Exército Brasileiro usará dirigíveis na Amazônia

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J.Ricardo

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Exército Brasileiro usará dirigíveis na Amazônia
« em: Janeiro 18, 2005, 03:46:45 pm »
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Novidade nos ares

Sinônimo de luxo no século passado, os dirigíveis ganharão o céu brasileiro. Desta vez, no lugar de cabines de passageiros, os galpões vão levar carregamentos de eletrônicos, frutas e grãos

Erika Klingl

Da Equipe do Correio

Arte/Maurenilson



Na década de 20 do século passado, não havia nada mais chique que viajar de dirigível entre a Europa e as Américas. Oitenta anos depois, a moda dos zepelins vai aterrissar em solo brasileiro. Mas, desta vez, o conceito será totalmente diferente. No lugar de cabines de luxo para a elite européia, galpões com capacidade de carga de 500 toneladas, para transportar eletroeletrônicos da Zona Franca de Manaus, grãos do Centro-Oeste ou frutas do Nordeste.

No próximo mês, será formalizada a criação da empresa Air Ship Brasil, que cuidará da produção de 20 dirigíveis no país nos próximos 14 anos. O primeiro deve estar pronto em 15 meses. ‘‘Trabalhamos com esse prazo porque a tecnologia já é conhecida. Só temos que definir que técnica usaremos’’, afirma o futuro presidente da Air Ship Brasil, Arminak Cherkezian. Uma empresa americana-canadense, a Jim Ferguson, e uma alemã, Zeppelins, brigam pela parceria técnica com os empresários brasileiros. De acordo com Arminak, o martelo será batido até junho.


A idéia de usar dirigíveis na Amazônia surgiu no Exército há 14 anos. O coronel Marcelo Augusto Felippes, atualmente no comando do 11º Depósito de Suprimentos, morava na região e estudou durante mais de uma década as vantagens das aeronaves para vigilância, publicidade e transporte de pessoas e cargas. Na região, o transporte de cargas é dificultado pelas péssimas condições das rodovias e grande número de assaltos nas estradas. Além disso, muitas localidades do Norte são inacessíveis.


Parcerias

Sem dinheiro para executar o projeto, o comandante-geral do Exército, general Francisco Albuquerque, disponibilizou a pesquisa para empresários civis por meio do Programa de Excelência Gerencial e, no ano passado, a idéia foi comprada por um grupo de cinco empresas de peso no país, como a Itapemirim, uma das maiores no setor de transporte, e a Engevix, de construção. ‘‘A decisão do general Albuquerque de abrir os estudos foi uma colaboração do Exército para o desenvolvimento nacional ou o projeto ficaria na gaveta ainda por muito tempo’’, afirma o coronel Felippes.



A contrapartida oferecida pelas empresas ao governo virá por duas frentes. Em 11 de novembro do ano passado, uma carta foi assinada por todos os envolvidos. Nela ficou definido que o Exército terá direito a 2% das horas de vôo dos dirigíveis para transporte de suprimentos para fronteira, reservas indígenas ou operações militares.Além disso, cada aeronave carregará um equipamento de vigilância para supervisionar o território brasileiro, principalmente na Amazônia (leia matéria nesta página).



Tempo reduzido

Existem quatro tipos de dirigíveis no mundo. O menor carrega até quatro toneladas, e o maior, chamado de UL500, tem capacidade para levar 500 toneladas. ‘‘Vamos investir no maior. Se descobrirmos outro nicho de mercado, pensaremos em outros’’, afirma o vice-presidente de Indústria e Infra-estrutura da Engevix, Gerson de Mello Almado. Ele é o gerenciador do projeto.

Nos Estados Unidos, onde é produzido, o UL500 custa 40 milhões de dólares. De acordo com Almado, a idéia é reduzir cerca de 15% o preço trazendo a produção para o Brasil, o que pode gerar mais de sete mil empregos diretos e 20 mil indiretos.

Um UL500 tem a mesma capacidade de 30 aviões Hércules, que são usados pelas Forças Armadas no país. A aeronave pode voar até 24 horas sem parar, mas o ideal é que a autonomia de vôo seja de 16 horas diárias. A velocidade média é de 120km/h, mas pode chegar a 170 km/h. A estimativa é que uma viagem de 700 quilômetros, comoa que liga Manaus a Boa Vista, gastaria cerca de nove horas no dirigível. Num barco carregado, a mesma distância exige nove dias .

O principal desafio da Air Ship Brasil é trazer para cá a produção dos envelopes, fundamentais para a construção dos dirigíveis. ‘‘Imaginamos que não haverá problemas em trazer uma empresa com essa tecnologia para o Brasil, porque ela poderá fornecer seu produto para o mercado automobilístico’’, explica Arminak Cherkezian.



9 horas é o tempo gasto para fazer uma viagem que, de barco, dura nove dias

O dirigível tem capacidade de carregar 500 toneladas

Sistema de vigilância



Na carta de compromisso assinada em novembro do ano passado entre Exército, Petrobras e as cinco empresas civis interessadas em investir no projeto de dirigíveis na Amazônia, um artigo chama a atenção. Cada aeronave produzida no Brasil carregará um sistema de vigilância, instalado pelo Exército. No mesmo dispositivo, fica definido que o equipamento só poderá ser usado dentro do território brasileiro.

A exigência dará novo gás ao Sistema de Vigilância e Monitoramento da Amazônia (Sivam), inaugurado em 2002 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. A idéia é garantir a segurança das fronteiras brasileiras e impedir o contínuo processo de degradação ambiental da Amazônia, assim como a atuação de garimpeiros na região.



Controvérsias

O Sivam foi assinado há dez anos com a empresa norte-americana Raytheon. Na época, o programa gerou forte controvérsia e chegou a ser investigado por comissão parlamentar de inquérito (CPI) do Congresso Nacional. Nada foi provado e o projeto seguiu o curso. A concepção do Sivam, além de estabelecer os meios para o controle do tráfego aéreo e a segurança de vôo, preocupou-se em dotar as agências governamentais de instrumental preciso para monitorar a exploração das reservas minerais e a manutenção da floresta, uma das últimas do planeta.

O trabalho de vigilância é prioritário para o Ministério da Defesa, entre outras coisas, pelo incremento das ações de narcotraficantes e grupos guerrilheiros na fronteira norte. As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) penetraram diversas vezes o território nacional em busca de remédios, alimentos e munições.

Além disso, fotos de satélite confirmam o avanço de frentes madeireiras ilegais na Amazônia, com a exploração de espécies ameaçadas, como o mogno, e que aceleram o processo de degradação da floresta tropical. Também não se pode minimizar o aumento de garimpos clandestinos, dilapidando reservas minerais e produzindo severo risco ambiental com o despejo de mercúrio nos rios da região. (EK)


Reportagem retirada do site http://www.defesabrasil.com/forum/index.php
 

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Lynx

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« Responder #1 em: Janeiro 18, 2005, 04:35:40 pm »
Esta noticia não deveria estar em Exércitos/Sistema de Armas  :wink:
 

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J.Ricardo

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« Responder #2 em: Janeiro 18, 2005, 07:13:34 pm »
Discordo, mas também poderia ser tecnologia militar, indústria de defesa, economia... O importante é que a informação venha enriquecer os nossos conhecimentos s/ a evolução das FA!!!