Grécia, diz a Deutsche Welle – e do ponto de vista de Berlim, a questão ficou aí encerrada. O jornal alemão Die Welt dizia, pelo seu lado, que desde 1949 a Alemanha pagou já pelo menos o equivalente a 31 mil milhões de euros, sublinhando, no entanto, que é difícil ter uma quantia exacta, já que houve várias formas de pagamentos.

Há quem ache que o pedido grego – pelo menos uma parte – é justificado. Quem melhor para o defender do que um professor alemão da Universidade de Atenas? O historiador Hagen Fleischer duvida da validade do argumento de que todas as reparações foram pagas em 1960. Primeiro, lembra que “a Holanda, que sofreu muito menos perdas, teve uma indemnização maior”, cita a Deutsche Welle. E segundo, Fleischer nota que o empréstimo ainda começou a ser pago logo depois da guerra. Os próprios nazis reconheceram o empréstimo, o que seria uma vantagem.

O mais recente caso de reparações individuais acabou, no entanto, com uma derrota para a Grécia. Trata-se de um pedido relacionado com um ataque a uma localidade chamada Distomo, que matou 218 pessoas. Em 1997, um tribunal grego declarou que os familiares das vítimas tinham direito a uma indemnização de cerca de 37,5 milhões de euros. Mas em 2011, o Tribunal Europeu de Direitos Humanos decidiu que não havia lugar a reparações.

http://www.publico.pt/mundo/noticia/gre ... ha-1592404
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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #282 em: Junho 11, 2013, 12:12:02 pm »
para quem ainda tenha duvidas de quem beneficiou com a crise:

Relatório
Alemanha poupou 80 mil milhões com crise

Económico  
11/06/13 10:36



A queda das ‘yields' das obrigações permitiu à Alemanha poupar 80 mil milhões de euros desde o início da crise.

O Estado alemão poupou cerca de 80 mil milhões de euros desde o início da crise financeira em resultado do recuo das taxas de juro das obrigações alemãs, revelou hoje um estudo do Institute for World Economy (IWF).

Só no ano passado o pagamento de juros ficou cerca de dez mil milhões de euros abaixo do que a Alemanha pagaria num "cenário benchmark", que tem em consideração as ‘yields' médias da década anterior à crise. E este ano a poupança para o Governo alemão ficará nos 13 mil milhões. O relatório do IFW cobre o período que vai desde 2009 até 2013.

"O declínio das ‘yields' das obrigações é sobretudo provocada pela fraca dinâmica do ciclo económico na zona euro e pela política monetária do Banco Central Europeu", salientou o economista do IWF Jens Boysen-Hogrefe no relatório hoje divulgado.

Assim, o "efeito de activo de refúgio" das obrigações alemãs irá contribuir com uma poupança de cerca de três mil milhões, acrescentou o responsável.

O benefício para o Governo federal alemão, responsável por cerca de metade da dívida pública da Alemanha, poderá aumentar para 100 mil milhões de euros "nos próximos anos". Este números não incluem poupanças dos 16 estados alemães e dos municípios.

Boysen-Hogrefe frisa, contudo, que "estes ganhos apenas têm efeito uma vez, não representando uma melhoria estrutural das contas públicas alemãs".

O relatório foi divulgado no dia em que o Tribunal Constitucional alemão começa a analisar a constitucionalidade do programa de compra de dívida de países do euro do Banco Central Europeu (BCE).

Uma sondagem da Forsa indica que quase metade dos alemães quer que o tribunal considere inconstitucional o plano desenhado por Mario Draghi no Verão passado para ajudar a resolver a crise do euro.


http://economico.sapo.pt/noticias/alema ... 71130.html
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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #283 em: Julho 22, 2013, 07:51:08 pm »
Europa cada vez mais endividada

RTP 22 Jul, 2013, 16:12 / atualizado em 22 Jul, 2013, 16:47


Os países da zona euro não estão a amortizar as suas dívidas, e sim a aumentá-las - tal é a conclusão resultante das estatísticas da Eurostat, que comparam as dívidas europeias no fim do primeiro trimestre de 2013 com o período homólogo do ano passado.

Segundo o apuramento da Eurostat, citado em Der Spiegel, todos os países da zona euro menos dois viram aumentar as suas dívidas no ano que decorreu entre o fim de Março de 2012 e o fim de Março de 2013.

O caso mais grave é o da Grécia, em que as medidas de austeridade de nada têm servido e o famoso hair cut, o perdão parcial da dívida, apenas trouxe um alívio de curta duração. Em março de 2012, a dívida grega cifrava-se em 174 por cento do PIB. O perdão parcial reduziu-a a 136 por cento e o prosseguimento da política de austeridade apontava para reduzi-la a 120 por cento até ao ano 2020.

Acontece que hoje, decorrido um ano, a dívida grega saltou novamente para um nível muito próximo do que era antes do hair cut: 160 por cento. Quanto à meta de 2020, mais vale esquecê-la. E multiplicam-se as vozes de conspícuos economistas que anunciam a inevitabilidade de um segundo perdão da dívida grega, mesmo que Angela Merkel recuse sequer discutir o assunto.

