[Ricardo Nunes]

Manuela Ferreira Leite de saída
13-04-2004 17:35
Carmo Só  


Ministra das Finanças pode abandonar Executivo. Para encabeçar lista para as Europeias ou para ocupar cargo de comissária europeia

A ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite, pode vir a ser uma das ministras remodeláveis por Durão Barroso. «Não por uma razão de incompetência, mas como forma de reconhecimento do seu trabalho e de a libertar do fardo pesado que tem feito até aqui», garantem fontes próximas da direcção do PSD.

Os 30 anos do 25 de Abril sobrepõem-se em importância e, por agora, a coligação PSD/CDS-PP apenas adianta que o cabeça de lista para as europeias deve «gostar de fazer política». Fora isso não houve convites nem recusas de convites, garantem os vice-presidentes do PSD e PP. Certo é que Manuela Ferreira Leite é cada vez mais apontada como estando de saída do Governo.

A dúvida reside num facto - para onde irá a ministra? Fontes próximas da direcção do PSD, adiantaram ao PortugalDiário que Durão Barroso pensa colocar a ministra como a cabeça de lista da coligação PSD/CDS-PP para as próximas eleições europeias.

«A viragem da agulha do Governo para as questões sociais é um sinal da saída da ministra das Finanças», asseguram. Nos próximos dois anos de mandato o Governo já anunciou uma viragem para questões menos financeiras, depois das contas públicas terem sido o principal alvo da actuação do Executivo nos dois primeiros anos de governação.

O nome de Ferreira Leite surge como provável cabeça de lista nas europeias, mas também como possível substituta de António Vitorino. Caso o resultado das eleições nos restantes países não seja favorável à ida de Vitorino para a presidência da Comissão europeia, Ferreira Leite pode vir a ser o nome indicado por Portugal.

O nome do fiscalista Medina Carreira é também apontado como um trunfo, seja como futuro ministro das Finanças, no caso de Ferreira Leite sair, seja como cabeça de lista às europeias. Mas só Durão Barroso tem o poder de decisão.

Por outro lado, o nome de Medina Carreira não é mal visto dentro do PSD para encabeçar a lista, sobretudo tendo em conta o nome escolhido pelo PS, Sousa Franco. Actualmente Medina Carreira é independente depois de se ter afastado do PS, no tempo de António Guterres.

«Quer a Dra. Manuela Ferreira Leite, quer Medina Carreira podem ser uma figuras chave na campanha das europeias contra o cabeça de lista do PS», garantem dirigentes sociais-democratas.

Com a saída de Ferreira Leite a pasta das Finanças fica livre. Entre os nomes que mais se fala estão também Carlos Tavares, que transitaria da pasta da Economia, e António Borges, nome já sondado para o primeiro executivo de Durão Barroso.

Pedro Santana Lopes, vice-presidente do PSD, disse esta tarde em conferência de imprensa que o perfil do cabeça de lista da coligação «não tem de ser obrigatoriamente uma figura da área das finanças ou economia», mas admitiu que as direcções dos dois partidos que integram a coligação já tenham «as suas ideias»: «Tem de ser alguém que goste de fazer política, que seja respeitado e que esteja disposto para o combate político».

Santana Lopes divulgou ainda que os nomes dos candidatos da coligação só serão conhecidos pouco depois das comemorações dos 30 anos do 25 de Abril. «A contrapartida de anunciar os nomes da lista seria tornar a campanha eleitoral demasiado longa o que seria mau para a abstenção», defendeu Santana Lopes que classificou como «erro político» a apresentação de Sousa Franco como cabeça de lista do PS para a Europa ainda em Fevereiro.

Os nomes que o CDS-PP vai incluir na lista também ainda não são conhecidos. A repartição de lugares pelos dois partidos será feita tendo por base os resultados das eleições europeias de 1999, nas quais o PSD teve 31 por cento e o CDS, numa lista liderada por Paulo Portas, teve 8,2.

Ao CDS-PP vão caber o quarto, o nono e o 13º candidatos, o que faz com que este partido tenha garantido a eleição de dois eurodeputados. Mas para que o PSD mantenha os seus nove eleitos, é preciso que a coligação tenho uma votação acima dos 40 por cento.
 

[Luso]