Um grupo de 41 militares portugueses partiu hoje para a Bósnia-Herzegovina para render uma unidade que regressa até ao final de Janeiro. Os militares "estão motivadíssimos" mas preocupados com as temperaturas negativas que vão enfrentar, disse o tenente-coronel que vai comandar o batalhão.
Lusa
O tenente-coronel de cavalaria Rui Ferreira, que vai comandar o batalhão português na Bósnia, instalado em Doboj, disse à agência Lusa que as condições meteorológicas no terreno são adversas com as temperaturas a descerem aos 18 graus negativos durante a noite e a não ultrapassarem os quatro graus negativos durante o dia.
"Com a entrada do Inverno, o risco de acidentes é maior, devido ao facto de o terreno ser muito acidentado" explicou o comandante.
O receio de actos de terrorismo também está presente, como em qualquer cenário menos estável, referiu, acrescentando contudo que é um risco menor do que existente no Iraque e no Afeganistão, onde no final do ano passado um militar português morreu e outro ficou gravemente ferido devido a um atentado bombista.
Objectivos da missão portuguesa na Bósnia
"A grande preocupação do batalhão será a de dar apoio às forças de segurança no terreno e assegurar a representação da comunidade internacional", referiu o tenente-coronel.
A missão deste batalhão - composto por militares da Brigada Mecanizada sedeada no campo militar de Santa Margarida - é a de recolher armas e munições na posse da população civil, através de campanhas de divulgação, adiantou o comandante, explicando que os civis são mais reticentes em dar as suas armas à polícia local - com receio de sanções do foro judicial - do que entregá-las a militares estrangeiros, considerados mais neutros.
"Os civis sentem-se mais seguros em entregar as armas aos militares estrangeiros porque sabem que elas vão ser destruídas", adiantou.
Contingente de 171 militares portugueses
Os 41 militares que hoje partiram para a Bósnia-Herzegovina são oficiais e sargentos vão receber o testemunho do grupo que agora está a cessar a sua missão e preparar a chegada do "grosso do batalhão", cuja partida decorrerá no próximo dia 14. Nessa data vão partir 113 militares e os restantes 58 partem dois dias depois (dia 16).
Entretanto sexta-feira ao final do dia regressa a Portugal parte do contingente que está a ser rendido.
O contingente português está integrado num batalhão multinacional, formado por militares da Turquia, da Polónia e de Portugal, cujo comando é rotativo. De 1 de Janeiro a 31 de Junho, os portugueses serão comandados pelos oficiais polacos.
Esta será a 22ª missão militar portuguesa na Bósnia desde Janeiro de 1996, a terceira integrada na EUFOR, criada após a autoridade internacional naquela antiga república jugoslava ter sido transferida da NATO para a União Europeia no final de 2004.
Nestes dez anos de intervenção na Bósnia já passaram por aquele país cerca de seis mil militares portugueses, disse o tenente-coronel Rui Ferreira.
http://sic.sapo.pt/online/noticias/pais ... Bosnia.htm