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Florida
Hermínio Santos



As eleições dos EUA já começaram e poucos deram por isso. Os eleitores do estado da Florida (em outros estados também já se pode votar), governado pelo irmão de Bush e que há quatro anos esteve no centro de toda a polémica sobre a contagem dos votos, já podem exercer o seu direito de voto. A decisão de iniciar a votação mais cedo teve a ver precisamente com os problemas ocorridos em 2000 e ambas as candidaturas esperam que desta vez o processo não levante dúvidas. Começar a votar quinze dias antes do dia das eleições é também mais uma das originalidades do sistema eleitoral norte-americano, herdado dos pais fundadores da nação que criaram um complexo sistema de checks and balances da vida política com um único objectivo: evitar a concentração de poder. Quem diria que mais de 200 anos depois da revolução o poder dos EUA seria global e afectaria, para o bem e para o mal, o mundo inteiro.
Kerry e Bush não perderam tempo e voaram para a Florida com o objectivo de estimular os seus apoiantes. O candidato Democrata esteve em Palm Beach e Bush era esperado em Boca Raton. O estado da Florida vale 27 votos no colégio eleitoral - a instituição que de facto elege o presidente dos EUA - e cada uma das candidaturas considera a região como estratégica para ganhar as eleições. A estrela de Kerry, que brilhou alto nos três debates televisivos, parece estar novamente a empalidecer, como o mostram as sondagens CNN/Gallup. Após o segundo debate os dois candidatos ficaram empatados mas depois do terceiro, realizado na semana passada no Arizona, a popularidade de Bush voltou a subir, atingindo os 49%, ficando Kerry nos 46%.

Os norte-americanos continuam a pensar que o vencedor dos debates foi o Democrata mas quando questionados sobre quem tem melhor capacidade para ocupar a Casa Branca parecem inclinados a escolher Bush. Tudo isto é estranho para o resto do mundo, que detesta Bush mas gosta dos EUA, como demonstra uma sondagem divulgada pelo jornal Público no fim-de-semana. Mas, como em qualquer democracia, quem escolhe os seus governantes são os cidadãos eleitores do país e que, no caso dos EUA, conseguem simpatizar com Kerry mas ainda não o vêem com carisma para tomar conta dos destinos de um país em guerra.

Entre a costela musculada unilateralista de Bush e a costela musculada multilaterlista de Kerry seria preferível seguir a via do candidato Democrata, mais europeu que texano, mais sofisticado que simples, mais cavalheiro que cowboy, mais user friendly que rolo compressor. Mas os norte-americanos comuns, simples, práticos e sempre desconfiados de um estado federal forte, até simpatizam com a sofisticação de Kerry mas parecem mais inclinados a votar na simplicidade de Bush. Dia 3 de Novembro saber-se-á a quem é que o mundo ficará entregue.


hsantos@dinheirodigital.pt

só espero que não seja para terem mais tempo para "falsear" os resultados, como há quatro anos...