Amnistia critica brutalidade policial em Portugal

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Amnistia critica brutalidade policial em Portugal
« em: Maio 28, 2009, 04:52:24 pm »
Amnistia critica brutalidade policial em Portugal

por PATRÍCIA JESUSHoje

O caso de Leonor Cipriano é destacado no relatório anual da Amnistia Internacional sobre a situação dos direitos humanos no mundo.


Brutalidade policial, violência doméstica, racismo e cumplicidade com violações de direitos humanos pela CIA. São estas situações que fazem a Amnistia Internacional apontar o dedo a Portugal no relatório anual da organização sobre o panorama dos direitos humanos no mundo.

A violência policial é um dos temas em destaque sempre que se fala de direitos humanos no País e a Amnistia lembra dois casos de agressões: a Leonor Cipriano (na foto em baixo), condenada pela morte da filha Joana, durante um interrogatório e a um recluso do Estabelecimento Prisional de Lisboa. Ambas chegaram a tribunal, mas "avançaram lentamente", acusa a organização no relatório sobre 2008. Entretanto, o caso de Leonor Cipriano teve um desfecho na semana passada, com o tribunal a dar como provado que as agressões existiram mas a absolver os inspectores da acusação de tortura.

Para a presidente da secção Portuguesa da Amnistia, o que importa aqui é que o caso tenha chegado a tribunal, com transparência. "É um exemplo que pode servir de lição a muitos países", diz Lucília Justino. Já para Carlos Anjos, da Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal, não faz sentido estar a falar em casos que aconteceram há mais de cinco anos para apontar o dedo à polícia. "Nos últimos anos não existe nenhuma queixa", garantiu ao DN. Por outro lado, o representante dos investigadores da PJ desvaloriza as referências a relatos continuados de maus tratos e tortura por parte das forças de segurança. "São acusações de tal forma genéricas que não significam muito", conclui.

Violência doméstica

48 mulheres assassinadas, vítimas de violência doméstica, e mais de 16 000 queixas na Associação Portuguesa de Apoio à Vítima põem Portugal também na lista dos países em que a violência contra mulheres é preocupante (Susana Pinheiro, na foto em cima, foi uma das vítimas) .

Lucília Justino salienta que houve um aumento mas que este se pode dever a uma maior consciência de que se trata de um crime público. "Mesmo assim os números são chocantes", diz.

Os números do relatório são compilados pela secção portuguesa e enviados para o secretariado da organização em Londres, que só inclui uma denúncia depois de investigar. "É esse cuidado que dá credibilidade a a este documento", conclui.
"O ideal era que o relatório tivesse um espaço em branco a seguir ao nome do País mas em termos globais não estamos mal. A situação não piorou relativamente em relação ao ano passado. Por outro lado os problemas vão-se mantendo", diz Lucília Justino em jeito de balanço.

Um caso que a organização achou que valia a pena mencionar foi o cartaz que o Partido Nacional Renovador usou para ilustrar a sua posição anti-imigração - em que se via uma ovelha branca a expulsar uma ovelha negra. "Pode parecer um pormenor mas é um sinal que não deve ser desvalorizado e que pode potenciar racismo e xenofobia contra imigrantes".

O relatório destaca ainda o que Lucília Justino considera ser "uma mancha terrível": a passagem de voos da CIA com prisioneiros para Guantánamo por território português, já admitida pelo Ministério das Obras Públicas. "É preciso apurar responsabilidades custe o que custar e custe a quem custar," conclui.

fonte: http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/inter ... id=1245971
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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Cabeça de Martelo

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(sem assunto)
« Responder #1 em: Maio 28, 2009, 04:57:53 pm »
Outra noticias esta com um teor bastante diferente:

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Alunos 'entrevistam' director da PSP

por VALENTINA MARCELINOHoje

Sem segurança, sem guião, sem condições prévias. Alunos de uma escola de alto risco puderam olhar nos olhos o director nacional da PSP e atiraram perguntas incómodas, agressivas e mostraram porque a 'bófia' nem sempre é bem-vinda. Oliveira Pereira respondeu a tudo. Sem pestanejar.

