Kosovo - À Procura do Beijo Impossível

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André

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« Responder #105 em: Fevereiro 26, 2008, 02:21:05 pm »
Citação de: "Typhonman"
A quem é que interessa a opinião de Moçambique? :D

 

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André

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« Responder #106 em: Fevereiro 26, 2008, 06:18:48 pm »
Socialistas com posições divergentes sobre a independência

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A direcção do PS considera que o reconhecimento da independência do Kosovo por Portugal é uma inevitabilidade, embora não deva ser precipitado, mas socialistas como João Soares entendem que essa separação da Sérvia é injustificada e ilegal.

"A separação do Kosovo face à Sérvia é já manifesta há pelo menos oito anos, já que o Kosovo tem gozado de uma completa autonomia [face a Belgrado] em planos essenciais, desde o político à segurança", declarou à agência Lusa o secretário nacional para as Relações Internacionais do PS, José Lello.

Ou seja, segundo José Lello, já antes da recente declaração unilateral de independência, por parte de Pristina, o Kosovo "era suficientemente autónomo para estar no limiar da independência".

Na mesma linha, o ex-secretário de Estado e dirigente socialista José Lamego considerou "inevitável o reconhecimento da independência do Kosovo" por parte de Portugal e da União Europeia.

No entanto, José Lamego advertiu que o processo para o reconhecimento da independência "deverá ser concertado no quadro da União Europeia e, em Portugal, entre os órgãos de soberania".

Uma posição que volta a ser partilhada pelo secretário nacional do PS para as Relações Internacionais, que alega que "a não precipitação de Portugal [no processo de reconhecimento da independência do Kosovo] faz com que o país seja agora um elemento útil na procura de uma solução internacional eficaz".

"É importante que essa solução internacional seja equilibrada para a Sérvia, permitindo-lhe uma aproximação progressiva à União Europeia. No plano interno, é também importante que haja um consenso o mais alargado possível entre os órgãos de soberania e em termos partidários", acrescentou José Lello.

Em declarações à agência Lusa, o deputado do PS João Soares não hesitou em classificar a independência do Kosovo como "um disparate".

"O Kosovo está muito longe de ter condições de estabilidade política, económica e social. Por princípio sou favorável à autodeterminação dos povos, mas este processo foi empurrado de fora, nomeadamente pela administração norte-americana de George W. Bush", acusou o ex-presidente da Câmara de Lisboa.

João Soares defendeu depois a tese de que a declaração unilateral da independência do Kosovo "é contrária ao direito internacional e não respeita as resoluções das Nações Unidas".

"A independência do Kosovo pode abrir precedentes graves de instabilidade em zonas da Europa como a Abkasia, Ossétia do Sul e País Basco. Num momento em que a União Europeia está a abolir fronteiras, pretende-se agora criar mais uma fronteira numa região delicada como a dos balcãs", sustentou.

Sobre a actuação do Governo português nesta matéria, João Soares elogiou o "sentido de responsabilidade" que diz estar a caracterizar a actuação do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado.

Em relação ao processo de independência do Kosovo, o primeiro-ministro, José Sócrates, afirmou sexta-feira que o Governo anunciará "muito brevemente" a sua posição, após consultar a Assembleia da República e a Presidência da República.

Em termos constitucionais, o acto de reconhecimento de uma independência por parte de Portugal é uma matéria de política externa da competência do Governo.

Lusa

 

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André

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« Responder #107 em: Fevereiro 26, 2008, 07:23:51 pm »
CDS recomenda ao Estado português que não reconheça independência, mas respeita decisão do Governo

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O deputado democrata-cristão Hélder Amaral frisou hoje que o CDS-PP é contra o reconhecimento do Kosovo por parte do Estado português, alertando que essa decisão comporta "riscos graves".

"Por princípio somos contra e recomendámos ao Governo que não reconhecesse. Mas como prevemos que o Governo reconheça, recomendamos que não o faça de forma precipitada", afirmou Hélder Amaral, em declarações à Lusa.

