Crise Financeira Mundial

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Cabeça de Martelo

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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #300 em: Junho 12, 2015, 05:24:28 pm »
Afinal, há um plano B. Bruxelas prepara-se para incumprimento na dívida grega
Há 2 horas

Impasse nas negociações faz com que Bruxelas admita que, daqui para a frente, há três cenários possíveis. Um deles passa por planear o que será feito se a Grécia falhar com um pagamento de dívida.

 :arrow: http://observador.pt/2015/06/12/afinal- ... ida-grega/
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Cabeça de Martelo

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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #301 em: Junho 17, 2015, 12:23:18 pm »
Banco da Grego avisa: sem acordo Atenas sai do euro

Banco central sublinha que um acordo é um "imperativo histórico que a Grécia não se pode dar ao luxo de ignorar"

O aviso é do Banco central grego, num comunicado publicado no seu site da internet: se Atenas não chegar a acordo com os credores, entre em incumprimento, sai do euro e também da União Europeia.
“Um falhanço no acordo vai marcar o início de um penoso caminho que irá levar, primeiro, ao incumprimento da Grécia e em última análise à saída do país da zona euro e muito provavelmente da união Europeia”.

http://www.tvi24.iol.pt/economia/intern ... ium=social
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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #302 em: Junho 17, 2015, 12:45:26 pm »
Já se está mesmo a ver que vão deixar cair a Grécia.
 

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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #303 em: Junho 25, 2015, 05:53:04 pm »
Nobel arrasa credores. Querem um final "desastroso" para a crise grega?

Inserido em 25-06-2015 16:30


O que "estão a fazer", "estão a gozar connosco?". A atitude dos credores motiva palavras duras de Paul Krugman.


O Nobel da Economia Paul Krugman afirmou esta quinta-feira que se a Grécia sair do euro será porque os credores, pelo menos o FMI, pretendem que assim seja.

Num artigo de opinião publicado no "New York Times", intitulado "A quebrar a Grécia", Paul Krugman diz que não queria entrar no "teatro de batalha" entre Atenas e os credores, mas que perante as negociações em Bruxelas considerou que "devia dizer algo".

"O que é que os credores, em especial o Fundo Monetário Internacional (FMI), pensam que estão a fazer?", interroga o economista, iniciando assim um artigo muito duro para com a postura dos credores internacionais da Grécia. A reunião do Eurogrupo desta quinta-feira voltou a terminar sem acordo.

Para Krugman, as negociações deviam centrar-se em metas de excedente primário e num alívio da dívida, de modo a evitar "futuras crises sem fim" do país. O Nobel critica que os credores tenham rejeitado várias das propostas gregas.

"O Governo grego tinha concordado com essas metas, de facto muito elevadas, tendo em conta que teriam um enorme excedente orçamental primário se a economia não estivesse tão deprimida. Mas os credores continuam a rejeitar as propostas gregas, considerando que se baseiam demasiado em impostos e não o suficiente no corte da despesa. Continuamos, assim, a ditar política interna", afirma Paul Krugman.

"Estão a gozar connosco?"
O Nobel da Economia critica ainda a justificação dada pelas instituições internacionais – Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e FMI – para a oposição ao aumento de impostos, que é o impacto que essas medidas terão na economia.

"Estão a gozar connosco? As pessoas que falharam redondamente em ver os impactos negativos que a austeridade teve estão agora a ensinar-nos sobre crescimento?", questiona.

Considerando que o FMI tem criticado a "impossibilidade de lidar com o Syriza", partido do Governo grego, Paul Krugman deixa ainda um conselho: "Já não estamos no liceu", critica.

"Neste momento, são os credores, muito mais do que os gregos, que estão a encolher os postes da baliza. O que é que está a acontecer? O objectivo é partir o Syriza? É forçar a Grécia para um incumprimento presumivelmente desastroso?", questiona o economista.

Para Paul Krugman, este é o momento para deixar de falar de um "acidente grego" ("Graccident"), porque, defende, "se a Grécia sair do euro [Grexit], será porque os credores, pelo menos o FMI, querem que isso aconteça".
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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #304 em: Junho 27, 2015, 04:49:52 pm »
Proposta grega rejeitada. Eurogrupo seguirá sem a Grécia

27-06-2015 16:01Atenas queria prolongar o programa de assistência por mais um mês. [em actualização]

Os ministros das Finanças da zona euro rejeitaram a proposta grega para prolongar o programa de assistência por mais um mês, avança o Wall Street Journal.
Entretanto, a ZDF avança que a reunião vai continuar, após uma conferência de imprensa, mas já sem o ministro grego.

