PwC recomenda a empresas portuguesas aposta em Moçambique como alternativa a Angola
A consultora PricewaterhouseCoopers (PwC) defende que as empresas portuguesas devem intensificar os investimentos em Moçambique, que vai ter um "crescimento muito significativo" e serve como diversificação face a Angola, o maior destino dos negócios portugueses em África.
"Moçambique vai ser dos países que vão crescer significativamente nos próximos três a cinco anos em África", disse Manuel Lopes da Costa, especialista da consultora, na apresentação do estudo sobre o potencial dos negócios na África subsaariana e lusófona, num seminário organizado pela Associação Industrial Portuguesa (AIP), que hoje decorre em Lisboa.
"As empresas portuguesas preferiram transacionar com Angola, mais do que com Moçambique, por causa do atraso ainda maior nas infraestruturas moçambicanas, e porque fariam negócios melhores e mais rapidamente, mas não podemos descurar Moçambique", disse o representante da PwC, que hoje apresenta oficialmente um conjunto de estudos sobre o potencial regional de cada um dos países lusófonos.
Moçambique "vai ser importante para as empresas portuguesas diversificarem os investimentos, até porque há sempre riscos quando os investimentos estão concentrados no mesmo país", sublinhou.
"Temos uma presença muito diminuta face ao que podíamos ter" em Angola e em Moçambique, salientou o responsável, que fez uma breve apresentação dos principais indicadores da balança comercial entre Portugal e estes países, notando que só 5% das importações de Moçambique são provenientes de Portugal, e Portugal exporta apenas 2% das compras moçambicanas ao exterior.
No que diz respeito às áreas onde será mais rentável para as empresas portuguesas apostarem em Moçambique, Lopes da Costa salientou a agricultura, as pescas, a indústria extrativa, a construção, a energia, a hotelaria e turismo e as infraestruturas.
Por outro lado, os maiores desafios passam pela "dificuldade na obtenção de crédito, acesso limitado à eletricidade e atraso no início da exploração de blocos de GPL e reservas de carvão", de acordo com a PwC.
No caso de Angola, as áreas preferenciais para investimento são a agricultura, as pescas, o petróleo, a geologia, as infraestruturas, o comércio, a hotelaria e o turismo, e o ambiente, salientou a PwC, apresentando exemplos como os do peixe fresco e marisco, "que são levados de avião de Portugal todos os dias, o que é inacreditável".
Importante, salientou, é não ficar em Luanda: "O país está por fazer, o espaço de Luanda está ocupado, há muita concorrência, os empresários têm de sair do círculo à volta de Luanda e ver que as oportunidades ainda lá estão".
Quanto às dificuldades dos empresários, elas passam essencialmente pela falta de mão-de-obra qualificada, reduzida abertura da economia, uma forte estratégia protecionista e pela dificuldade de repatriamento de lucros.
Lusa