Logo a seguir à Grécia, a dívida maior em percentagem do PIB é a italiana, seguida a curta distância pela portuguesa e pela irlandesa -  os três países que continuam a endividar-se mais rapidamente.

Dívidas em percentagem do PIB
Grécia -       160
Itália -         130
Portugal -     127
Irlanda -      125
Alemanha -    81,2
Zona euro -   90,6

No conjunto, as dívidas da zona euro agravaram-se durante este ano, de 88,2 por cento do PIB para 92,2 por cento.

As duas excepções são a Alemanha e a Estónia, únicos países que estão hoje menos endividados do que há um ano. A dívida da Estónia, que já era pequena, registou um recuo com pouco signficado (de 10,1 para 10,0 por cento).

A dívida alemã, pelo contrário, teve um claro recuo (de 81,9 para 81,1 por cento) - não devido a qualquer especial preocupação de disciplinar as finanças públicas, mas ao facto de a economia continuar em expansão e os juros continuarem muito baixos.

http://www.rtp.pt/noticias/index.php?ar ... &visual=49


Holanda pode provocar o colapso do euro

A bolha imobiliária estourou, o país está em recessão, o desemprego sobe e a dívida dos consumidores é 250% do rendimento disponível. O grande aliado da Alemanha na imposição da austeridade por todo o continente começa a provar o amargo da sua própria receita. Por Matthew Lynn, El Economista

 Que país da zona euro está mais endividado? Os gregos esbanjadores, com as suas generosas pensões estatais? Os cipriotas e os seus bancos repletos de dinheiro sujo russo? Os espanhóis tocados pela recessão ou os irlandeses em falência? Pois curiosamente são os holandeses sóbrios e responsáveis. A dívida dos consumidores nos Países Baixos atingiu 250% do rendimento disponível e é uma das mais altas do mundo. Em comparação, a Espanha nunca superou os 125%.

A Holanda é um dos países mais endividados do mundo. Está mergulhada na recessão e demonstra poucos sinais de estar a sair dela. A crise do euro arrasta-se há três anos e até agora só tinha infetado os países periféricos da moeda única. A Holanda, no entanto, é um membro central tanto da UE quanto do euro. Se não puder sobreviver na zona euro, estará tudo acabado.

O país sempre foi um dos mais prósperos e estáveis de Europa, além de um dos maiores defensores da UE. Foi membro fundador da união e um dos partidários mais entusiastas do lançamento da moeda única. Com uma economia rica, orientada para as exportações e um grande número de multinacionais de sucesso, supunha-se que tinha tudo a ganhar com a criação da economia única que nasceria com a introdução satisfatória do euro. Em vez disso, começou a interpretar um guião tristemente conhecido. Está a estourar do mesmo modo que a Irlanda, a Grécia e Portugal, salvo que o rastilho é um pouco mais longo.

Bolha imobiliária

Os juros baixos, que antes do mais respondem aos interesses da economia alemã, e a existência de muito capital barato criaram uma bolha imobiliária e a explosão da dívida. Desde o lançamento da moeda única até o pico do mercado, o preço da habitação na Holanda duplicou, convertendo-se num dos mercados mais sobreaquecidos do mundo. Agora explodiu estrondosamente. Os preços da habitação caem com a mesma velocidade que os da Flórida quando murchou o auge imobiliário americano.

Atualmente, os preços estão 16,6% mais baixos do que estavam no ponto mais alto da bolha de 2008, e a associação nacional de agentes imobiliários prevê outra queda de 7% este ano. A não ser que tenha comprado a sua casa no século passado, agora valerá menos do que pagou e inclusive menos ainda do que pediu emprestado por ela.

Por tudo isso, os holandeses afundam-se num mar de dívidas. A dívida dos lares está acima dos 250%, é maior ainda que a da Irlanda, e 2,5 vezes o nível da da Grécia. O governo já teve de resgatar um banco e, com preços da moradia em queda contínua, o mais provável é que o sigam muitos mais. Os bancos holandeses têm 650 mil milhões de euros pendentes num sector imobiliário que perde valor a toda a velocidade. Se há um facto demonstrado sobre os mercados financeiros é que quando os mercados imobiliários se afundam, o sistema financeiro não se faz esperar.

Profunda recessão

As agências de rating (que não costumam ser as primeiras a estar a par dos últimos acontecimentos) já se começam a dar conta. Em fevereiro, a Fitch rebaixou a qualificação estável da dívida holandesa, que continua com o seu triplo A, ainda que só por um fio. A agência culpou a queda dos preços da moradia, o aumento da dívida estatal e a estabilidade do sistema bancário (a mesma mistura tóxica de outros países da eurozona afetados pela crise).

