Eu limitei-me apenas a comentar a seguinte afirmação:
O nosso armamento,obsoleto para este tipo de guerra foi outro caso em que os lusos ficaram apreensivos pois a todos era pedida a resistência,mesmo nos casos de material com munições trocadas.Iam bater-se contra carros blindados ,metralhadoras pesadas e aviões usando a Mauser de museu.
Quem escreveu que as tropas portuguesas iam para a Flandres com a Mauser de museu, NÃO SABE O QUE ESTÁ A DIZER. Nem a Mauser era peça de museu, e pior que isso, nem sequer a Mauser era a arma atribuída às tropas portuguesas.
A afirmação está duplamente errada e o autor não refere que os tanques estavam em desenvolvimento, nem que apresentavam boas perspetivas para o futuro, afirma sem tirar nem por os portugueses iam-se bater contra carros blindados, quando os alemães ainda nem tinham construido um único carro blindado.
O texto é por isso um logro. E se a autora, Barbara W.Tuchman ganhou o premio Pulitzer, deve ter sido por jornalismo culinário, não sobre investigação histórica/militar.
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De onde é que veio a ideia de que as forças portuguesas tinham sido sujeitas a 24h de bombardeamento de artilharia ?
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O CEP era um corpo de exército, já que tinha mais que uma divisão. Os corpos de exército normalmente tinham três divisões (tanto do lado aliado como do lado alemão), dado isto permitir que uma estivesse na primeira linha, uma de reserva e uma terceira em descanso ou recuperação.
As forças portuguesas estavam onde tinham que estar, na primeira linha, como era suposto estarem, sendo para isso que foram enviadas e foi também por isso que se insistiu em enviar mais que uma divisão, para se poder formar um Corpo de Exército.
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As tropas portuguesas estavam cansadas porque não eram substituídas como seria adequado para forças naquelas circunstâncias. Isto decorre da situação política portuguesa com a chegada ao poder dos Sidonistas e das forças que inicialmente eram contra a guerra.
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Eu não entendo qual a relevância de os britânicos dizerem que se fossem eles também tinham «desandado»
Desde o inicio da «Kaiserschlart» a última série de ofensivas alemãs da guerra, os britânicos sofreram pesadíssimas baixas com milhares de homens a ficarem cercados e a renderem-se sem resistência. Tal como os portugueses, também os ingleses após a ofensiva alemã do dia 21 de Março (2 semanas antes de La Lys) sofreram enormes perdas. Num só dia o BEF (British Expeditionary Force) deu conta de ter perdido 28.000 homens.
Muitos dos prisioneiros ingleses estavam tão abalados que foram enviados para a retaguarda alemã, virtualmente sem escolta.
Em um só dia há um historiador que demonstrou que 21.000 (vinte e um mil) soldados aliados se renderam.
Os soldados a baixar os braços eram tantos que os alemães apenas registaram 7.000.
Todos foram carne para canhão, a começar pelos ingleses.
Logo, os comentários que alguns ingleses fizeram após a batalha de La Lys, nada têm a ver com os estudos mais sérios que se fizeram depois.
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As Mauser não serviam, porque o CEP estava integrado no I exército britânico, que contava outras 12 divisões britânicas. Os ingleses não podiam ter uma parte do seu exército com armamento alemão.
Não está em causa se houve ou não houve ensaios para a guerra. Os factos são:
As forças portuguesas receberam a Lee Enfield britânica, como a receberam todos os soldados britânicos.
A arma era adequada para os portugueses como era adequada para os britânicos.
O que se pode dizer que era desadequada era a alimentação, que era feita a pensar nos gostos dos ingleses e não nos gostos dos portugueses.
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Não está em causa se os submarinos alemães utilizavam ou não as táticas que utilizariam na II guerra mundial. Isolar as ilhas britânicas também o Filipe II e Napoleão tentaram. Isso é irrelevante para o texto em causa.
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As tropas portuguesas não precisavam estar equipadas com anti-aérea. Isso não fazia qualquer sentido. As tropas portuguesas, para um combate como o que se desenrolava no norte de França e na Bélgica, precisavam de comida, munições, armas, roupa seca, artilharia e munição para a artilharia.
E claro, precisavam de um sistema de saúde e de evacuação para Portugal que funcionasse.
Em suma: Precisavam em Lisboa de um governo que entendesse que tinha que prosseguir a política do governo anterior em tempo de guerra.
Ou então tinha pedido para sair.