O ex-dirigente do CDS Manuel Queiró apelou hoje à direcção do partido para que "não contribua para o reconhecimento do Kosovo por parte de Portugal", considerando que os democratas-cristãos têm a oportunidade de "marcar a diferença".

Hélder Amaral disse que "o CDS-PP sempre defendeu que não se reconhecesse o Kosovo", alertando para "riscos graves" para a estabilidade da região, para "o efeito dominó não só na Europa mas no mundo" e para "o facto de a Sérvia ser um parceiro da União Europeia".

"Para além disso, trata-se de um Estado inviável à luz de todos os critérios, cuja criação contraria o direito internacional", frisou, acrescentando que o Kosovo "seria um Estado Islâmico na Europa", frisou.

No entanto, o deputado frisou que, tratando-se de matéria de política externa os democratas-cristãos respeitarão a decisão do Governo.

"Nós prevemos que o Governo reconheça o Kosovo. O que recomendamos é que não haja precipitação e foi isso que fizemos", afirmou, defendendo que um Estado como o Kosovo na Europa "põe em causa o próprio modelo de construção europeia".

Lusa

 

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André

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« Responder #108 em: Fevereiro 26, 2008, 10:29:32 pm »
Sérvia vai queixar-se dos EUA no Tribunal Internacional de Justiça de Haia

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A Sérvia vai entregar uma queixa no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) em Haia contra os Estados Unidos por terem reconhecido a independência do Kosovo, declarou hoje um conselheiro jurídico do primeiro-ministro sérvio, Vojislav Kostunica.

"Uma vez que a administração norte-americana cessante reconheceu o falso Estado do Kosovo, a Sérvia entregará uma queixa" perante o TIJ, declarou Branislav Ristivojevic à agência Beta.

"Se os Estados Unidos não anularem a sua decisão ilegal, vamos encontrar-nos perante todos os tribunais internacionais", disse Ristivojevic.

Adiantou que "a melhor solução seria que a administração cessante (norte-americana) anulasse a sua decisão de reconhecer o falso Estado do Kosovo, ou então que isso fosse feito pela nova administração" norte-americana saída das presidenciais de 2008.

A independência do Kosovo, proclamada unilateralmente a 17 de Fevereiro, foi rapidamente reconhecida pelos Estados Unidos e vários países da União Europeia (UE).

A Sérvia e o seu aliado tradicional, a Rússia, rejeitaram energicamente esta independência.

Domingo, o primeiro-ministro sérvio pediu aos Estados Unidos para "permitirem" o regresso à situação existente antes da proclamação unilateral da independência do Kosovo e reconhecerem assim a soberania da Sérvia sobre este território.

"Os Estados Unidos devem permitir ao Conselho de Segurança da ONU confirmar a validade da resolução 1244, para permitir o regresso à situação anterior", à proclamação da independência do Kosovo pela maioria albanesa, declarou Kostunica à televisão de Estado sérvia (RTS).

Lusa
« Última modificação: Fevereiro 27, 2008, 12:06:24 pm por André »

 

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« Responder #109 em: Fevereiro 27, 2008, 08:32:24 am »
Os EUA não reconhecem o Tribunal de Haia :roll:
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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André

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« Responder #110 em: Fevereiro 27, 2008, 07:38:49 pm »
UE, EUA e Rússia rejeitam independência dos sérvios da Bósnia-Herzegovina

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União Europeia (UE), Estados Unidos e Rússia, os mediadores dos acordos de paz de Dayton, em 1992, rejeitaram hoje os apelos de independência da República Srpska, a entidade sérvia da Bósnia-Herzegovina.

Os países afirmaram, numa declaração hoje divulgada e aprovada por unanimidade, que a República Srpska "não tem o direito de avançar com a independência", revelando "uma profunda preocupação face aos apelos oficiais para a independência".

As potências que constituíram o comité de acompanhamento do processo de paz sublinharam ainda que, "segundo os termos dos acordos de paz em Dayton, uma entidade não tem o direito de declarar independência".

