Batalha dos Atoleiros - 6 de Abril de 1384

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Batalha dos Atoleiros - 6 de Abril de 1384
« em: Julho 15, 2010, 06:44:51 pm »
Cerca de 1600 Portugueses por D. João I Mestre de Avis e Portugal versus cerca de 5000(até 6000 noutras referências) Castelhanos e alguns Portugueses partidários de D. Juan I de Castela e de D. Beatriz de Portugal.

Comando Português: Condestável Nuno Álvares Pereira.

Comando Castelhano: Capitães Pedro Álvares Pereira( português e Irmão de D. Nuno), o Mestre de Alcantara Pero Gonzales de Sevilla, Martim Anes de Barundo e o Almirante de Castela Fernando Sanchez de Tovar.

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Reconstrução e encenação Histórica - Comemoração

Agradecimento a "Espada Lusitana" e "Reportech" no youtube.

Produzido pela Viv’Arte.

Nuno Álvares Pereira marcha por Setúbal, Montemor-o-Novo, Évora. Em Évora a população quis fazer-lhe uma aparatosa recepção, mas D. Nuno recusou-se por achar impróprio que se gastasse dinheiro com festas, quando ele tanta falta fazia para apetrechos de guerra. Aí, recebe a informação de que os castelhanos haviam entrado no Alentejo, com o Almirante de Castela, o Conde de Niebla, o Almirante Mor da Andaluzia e os seus irmãos Pedro e Fernando, á frente de um poderoso exército que ia em direcção do Crato. De Évora escreve cartas a várias comarcas, pedindo o maior reforço possível em homens e cavaleiros. Foi limitada a resposta que obteve, tendo-se apenas juntado á sua hoste 30 cavaleiros.
Dirige-se depois para Estremoz, onde teve conhecimento que os castelhanos já estavam no Crato. Mandou então chamar gente dos arredores de Estremoz, bem como de Elvas e de Beja.




Juntou estas forças no Rossio de São Braz em Estremoz, onde passou revista á tropa, composta por cerca de 300 cavaleiros, 1.100 homens a pé e 100 besteiros.
D. Nuno não fraquejou perante a grande desproporção de forças que teria de enfrentar. Opinião contrária tinham contudo os capitães que estavam debaixo das suas ordens, que tentaram dissuadi-lo a combater contra um exército muito superior e onde se encontravam dois dos seus irmãos. Para que os seus homens não tivessem dúvidas de que não hesitaria em combater os castelhanos por aí se encontrarem dois dos seus irmãos, D. Nuno referiu que combateria o exército estrangeiro, mesmo que aí estivesse o seu pai. Referiu depois:
Amigos ! Bem sabeis que o Mestre me enviou a esta terra para que com a ajuda de Deus, vós e eu a defendamos de algum mal ou dano que os castelhanos lhe queiram fazer; e que esse feito lhes daria, para sempre, grande honra e bom nome; Grande bem faremos também a nós próprios em lutar, ao defender as nossas terras e bens, de que somos detentores.


« Última modificação: Julho 27, 2010, 06:38:51 pm por Templário »
Ensinam estas Quinas que aqui vês,
Que o mar com fim será grego e romano:
O mar sem fim é português
E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma
E faz a febre em mim de navegar
Só encontrará de Deus na eterna calma
O porto sempre por achar.
 