Há uma semana, no interior desta escola, a Bartolomeu Dias, em Sacavém (Loures), um aluno de 15 anos esfaqueou outro. A agressão terá sido por um motivo fútil. Um jogo de futebol. A vítima era da Quinta do Mocho, o agressor da Quinta da Serra, bairros classificados de "alto risco" em termos de segurança.

As rivalidades entre os jovens destes bairros levam a agressões frequentes e actos de vandalismo que são transferidos para a escola, tornando-a uma das mais violentas do País. Por isso, é um dos alvos principais do contrato local de segurança (CLS) do concelho.

Cento e quarenta alunos do 8.º e 9.º anos e duas turmas da via profissionalizante, entre os 13 e os 18 anos, foram "convocados" para um encontro com o director nacional da PSP, Oliveira Pereira.

O "chefe" máximo da polícia, entrou com força: "Não pensem que eu venho aqui para passear e só conversar. Trago dois objectivos muito concretos. Um é explicar o que é e como funciona a PSP, outro é recrutar aqui gente para vir para a polícia." Gargalhadas sonoras foram a resposta.

A plateia não se manteve cativada muito tempo na apresentação e os alunos quiseram logo começar a fazer perguntas. Oliveira Pereira ia respondendo e o "pingue-pongue" foi sendo cada vez mais rápido. O nível de agressividade das perguntas aumentava.

A certa altura, a directora do CLS, subcomissária Luísa Monteiro, teve de vir em seu socorro para lembrar que "a polícia não entra nos bairros só para bater. E as 50 crianças que tirámos a famílias da Quinta do Mocho, que eram espancadas e passavam fome?".

O aplauso geral devolveu à "entrevista" um registo mais pacífico. Como foi a intervenção de um animador cultural, quando o director da PSP foi pressionado por causa da morte do jovem Kuku da Amadora, baleado por um agente.

Numa escola onde são raros os que não pensem mal da polícia, que "só entra no bairro para bater" e "não vem quando precisamos de ajuda", este encontro marcou. No fim houve aplausos. Foi uma lição. Ninguém saiu como entrou.

fonte: http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/inter ... id=1245970
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Cabeça de Martelo

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« Responder #2 em: Maio 28, 2009, 05:00:39 pm »
Alunos 'entrevistam' director da PSP

Sem segurança, sem guião, sem condições prévias. Alunos de uma escola de alto risco puderam olhar nos olhos o Director Nacional da PSP e atiraram perguntas incómodas, agressivas e mostraram porque a 'bófia' nem sempre é bem vinda. Oliveira Pereira respondeu a tudo. Sem pestanejar.

Quando é que os polícias têm autorização para matar?


Nunca. Só como último recurso, para defenderem a própria vida ou defenderem a vida de alguém. Lembram-se do assalto ao BES, no ano passado? A polícia teve de disparar sobre os assaltantes porque estavam a ameaçar a vida dos reféns. Disparámos quando percebemos que não havia mesmo mais nada a fazer. Foi o último recurso.

Mas porque é que têm de matar sempre? Porque não utilizam outro tipo de armas que não matem?

Asseguro-vos que um polícia só mata quando não tem outra hipótese. Há os que matam mal, mas esses são julgados e vão presos. Vou mandar-vos a lista dos polícias que estão presos porque mataram mal ou porque bateram em alguém sem nenhuma razão. Mas não se esqueçam que há polícias que são atacados a tiro. Quando era Comandante de Lisboa tive três homens mortos a tiro na minha zona.  E tomem nota de uma coisa: ao contrário do que possam pensar, a lei para os polícias que se portam mal é muito mais dura que para a generalidade dos cidadãos.

(Burburinho na sala. Ouve-se ‘mentira, mentira’)

Não minto, nem venho aqui vender nada. Têm que acreditar do que digo. O que digo é a verdade absoluta.

É Deus?

O que quero dizer é que estou aqui de coração aberto a falar com vocês. A explicar o nosso lado para que possam perceber algumas coisas sobre a nossa actuação. Há exemplos muito negativos da actuação da polícia. Mas garanto-vos que esses são castigados.