Os acordos de paz de Dayton, assinados em 1992, colocaram fim a uma guerra inter-étnica e dividiram o território da Bósnia-Herzegovina em duas entidades, Federação Croato-Muçulmana e República Srpska.

Hoje, mais de 10.000 sérvios manifestaram-se na capital da República Srpska, Banja Luka, contra a independência do Kosovo e pela independência do seu território.

A manifestação, em que participaram sérvios de várias localidades da Bósnia, foi organizada por uma federação de organizações não-governamentais - SPONA - e intitulada "manifestação contra a grande injustiça".

"Esta manifestação exprime a revolta do povo", declarou aos manifestantes o primeiro-ministro sérvio-bósnio Milorad Dodik, aclamado pela multidão.

A manifestação surge na sequência da posição defendida pelo parlamento autónomo da República Srpska após a proclamação unilateral da independência do Kosovo.

Quatro dias depois da declaração de independência do território de maioria albanesa, o parlamento da República Srpska adoptou uma resolução afirmando o seu "direito" a separar-se da Bósnia-Herzegovina, se as Nações Unidas e a maioria dos países ocidentais reconhecessem o novo estado.

Até ao momento, a proclamação da independência do Kosovo foi oficialmente reconhecida por 21 países, na sua maioria ocidentais.

O Alto Representante da comunidade internacional na Bósnia, Miroslav Lajcak, defendeu hoje também que os sérvios da Bósnia não têm "absolutamente nenhum direito" a organizar um referendo sobre uma possível independência.

"Se existirem ameaças à paz, à estabilidade e ao respeito dos acordos de Dayton, não terei nenhuma hesitação e utilizarei os meus poderes", afirmou.

O conselho de acompanhamento dos acordos de paz de Dayton atribuiu, em Outubro de 1997, poderes executivos importantes ao Alto Representante, nomeadamente o direito de suspender funções de responsáveis e decretar Leis.

Lusa

 

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comanche

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« Responder #111 em: Fevereiro 28, 2008, 10:05:32 pm »
Kosovo: Dezenas de agentes sérvios desertam da Polícia multi-étnica

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Kusce, Kosovo, 27 Fev (Lusa) - Dezenas de agentes sérvios desertaram da força de Polícia do Kosovo desde que o novo Estado declarou a independência, admitiu hoje a instituição, a única onde existia efectiva cooperação entre os kosovares sérvios e albaneses.

Cerca de 170 dos 800 agentes da força policial ou abandonaram ou já não são vistos no trabalho desde a declaração da independência de 17 de Fevereiro. Dezenas de outros ameaçaram fazer o mesmo.

As deserções agradam às autoridades de Belgrado, que têm encorajado os sérvios do Kosovo a boicotar as instituições do inexperiente governo. Contudo, elas são vistas como um golpe para a missão das Nações Unidas no Kosovo que tem injectado milhões de dólares e anos de esforço para criar e treinar a força policial.

"Temos polícia suficiente para lidar com qualquer coisa", disse Luis Cisneros, um porta-voz da polícia da ONU. "Mas queremos que todos estejam contentes, tanto sérvios como albaneses. Isso é o principal".

A força policial multi-étnica tem sido elogiada como uma das poucas histórias de sucesso de trabalho conjunto entre os kosavares sérvios e os de etnia albanesa.

Mas a polícia tem sido particularmente pressionada desde a declaração de independência, que foi seguida de manifestações violentas dos sérvios, fazendo temer um conflito mais amplo.

A Sérvia pretende tomar acções legais contra os governos que reconheceram a independência do Kosovo. O governo de Belgrado decidiu hoje a formação de uma equipa para determinar quais os tribunais internacionais que poderão ter jurisdição neste caso.

Coerente com a sua promessa de tentar bloquear o Kosovo de aderir a organizações internacionais, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Sérvia abandonou uma reunião com os seus parceiros em Sofia, Bulgária, quando um delegado do Kosovo subiu à tribuna para falar.

"O Kosovo não será membro das Nações Unidas, não será membro da OSCE. E como tal, não pertencerá à comunidade mundial das nações soberanas", disse Vuk Jeremic aos delegados à reunião.