O programa de ajuda à Grécia termina a 30 de Junho. O Governo grego quer realizar um referendo sobre esta questão a 5 de Julho.

http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.as ... did=191807
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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #305 em: Junho 27, 2015, 05:34:59 pm »
Referendo na Grécia. Syriza apela aos gregos para votarem ‘não’ ao acordo

O Syriza vai apelar ao povo grego para que vote "não" no referendo de 05 de julho, sobre se deve, ou não, ser aceite o acordo com os credores internacionais, disse à Lusa fonte oficial do partido.

"O Syriza vai apelar ao voto não no referendo" e "estamos seguros que o povo grego vai tornar claro que não aceitará ultimatos da 'troika', mas em qualquer circunstância, seja qual for a decisão do povo grego, vamos respeitá-la e queremos sublinhar que a Europa é a nossa casa comum e que a Grécia sempre será parte da Europa", disse uma deputada do partido do Governo helénico.

De acordo com a mesma fonte, "no dia 25 de janeiro a vontade do povo foi rejeitar o memorando da 'troika'".

"É por isso que perguntamos agora ao povo no referendo [de 05 de julho] se querem aceitar este acordo muito duro, que é contra o mandato que obtivemos no dia 25 de janeiro, ou se querem responder de uma forma democrática", disse.

O parlamento grego tem uma sessão extraordinária a partir das 12:00 (10: em Lisboa) de sábado "para discutir e pedir à aprovação desta proposta de referendo", revelou a mesma fonte.

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, anunciou esta noite a convocação de um referendo sobre se deve, ou não, ser aceite o acordo com os credores internacionais, segundo a televisão Skai TV, que cita fontes próximas do executivo.

A decisão surge depois de já esta noite o núcleo duro do executivo ter estado reunido depois de mais um dia de impasse nas negociações com os credores.

Para sábado, em Bruxelas está prevista mais uma reunião do Eurogrupo para as 14:00 (13:00 de Lisboa).

Este novo encontro dos ministros das Finanças da zona euro - o quarto na mesma semana e o quinto em dez dias - tem como objetivo chegar a um acordo com a Grécia quanto às medidas a adotar pelo país e acontece a três dias do final do prazo para Atenas pagar cerca de 1,6 mil milhões de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

Segundo fontes diplomáticas, se houver acordo e se o parlamento grego passar as medidas no domingo ou na segunda-feira, serão desbloqueados imediatamente para a Grécia 1.800 milhões de euros de lucros que o Banco Central Europeu (BCE) fez com a dívida pública helénica, a tempo de Atenas pagar o dinheiro devido ao FMI, cujo prazo termina a 30 de junho, na terça-feira.

A proposta dos credores passa ainda por mais financiamento até novembro, mês até ao qual deverá ser estendido o atual programa de resgate.

No total, poderão ir para os cofres helénicos 15,5 mil milhões de euros nos próximos cinco meses, para fazer face às obrigações financeiras para com o FMI e o BCE, mas sendo a libertação desse dinheiro - que irá ser feita por 'tranches' - sempre condicionada à execução das medidas eventualmente acordadas.

Lusa/SOL
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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #306 em: Junho 28, 2015, 04:43:34 pm »
http://expresso.sapo.pt/economia/2015-06-14-Grecia.-Proposta-da-Comissao-para-trocar-cortes-nas-pensoes-pela-Defesa-rejeitada-pelo-FMI-
Citar
O Fundo Monetário Internacional (FMI) rejeitou uma proposta, que tinha luz verde da Comissão Europeia, para - em troca dos cortes nas pensões mais baixas no valor de 400 milhões de euros que os credores queriam aplicar - cortar o equivalente no orçamento da Defesa da Grécia. A notícia é avançada este domingo pelo jornal diário alemão "Frankfurter Allgemeine Zeitung".

Citando fontes envolvidas nas negociações entre a Grécia e os credores, o diário revela que a proposta teve o aval do presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker e da chanceler alemã Angela Merkel.  
De facto, num orçamento de defesa grego com 6,540,000,000 USD à pouca margem de corte seja para 400 milhões ou mais ainda...  :roll:
Citar
http://www.globalfirepower.com/country-military-strength-detail.asp?country_id=greece

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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #307 em: Junho 28, 2015, 06:24:07 pm »
A Grécia TERÁ FORÇOSAMENTE de ser "castigada" pelos "powers that be" , de modo a servir de EXEMPLO para "provar" aos restantes povos/eleitores da UE que "nao há alternativa à austeridade"

Tudo será feito para destruir a Grécia de modo a atingir esse objectivo.
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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Camuflage

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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #308 em: Junho 29, 2015, 01:00:04 am »
É tudo muito bonito criticar-se e procurar-se perseguir a Alemanha ou os credores, o que é certo é que ninguém olhou bem para a região. Já alguém procurou saber quais são os salários dos países da UE mais próximos da Grécia? Já alguém se questionou o que produz a Grécia e o que andou a fazer desde 1982?
Alguma vez a bolha em que se meteram iria rebentar, ninguém é obrigado a emprestar-lhes $, quando se pede $ a uma instituição existem condições que podem ser negociadas até determinado ponto, se não aceitam as condições, têm que aceitar as consequências e deixarem-se de fitas, o default é uma opção que podem tomar.
 
