Equipa portuguesa que controlava o aerop. de Kabul regressa

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PereiraMarques

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Equipa portuguesa que controlava o aerop. de Kabul regressa
« em: Novembro 29, 2005, 11:29:35 pm »
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Última Hora  
2005-11-29 - 18:57:00

Cumpriam missão no Afeganistão

37 militares portugueses regressam

Os 37 militares portugueses que estão, desde Agosto, no comando e gestão do aeroporto de Cabul, Afeganistão, regressam a Portugal na próxima sexta-feira, anunciou esta terça-feira o Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA).
 
A cerimónia de transição de autoridade dos portugueses para um comando grego está prevista para sexta-feira e o contingente deixa Cabul horas depois, a bordo de um C-130 da Força Aérea.

O contingente português no Afeganistão conta actualmente com 194 militares e integra-se na Força de Assistência à Segurança (ISAF), comandada pela NATO .

Fonte:  http://www.correiomanha.pt/noticia.asp? ... al=21&p=94

Cumprimentos
B. Pereira Marques
 

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Cabeça de Martelo

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(sem assunto)
« Responder #1 em: Outubro 28, 2006, 10:58:50 am »
Um artigo sobre eles da autoria do...vocês já sabem, sô Miguel Silva Machado:

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A “Cruz de Cristo” no Afeganistão


Nos últimos quatro anos a Força Aérea Portuguesa (FAP) tem estado empenhada em operações militares no Afeganistão, com: pessoal do serviço de saúde; destacamentos aéreos de C-130; destacamentos de controle aéreo tático em apoio a unidades do Exército; e especialistas de diferentes áreas — quer no Quartel-General da ISAF (International Security Assistance Force) quer no aeroporto de Kabul. A FAP tem feito de tudo, ou quase tudo. O texto que se segue é uma resenha dessa participação, e inclui dados colhidos em conversa com o Coronel Piloto-Aviador Luís Ruivo, que entre agosto e novembro de 2005 comandou o KAIA (Kabul International Airport).

• Miguel Silva Machado

A FAP, reconhecida internacionalmente pela “Cruz de Cristo” que as suas aeronaves ostentam na fuselagem, continua hoje no Afeganistão, agora sem meios aéreos mas com um destacamento de controle aéreo tático, conhecido pela sua sigla em inglês, TACP (Tactical Air Control Party).


Este TACP, composto por sete militares, apoia prioritariamente a companhia de comandos do Exército Português que ali cumpre, desde 2005, a missão de Força de Reação Rápida da Brigada Multinacional de Kabul. Além desta tarefa primária, o comando da referida brigada utiliza este TACP português em outras missões na sua área de atuação, não só para missões de treinamento com aeronaves de várias nacionalidades como para ações reais de apoio aéreo aproximado.
O TACP está aquartelado em Camp Warehouse, nas imediações da capital afegã, e utiliza viaturas blindadas Panhard M-11 cedidas pelo Exército, reequipadas e adaptadas à sua missão.

Destacamentos C-130
A participação da FAP na ISAF iniciou-se antes ainda da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) ter assumido a responsabilidade por esta força multinacional. De fato, de fevereiro a abril de 2002 um destacamento sanitário das Forças Armadas Portuguesas, chefiado por uma médica da FAP e composto por pessoal de saúde dos três ramos, permaneceu em Kabul apoiando um regimento médico do Exército do Reino Unido.


Acima A FAP testou no Afeganistão os novos e recém-adquiridos uniformes camuflados (Foto: Fernando Costa).

Seguiu-se ainda, de abril até julho do mesmo ano, o empenho de um Destacamento de C-130, baseado em Karachi (Paquistão). Uma aeronave C-130 com tripulação reforçada e pessoal de manutenção integraram um destacamento luso-belga, com participação idêntica de cada país, cumprindo vôos de sustentação logística a partir desta cidade para o interior do Afeganistão, transportando pessoal militar, combustível, munições e carga geral.
Em julho de 2004, já com a OTAN dirigindo a ISAF, novo destacamento C-130 da FAP, composto por tripulação reforçada e pessoal de manutenção, ruma para a região, sediando-se agora no KAIA, onde permaneceu durante um ano. Os C-130 da esquadra 501, “Bisontes”, estacionados na Base Aérea n.º 6, no Montijo (ao sul de Lisboa), já operaram em todos os continentes e em muitos tipos de missões, em zonas de crise, conflito ou de catástrofes naturais. Entretanto, o teste do Afeganistão foi o mais duro que tiveram que ultrapassar. Não só pelo tempo de permanência no teatro de operações como pelas condições de segurança, com uma ameaça sempre presente, e ainda pela qualidade ruim das pistas em que operaram em todo o Afeganistão.

Paralelamente a este desdobramento e ao comando do KAIA, que a seguir abordaremos, em 2004, 2005 e 2006 a FAP manteve bombeiros, controladores de tráfego aéreo, meteorologistas e outros técnicos em missão quer no KAIA, quer no QG da ISAF. Os últimos 10 militares da FAP nestas últimas condições só regressaram a Portugal em março último, depois de terminarem a formação de pessoal civil afegão para servir no KAIA.
Parte significativa do pessoal da FAP, bem como as companhias de comandos do Exército envolvidas na ISAF, foram muitas vezes transportadas de Portugal para Kabul, e de volta, em vôos de C-130 da esquadra 501.
 