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Templário

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Re: Batalha dos atoleiros - 6 de Abril de 1384
« Responder #1 em: Julho 15, 2010, 06:50:19 pm »
Ouvindo estas palavras, muitos que o ouviam disseram-lhe que no dia seguinte dariam a sua resposta, quanto a participarem no combate. Essa resposta acabou contudo por ser negativa.
Perante esta resposta ficou D. Nuno muito irritado, e falando junto a um riacho que então havia no Rossio de São Braz, disse:
Amigos ! Por serem muitos os castelhanos e grandes senhores, tanto maior honra e louvor vos virá de os vencerdes; e quanto a estarem com os castelhanos os meus irmãos, eu vos digo que defenderei a terra que me criou, e para terdes a certeza de que assim é vos prometo que, com a ajuda de Deus, serei o primeiro a iniciar o combate; e quanto a eles serem muitos e nós poucos, já muitas vezes sucedeu os poucos vencerem os muitos, porque a vontade de Deus é superior á dos homens; Rogo-vos assim que os que comigo quiserem ir a este combate que passem para além deste riacho, e os que não quiserem que fiquem deste lado".
Ouvindo isto, disse a maioria dos que o escutavam que queriam ir com ele.
No dia seguinte, 6 de Abril de 1384, D. Nuno mandou tocar as trompetas pelas 6 horas da madrugada, ouviu missa e depois parte com a sua gente em direcção a Fronteira, que estava então a ser cercada pelos castelhanos vindos do Crato. Parte D. Nuno com um exército de 1.500 homens. Pequena hoste, face á dimensão da tarefa que a aguardava. Envia então alguns dos seus cavaleiros para obterem notícia de onde estavam os castelhanos.
Ao encontro de Nuno Álvares Pereira veio um escudeiro castelhano, de nome Rui Gonçalves, trazendo-lhe grandes propostas de honras e mercês, desde de que se passasse para o partido de Castela. Referiu também que seria inútil com tão pouca gente combater contra tantos. D. Nuno tudo recusou, dizendo-lhe contudo que fosse tão depressa quanto pudesse ter com os seus companheiros, pois estaria mais depressa do que julgavam próximo de Fronteira, pronto para o combate.




Chegado á Herdade dos Atoleiros, 2,5 Km a sul de Fronteira, Nuno Álvares Pereira suspendeu a marcha, e escolheu um local apropriado para colocar a sua hoste. Optou por um terreno ligeiramente inclinado, e que tinha em toda a extensão, na zona mais baixa, uma ribeira, chamada das Águas Belas. Tratou-se de um local extremamente bem escolhido, pois embora fosse aparentemente convidativo para um ataque, tinha diante de si uma ribeira, que não se vê a não ser de perto, e que era suficientemente larga e profunda para constituir um fosso. Por outro lado ao colocar os seus homens num local ligeiramente mais elevado, proporcionava um ângulo de tiro muito vantajoso para os besteiros.
Nuno Álvares tratou então de ordenar o seu pequeno exército. Em primeiro lugar mandou apear toda a cavalaria, mal armada, e que seria incapaz de resistir ao choque dos esquadrões castelhanos. Seguidamente organizou com eles a vanguarda, as duas alas, colocando ainda alguns cavaleiros na retaguarda. Colocou os besteiros pelas duas alas e também por detrás da vanguarda, de onde pudessem alvejar, com sucesso, os castelhanos quando estes se aproximassem. Distribuiu seguidamente os cerca de 1.100 homens a pé pela vanguarda, alas e retaguarda, sem contudo deixar de misturar no meio deles alguns cavaleiros da sua confiança, para os susterem, ou mesmo matar, em caso de que com medo dos castelhanos quisessem fugir.
Formou portanto com os seus homens as quatro faces dum quadrado.Antes da Batalha e diante do seu exército, Nuno Álvares Pereira, montado a cavalo referiu aos seus homens que tivessem presentes quatro coisas: Em primeiro lugar que se encomendassem a Deus e á Virgem Maria; Em segundo lugar que era ali que se servia o seu senhor, D. João Mestre de Avis, e se alcançaria a honra dada por Deus; Em terceiro lugar que ali vinham para defender as suas famílias, as suas casas e as suas terras, de modo a se libertarem da sujeição que el-rei de Castela lhes queria impor; e que finalmente se dispusessem a lutar não uma hora mas sim um dia.
Quando os castelhanos se aproximaram, Nuno Álvares Pereira, desmontou, beijou o solo e posicionou-se na vanguarda, colocando um bacinete sem viseira, e tomando nas mãos uma comprida lança. Tinha assim cumprido a promessa de ser o primeiro a iniciar o combate.A Batalha foi relativamente rápida, tendo durado aproximadamente uma hora, ou seja, o tempo necessário para se realizarem quatro ataques.No dia seguinte á Batalha, D. Nuno Álvares Pereira dirigiu-se para Assumar, descalço e a pé, em agradecimento pelo resultado do combate e para fazer oração a Santa Maria desta Vila.