Mas os alicerces para uma maior integração regional têm sido preparados em Viena, Áustria, onde representantes dos países que apoiam a independência do Kosovo realizam a sua reunião inaugural. O grupo irá ajudar a guiar a nova nação.

O governo sérvio, entretanto, adiou as discussões sobre a polémica questão de deixar de pagar a dívida internacional do Kosovo.

A Sérvia tem estado a pagar a dívida de 1,2 mil milhões de dólares, embora não tivesse qualquer autoridade sobre a província desde 1999, quando a NATO lançou os bombardeamentos aéreos para forçar Belgrado a terminar a repressão dos separatistas albanesas.

Os nacionalistas argumentam que a Sérvia deve continuar a pagar para continuar a reivindicar a sua soberania sob o Kosovo.

Os cerca de 100.000 sérvios que permanecem no Kosovo ignoraram a declaração de independência e ameaçaram criar as suas próprias instituições na extremidade norte, onde vive a maioria da minoria sérvia.

A vasta maioria da população do Kosovo é de etnia albanesa. Os sérvios representam apenas 10 por cento dos dois milhões de pessoas da região, mas consideram o Kosovo como o berço da sua cultura.

A vaga de abandonos por parte dos agentes é particularmente evidente no sudeste do Kosovo, onde existem vários enclaves sérvios.

 

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André

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« Responder #112 em: Fevereiro 29, 2008, 02:34:03 pm »
Irlanda reconhece a independência do Kosovo



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O ministro dos Negócios Estrangeiros da República da Irlanda, Dermot Ahern, anunciou hoje que o seu Governo reconheceu oficialmente a independência do Kosovo, mas lamentou a falta de acordo entre a Sérvia e o novo Estado.

«Lamentamos que anos de negociações não tenham gerado um acordo entre Belgrado e Pristina. A realidade é que o legado do conflito nos Balcãs impossibilitou a volta do domínio sérvio ao Kosovo, ao mesmo tempo em que prejudicou as perspectivas de conseguir um compromisso», disse Ahern hoje, em comunicado.

O chefe da diplomacia irlandesa sublinhou que, após nove anos sob a tutela da missão das Nações Unidas, a maioria da população kosovar queria a independência, um facto reconhecido por cerca de 20 países, entre eles os EUA e os principais da Europa.

O ministro também reconheceu que a auto-proclamada independência do Kosovo é «dolorosa e difícil de aceitar para a Sérvia», por isso afirmou que essa declaração não deve ser vista como uma «acção hostil».

Diário Digital / Lusa

 

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JoseMFernandes

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« Responder #113 em: Março 03, 2008, 09:17:16 am »
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O Kosovo e a impotência europeia
03.03.2008, José Loureiro dos Santos

A Europa encontra-se refém dos EUA. Sem a sua protecção, não conseguiria resistir ao ameaçador abraço da Rússia



Será difícil encontrar um exemplo tão ajustado como a declaração da independência do Kosovo para revelar a incapacidade (impossibilidade?) de a Europa se assumir como actor com capacidade de afirmação global. Isto implicaria não só potencial económico e inteligência na acção política externa (soft power), mas também um músculo militar apropriado (hard power) que o sustentasse.
Sucedem-se acontecimentos que afectam os Estados europeus em termos de segurança, sem que a União Europeia exerça qualquer influência sobre a sua evolução e que lhe passam completamente ao lado, directamente entre os Estados Unidos e a Rússia. Sobre estas questões, que atingem interesses vitais dos Estados-membros, dificilmente existirão "políticas comuns" da União; os países agem individualmente, junto dos EUA e/ou da Rússia, para defender os respectivos interesses, mesmo prejudicando alguns dos seus parceiros e provocando fracturas entre si, como aconteceu quanto ao Iraque com a divisão do continente em "nova" e "velha" Europa.
Em 1999, na sequência do imparável avanço estratégico que se seguiu à queda do Muro e no auge do seu poder, os EUA humilharam a Rússia - forçando a retirada de uma unidade militar sua desembarcada no aeroporto de Pristina -, depois de terem conseguido que ela concordasse com a legitimação da ocupação do Kosovo com uma força da NATO (leia-se EUA) pela ONU. Passados nove anos, apoiaram a independência unilateral dos kosovares e pressionaram os europeus a não se oporem.
Numa questão que atinge interesses vitais, a União Europeia... fez de conta. Cada país europeu tem de cuidar de si e preparar-se para os efeitos de prováveis retaliações russas, que só atingirão indirectamente os EUA, se atingirem. Na Geórgia? Na Ucrânia? Nos países bálticos? Com a energia? A seu tempo, veremos.