Podem haver revoltas das populações...

As leis têm que ser cumpridas. A polícia existe para assegurar isso. Se não houvesse leis era apenas a ‘lei do mais forte’ que imperava. E vocês sabem bem que nos vossos bairros muitas vezes é isso que acontece. Há uma minoria, que por várias razões tem mais poder, tem armas, e as pessoas sérias são coagidas e ameaçadas. Isso não é admissível. A polícia quer acabar com esse clima de intimidação que há nos bairros. Justiça é a palavra adequada. Gostava de vos dizer uma coisa: o poder é sempre passageiro. Eu hoje estou aqui como Director da PSP, daqui a uns tempos deixou de o ser e volto a andar de autocarro como qualquer um de vocês. Os que pensam que o poder da força que exercem sobre os mais fracos duram para sempre, estão muito enganados. O poder é sempre limitado.

Há rapazes que às vezes se metem em confusão. Vão para a esquadra, levam porrada da polícia e não se podem queixar. Porquê?

Todos os dias chegam ao meu gabinete dezenas de cartas de cidadãos a queixarem-se da actuação da polícia. Nada fica de lado. Quem actua mal é castigado. Há multas, suspensões e expulsões. Mas percebam que os polícias são pessoas como vocês. Também erram. E são punidos por isso.

Uma pessoa do bairro que levou com gás de um polícia na cara quis queixar-se e nenhuma esquadra da PSP aceitou a queixa...

Como? Isso é uma falta disciplinar muito grave. Qualquer cidadão tem o direito a queixar-se e a polícia o dever de aceitar a queixa. O que vos posso sugerir é que se isso acontecer, queixem-se à GNR ou a outra força policial. Têm que aceitar.

As pessoas podem ter armas para se defenderem em casa?

Podem. Devem pedir o respectivo licenciamento à PSP e estarem enquadradas pelos pressupostos previstos na lei. Tem que ser justificada essa autorização. Nem toda a gente tem essas condições. Nem todos pode ter armas, como é lógico.


Se eu fosse delinquente e estivesse a 10 cm de mim, matava-me ou levava-me à esquadra?

Matar é sempre como ultimo recurso, em situações muito específicas. Como é óbvio faria todo o possível para levá-lo á esquadra.

Então porque a polícia matou o “Kuku” na Amadora?

(Silêncio absoluto)

Como sabem esse caso está em tribunal. Se ficar provado que agiu mal será punido. Não tenham a menor dúvida.

Porque é que não dispararam para a perna ou um braço?

E sabem o que aconteceu antes?

(Intervém um mediador social da escola)

Sou da Amadora e conhecia o Kuku. Vocês não sabem tudo. Eles antes roubaram um carro e andavam a assaltar pessoas. Quando a polícia os tentou parar ele começou a disparar contra a polícia.

(Silêncio)

(continua o Director Nacional) Não podem acreditar em tudo o que ouvem. O que distingue uma pessoa inteligente das outras é a capacidade de se questionarem. E vocês têm condições para isso.

Já deu um tiro a alguém?

Nunca se justificou.

No outro dia estava a haver confusão lá no bairro, com tiros, e a minha mãe ligou para a polícia a pedir ajuda. Perguntaram se eram ‘os pretos’ e disseram que iam lá depois. Isto é racismo?

A polícia não tem preconceitos. Há milhares de polícias que moram em bairros sociais como os vossos.

Porque é que a maioria das vezes a polícia não vem quando pedimos ajuda e só aparece para bater?

(Aplausos)

Não interpretem esta conversa como uma competição. Não é precisa tanta agressividade. Percebo o vosso ponto de vista, mas não acham que só estão a ver os aspectos negativos? Estes exemplos que estão a dar são pontuais. Há polícias maus. Mas são uma minoria. Aqui nesta sala, por exemplo, quantos são maus? (três levantam o braço) Estão a ver? São sempre uma minoria.