A economia afundou-se na recessão. O desemprego aumenta e atinge máximos de há duas décadas. O total de desempregados duplicou em apenas dois anos, e em março a taxa de desemprego passou de 7,7% para 8,1% (uma taxa de aumento ainda mais rápida que a do Chipre). O FMI prevê que a economia vai encolher 0,5% em 2013, mas os prognósticos têm o mau costume de ser otimistas. O governo não cumpre os seus défices orçamentais, apesar de ter imposto medidas severas de austeridade em outubro. Como outros países da eurozona, a Holanda parece encerrada num círculo vicioso de desemprego em aumento e rendimentos fiscais em queda, o que conduz a ainda mais austeridade e a mais cortes e perda de emprego. Quando um país entra nesse comboio, custa muito a sair dele (sobretudo dentro das fronteiras do euro).

Até agora, a Holanda tinha sido o grande aliado da Alemanha na imposição da austeridade por todo o continente, como resposta aos problemas da moeda. Agora que a recessão se agrava, o apoio holandês a uma receita sem fim de cortes e recessão (e inclusive ao euro) começará a esfumar-se.

Os colapsos da zona euro ocorreram sempre na periferia da divisa. Eram países marginais e os seus problemas eram apresentados como acidentes, não como prova das falhas sistémicas da forma como  a moeda foi estruturada. Os gregos gastavam demasiado. Os irlandeses deixaram que o seu mercado imobiliário se descontrolasse. Os italianos sempre tiveram demasiada dívida. Para os holandeses não há nenhuma desculpa: eles obedeceram a todas as regras.

Desde o início ficou claro que a crise do euro chegaria à sua fase terminal quando atingisse o centro. Muitos analistas supunham que seria a França e, ainda que França não esteja exatamente isenta de problemas (o desemprego cresce e o governo faz o que pode, retirando competitividade à economia), não deixa de continuar a ser um país rico. As suas dívidas serão altas mas não estão fora de controlo nem começaram a ameaçar a estabilidade do sistema bancário. A Holanda está a chegar a esse ponto.

Talvez se tenha de esperar um ano mais, talvez dois, mas a queda ganha ritmo e o sistema financeiro perde estabilidade a cada dia. A Holanda será o primeiro país central a estourar e isso significará demasiada crise para o euro.

http://www.eleconomista.es/opinion-blog ... euro-.html
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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #284 em: Agosto 01, 2013, 12:10:09 pm »
Prepare-se, vem aí um terramoto da Europa

01/08/13 00:35 | Bruno Proença



Depois de aprovada a moção de confiança, o Parlamento prepara-se para fechar para as férias grandes. As notícias já falam de reforço policial no Algarve para garantir que ninguém incomoda o Presidente da República, o primeiro-ministro e os outros políticos nos seus banhos retemperadores. Depois de dois anos de ‘troika', com muita austeridade e dificuldades para os portugueses, os políticos preparam-se para uma ‘silly season' à antiga. Não quero ser desmancha-prazeres, mas o período de tranquilidade poderá ser curto. Em Setembro chega a ‘troika' e há um Orçamento do Estado para 2014 para fazer, além disto, o mundo não pára.


Um artigo do Financial Times citava ontem um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a Grécia e as notícias são más. O Fundo confirma as piores análises: o dinheiro do segundo resgate para a Grécia não chega. Os gregos beneficiam actualmente de um envelope financeiro de 172 mil milhões de euros. No entanto, para o FMI é claro que os países da zona euro vão ter de transferir mais 11 mil milhões para Atenas e, adicionalmente, assumir um novo perdão de dívida de 7,4 mil milhões (4% do PIB) para que o governo grego consiga gerir minimamente um endividamento público que passa os 176% do produto. O relatório do FMI é de tal forma negro que admite que a Grécia não consiga pagar as próximas prestações aos credores institucionais, o que significaria a falência real do país. Perante isto, os países da América Latina não aprovaram que o FMI transferisse a próxima tranche de fundos para Atenas.


É claro que a Grécia está por um fio. Os alemães vão enterrar a cabeça na areia como a avestruz até às eleições a 22 de Setembro. Porém, os problemas não desaparecem porque os negamos. Adivinha-se um novo terramoto com epicentro em Atenas e ondas de choque que atingirão Lisboa depois de arrasarem Roma e Madrid. Com um ‘default' na Grécia ou uma nova reestruturação de dívida, os mercados vão ficar com os nervos à flor da pele. Muitos bancos europeus podem ficar à beira da falência, reclamando mais ajuda. Os investidores vão fugir da dívida pública europeia, nomeadamente de países como Espanha, Portugal e mesmo Irlanda.


Neste cenário, a economia nacional não regressará aos mercados no Verão do próximo ano e também necessitará de mais ajuda internacional - um segundo resgate -, numa altura em que o FMI já saltou do barco, recusando novas ajudas aos Estados europeus. Assim, os portugueses vão sofrer com mais austeridade. Qual será a reacção do novo Governo de Merkel perante uma Europa novamente em crise aguda? Finalmente avançará para a reforma do modelo europeu? Estará disposto a novos resgates para os países periféricos? Na verdade, ninguém tem resposta para estas questões. Vá gozando o Sol e a praia, mas prepare-se: há tempos conturbados no caminho.

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