Portugal no comando do KAIA
Pela primeira vez desde o início das missões de paz — já se vão 15 anos —, as Forças Armadas Portuguesas foram responsáveis por comandar e manter em operação um aeroporto internacional: o KAIA, o único aeroporto internacional do Afeganistão, porta de entrada e saída do país para todo o tráfego aéreo militar e civil. O Coronel Piloto-Aviador Luís Ruivo, com quem o autor conversou, foi com o comandante do Destacamento de Comando da FAP em Kabul, de 1 de agosto a 30 de novembro de 2005, e foi com ele que falamos.
Em janeiro de 2005 ele foi nomeado, e desde logo constituiu o seu núcleo” de colaboradores para iniciar, com base nos acordos internacionais que definiram a constituição da estrutura multinacional que serve o KAIA, o preenchimento dos lugares atribuídos a Portugal. Ou seja: em 2004 a OTAN definiu a estrutura do grupo de comando do aeroporto, e cada quatro meses um país — denominado Nação Líder — assume essa responsabilidade. Portugal seguiu-se à Turquia, e a FAP entregou o KAIA à Grécia. Esta organização e a ocupação de lugares não são rígidas, até porque a diretiva genérica da OTAN é qualquer coisa do tipo, “manter e operar o aeroporto, garantir a segurança, de modo a possibilitar a movimentação do pessoal e a sustentação logística da ISAF, e assistir as autoridades locais no aeroporto civil”.

Cada país tenta, naturalmente, cumprir a missão o melhor possível. Ali também se joga a credibilidade internacional das Força Armadas e do país, e isso é interiorizado por todos. Como lembra o Cel. Ruivo , “…escolhemos os postos que achamos que eram importantes para gerir o aeroporto, nomeadamente os dois centros de gravidade que são a logística e as operações…”. Além disso, houve a preocupação de colocar militares portugueses nos diferentes níveis de comando e execução para garantir que o sistema funcionasse1: “…escolhemos os lugares que eram fundamentais, para, no caso de haver falhas de outras nações, a estrutura trabalhar sem sobressaltos ou pelo menos não parar…”.
Em abril o comandante do destacamento e os seus colaboradores diretos, além de um engenheiro de aeródromos da Força Aérea (para avaliar eventuais necessidades em termos de obras), fizeram um reconhecimento em Kabul e ultimaram os preparativos para a projeção do destacamento. Procedeu-se, in loco, à revisão dos postos a preencher. Surgiram necessidades novas, não previstas, que foram então acauteladas. Reforço de controladores aéreos, bombeiros e até um…cão — indispensável para proceder à inspeção sobre a existência de explosivos, principalmente nos depósitos de combustível, que chegava por via terrestre do Paquistão. “… Percebemos claramente algumas dificuldades e tivemos aumentar para 37 o número de portugueses (e não os 20 previstos), e hoje sei que, se não tivesse sido possível fazê-lo, teríamos problemas…”.
O grupo de comando ficou então constituído por 37 militares, incluindo três do Exército e um da Marinha2, todos voluntários, escolhidos pelas pessoas com quem iam trabalhar. Conseguiu-se assim um conhecimento pessoal, um entrosamento, impossível de ser obtido de outro modo em tão pouco tempo.