(Intervém a subcomissária Luísa Monteiro, Directora do Contrato de Local de Segurança) Vocês só falam dos maus exemplos. E os bons? A polícia conseguiu tirar 50 crianças de famílias que as maltratavam. Passavam fome, eram espancadas. Eram da Quinta do Mocho. Não vamos só lá para bater.

(Muitos aplausos)

Porque é que estas boas acções não aparecem nas televisões e nos jornais?

É verdade. É um problema que sentimos e que dá, a ver até pelos exemplos aqui trazidos, uma imagem negativa da polícia. Mas o que é que podemos fazer?

Tem razão. Mas porque é que o Estado e a Administração Interna não dão mais condições para a polícia trabalhar?

(Aplausos)

Vocês gostavam de ter aqui uma piscina não? Portugal é um país pobre e a polícia também. A polícia tem que compensar muitas vezes a falta de material com muito esforço e dedicação. Muitas  vezes mais do que devia. Nem imaginam a quantidade de baixas psicológicas que temos.

Fonte: http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/inter ... id=1245818
7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.

 

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Gina

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(sem assunto)
« Responder #3 em: Maio 28, 2009, 05:59:49 pm »
Esta "reunião" foi uma boa iniciativa por parte da PSP... nada mal pensado, nada mesmo! Não resolve os problemas da criminalidade juvenil, mas um diálogo deste género é sempre um bom começo!

Bjito* :wink:
Sorri :) Para que a vida te sorria de volta!
 

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AgentePM

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(sem assunto)
« Responder #4 em: Maio 28, 2009, 08:48:35 pm »
Lá diz o ditado... "A falar é que a gente se entende!"

Pena nem sempre ser possível...
 

(sem assunto)
« Responder #5 em: Maio 29, 2009, 12:12:35 am »
Se estão preocupados com os direitos humanos deviam pensar na criança que foi morta sabe-se lá em que condições! :evil:
 

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ANASP-UPS

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    • http://sites.google.com/site/agentesdesegurancaprivada
ANALISE da ANASP-UPS
« Responder #6 em: Maio 29, 2009, 08:35:34 am »
ANÁLISE DA ANASP-UPS

Casos isolados não podem ser tidos como demonstrativos, do comportamento de instituições que têm dado ao longo dos anos, provas mais do que suficientes para que a nossa sociedade se possa orgulhar das forças e serviços de segurança que servem o país.
Portugal deve sim orgulhar-se pelo exemplar trabalho e dedicação, que estes organismos têm demonstrado ao longo dos anos, quer através das respectivas chefias, quer através dos operacionais no terreno, que têm de travar uma autêntica batalha diária, contra o crime e ainda se deparam com uma lei, que mais parece proteger os prevaricadores. As nossas polícias, têm feito um trabalho extraordinário na salvaguarda dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, mesmo em circunstâncias muito difíceis, quando vêm constantemente os seus direitos serem cortados. Em nosso entender, é totalmente injusto o juízo feito, nunca casos isolados que por ventura possam acontecer, poderão ser generalizados, quando todos muito bem sabemos, não corresponderem à realidade!
Ricardo Vieira
(Presidente da direcção)
28/05/2009
 

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Gina

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Re: ANALISE da ANASP-UPS
« Responder #7 em: Maio 29, 2009, 10:19:57 am »
Citação de: "ANASP-UPS"
Portugal deve sim orgulhar-se pelo exemplar trabalho e dedicação, que estes organismos têm demonstrado ao longo dos anos, quer através das respectivas chefias, quer através dos operacionais no terreno, que têm de travar uma autêntica batalha diária, contra o crime e ainda se deparam com uma lei, que mais parece proteger os prevaricadores.


 :Palmas:

Embora deva dizer que dou muito mais valor aos operacionais no terreno do que às chefias... maior parte dela nunca "suou"... enquanto que "os de baixo" dão o couro às instituições e aos portugueses... esses sim são de louvar!
Sorri :) Para que a vida te sorria de volta!
 

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Xerif3

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« Responder #8 em: Maio 29, 2009, 11:27:00 am »
Depende das chefias, não podes ser como os alunos de cima que tinham uma opinião generalizada da polícia.

Há bons chefes como maus, e em qualquer profissão.