Entretanto, voltaram as condições para fazer ressurgir o tradicional foco de instabilidade dos Balcãs, cujos efeitos na História se conhecem bem, e criou-se um Estado dependente, mas suficientemente "independente" para se transformar num potencial exportador de criminalidade transnacional organizada e de terrorismo islamista.
No item "Acordo sobre Forças Convencionais na Europa (CFE)", que diz respeito ao equilíbrio e posicionamento de forças armadas da NATO e da Rússia em território europeu, também a Europa vê as coisas passarem por cima da sua cabeça. Trata-se de uma herança da guerra fria que a Rússia adoptou até o ano passado, quando o denunciou, sob o pretexto de os países da NATO não o terem ratificado, e bem, pois as forças russas mantêm-se na Moldávia e na Geórgia, contra o que o acordo dispõe. Agora, a Rússia, interessada em reposicionar-se no mesmo nível de poder dos EUA, apresenta novas propostas de CFE aos americanos, ignorando completamente a Europa, como se ela tivesse de se conformar (e tem) com as consequências do debate EUA-Rússia.
Na questão do sistema antimíssil e da implantação em território europeu de alguns dos sistemas de que necessita, passa-se exactamente o mesmo. Ao mesmo tempo que a Rússia procura intimidar a Polónia e a República Checa, cada um deles tenta obter contrapartidas favoráveis dos americanos, particularmente no âmbito da segurança militar. Mesmo que não desejasse que a América ou a Rússia erigissem um sistema antimíssil, a Europa não está em situação de alterar esses planos. Terá de se remeter a uma posição de dependência de uma das duas potências. Com preferência dos EUA, tendo em vista a assertividade crescente dos russos.
Também se constata uma confrangedora ausência da Europa na disputa pelo domínio do espaço exterior, em curso. Várias potências têm programas consistentes orientados para este novíssimo teatro de operações, com destaque para os EUA, a China e a Rússia. Qualquer delas procura capacidade de combate espacial. Uma vez que os EUA detêm avanço confortável, as outras duas propõem um acordo para regulamentar a utilização do espaço exterior, que não existe, ao que os americanos resistem. São frequentes acusações mútuas a este respeito, quando da realização de testes para comprovar os progressos alcançados por algum destes poderosos Estados. E a Europa onde está?
Apesar de existir uma estratégia conjunta para reduzir a dependência europeia da Rússia no campo da energia, têm tido êxito sucessivas avançadas divisivas empreendidas pela Rússia, com a finalidade de separar os países europeus, a fim de os dominar, pelo menos influenciar, separadamente. Dos casos mais notórios, convém destacar o facto de a Rússia ter conseguido que certos Estados permitissem a aquisição de empresas europeias ligadas à produção e distribuição de energia pela Gazprom, que age como instrumento da política externa russa e não como uma empresa tipo do mundo ocidental, o que lhe permitirá influenciar por dentro as próprias políticas desses Estados. Especialmente, os projectos North Stream e South Stream, que ligam, respectivamente, a rede de gasodutos russa, directamente, com a Alemanha através do Báltico e com a Bulgária através do Mar Negro.
Qualquer destas ligações conferirá à Rússia a possibilidade de manter o abastecimento de combustível a certos países europeus, ao mesmo tempo que o corta àqueles que se localizam no "estrangeiro próximo", território que constitui o seu espaço estratégico tampão com as principais potências europeias ocidentais (Alemanha e França) - espaço constituído, entre outros países, pela Polónia, Ucrânia, República Checa, Eslováquia e Roménia, que poderão ser particularmente visadas.

