A argumentação não procede, por várias razões.
A primeira, é que por esse tipo de raciocínio, estariamos perante uma única casa, a casa Adanina, de Adão e Eva.
Falamos de casas reinantes, considerando o seu significado político e não a simples linha de «sangue».
A II dinastia, correspondeu a um corte político com o passado e com a linha de Borgonha. A mudança do nome da casa reinante, tem também esse significado, e justifica do ponto de vista formal a mudança.
Em Portugal tivemos reis e casas reinantes portuguesas porque o povo não gostava de reis estrangeiros, ou então estrangeirados (como quiser).
Já em Espanha, a opção por governantes vindos de fora, tinha por objectivo evitar que as rivalidades entre os vários países que a constituissem levassem à sua separação.
O caso de Joana a Louca e da chegada dos Habsburgos é sintomático.
Segundo os historiadores espanhóis, a união dinástica entre a coroa de Castela e Leão e a Coroa de Aragão estava prestes a acabar e só um monarca estrangeiro poderia resolver a praticamente inevitável separação dos reinos, cujo matrimonio era (utilizando palavras de um Espanhol) tão natural como o casamento de um peixe com um ouriço.
Portanto, existem razões políticas para a situação actual, em que o Estado Espanhol continua a ter um monarca cujas raízes estão claramente em França.
Ninguém aceitaria um rei assumidamente catalão ou castelhano.
Pela mesma ordem de razões, ninguém aceitaria um rei português.