O segredo deste êxito português esteve na capacidade do seu comandante militar, Nuno Álvares Pereira, ao colocar o exército português de uma forma extremamente eficiente no terreno. Com efeito, a vanguarda portuguesa foi colocada numa posição defensiva, enquanto os atiradores se colocaram por detrás da vanguarda e nas alas do exército.A Batalha dos Atoleiros teve um enorme significado.. Em primeiro lugar, e no aspecto militar, Atoleiros foi uma grande vitória portuguesa e exclusivamente protagonizada por efectivos portugueses, com grande protagonismo de forças oriundas do Alentejo, contra um exército muito superior.
Em segundo lugar, a Batalha dos Atoleiros significou o despontar da destreza e argúcia militar daquele que veio a ser um grande e respeitado chefe de guerra, D. Nuno Álvares Pereira.Em terceiro lugar, o êxito alcançado na Batalha dos Atoleiros teve um enorme impacto
psicológico nos apoiantes do Mestre de Avis e de uma forma geral em Portugal, ao demonstrar que apesar de todo o seu poderio militar, os castelhanos não eram invencíveis. Esta constatação demonstrou aos portugueses, que se devidamente organizada e orientada, a luta pela independência do Reino poderia ser bem sucedida.
Em quarto lugar, a Batalha dos Atoleiros constitui um acontecimento de extrema importância na chamada crise de 1383 a 1385, que consagrou e definiu, de uma vez por todas, a identidade de Portugal, como País, como povo e como nação. Esta consciência de independência nacional jamais se veio a perder, chegou aos nossos dias e certamente ficará para o futuro.


Ensinam estas Quinas que aqui vês,
Que o mar com fim será grego e romano:
O mar sem fim é português
E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma
E faz a febre em mim de navegar
Só encontrará de Deus na eterna calma
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Lusitano89

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Re: Batalha dos Atoleiros - 6 de Abril de 1384
« Responder #2 em: Março 31, 2011, 10:37:08 pm »
Novo centro irá reconstruir momento histórico


O Centro de Interpretação da Batalha dos Atoleiros, em Fronteira (Portalegre), só vai ser inaugurado em Junho, num investimento de três milhões de euros, revelou hoje o presidente do município local, Pedro Lancha.

“A obra deverá estar concluída a 6 de Abril (dia da batalha), mas entendemos que a inauguração não deve de ocorrer porque não está tudo ainda ao pormenor. Em Junho, vamos inaugurar aquele espaço”, explicou o autarca de Fronteira.

De acordo com Pedro Lancha, um dos motivos que levam a autarquia a adiar a inauguração daquele espaço está relacionado com a “falta de formação” dos funcionários. “Falta a preparação em termos de formação do pessoal e eu entendo que quando inauguramos uma obra é para que as portas estejam abertas no dia seguinte”, declarou o autarca, garantindo que vai ser ministrada formação aos funcionários destacados para trabalhar no projecto. “Não nos queremos precipitar porque também ainda faltam alguns pormenores na obra”, sublinhou.

O Centro de Interpretação da Batalha dos Atoleiros esteve para ser inaugurado em Setembro de 2010, mas os “atrasos” nos quadros comunitários de apoio e nos concursos públicos obrigaram a autarquia a “esperar”.

Nessa altura, a câmara anunciou que a inauguração daquele espaço ocorreria a 6 de Abril deste ano, dia em que se assinala em Fronteira o Dia do Município, mas, pelos motivos avançados pelo autarca, a inauguração fica agendada para “meados de Junho”.

O centro de interpretação está instalado na antiga Escola Básica Integrada, na avenida Heróis dos Atoleiros, no centro daquela vila alentejana. “Este projecto está também inserido num programa de requalificação urbana”, adiantou.

O Centro de Interpretação da Batalha dos Atoleiros apresenta-se como um projecto destinado a mostrar aos visitantes uma reconstituição daquela batalha histórica, através de meios multimédia. “Através de simuladores e de outros adereços multimédia, nós seremos transportados para a época medieval e expostos perante o desenrolar da batalha”, explicou o autarca de Fronteira.

O projecto de construção deste equipamento é co-financiado por fundos comunitários, num investimento de três milhões de euros. A Batalha dos Atoleiros ocorreu a 6 de Abril de 1384, no sítio pantanoso de Atoleiros, entre Fronteira e Sousel.

Nessa batalha, Nuno Álvares Pereira venceu a cavalaria castelhana, apesar de esta ser em maior número, utilizando pela primeira vez a táctica do quadrado. Da parte portuguesa não se registaram mortos, nem feridos, ao contrário dos invasores que sofreram pesadas baixas.

Ciência Hoje


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