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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #309 em: Junho 29, 2015, 10:48:19 am »
E porque estamos na área da economia e a propósito também de Alemanha partilho uma experiência pessoal: À dez anos atrás comprei um Carro Alemão, e à cerca de 2 meses avariou-se algo simples como o elevador do vidro do lado direito. Espanto, apesar de ter apenas os cabos partido (o motor continuava a funcionar), a marca, tanto a representante portuguesa como alemã não encontrava a peça em lado nenhum. Não existia em armazém, não se localiza em lado nenhum mesmo em segunda mão e nos salvados, tem de se fabricar, previsão só para Outubro, etc. Depois de N telefonemas e reclamações escritas e via email, quer para Portugal mas também directamente para a Fábrica na Alemanha, sempre com a mesma resposta, resolvi eu o problema em dez minutos achei a peça, mandei vir e o mecânico montou em 3 horas (peças iguais aquela encontrei pelo menos umas dez, preços à escolha do freguês e mais uns 20 kits de reparações de cabos que ninguém, quer da fábrica alemã como da portuguesa se deu ao trabalho de me informar existirem). Milagrosamente quando desisti da encomenda já tinham localizado a peça na Bélgica mas ainda não sabiam quando a mesma chegaria a Portugal.  Portanto quatro semanas de carro parado (porque por azar avariou-se no mês da inspecção e não passava sem o elevador operacional) deram-me neste caso o direito de pessoalmente criticar os alemães ( e os portugueses já que estes últimos  para vender carros submetem-se às regras alemãs sem pestanejar de apenas poderem procurar directamente peças na península ibérica e "conversar" com a marca através de Espanha), além de me dar também o direito de reclamar e lhes encher a caixa postal com emails de reclamação, porque o carro é meu e paguei-o até ao ultimo cêntimo e nem tão pouco foi a primeira vez (os cabos das portas é outro castigo, além de um cliente que esteve 4 meses à espera também nunca há, apesar de qualquer particular que saiba procurar encontre às dezenas). Nem a Marca, nem os portugueses, nem os alemães me pagaram algo sobre os incómodos causados. Se tratam agora assim os clientes que lhes compram carros, usam os serviços e sempre lhes pagaram não lhes devendo nada, numa industria automóvel que é um dos pináculos da economia alemã (à dez anos além da qualidade não existiam registos de nada assim, agora são resmas)...  :roll:

Cumprimentos

P.S. E carros alemães nunca mais (dos vários de outras marcas que tenho e tive nunca esperei mais de 15 dias por algo).  O que é pena pois realmente mecanicamente são bons, pena que depois tudo o resto seja uma trampa pegada, desde a assistência à reposição de stock, já para não falar na "simpatia" alemã e na eficácia de levar um mês a localizar uma peça que mesmo assim não sabiam quando entregariam, a qual levei 10 minutos e numa semana estava no pais. Até porque as garantias que me deram na altura da compra, sobre peças, assistência, modelo, etc, nem uma única se revelou verdadeira (só o preço foi igual ao contratualizado, sem uma única virgula e ainda me queriam cobrar o juro até ao final do contrato quando tentei pagar o carro todo um ano depois, segundo consta devido a uma "omissão de contrato").   :roll:
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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #310 em: Junho 29, 2015, 02:22:27 pm »
Essas questões são por demais conhecidas, então a Mercedes...

Mas qualquer empresa da área é igual.
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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #311 em: Junho 29, 2015, 03:17:07 pm »
Citação de: "Cabeça de Martelo"
Essas questões são por demais conhecidas, então a Mercedes...

Mas qualquer empresa da área é igual.
Foi como eu disse, no mínimo 15 dias e numa serie de marcas (italianas, francesas, coreanas, japonesas, etc), mas o record de 4 semanas para arranjar uma peça e mesmo assim não saber quando a vão entregar é honrosamente alemã (já para não falar do prazo de 4 meses para a fabricar e no preço)...  :wink:

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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #312 em: Junho 29, 2015, 03:41:52 pm »
Faz como eu que já não compro nada que seja alemão.
Compro italiano, japonês, austríaco e um telemóvel espanhol.