A falta de vontade dos países europeus em investir no sector da defesa, a debilidade militar daí resultante e a divergência dos respectivos interesses vitais, associadas à desconfiança que a actual Administração norte-americana gerou no espírito das suas opiniões públicas e lideranças, têm-se repercutido num posicionamento dúbio quanto à percepção da forma como encaram a natureza futura da NATO, o que se reflecte num comportamento pífio em termos de participação nos esforços militares, conforme se vê no Afeganistão. Isto provoca reticências dos americanos face ao que os europeus realmente pretendem com a Aliança, de que resultam um certo mal-estar entre as duas margens do Atlântico e duras recriminações publicamente verberadas pelos americanos.
Só que a Europa, como durante a guerra fria, encontra-se refém dos EUA. Sem a sua protecção, não conseguiria resistir ao abraço da Rússia, que sente cada vez mais ameaçador. Assim, por um lado, os europeus precisam desesperadamente dos americanos para se sentirem seguros, por outro, não investem suficientemente na defesa para poderem colocar meios substanciais ao serviço da Aliança e, como consequência, terem uma voz activa no processo colectivo de decisão. Em minha opinião, é indispensável uma estreita ligação transatlântica para garantir a segurança do espaço geopolítico euro-atlântico, mas, neste quadro, também é inaceitável uma submissão europeia aos seus aliados. Só será possível a solução desejada (participação no processo colectivo de decisão), no caso de a Europa se prover de adequado músculo militar, que não ameace os EUA, mas seja do seu interesse, o que exige investimentos substantivos na sua defesa por parte dos Estados europeus.
Mesmo no domínio da economia, a evolução previsível da situação relativa dos grandes blocos económicos mundiais no futuro não parece favorável à Europa. No processo das transferências de riqueza e consequente redistribuição do poder em curso, tendo em vista a importância dos recursos estratégicos (combustíveis fósseis e minérios) na posição relativa dos Estados e a sua escassez na Europa, a riqueza do espaço europeu, portanto o seu poder relativo, tenderá a diminuir proporcionalmente mais do que qualquer dos restantes espaços. Na deriva do centro estratégico do mundo para o Oriente, os europeus serão aqueles que mais perderão, se continuarem a proceder como até agora no domínio da defesa.

General


 

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pedro

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« Responder #114 em: Março 03, 2008, 04:31:46 pm »
Eu nao sei olhe que os europeus sao tudo menos parvos.
Cumprimentos
 

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oultimoespiao

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« Responder #115 em: Março 04, 2008, 12:13:00 am »
Citação de: "André"
Irlanda reconhece a independência do Kosovo



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O ministro dos Negócios Estrangeiros da República da Irlanda, Dermot Ahern, anunciou hoje que o seu Governo reconheceu oficialmente a independência do Kosovo, mas lamentou a falta de acordo entre a Sérvia e o novo Estado.

«Lamentamos que anos de negociações não tenham gerado um acordo entre Belgrado e Pristina. A realidade é que o legado do conflito nos Balcãs impossibilitou a volta do domínio sérvio ao Kosovo, ao mesmo tempo em que prejudicou as perspectivas de conseguir um compromisso», disse Ahern hoje, em comunicado.

O chefe da diplomacia irlandesa sublinhou que, após nove anos sob a tutela da missão das Nações Unidas, a maioria da população kosovar queria a independência, um facto reconhecido por cerca de 20 países, entre eles os EUA e os principais da Europa.

O ministro também reconheceu que a auto-proclamada independência do Kosovo é «dolorosa e difícil de aceitar para a Sérvia», por isso afirmou que essa declaração não deve ser vista como uma «acção hostil».