O aeroporto de Kabul é constituído por um setor civil e outro militar, utilizando as mesmas pistas. A OTAN gere a parte militar, garante a segurança das instalações e apóia as autoridades afegãs na operação do aeroporto civil. Esse apoio materializa-se sobretudo em termos de controladores aéreos, assistência e socorro (bombeiros), e meteorologia.
O comando português definiu como objetivos principais para os quatro meses de permanência: manter o aeroporto funcionando no período crítico das eleições legislativas (decorridas em setembro); passar a operar 24 horas por dia (até agosto de 2005 só funcionava no período diurno, por haver obras no período noturno), de modo a conseguir que, por exemplo, os F-16 — quatro holandeses e quatro belgas — de alerta pudessem decolar de noite, o que se veio a verificar no período eleitoral; desenvolvimento das capacidades locais, dos civis, no sentido de que, no médio prazo, pudessem vir a operar sozinhos o aeroporto.
Note-se que este último aspecto não era uma imposição operacional da OTAN ou sequer uma sugestão. Tratou-se de uma iniciativa exclusivamente portuguesa. “Montou-se um esquema de cursos de controladores e meteorologia. Iniciou-se a formação de seis controladores afegãos, e mais tarde passou-se aos meteorologistas. Terá que haver uma transição no futuro para as autoridades civis, e quanto mais rápido eles tiverem o conhecimento, melhor…”, diz o Coronel Ruivo.
O controle de tráfego aéreo era (é), portanto, único (leia-se militar/OTAN), e os civis afegãos iniciaram a sua aprendizagem. O KAIA teve em 2005 uma média mensal de 3.321 aeronaves processadas, e nos quatro meses “portugueses” esse número foi de mais de 14.000, sendo 40% aeronaves militares. Só os passageiros militares foram 8.280 por mês.
As posições ocupadas por militares portugueses incluíram, além do comandante do aeroporto, funções tão diferentes quanto a chefia dos grupos de comando, operações aéreas e logística, e pessoal em cargos de diferente responsabilidade na segurança, controle de tráfego aéreo, informação aeronáutica, operações de terminal, apoio geral, assistência e socorro, combustíveis, explosivos, minas e armadilhas, proteção da força, e construções, num total de 11 oficiais, 24 sargentos e dois praças.
Sinal dos tempos de hoje foi o fato de, nestas operações multinacionais, parte substancial do apoio logístico ser garantido por empresas privadas, contratadas pela OTAN. A principal vantagem que dai advém para o comandante é sem dúvida a concentração na missão principal, garantindo o controle desses aspectos, mas sem que estes lhe tragam problemas substanciais. Estão neste caso o apoio de comunicações, engenharia, manutenção e alimentação. Ou seja, serviços e equipamentos estão sempre funcionando a pleno, independentemente do país que lidera o KAIA.
Por outro lado o comandante do KAIA, além da componente aeronáutica, tem a seu cargo a importante e delicada responsabilidade sobre a segurança. Basta considerar que o local tem um aspecto, no mínimo, determinante para o sucesso da missão.
“…A ameaça existe, essencialmente a nível de ataques com morteiros, infiltração ou ataques com bombas…”, diz o Cel Ruivo. Para fazer face a esta situação, êle dispunha, além de alguns equipamentos apropriados à finalidade, de uma companhia de infantaria do Exército Belga (221 militares), responsável pela segurança periférica do KAIA, e unidades do Exército Afegão, que garantiam uma segunda linha de segurança por fora do perímetro de segurança belga.
“…Desde o início, tomei medidas no sentido de aumentar a segurança. Proibi, por exemplo, a entrada de trabalhadores afegãos com telefone celular — muitas obras em curso no aeroporto obrigam à entrada diárias de muitos operários ; os intérpretes foram proibidos de entrar no edifícios de comando, a entrada do aeroporto foi reforçada com dispositivos anti-bomba, e as torres de vigia foram reforçadas e melhor localizadas…”.
Os militares da OTAN em serviço no aeroporto, e naturalmente os portugueses, têm a sua vida confinada às instalações militares, só podendo abandoná-las quando em serviço, e com medidas de segurança apertadas. Dentro da “base” há as condições de vida possíveis naquelas circunstâncias.
Muito mais se poderia contar, desde os aspectos técnicos relativos ao rigor na aplicação das normas de segurança de vôo, até a elaboração da documentação de referência para utilização diária (quer para utilização aeronáutica quer, por exemplo, para a segurança das instalações), passando pelos exercícios de reação a acidentes de grande dimensão. Também se poderia relatar as “curiosidades”, como a bomba de 500 kg, da época soviética, que foi descoberta junto à pista, numa zona ainda em desminagem, e obrigou a uma complexa operação para a sua remoção. Sem esquecer o apoio dado ao infantário dos filhos dos funcionários afegãos do “KAIA civil”, realizado com os recursos obtidos no bar dos portugueses! Enfim, os quatro meses no KAIA justificariam um livro!
Em termos de balanço final, independentemente dos resultados práticos alcançados no terreno, operacionais e outros, já referidos, o Coronel Ruivo não hesita: a grande lição aprendida foi a liberdade dada ao planejador para escolher a equipe. A equipe foi a chave do sucesso. •

Notas:
1 Impõe-se aqui uma explicação, para quem não está familiarizado com estas missões. Por vezes alguns países oferecem militares para determinados lugares, e depois ou não cumprem e eles não aparecem, ou chegam atrasados. Isto aconteceu e o KAIA funcionou, ou seja, o Coronel Ruivo precaveu-se!

2 Esses militares trabalharam na área das informações e segurança.


http://www.segurancaedefesa.com/FAP_Afeganistao.html
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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Rui Elias

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« Responder #2 em: Outubro 31, 2006, 03:28:36 pm »
Se bem percebi, os militares da FAP que estavam no Afeganistão no controle do aeroporto de Cabul serão agora substituidos por gregos?

Então apenas permanecerão lá os paraquedistas?
 

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Lancero

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« Responder #3 em: Outubro 31, 2006, 05:42:54 pm »
Citação de: "Rui Elias"
Se bem percebi, os militares da FAP que estavam no Afeganistão no controle do aeroporto de Cabul serão agora substituidos por gregos?


Essa substituição ocorreu há um ano :roll:
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

Respeito
 

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Cabeça de Martelo

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« Responder #4 em: Outubro 31, 2006, 07:46:01 pm »
Pois...eu coloquei a noticia porque tinha imagens (através do link) e informações sobre o bom trabalho realizado pela FAP no Afeganistão.
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.