Temos sempre alternativa. Podemos é não ter dinheiro...  :mrgreen:
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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #313 em: Junho 29, 2015, 04:01:21 pm »
Citação de: "HSMW"
Faz como eu que já não compro nada que seja alemão.
Compro italiano, japonês, austríaco e um telemóvel espanhol.

Temos sempre alternativa. Podemos é não ter dinheiro...  :roll: )...  :mrgreen:  

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Re: Crise Financeira Mundial
« Responder #314 em: Junho 29, 2015, 06:42:13 pm »
Democracia ou Europa?

por PEDRO MARQUES LOPES Ontem

Não restam dúvidas, é uma vitória política retumbante. As conceções alemãs, abraçadas pelos decisores europeus, nuns casos por cobardia, noutros por nada terem para propor de alternativo, ou por pura convicção - caso do governo português -, e interpretadas pela troika, impuseram-se. E não chegou mostrar que se podia ditar essa vontade, foi preciso esmagar, humilhar, mostrar que ai de quem não se submeta.

O governo grego recuou nas suas posições até limites impensáveis, limites que ultrapassavam as suas mais reluzentes linhas vermelhas. Aceitou mesmo participar numa pantominice onde se discutiam tolices do género de mais 1% de IRS e menos de IRC, ou se ainda mais cortes na despesa social ou aumentos de impostos produziriam algum efeito benéfico numa economia destruída, ou fingisse que se podia viabilizar um país que tem uma dívida de 180% do PIB sem falar dela sequer. Uma farsa que durou meses e que passa à história como um dos grandes momentos de nonsense político. Discutiu-se assim se se devia tomar uma dose maior ou menor de um medicamento que inevitavelmente acabaria por matar o doente. Houve, por outro lado, analistas de jornais como o Financial Times, Economist, Daily Telegraph (só para falar de perigosos bastiões de extrema-esquerda) que realçaram as posições moderadas iniciais que o governo grego trouxe para a mesa das negociações. Ambrose Evans Pritchard, colunista e editor de economia do Telegraph, notório conservador e defensor convicto da economia de mercado, escrevia que o governo grego tinha feito propostas racionais, razoáveis, justas e proporcionadas.

Mas é evidente que não estamos no campo do estudo das alternativas económicas ou da racionalidade financeira, é de política pura e dura de que se trata. Pouco importa o que tenha acontecido nas reuniões de ontem ou o que resulte do referendo do próximo domingo, o efeito político está criado, a mensagem política está transmitida: destrói-se definitivamente a Grécia e ninguém mais se oporá ao diktat, implode-se uma comunidade e ninguém correrá o risco de votar em partidos que não defendam esse caminho.

O referendo é a única concessão que os decisores europeus, no fundo, deixaram aos gregos: a de optar pela forma de suicídio. Se escolherem o pacote, escolhem mais do mesmo, ou seja, a destruição mais lenta; se não o aceitarem, saem do euro e fica já instalado o caos - e não vai haver cofres cheios que nos livrem das ondas de choque que vão acontecer, por muito que os nossos patrões alemães tentem proteger os seus mais atentos e reverentes criados.

Não há evidência de que a receita imposta não resultou e, pelo contrário, aprofundou a destruição de um país - e o empobrecimento brutal, o desemprego enorme, a emigração em massa em grande parte da Europa - que faça hesitar os decisores europeus; não há risco premente de fim do projeto europeu que provoque um piscar de olhos nestes revolucionários inconscientes; não há previsível terramoto geopolítico que pare estes fanáticos.

Esqueçam o mínimo de capacidade dos cidadãos em definir o futuro ou de influenciar o projeto europeu: esta Europa ou nenhuma.

O processo grego e o caminho que a Europa tomou está a deixar uma terrível alternativa em aberto, uma possibilidade impensável e que contraria as bases mais profundas do mais extraordinário projeto que os povos europeus desenvolveram ao longos dos seus já muitos séculos de história e que conduziu a pouco prováveis várias décadas de paz e de prosperidade: a questão da democracia. Impondo-nos esta Europa, recusando-nos a hipótese de escolhas, obrigam-nos a optar entre Europa e democracia. Melhor, dizem-nos, talvez inconscientemente, que para que a democracia se mantenha a Europa não é viável. É onde estamos a chegar. E o pior é que não pode haver dúvidas sobre qual tem de ser a opção.

Pois é, a vitória política alemã pode, e é muito provável que seja, ou a derrota do projeto europeu ou o princípio do fim da democracia na Europa.


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