Grécia: Estados Unidos cada vez mais preocupados face a possíveis implicações geopolíticas07 Julho 2015, 21:12 por Jornal de Negócios com Lusa
Os Estados Unidos receiam as implicações geopolíticas de uma ruptura das negociações e a eventual aproximação de Atenas a Moscovo ou Pequim.
O presidente dos Estados Unidos Barack Obama e o seu secretário do Tesouro, Jack Lew, admitiram estar a seguir "de perto" a evolução da crise, com numerosas chamadas telefónicas para líderes europeus, como a chanceler alemã, Angela Merkel, o chefe de Estado francês, François Hollande, o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, e o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras. Tanto Obama como Lew apelaram aos credores internacionais e ao governo grego que alcancem um acordo que inclua reformas estruturais, por parte de Atenas, e uma discussão sobre o alívio da dívida grega.
Antes do referendo de domingo, Obama afirmou que a situação na Grécia era "motivo de preocupação substancial (...), principalmente para a Europa". O presidente norte-americano considerou, contudo, que a crise grega "não é algo que deva gerar reacções exageradas" e que, "até agora, os mercados têm assimilado adequadamente" os riscos de uma falta de acordo.
Depois da vitória do 'não' na consulta popular de domingo, Washington reafirmou a sua leitura da situação. "O referendo passou e a nossa visão não mudou. A Grécia deve continuar na Zona Euro (...) mas necessita de reformas e de financiamento. As necessidades continuam a ser as mesmas", afirmou na segunda-feira o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest.
A presidência norte-americana já informou que Obama também falou ao telefone com François Hollande, tendo ambos concordado com a necessidade de "encontrar um caminho que permita o regresso às reformas e ao crescimento" da economia grega.
De resto, Paris parece ser o membro da Zona Euro que exprimiu maior compreensão sobre a posição de Atenas, quanto à reestruturação da dívida como condição de regresso ao crescimento económico.
Em pano de fundo, está a realidade geopolítica da Grécia, que é membro da NATO, decisiva para a estabilidade nos Balcãs, vizinha do Médio Oriente e porta de entrada de imigrantes.
A última coisa que os Estados Unidos querem ver é uma Grécia a afastar-se da Europa e a aproximar-se da Federação Russa, num contexto de tensão crescente entre Washington e Moscovo devido à crise na Ucrânia. Ao contrário, os russos viram aqui uma oportunidade e começaram a jogar as suas cartas. Depois do referendo, o Presidente russo, Vladimir Putin, conversou com Tsipras, por iniciativa deste, para discutir "as condições da prestação de ajuda financeira a Atenas pelos credores internacionais, bem como assuntos relativos ao desenvolvimento da cooperação russo-grega", segundo comunicado distribuído a propósito pelo Kremlin.
http://www.jornaldenegocios.pt/economia ... ticas.html