Missão militar portuguesa na RCA

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Lightning

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Re: Missão militar portuguesa na RCA
« Responder #166 em: Outubro 03, 2017, 03:26:18 pm »
http://nationalinterest.org/feature/how-america-can-act-fast-avert-genocide-the-central-african-22367

 "Portugal’s contingent of 150 special forces in MINUSCA shows that a small contingent can make a big difference saving lives on the ground, if the troops have the right skills and mindset."
 
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Re: Missão militar portuguesa na RCA
« Responder #167 em: Outubro 09, 2017, 09:14:07 pm »
Militares portugueses envolvidos em operação na República Centro-Africana
(9 de Outubro de 2017)
Citar
A missão da ONU na República Centro-Africana (Minusca), que incluiu militares portugueses, anunciou esta segunda-feira que foi efectuada uma missão militar de "grande envergadura" na região de Bocaranga, para expulsar um grupo armado do local.

As Nações Unidas estão no terreno com a Missão Integrada Multidimensional de Estabilização das Nações Unidas na República Centro-Africana (MINUSCA), com mais de 11.500 homens, entre os quais 160 portugueses, a maioria dos quais Comandos.

No sábado passado, a força realizou uma operação militar, que contou com a presença da 2.ª Força Nacional Destacada (FND) integrada na missão, com o objectivo de restabelecer a ordem e a segurança, assim como a protecção da população que reside na região de Bocaranga.

A operação destinou-se a expulsar do local o grupo armado 3R (Retorno, Reclamação e Reabilitação), entre outros elementos e grupos armados.

[continua]
Fonte: http://rr.sapo.pt/noticia/95317/militares_portugueses_envolvidos_em_operacao_na_republica_centro_africana

Cumprimentos,
:snip: :snip: :Tanque:
 
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alphaiate

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Re: Rangers, Comandos, Paras, etc
« Responder #168 em: Novembro 27, 2017, 11:29:28 am »
Gostaria de colocar uma dúvida,

consideram a galil armamento adequado para a missão na RCA? ou estou muito enganado ou a rotação do cano é 1/12', o que teoricamente limita a arma ao uso de m193, certo? Que tem uma transferência de energia ao impacto muito reduzida, quando comparada até com outras versões mais modernas do 5.56 nato. Não seria mais adequado aquele tipo de cenário a utilização da G3 como fizeram os comandos, com mais alcance útil, e muito superior transferência de energia do projéctil aquando do impacto? A utilização da galil não deixa as secções de atiradores demasiado dependentes do poder de fogo da mg3?

E em termos de viaturas? os comandos deixam para traz as suas viaturas para utilização pelos paras (incluindo os seus land rover Commando Assault Vehicle)? Se sim, com armamento orgânico às viaturas? Os paras tiveram contacto com as mesmas (por exemplo a mg4 é pouco comum)? Exploraram a sua doutrina operacional para utilização deste tipo de meios?
 
Ao ver as fotos foram coisas que me preocuparam...
« Última modificação: Novembro 27, 2017, 11:33:04 am por alphaiate »
 
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Crypter

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Re: Missão militar portuguesa na RCA
« Responder #169 em: Novembro 27, 2017, 09:25:51 pm »
Pessoalmente não posso falar pois nunca vi sequer uma Galil, quanto mais disparar com ela  ;D !

Mas aqui fica um excerto recente do The way of the Warriors

Citar
. Os Paraquedistas estão em vantagem sobre a maioria das outras Forças Especiais Portugueses pois, para além das Forças de Operações Especiais do Exército e da Marinha, são a única força que está equipada com uma espingarda de assalto.
A Galil em 5,56x45mm é uma arma antiga, no entanto ainda com bastante polivalência (especialmente as que já estão equipadas com rails da Brügger & Thomet),  mas que em tudo é superior ao uso da espingarda automática G3. Neste caso, os militares do 2º Batalhão de Paraquedistas conseguiram cada um transportar 9 carregadores ( 315 munições prontas para combate) o que se revelou fundamental para garantir um volume de fogos suficientes para dar resposta às ações de contacto que foram aparecendo ao longo da missão. Para além da evidente facilidade em transportar mais munições, também é muito mais fácil fazer fogo eficaz com esta arma, o que faz com que qualquer supressão do inimigo seja empregue com mais letalidade. Para além disso, se pensarmos que às distancias normais de combate moderno, a energia cinética da munição 5,56x45mm é tal que permite perfurar a maioria da blindagem individual, coisa que não acontece com o calibre 7,62x51mm que é mais lento e pesado e é apenas útil para grandes distancias (o que apenas acontece em confrontos em situações muito esporádicas e em teatros mais desérticos ou árticos), o uso do calibre 5,56x45mm é mais indicado para a maioria dos confrontos da actualidade.

A validade disto fica para quem já teve contacto com as duas soluções...
 
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alphaiate

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Re: Missão militar portuguesa na RCA
« Responder #170 em: Novembro 28, 2017, 11:04:19 am »
Pessoalmente não posso falar pois nunca vi sequer uma Galil, quanto mais disparar com ela  ;D !

Mas aqui fica um excerto recente do The way of the Warriors

Citar
. Os Paraquedistas estão em vantagem sobre a maioria das outras Forças Especiais Portugueses pois, para além das Forças de Operações Especiais do Exército e da Marinha, são a única força que está equipada com uma espingarda de assalto.
A Galil em 5,56x45mm é uma arma antiga, no entanto ainda com bastante polivalência (especialmente as que já estão equipadas com rails da Brügger & Thomet),  mas que em tudo é superior ao uso da espingarda automática G3. Neste caso, os militares do 2º Batalhão de Paraquedistas conseguiram cada um transportar 9 carregadores ( 315 munições prontas para combate) o que se revelou fundamental para garantir um volume de fogos suficientes para dar resposta às ações de contacto que foram aparecendo ao longo da missão. Para além da evidente facilidade em transportar mais munições, também é muito mais fácil fazer fogo eficaz com esta arma, o que faz com que qualquer supressão do inimigo seja empregue com mais letalidade. Para além disso, se pensarmos que às distancias normais de combate moderno, a energia cinética da munição 5,56x45mm é tal que permite perfurar a maioria da blindagem individual, coisa que não acontece com o calibre 7,62x51mm que é mais lento e pesado e é apenas útil para grandes distancias (o que apenas acontece em confrontos em situações muito esporádicas e em teatros mais desérticos ou árticos), o uso do calibre 5,56x45mm é mais indicado para a maioria dos confrontos da actualidade.

A validade disto fica para quem já teve contacto com as duas soluções...

Caro Crypter,

aqui o busilis é mesmo  a transferencia de energia cinética, a galil, está limitada a m193, por causa do seu cano, que é praticamente um .223 remingthon, com 55grãos, enquanto que as armas modernas (pós m16A2) com um estriado de 1/7, estão optimisadas para m885, com 63grãos.

Tive que recorrer à wikipédia mas perfil de "ferida de entrada" no m193:
https://en.wikipedia.org/wiki/File:M16_5.56x45mm_wound_ballistics.gif

se reparar penetra 10 cm antes de causar danos de monta...

já no m885 ss109 (o 5.56 "moderno", utilizado pós m16 a2, conhecido como "green tip"):
https://en.wikipedia.org/wiki/File:M16A2_M855_5.56X45mm_NATO_wound_ballistics.gif

ao fim de 5cm já começa a causar estragos consideráveis, com maior transferência de energia!

É que 5.56 nato não é todo igual.. e nesse aspecto estamos a falar de uma arma que está ao nível da m16 utilizada no vietnam, limitada a um uso eficaz de uma munição que embora do mesmo calibre das 5.56 modernas, tem um comportamento muito diferente, pensado mais para ferir ( nessa altura, e para um teatro de guerra contra os soviéticos, pretendia-se criar o caos logístico com feridos, que dão muito mais trabalho que mortos.) que para parar uma ameaça.

Quanto à ideia da penetração de blindagem, haverá versões do 5.56 que o façam, mas creio que essa noção nasceu do facto de quando a m885 foi desenvolvida ter como objectivo ser capaz de penetrar um capacete de aço sovietico a uma distancia de combate, sendo assim, mais efectiva em combate que a até ai utilizada m193 (a tal que o cano da galil está construído para usar). 

recomendo a leitura deste artigo simples que encontrei:

http://weaponsman.com/?p=7291
« Última modificação: Novembro 28, 2017, 11:13:03 am por alphaiate »
 

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Cabeça de Martelo

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Re: Rangers, Comandos, Paras, etc
« Responder #171 em: Novembro 28, 2017, 11:14:13 am »
Gostaria de colocar uma dúvida,

consideram a galil armamento adequado para a missão na RCA? ou estou muito enganado ou a rotação do cano é 1/12', o que teoricamente limita a arma ao uso de m193, certo?


Certo.

Citar
Que tem uma transferência de energia ao impacto muito reduzida, quando comparada até com outras versões mais modernas do 5.56 nato. Não seria mais adequado aquele tipo de cenário a utilização da G3 como fizeram os comandos, com mais alcance útil, e muito superior transferência de energia do projéctil aquando do impacto? A utilização da galil não deixa as secções de atiradores demasiado dependentes do poder de fogo da mg3?

Muito reduzida? Não gostava de estar do outro lado do cano, especialmente depois de ter visto o resultado do impacto de um projéctil disparado pelas Galils. As versões mais modernas que falas, foram feitas muitas das vezes para compensar o cano relativamente mais curto do que as espingardas-automáticas usadas na geração anterior (confronta o tamanho de uma M16, de uma Galil e de uma M4A1). É claro que essas munições têm vantagens e desvantagens em comparação com o que se usa nas Galil usadas pelos Páras Portugueses. Já agora, não esqueças que não há Galil com lança-granadas nos BIParas e que essa função é cumprida pelas G3 com a  HK-79.





Em relação à MG-3, para mim o que falta são as MG4 que os Comandos já têm e os Páras não.

Citar
E em termos de viaturas? os comandos deixam para traz as suas viaturas para utilização pelos paras (incluindo os seus land rover Commando Assault Vehicle)? Se sim, com armamento orgânico às viaturas? Os paras tiveram contacto com as mesmas (por exemplo a mg4 é pouco comum)? Exploraram a sua doutrina operacional para utilização deste tipo de meios?

Essas viaturas são do Exército Português e por exemplo a primeira unidade a usar os Humwee foram os Páras em Timor. De memória penso que os Land Rover têm uma metralhadora Browning 12,7mm e várias MG-4. Presumo que também dê para usar as MG-3, mas sinceramente não faço menor idéia.
 
« Última modificação: Novembro 28, 2017, 11:20:30 am por Cabeça de Martelo »
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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Re: Missão militar portuguesa na RCA
« Responder #172 em: Novembro 28, 2017, 11:20:44 am »
Antes de qualquer missão há sempre um longo periodo de aprontamento, de certeza que nesse tempo os Páras vão treinar com o equipamento que não é orgânico das unidades pára-quedistas, como os Land Rover e as MG-4 caso fiquem na RCA.
 
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alphaiate

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Re: Rangers, Comandos, Paras, etc
« Responder #173 em: Novembro 28, 2017, 01:38:36 pm »
Grande Cabeça de Martelo,

sempre atento! obrigado pela resposta, só tenho algo a apontar.

Citar
As versões mais modernas que falas, foram feitas muitas das vezes para compensar o cano relativamente mais curto do que as espingardas-automáticas usadas na geração anterior (confronta o tamanho de uma M16, de uma Galil e de uma M4A1). É claro que essas munições têm vantagens e desvantagens em comparação com o que se usa nas Galil usadas pelos Páras Portugueses. Já agora, não esqueças que não há Galil com lança-granadas nos BIParas e que essa função é cumprida pelas G3 com a  HK-79.

Esta versão foi desenvolvida originalmente para um cano de 20 polegadas, tal como a galil, que estava instalado na M16A2 (e posteriormente usado também na M16A4 dos Marines, também com 20 polegadas), que substitui a m16A1 que tinha a mesma rotação que o cano da galil, exactamente para dar mais energia ao projéctil, que se considerava anémico. Para canos mais curtos foi até desenvolvida uma outra versão (supostamente até utilizada no raid ao complexo do Bin Laden, com 77 grãos de projectil conhecidas como "brown tip", compensando a menor estabilização do projectil com mais peso), embora sim, tem razão no sentido em que a m885 continua a ser o padrão usado nas armas de menor tamanho de cano (m4a1, etc).

No entanto mantenho o que disse... sim faz estrago, mas faz estrago o suficiente? A energia transferida é muito menor. Imagine o seguinte cenário, um individuo, completamente drogado e doutrinado para acreditar que a sua arma não lhe faz estrago corre em direcção a um militar. Com a energia transferida (o m193 privilegia a penetração) pela munição da galil (nem quero imaginar que vão usar green tips na galil...) o individuo será atingido múltiplas vezes antes de cair morto no chão, uma vez que a maioria dos tiros o vão atravessar antes de expandirem. Com m885 essa expansão da-se mais cedo, é mais pesado, vai ter mais impacto. Com 7.62 Nato, provavelmente ao primeiro tiro para de correr, mesmo que não o mate, a energia transferida é tanta que é como atingir uma parede. Neste tipo de cenários, como na RCA, importa parar rapidamente o atacante que corre em direcção a si.

Mas sou um leigo, neste aspecto apenas sei o que a matemática e a física nos dizem.

Quanto à g3 com o hk79, será o quê? um por secção de atiradores? assim como uma mg3?

Gostava, isso sim, de não ver a nossa rapaziada armada com equipamento que é praticamente obsoleto!

Peço desculpa insistir nisto, mas é algo que me preocupa.


 

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Cabeça de Martelo

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Re: Missão militar portuguesa na RCA
« Responder #174 em: Novembro 28, 2017, 02:46:51 pm »
Tática Paraquedista
A Metralhadora Ligeira

TEN PÁRA GONÇALO SANTOS

Hiram S. Maxim foi um dos pioneiros na conceção de metralhadoras, tendo desenvolvido a sua arma no período de 1883 a 1885, a qual apenas necessitava da ação continua do dedo do atirador no gatilho para que disparasse os projéteis, a uma grande cadência e continuamente.
Pese embora estas armas tenham sido usadas em combate anteriormente, foi efetivamente na I Grande Guerra que o seu emprego de forma sistemática provou a sua eficácia e superioridade relativamente a outras armas de fogo da altura. As metralhadoras provocavam um elevado número de baixas, especialmente às forças de infantaria, sendo que algumas ainda usavam a técnica do assalto napoleónico, privilegiando o princípio da massa. A ação das metralhadoras nesta guerra de trincheiras, defensiva e estática, revelou-se fundamental, pois eram estas que não permitiam o assalto das forças inimigas às posições entrincheiradas.

As forças portuguesas que participaram na I Grande Guerra, integradas no Corpo Expedicionário Português, estavam equipadas com a metralhadora Lewis 7,7 mm m/917.
Durante a II Grande Guerra as metralhadoras, agora mais desenvolvidas, com maior capacidade de fogo, mais leves e mais versáteis, continuaram a ser usadas de forma sistemática, mas desta vez não só pelas forças de infantaria, como por outras forças terrestres, pela aviação e pela marinha de guerra, para operações defensivas e ofensivas. Nesta guerra, dos vários modelos de metralhadoras usadas, destacaram-se as MG34 e a já nossa conhecida MG42 ambas de fabrico alemão.

Durante a Guerra do Ultramar, a metralhadora ligeira utilizada inicialmente pelas forças portuguesas, foi a Dreyse m/938, conhecida como MG13, contudo em 1962 esta arma foi substituída pela metralhadora ligeira MG42/59. Atualmente a metralhadora continua a equipar todos os exércitos modernos e em especial as forças de infantaria, constituindo para os baixos escalões, uma das suas principais armas ao dispor do respetivo comandante.

Efetivamente as metralhadoras ligeiras têm vantagens claras relativamente às espingardas automáticas que equipam os atiradores, desde logo a sua maior cadência de tiro e alcance permite ter um efeito mais eficaz, em ações ofensivas e defensivas; no entanto alguns dos aspetos negativos das metralhadoras, têm a ver as características da arma, nomeadamente o seu peso, (quer da própria arma quer das munições que terá que ter ao dispor para a sua rentabilização em combate), e o facto de, normalmente, ser uma arma coletiva, exigindo mais do que um militar para que se possa rentabilizar ao máximo a sua potencialidade. Estes aspetos negativos das metralhadoras podem não ser significativos para forças que combatam montadas, mas é para forças que combatam apeadas e particularmente para forças que atuam ou podem atuar de forma isolada, a baixos escalões (Pelotão e Secção).

Assim, as forças de infantaria ligeira, se por um lado não podem abdicar das enormes vantagens que as metralhadoras oferecem aos baixos escalões, nomeadamente o seu poder de fogo e alcance, terão que equilibrar a sua existência com a natureza da sua missão e das condições em que combatem, ou seja, terão que ter o potencial suficiente para vencer, que as metralhadoras proporcionam, mas com o tipo de arma adequada, sob pena de estas constituírem um obstáculo à manobra da força, ou de não ser possível rentabilizá-la em combate.

As Secções de Paraquedistas, dos Pelotões das Companhias dos Batalhões Paraquedistas, sendo uma força de infantaria ligeira, que combate apeada, podendo atuar de forma isolada, que combate com o que transporta, e constituída apenas por oito militares, têm efetivamente que possuir metralhadoras para que possa dispor de potencial de combate capaz de vencer, mas não pode despender quatro militares para operar apenas duas armas, empenhando 50% do seu efetivo.

De acordo com os Quadro Orgânico do Batalhão de Infantaria Paraquedista, nº 24.0.21 de 03 de dezembro de 2009 do 1ºBIPara e nº 24.0.22 de 03 de dezembro de 2009 do 2BIPara, as Secções de Paraquedistas são constituídas por oito militares, sendo o seu comandante 01 Sargento, acumulando com o comando de uma Equipa ou Esquadra.



A Secção de Paraquedistas contempla dois apontadores de metralhadora ligeira, metralhadora esta, que deve ser individual, atribuídas uma a cada Equipa ou Esquadra, o que aumenta substancialmente o seu potencial de combate e substancialmente o seu poder de fogo, permitindo assim que a unidade tenha a sua capacidade para executar o fogo e movimento, e de empenhar o inimigo a maiores distâncias devido ao seu maior alcance.

É importante sublinhar que as metralhadoras das Secções de Paraquedistas devem ser individuais, o que permite que para o seu manejo e rentabilização máxima, apenas necessite de um elemento da Secção e que tenha o mesmo calibre das restantes espingardas automáticas existentes na Secção, este ultimo aspeto, fundamentalmente por razões logísticas e flexibilidade na redistribuição de munições.

As missões das forças Paraquedistas, podem genericamente enunciar-se como missões executadas de forma isolada, normalmente recorrendo ao assalto aéreo através de salto tático em paraquedas ou por aterragem de assalto, em todo o tipo de conflito, qualquer tipo de terreno e condições meteorológicas, missões apeadas e/ou montadas de alta agressividade, contra forças blindadas, mecanizadas ou apeadas, missões que exijam a conquista e posse do terreno importante e pontos sensíveis, golpes-demão a Postos de Comando, Bases de Fogos e outros objetivos importantes, ou missões de combate aoterrorismo e outras ameaças assimétricas. As Secções de Paraquedistas devem estar preparadas para estas missões, o que significa que devem estar formadas, treinadas, equipadas e armadas para as executarem com sucesso, pelo que, além do processo formativo, processo de treino e equipamento, a escolha do armamento deve ser criterioso, especialmente para a Secção de Paraquedistas, sendo a unidade mínima de emprego de forma isolada e sendo a metralhadora a sua arma principal, a sua escolha reveste-se de grande importância pois irá influenciar a capacidade para executar as missões atribuídas. A definição dos critérios técnicos e operacionais para a escolha da metralhadora para a Secção de Paraquedistas deve ter em conta a natureza das missões e as condições em que são executadas pelas Secções.

De uma forma geral, entende-se que as metralhadoras para a Secção de Paraquedistas devem ser individuais (permite a rentabilização máxima quando operada por apenas um paraquedista, incluindo o municiamento e alimentação); que a falha de disparo possa ser resolvida de forma fácil e rápida; que a sua montagem e desmontagem seja simples e com o mínimo possível de peças separáveis; que seja de manutenção fácil; que tenha dimensões reduzidas para permitir a transposição de obstáculos e movimentação em terreno restritivo, sem comprometer a capacidade de fogo, alcance e precisão; que seja leve; que tenha um sistema de alimentação fiável e longo na autonomia e que possa ser facilmente transportada durante o lançamento pelo Paraquedista.

Entende-se também que tecnicamente a metralhadora para a secção de Paraquedistas deve ter um calibre 5,56x45 NATO; o seu peso não deve exceder os 8,5Kg; deverá ter um comprimento máximo de 1050mm, a sua cadência de tiro deverá ser no mínimo de 700 tiros por minuto, alimentada por fita e com capacidade para acoplar as caixas que contêm as fitas; ter possibilidade de efetuar tiro automático e tiro controlado selecionável pelo apontador e ter a capacidade para acoplar diferentes acessórios e aparelhos de pontaria através das calhas picatinny.

Alguns exemplos de metralhadoras ligeiras usadas pelas de Secções de Paraquedistas de Exércitos de outros países e respetivos dados técnicos.

http://www.exercito.pt/sites/ETP/Documents/BV/pdf_243_site.pdf 
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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« Responder #176 em: Novembro 28, 2017, 03:24:53 pm »
Cabeça de Martelo... sem zangar pá :P
 

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Re: Missão militar portuguesa na RCA
« Responder #177 em: Novembro 28, 2017, 04:11:01 pm »
Cabeça de Martelo... sem zangar pá :P

As zangas são para as minhas Marias... eu sou mais paz e amor. :G-beer2:

Agora a sério, limitei-me a colocar um texto e um link que fala directamente sobre as questões por ti colocadas. Agora cabe a cada um chegar à "luz". Eu vou esperar calmamente para ver se as MG-4 vão ser ou não usadas pelas secções Para-quedistas, se as mesmas vão ser usadas nas viaturas, etc. Penso que o tempo em que as MG-4 ou semelhantes fossem adquiridas e entregues a quem de direito já passou à muito. Também penso que as 10000 armas que o Exército diz que vão ser adquiridas já é coisa para ontem, não para amanhã, mas estou a ver o programa a estender-se demasiado para o meu gosto.
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Re: Missão militar portuguesa na RCA
« Responder #178 em: Novembro 28, 2017, 04:18:42 pm »
Cabeça de Martelo... sem zangar pá :P

As zangas são para as minhas Marias... eu sou mais paz e amor. :G-beer2:

Agora a sério, limitei-me a colocar um texto e um link que fala directamente sobre as questões por ti colocadas. Agora cabe a cada um chegar à "luz". Eu vou esperar calmamente para ver se as MG-4 vão ser ou não usadas pelas secções Para-quedistas, se as mesmas vão ser usadas nas viaturas, etc. Penso que o tempo em que as MG-4 ou semelhantes fossem adquiridas e entregues a quem de direito já passou à muito. Também penso que as 10000 armas que o Exército diz que vão ser adquiridas já é coisa para ontem, não para amanhã, mas estou a ver o programa a estender-se demasiado para o meu gosto.

No que toca às mg4 estamos os dois na mesma expectativa. Mas não mudei de opinião quanto à galil, continua a ser mais ao mesmo um .223 remington... muito anémico para aquele teatro, quando qualquer g36 ou m4 e afins dispara m885. A realidade é que me custa esta história de não termos o necessário para que a nossa rapaziada vá e volte com as melhores hipóteses de sucesso. Não necessitamos de rolls royce, mas se for um clio que seja com menos de 10 anos, com um motor mais moderno que o renault 5 que estão a mandar...

um forte abraço
 

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Re: Missão militar portuguesa na RCA
« Responder #179 em: Novembro 29, 2017, 12:46:15 pm »
Eu penso que anémico é um pouco excessivo, especialmente quando eles vão para um país onde os confrontos são abaixo dos 300 metros como a RCA. O único Comando ferido em combate foi a curta distância (menos de 10 metros), aquilo é um país de florestas.
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