Polícia francesa nega hipótese terrorista no voo 447
O Submarino nuclear Emeraude integra a "armada" que, há dez dias, tenta recuperar corpos e destroços do avião da Air France. Ao todo já foram resgatados 41 corpos, 16 dos quais são identificados hoje em Recife, enquanto os outros 25 serão objecto de uma primeira análise em Fernando de Noronha.
"Simples homónimos." Foi assim que a polícia francesa afastou, ontem, a hipótese de que dois dos passageiros do voo 447 tivessem ligações ao terrorismo islâmico. A hipótese fora avançada pelo L'Express online, citando fontes dos serviços secretos de França.
Desde a madrugada do passado dia 1, quando o Airbus 330 da Air France desapareceu no Atlântico com 228 pessoas a bordo, que todas as hipóteses têm sido avançadas para explicar a tragédia. Explicações que, afinal, só serão conseguidas quando encontradas as caixas negras do avião sinistrado.
Ontem, porém, a revista L'Express revelava que os serviços secretos franceses, ao verificarem a lista dos passageiros do voo 447 notaram que "dois nomes correspondiam a pessoas conhecidas pelas suas ligações com o terrorismo islamita". Mas, para que a identificação fosse completa, era necessário - avança a publicação - conhecer a data de nascimento, ou poderia estar-se perante homónimos. Situação, aliás, confirmada mais tarde pela polícia francesa. Embora, e como sublinhou o próprio ministro da Defesa de Nicolas Sarkozy, nenhuma hipótese está posta de parte. Nem a do atentado.
"Nunca excluí o terrorismo, embora nenhum elemento ou pista nos permite corroborá-lo, mas a investigação em curso nunca o excluiu", disse Hervé Morin , adiantando não ter sido informado de qualquer ameaça relativa ao voo em causa ou de qualquer reivindicação.
Mas, sublinhou o ministro francês, "na maior parte dos casos, quando houve actos terroristas em aviões, não houve reivindicação".
Enquanto isto, intensificam-se as buscas no local da tragédia onde o submarino nuclear francês Emeraude se juntou já a uma autêntica armada para tentar encontrar e resgatar as caixas negras da aeronave, os corpos que vão emergindo, assim como destroços do avião. Com 72 pessoas a bordo, o Emeraude - um dos cinco submarinos nucleares franceses - tem como programa diário "pesquisar uma área de 20 milhas náuticas sobre 20 milhas, ou seja, 36 km sobre 36 km", disse um porta-voz militar francês.
Ao todo, e para além do Emeraude, estão no local seis navios, entre os quais a fragata francesa Ventôse, 12 aviões e helicópteros brasileiros e dois aviões franceses. Foi graças ao seu esforço contínuo que, dez dias após a maior tragédia da história da Air France, foram resgatados 41 corpos das águas do Atlântico.
Dos 41 corpos resgatados, 16 encontram-se já em Fernando de Noronha, onde foram analisados por peritos e de onde serão transportados hoje para Recife para serem identificados no Instituto médico-legal da cidade. A Fernando de Noronha devem chegar hoje outros 25 corpos que foram resgatados e estão a bordo da fragata Bosísio da Marinha brasileira.
A França, que tem 400 militares envolvidos nas operações de resgate dos corpos e dos destroços da aeronave, enviou uma equipa de dois investigadores e cinco peritos para ajudar os técnicos brasileiros na identificação das vítimas do voo 447. Uma equipa da Interpol (polícia internacional) está também a colaborar na identificação dos corpos. Ronald Noble, secretário-geral da referida polícia, explicou a razão da cooperação: "Como as vítimas desta tragédia são originárias de diversas partes do mundo, a colaboração internacional será essencial para garantir que a sua recuperação e a sua identificação sejam feitas de forma confiável, digna e rápida."
Entretanto, prossegue a saga sobre a substituição das sondas de velocidade, suspeitas de serem uma das causas da tragédia. Ontem e em comunicado, a Airbus afirma ter enviado, na segunda-feira, uma nota a todos os seus clientes do A330 e A340, garantindo que os seus aviões são seguros mesmo com as sondas velhas.
DN