Diário Digital / Lusa



Poucos povos teem sentido de justica como os Irlandeses, e tambem nao se preocupam sobre o que os outros pensam
 

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« Responder #116 em: Março 04, 2008, 10:21:41 am »
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I find it disturbing how ignorant Americans are of world politics. Kosovo independence is the bomb and for a reason. Creating an independent Kosovo on the territory of Serbia, an internationally recognized sovereign state, is contrary to international law and very likely to bring a whole deal of unrest in other parts of the world. They set an example for IRA, the Basques, Northern Cyprus, Iraq's Kurds and many other separatists who also want to declare independence and thus set the relative stability ablaze. Of course you're too far away to care, but as a European I am very concerned. If indeed we'll get a rise of separatist movements and thus instability and war here in Europe, I will blame “woo-hoo” people like you, who without any consideration reinforce actions that are illegal under international law.


http://worldfrontpage.com/kosovo_grenade
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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JuanL

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« Responder #117 em: Março 04, 2008, 12:32:44 pm »
Citação de: "oultimoespiao"
Poucos povos teem sentido de justica como os Irlandeses, e tambem nao se preocupam sobre o que os outros pensam


¿Sentido de justicia o simplemente verlo como un precedente para conseguir ellos la recuperación de Ultonia? :roll:
 

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« Responder #118 em: Março 04, 2008, 03:00:07 pm »
Ultonia= Irlanda do Norte :?:
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-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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« Responder #119 em: Março 04, 2008, 03:24:07 pm »
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Azerbaijan may use force in Karabakh after Kosovo

04 Mar 2008 15:05:09 GMT
Source: Reuters
By Lada Yevgrashina

BAKU, March 4 (Reuters) - Azerbaijan's president said on Tuesday his country was ready to take back breakaway Nagorno-Karabakh by force if need be and was buying military equipment and arms in preparation.

President Ilham Aliyev linked his comments to the newly-declared independence in Kosovo which he said had emboldened ethnic Armenian separatists in Nagorno-Karabakh.

Azerbaijan's parliament later voted to withdraw a 33-strong Azeri peacekeeping team that has been serving in Kosovo under NATO command since 1999.

Former Soviet Azerbaijan has been trying to restore control over Nagorno-Karabakh, where ethnic Armenian separatists threw off Azeri rule in the 1990s in a war that killed about 35,000 people.

"We have been buying military machinery, airplanes and ammunition to be ready to liberate the occupied territories, and we are ready to do this," Turan quoted Aliyev as saying.

He added the Nagorno-Karabakh conflict with neighbouring Armenia could be resolved only on the principle of Azerbaijan's territorial integrity.

The fragile peace between Azerbaijan and Armenia has held thanks to a ceasefire announced in May 1994 whan large-scale hostilities ended.

But as Aliyev spoke, local television channels reported that two Azeri soldiers died in an exchange of fire near Nagorno-Karabakh's border earlier on Tuesday. Armenia's defence ministry confirmed the deaths and accused the Azeri side of violating the ceasefire.

After mainly ethnic Albanian Kosovo declared independence from Serbia last month, Nagorno-Karabakh said this would help its own drive for international recognition.

"ILLEGAL" PRECEDENT

The United States, major European Union powers and Azerbaijan's close ally Turkey have all backed Kosovo's independence, but Baku views it as illegal.

"You see how norms of international law are violated in the world," Aliyev was quoted as saying.

"And this has a negative impact on the settlement of the (Nagorno-Karabakh) conflict. The force factor remains decisive, and we will achieve this (Nagorno-Karabakh's reintegration)."

An Azeri official acknowledged that the pull-out of peacekeepers had clear political overtones due "to the changed political situation" after Kosovo's independence.

Azerbaijan's economy, propelled by windfall revenues from booming Caspian Sea oil exports, has shown double-digit growth, and Aliyev said the nation's $1.3 billion military budget was set to expand further in the years to come.

Aliyev said he believed Azerbaijan's growing military could nudge talks towards a diplomatic breakthrough. "A time will come when the Armenians will agree to that (settlement)," he said. (Additional reporting by James Kilner in Yerevan) (Reporting by Lada Yevgrashina; Writing by Dmitry Solovyov; Editing by Richard Balmforth)


http://www.alertnet.org/thenews/newsdesk/L04662075.htm
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas