Faleceu António Champalimaud

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Ricardo Nunes

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Faleceu António Champalimaud
« em: Maio 09, 2004, 12:18:14 pm »
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Morreu Champalimaud
Com 86 anos, morreu o homem mais rico de Portugal: o empresário António de Sommer Champalimaud.  

08:55
09 de Maio 04    

   
  O industrial e banqueiro António Champalimaud, faleceu este sábado à noite. Ele era considerado um dos últimos grandes capitães da Indústria e deixando uma fortuna avaliada em mais de 1,2 mil milhões de euros.

António de Sommer Champalimaud nasceu em Lisboa a 18 de Março de 1918 e conseguiu construir um império empresarial que lhe rendeu a alcunha de Rockfeller português e lhe permitiu ser o homem mais rico de Portugal, no final dos anos 90.

Em 2003, foi um dos três portugueses que fez parte da lista de multimilionários da revista americana Forbes.

Aos 19 anos, com a morte do pai, escolhe abandonar os estudos em Físico Química da Faculdade de Ciências e inicia a sua vida empresarial.

Aos 24 anos torna-se administrador da Cimentos de Leiria e, assim, dá início à construção do império de cimentos que ia desde Portugal a Angola e Moçambique.

Em 1952 expande o seu negócio à indústria siderúrgica e, já casado com Maria Cristina de Mello, de quem teve sete filhos, entra no grupo CUF, chegando a ser proprietário da Siderurgia Nacional.

Em menos de 16 anos, o industrial conhecido por gostar de se levantar cedo, conseguiu salvar da bancarrota as empresas que herdou e destacar-se na actividade industrial em Portugal.

Com o 25 de Abril de 1974, Champalimaud fugiu para o Brasil, onde relançou os negócios que tinham sido nacionalizados em Portugal.

Regressa a Portugal no início dos anos 90 e compra, nas privatizações, em 1992, a Mundial Confiança por 20 milhões de contos.

Em 1994, António Champalimaud compra 80 por cento do Banco Pinto e Sotto Mayor (BPSM), bem como o Banco Totta & Açores (BTA) e o Crédito Predial Português (CPP).

Nesse mesmo ano, recebe do governo português 10 milhões de contos para levantar as acções que tinha contra o Estado português e passa a ser visto por muitos como o industrial que passou a banqueiro e que preferia investir os lucros nas suas empresas em vez de os distribuir em dividendos.
 


Que descanse em paz.
Ricardo Nunes
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JQT

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« Responder #1 em: Maio 12, 2004, 12:13:11 am »
Só que não foi apenas o «homem mais rico de Portugal»; foi talvez o empresário que mais enriqueceu Portugal e as ex-colónias. E só não desenvolveu e enriqueceu mais porque não o deixaram, antes e depois do 25 de Abril.

JQT
 

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Ricardo Nunes

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« Responder #2 em: Maio 12, 2004, 09:40:04 pm »
Acabou de ser anunciado que 400 milhões de € (  :shock:  ) foram deixados por António Champalimaud para fins de investigação médica, com Leonor Beleza à frente da organização.
Notável.
Ricardo Nunes
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komet

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« Responder #3 em: Maio 12, 2004, 09:57:11 pm »
Assim houvesse mais portugueses  :o

Que sua alma descanse em paz.
"History is always written by who wins the war..."
 

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JNSA

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« Responder #4 em: Maio 12, 2004, 10:10:21 pm »
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Só que não foi apenas o «homem mais rico de Portugal»; foi talvez o empresário que mais enriqueceu Portugal e as ex-colónias. E só não desenvolveu e enriqueceu mais porque não o deixaram, antes e depois do 25 de Abril.


JQT, o próprio biógrafo oficial do Sr. Champaliamaud admitiu que fortunas como a do Belmiro Azevedo ou Jerónimo Martins, apesar de mais pequenas, são muito mais úteis para o país por duas razões muito simples - criam riqueza e postos de emprego em Portugal.

A fortuna Champalimaud consistia sobretudo em activos financeiros, o que, convenhamos, não cria muitos empregos... :?
 

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Ricardo Nunes

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« Responder #5 em: Maio 12, 2004, 10:23:19 pm »
João, a situação não é assim tão simples. Devo confessar que tenho familiares próximos que foram colegas e relativos amigos de Champalimaud.

Em termos económicos penso que encaras mal a situação. O  grupo António Champalimaud sempre empregou milhares de pessoas. O grupo Mundial Confiança e as cimenteiras empregaram um sem-número de indivíduos, como sabes.
Champalimaud foi especialmente importante para Portugal pois representa o início da indústria pesada nacional ( conseguiu convencer Oliveira de António Salazar a construir a Siderugia nacional em Paio Pires, até hoje a única indústria pesada nacional ) e a dinamização da banca portuguesa. Foi o fornecedor dominante de aço da peninsula ibérica durante anos.
A banca portuguesa entrou na sua era de modernidade com a aquisação por parte de Champalimaud do banco Sotto Mayor ( caso engraçado - comprou o banco a custo 0 ).

Se bem que hoje em dia a SONAE é sem dúvida o grupo nacional mais importante e com maior relevo, a importãncia de Champalimaud foi essencial e fulcral para o país. Para todos os efeitos a maior cimenteira do mundo, as 3 maiores propriedades do Brasil e o maior accionista do grupo Santander ( já lá vamos ) estavam em mãos portugueses.


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Quanto a enriquecer Portugal, basta ver quando ele vendeu o Totta aos espanhóis...


Devo-te dizer que a título pessoal foi um excelente negócio e eu próprio ( após as nacionalizações do 25 abril ) faria provavelmente o mesmo. Afinal de contas o grupo era dele.  Contudo reconheço que a nível nacional, a venda desse banco aos Espanhois favoreceu a sua implementação em Portugal.
Contudo, e algo que é frequentemente esquecido, António Champalimaud ficou a ser o maior accionista individual de todo o grupo santader ( !!! ) com 2.8%. Pode parecer irrisório, mas não o é. O indivíduo com maior poder dentro do próprio grupo espanhol era um português.

No nosso tempo ( falo de 2003/2004 ) não haja dúvida que a SONAE era o grupo mais importante e dominante ( aliás, o grupo champalimaud resumia-se à produção agricula e de gado, e às cimenteiras ), contudo se tivesse de eleger o industrial português do séc. XX, esse seria sem dúvida António de Champalimaud.
Foi ele que dinamizou e catalizou o desenvolvimento económico nacional e para todos os efeitos representou o primeiro grande grupo privado português com expressão a nível internacional.
Ricardo Nunes
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JQT

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« Responder #6 em: Maio 12, 2004, 10:54:53 pm »
Em 2004, a maioria da actividade não é de indústria. Em 1974 era. No princípio dos anos 60 tentou também construir uma fábrica de automóveis, com marca própria, mas o governo da altura não cooperou. Também em África tinha indústria.

Quanto a ser a única indústria pesada, não é bem assim. Temos os vários estaleiros navais, a começar pela Lisnave e Setenave, tivémos a Mague, a Sorefame...

JQT
 

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« Responder #7 em: Maio 12, 2004, 11:01:06 pm »
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Quanto a ser a única indústria pesada, não é bem assim. Temos os vários estaleiros navais, a começar pela Lisnave e Setenave, tivémos a Mague, a Sorefame...


Expressei-me incorrectamente. Aquilo que quis dar a entender foi que a Siderugia nacional foi a primeira indústria pesada de grandes dimensões a nível privado.

Desculpas pelo mal entendido.  :oops:
Ricardo Nunes
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JNSA

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« Responder #8 em: Maio 12, 2004, 11:10:25 pm »
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Devo-te dizer que a título pessoal foi um excelente negócio e eu próprio ( após as nacionalizações do 25 abril ) faria provavelmente o mesmo. Afinal de contas o grupo era dele. Contudo reconheço que a nível nacional, a venda desse banco aos Espanhois favoreceu a sua implementação em Portugal.
Contudo, e algo que é frequentemente esquecido, António Champalimaud ficou a ser o maior accionista individual de todo o grupo santader ( !!! ) com 2.8%. Pode parecer irrisório, mas não o é. O indivíduo com maior poder dentro do próprio grupo espanhol era um português.


Ricardo, eu concordo contigo - foi um óptimo negócio, e eu talvez também o tivesse feito; mas não se pode é dizer que isto é enriquecer o país... Não vamos transformar uma pessoa que procurou (legitimamente) enriquecer, numa pessoa que foi um "salvador da pátria" (embora deva dizer que fiquei surpreendido com a doação de parte considerável da sua fortuna para investigação médica - justiça lhe seja feita... )
 

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Siderurgia Nacional
« Responder #9 em: Maio 12, 2004, 11:27:31 pm »
Ricardo Nunes: desculpe corrigi-lo de novo, mas antes da siderurgia já existia a CUF, os ENVC e a Sorefame.

Cumpts,

JQT
 

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Ricardo Nunes

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Re: Siderurgia Nacional
« Responder #10 em: Maio 13, 2004, 06:24:17 am »
Citação de: "JQT"
Ricardo Nunes: desculpe corrigi-lo de novo, mas antes da siderurgia já existia a CUF, os ENVC e a Sorefame.

Cumpts,

JQT


Ah, aqui já diferimos sobre a definição de empresa "portuguesa, dimensões grandes e privada". Mas claro, isto é do foro pessoal de cada um.

1 grande abraço,
Ricardo Nunes
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JQT

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Re:
« Responder #11 em: Maio 13, 2004, 06:51:57 pm »
RN: Ok, esqueci-me de especificar que a CUF, os ENVC e a Sorefame eram simultâneamente privadas, de indústria pesada e apareceram antes da Siderurgia Nacional.

 :wink:

JQT