05-05-2010 14:27 - Moody"s: "Portugal não é a Grécia, mas ambos vão permanecer retraídos"
A Moody´s diz que a situação grega é “muito mais séria” do que a portuguesa, mas considera que ambas as economias vão atravessar um “longo período de retracção”, que será “inevitável” para corrigir os desequilíbrios financeiros internos.
A agência de “rating” – que chegou a condenar Portugal e Grécia à “morte lenta” num artigo que, em Janeiro, fez correr muita tinta – corrige agora consideravelmente o tom da comparação na nota de análise que acompanha o aviso de que a notação da dívida portuguesa poderá em breve baixar um ou dois níveis, da actual classificação de Aa2.
“Os desafios que Portugal enfrenta no crescimento, aliados aos amplos défices orçamentais, levaram os agentes dos mercados a comparar Portugal (e muitos outros países europeus) à Grécia. Embora a Moody’s acredite que a Grécia enfrenta dificuldades orçamentais muito mais sérias do que Portugal, antecipamos, ainda assim, um longo período de retracção, inevitável até que o país corrija os seus desequilíbrios financeiros internos”.
A agência norte-americana escreve ainda que, para além da sustentabilidade da dívida pública, irá ainda avaliar “outros factores da agenda de ajustamento estrutural”, em particular o que está a ser feito pelo Executivo para combater a fraca competitividade e a baixa taxa de poupança nacional que “estão na raiz do baixo crescimento”.
Para já, a Moody´s diz que continua a prever que Portugal cresça neste ano em termos reais mas a um ritmo “relativamente lento”.
“O problema do crescimento em Portugal está mais relacionado com a baixa produtividade do que com os elevados custos em si mesmos. A inexistência da opção de desvalorizar (a moeda) gera ventos adversos mais fortes – mas não impossíveis de suplantar – para a retoma económica”, afirmaAnthony Thomas, vice-presidente e analista sénior para o risco de soberanos da Moody’s.
Jornal de Negócios - Eva Gaspar