A globalização e as contradições "soixant-huitard"

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Luso

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A globalização e as contradições "soixant-huitard"
« em: Abril 07, 2006, 12:00:56 pm »
http://saberaverdade.blogspot.com/

"Maio de 68 é quando um puto quiser

Os recentes acontecimentos em França, com as sucessivas tentativas de restaurar o ambiente do Maio de 68 infelizmente demonstram bem o vazio de ideias sobre o presente mas sobretudo o vacuo de pensamentos sobre o futuro das ultimas gerações. Reina a confusao mental e por isso mesmo qualquer manifestação organizada só pode degenerar em violencia, pois violentos são os seus pensamentos quanto ao futuro que os espera. Lutam por sociedades igualitárias, de solidariedade entre os povos, sem fronteiras mas esquecem-se que a globalização é isso mesmo, que a velha e preguiçosa Europa, que vive à custa dos direitos adquiridos e dos subsidios garantidos, já nada produzia e no entanto sugava imperialisticamente os recursos mundiais. Agora, os países mais pobres e que produzem para o mundo inteiro estao a começar a prosperar, juntamente com as suas populações e isso é muito mal visto por quem sempre defendeu os pobrezinhos.
No fundo os jovens que se manifestam na rua estao cheios de algo proprio da juventude, ou seja, estao cheios de ilusoes. A primeira ilusao é a de que não terão de competir com 2 bilioes de asiaticos que trabalham por um decimo do ordenado. Esperam conseguir a segurança e a protecção contra o mundo real, como se fossem pequenos peixinhos num aquario a implorar para que os deixem ficar mais um tempo nessa bola de vidro antes de os deitarem ao rio para lutar pela vida.
A legislação que se diz estar no epicentro dos disturbios tenta amenizar as consequencias de leis anteriores que provocaram um efeito perverso na economia francesa e mesmo europeia. Tenta atenuar a reluctancia de um empregador em empregar funcionários. Não admira muito pois tambem não existem muitos jovens que realmente valham a pena empregar. O trabalho duro, ou mais simplesmente, o trabalho, é deixado para os emigrantes e nenhum local, quer em França quer em Portugal, deseja aprender uma profissao com um mestre mais velho, pois isso iria resultar em demasiado esforço inicial, o ideal mesmo era arranjar um emprego nos serviços, com férias pagas e fins de semana livres. À tipica pergunta “Entao o que é que fazes?” nunca a tipica resposta “Nada, compro tudo feito” foi tao adequada. Ninguem já sabe fazer nada e tudo o que é preciso é necessário ser comprado, resta saber é com que dinheiro. Também para o empregador é o cabo dos trabalhos se o funcionario recém contratado não fôr a pessoa adequada ao cargo. É praticamente impossivel substitui-lo sem muita papelada e indemnizaçoes por vezes chorudas. A nova lei no fundo poderia permitir a muitos pequenos e médios empresários contratar alguem sem correr o risco de o adoptar como filho para a vida inteira, dando a oportunidade aos jovens de mais facilmente arranjar trabalho. Num país esclarecido seria de esperar que os beneficiados com a lei, se nada tivessem a temer, a apoiassem sem grandes reservas. Mas os jovens em França, e no resto da Europa tambem, não desejam encontrar trabalho. Pelo menos não desejam encontrar trabalho onde existe o risco de poderem falhar. Exigem antes trabalhos bem remunerados, seguros e com todos os beneficios em vigor, e o único lugar onde podem encontrar tais empregos é na admnistração publica. E caso não encontrem tal emprego não aceitarão emprego algum, que venham daí as transferencias do fundo de desemprego.
Como é que será possivel que alguem espere tal sorte numa economia globalizada, onde milhoes de asiaticos estao dispostos a fazer o mesmo trabalho que os europeus e americanos por 10% do salário e sem qualquer regalia adicional. Ao mesmo tempo que esta gente exige o proteccionismo economica, tenta abolir as fronteiras e criar um mundo sem países. Ao mesmo tempo que pedem produtos mais baratos, exigem que esses produtos fiquem tao caros como os nacionais.
Nunca nenhuma nação enriqueceu sem o comercio, sem trocas e especialização, caso contrário a Coreia do Norte seria o país mais rico do planeta em vez dos seus habitantes passarem fome todos os dias.Resta saber de quem poderá ser a culpa. Esta geração de zombies viciados em adrenalina cresceu a ouvir os seus pais dizerem que o seu objectivo era o de proporcionar um bem estar que os pais deles não lhes puderam proporcionar. Pelos vistos o bem estar proporcionado a esta geração foi demasiado, tao demasiado que nenhum teve na realidade de trabalhar para ter casa, carro e diversão quanto baste. Agora precisam de continuar nessa rotina mas à sua propria custa, mas está a revelar-se impossivel."
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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Marauder

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« Responder #1 em: Abril 08, 2006, 10:56:49 am »
Sim, mas se estão a falar da CPE eu considero a lei e o pensamento por detrás da lei ilógica, e sou eu de gestão veja lá.
    Basicamente a lei é criada para aumentar o emprego, e defende que nos primeiros dois anos as empresas podem despedir os empregados de um dia para o outro caso estejam no 1º emprego. Pessoalmente espero que seja chumbado, senão a moda ainda pega.

  A lógica que se percebe é a seguinte:

   As empresas hoje em dia somente não contratam pessoal, porque em caso de crise ou etc teriam muitas dificuldades em os despedir (muito dinheiro de compensação). Ou seja, o facto que ficará possivel despedir mais facilmente fará com que aumente a quantidade de trabalho. Curioso visto que relaciona os opostos...o contratar porque é mais fácil despedir.

   Não podemos classificar isso como trabalho precário? Trabalhar sempre com o receio de que de 1 dia para o outro seremos despedidos...não será isto uma política de medo para aumentar a produtividade?

   É claro que, se estivessemos a falar de estágios é compreensivel, mas penso que não é o caso. E também é sempre possivel afirmar que ok, depois desse primeiro trabalho (em que somos royally f**ked ) no segundo já não haverá problema.

   Eu penso que é uma medida forjada, de baixar a qualidade do trabalho da França para tentar combater esses terceiros países. Pessoalmente, por muitos factores negativos não sou um grande fã do Capitalismo de hoje, penso que no futuro ou este evoluirá para um Neo-Capitalismo mais saudável para as sociedades, ou surgirá em teoria, espero eu.


   :arrow: Diminuição do desemprego (?)  :!:

   É uma fórmula para além de controversa, muito criticável do aspecto social, e mesmo em termos práticos não muito lógica. Se fazem isto então porque não correm "o sistema todo" assim? É possivel despedir qualquer um (desde que não seja o conselho de administração pois...) assim do nada e sem problemas...

   Muito controversa...e daria manifestações em qualquer país...não somente no país do Maio de 68..